A URGÊNCIA MISSIONÁRIA

Quando o homem pisou na Lua pela primeira vez, pouco tempo depois o mundo inteiro tomou conhecimento do fato. Muitos assistiram a ele, ao vivo, pela televisão.

Há cerca de dois mil anos, Deus pisou na Terra. Grande parte da humanidade, porém, até hoje, ainda não sabe disso. Embora esse fato seja infinitamente mais importante do que a conquista da Lua, parece que ainda não tomamos consciência de que Jesus Cristo já consumou a obra da redenção da humanidade. Cabe-nos agora a parte mais simples: proclamar as boas novas de salvação para esta geração antes que ela passe.

Quando percebemos o quanto falta para estarmos em dia com a agenda da propagação do evangelho e que os números crescem contra nós, ficamos assustados. A nossa tendência é buscar uma resposta de emergência, talvez uma solução mágica para a situação. Em um tempo em que tudo é instantâneo, desde o processamento de alimentos até o de informações, queremos também uma solução on-line para a pregação do evangelho eterno.

Estamos carregando um peso histórico de consciência, por nos acharmos em falta com a pregação do evangelho a todas as nações. Procuramos abrigo no fato de que Deus é compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniqüidade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocenta o culpado, e visita a iniqüidade dos pais nos filhos, até à terceira e quarta geração (Ex. 34.6,7). Sim, Deus é longânimo, tardio em irar-se. Quando é para punir os pecados, Deus é lento, pois parece estar sempre dando um tempo para que as pessoas se arrependam. Mas quando é para salvar ou libertar, Deus tem pressa.

José entrou no Egito na condição de escravo vendido. Como escravo foi acusado falsamente e lançado na prisão, onde permaneceu por muito tempo, como se o próprio Deus tivesse se esquecido daquele servo fiel. Quando chegou o tempo próprio, Deus o fez sair dali às pressas (Gn. 41.14). Quando é para libertar, Deus tem pressa. Tão logo se cumpriu o seu propósito, Deus o libertou e lhe deu toda compensação, colocando-o no mais alto cargo executivo do Egito. Através de José Deus preservou não só a nação de Israel, mas abençoou o próprio Egito, livrando-o dos anos de fome.

O povo de Israel ficou no Egito por mais de quatro séculos. Nos últimos anos, gemia sob dura escravidão. Moisés, pensando ter chegado o momento de libertar o povo, talvez baseando seus cálculos na profecia dada a Abraão, em Gênesis 15: 12-16, deu-se a conhecer ao seu povo cuidando que eles entenderiam que Deus os queria salvar por intermédio dele; eles, porém, não o compreenderam (At 7.23 e seguintes). Somente quarenta anos depois chegou o tempo determinado por Deus, que enviou Moisés para libertar o povo do Egito. Antes, porém, Deus exerceu juízo sobre todos os deuses do Egito por meio das dez pragas (Ex. 12.12) A instrução de Deus para o povo era para sair do Egito às pressas, no exato dia da libertação, ao cabo de 430 anos (Ex. 12.11,33, 51).

Como entender essa pressa de quem esperou séculos para libertar o povo? Deus estava cumprindo os seus propósitos mais altos. O povo de Israel no Egito foi um instrumento de Deus para deixar o seu testemunho não só para aquela grande civilização do passado, mas também para o resto do mundo, pois os eventos que marcaram a saída de Israel tiveram repercussão mundial. Era necessário, por exemplo, que os deuses do Egito fossem desmascarados e derrotados através das pragas que Deus enviou.Quando houve escuridão, Deus estava dizendo aos egípcios que o Sol não era Deus. Quando morreram os animais, Deus estava dizendo que o boi Ápis e o gado não eram deuses. Quando as pragas atingiram o rio Nilo e os demais deuses da natureza, ele estava dizendo: só o Senhor é Deus!

Outras passagens das Escrituras demonstram a presteza de Deus para salvar ou libertar: Por exemplo, Jesus disse a Zaqueu: Desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa (Lc. 19.5); ou como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração (Hb. 3. 7,8). A urgência de Deus é diferente da urgência do homem. Na cultura grega, os deuses determinavam a época própria para que algo acontecesse. Esse tempo era descrito pela palavra grega Kairós, usada também no Novo Testamento para se referir aos tempos determinados por Deus, como em Atos 1.7, onde Jesus disse que não compete ao homem conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade. E ainda, Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento (2 Pd. 3.9). Temos de estar em sintonia com o Espírito Santo para sabermos o que, quando, onde e como fazer. Portanto, devemos viver cada “hoje” em obediência à palavra do Senhor, apressando a vinda do Dia de Deus (2 Pd. 3.12). Como podemos apressar a vinda do Dia de Deus?

1. GANHANDO O MAIOR NÚMERO POSSÍVEL DE ALMAS. Porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível (1 Co. 9.19). Há quem diga que Deus não está preocupado com números, mas com qualidade. No entanto, semente de boa qualidade, lançada em boa terra, produzirá quantidade (Mt. 13.8) . Semeia pela manhã a tua semente e à tarde não repouse a mão, porque não sabes qual prosperará (Ec. 11.6). Quanto mais cedo semearmos, mais rapidamente poderemos ver o retorno de frutos multiplicados. A razão de ser da semente é morrer para produzir frutos (Jô. 12.24). Ganhar almas é sábio, torna-las ganhadores de almas é mais sábio ainda, especialmente se o fizermos logo. É o princípio do discipulado de 2 Timóteo 2.2 colocado em prática.

2. REMINDO O TEMPO, PORQUE OS DIAS SÃO MAUS (Ef. 5.16). O conturbado mundo de hoje está em processo de globalização. As mudanças são muito rápidas. Cada minuto é precioso. Organizações missionárias se unem em rede para intercambiar recursos e informações, utilizando modernos meios de comunicação. A obra missionária ganha agilidade e permite o aproveitamento de modelos desenvolvidos e já aprovados em outros lugares, evitando-se e já aprovados em outros lugares, evitando-se a desnecessária duplicação de esforços. Se o trabalho em parceria é válido até para empresas seculares concorrentes, com muito mais razão deve ser utilizado por organizações missionárias que servem aos interesses do único Senhor.

3. CANALIZANDO UM MAIOR VOLUME DE RECURSOS FINANCEIROS PARA A CAUSA DE MISSÕES. Como, porém, em tudo manifestais superabundância, tanto na fé e na palavra como no saber, e em todo cuidado, e em vosso amor para conosco, assim também abundeis nesta graça (2Co. 8.7). Quem não consegue multiplicar os talentos recebidos do Senhor deve entrega-los a quem possa faze-lo (Mt. 25. 14-27). Imobilizar recursos financeiros em coisas que não trazem frutos segundo as prioridades de Deus é infidelidade. Temos de tomar cuidado até mesmo com a estrutura de um empreendimento missionário. Ela tem de ser o mais simples possível para que os recursos não se percam nem mecanismos administrativos, mas sejam utilizados nos campos e principalmente nos campos mais necessitados, pois não é justo também insistir com alguns campos que não respondem aos recursos investidos, em prejuízo dos que nada receberam.

4. BATALHANDO EM ORAÇÃO. O exercício de orar por uma grande visão consolida a nossa fé em um Deus maior. Orar pela causa mundial de missões aumenta a nossa fé, pois a oração move os braços que movem o universo. É diferente daquela oração para Deus abençoar o papai, a mamãe, o titio... Nessa guerra espiritual, depois de mencionar a armadura e as armas defensivas e ofensivas, o apóstolo Paulo, escrevendo aos efésios (capitulo 6. 18,19), mostra a necessidade de orações no Espírito constantes, vigilantes, perseverantes e globais (isto é, por todos os santos) e de maneira especial em favor daqueles que anunciam o evangelho. Na batalha espiritual, precisamos manter constante comunicação com o “Quartel-General”. (Entre as mais modernas táticas de guerra está a interferência eletrônica bloqueando as comunicações entre o comando e as linhas de batalha inimigas, deixando-as desnorteadas e sem saber o que fazer). Jesus nos ordenou: Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara (Mt. 9.38).

5. SENDO UM CATALISADOR. O catalisador é um ingrediente que, adicionado a outros elementos, estimula e acelera uma reação química. O processo de desenvolvimento missionário em muitos lugares é só questão de tempo. Há igrejas que têm todos os ingredientes juntos: recursos humanos e financeiros e pujança evangelizadora. Muitas vezes falta apenas o catalisador, que pode ser simplesmente a visão da necessidade dos outros campos, para que a obra se desencadeie. Outros têm até a visão, mais falta o poder do Espírito Santo. Algumas organizações missionárias se especializaram em exercer a função do catalisador. Procuram ver a necessidade da obra e contribuir com aquilo que falta, seja provendo sustento financeiro, treinamento de obreiros, dando informações, etc. Algumas chegam até a ajudar na construção de templos. A questão das pesquisas e informações, por exemplo, se tornou muito importante hoje em dia, principalmente porque há a preocupação para se completar a obra, buscando alcançar todos os povos restantes. Para isso é necessário coordenar todos os esforços, concentrando-os na evangelização transcultural. Os demais ministérios se acomodariam, em harmonia e equilíbrio, com essa prioridade.


(Texto estraído do Livro: Eu Te Darei as Nações 
Autoria  de  Rafael Lopes. Editora Betania)




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