CONTEXTUALIZAÇÃO - UMA ABORDAGEM NA OBRA MISSIONÁRIA

O texto em foco é de autoria da Missionária Maura Juça Manoel, Missionária em Moçambique e está publicado no site da MIAF.
Introdução

Segundo Donald Sênior e Stuhlmueller no livro Fundamentos Bíblicos da Missão, a contextualização no seu nível mais profundo não implica numa visão de uniformidade, que requer que todas as culturas expressem o evangelho de uma única forma, o que seria impossível.
O cristianismo não é uma religião etnocêntrica. Os gentios não precisam se tornar judeus, os chineses não precisam se tornar italianos ou poloneses. A universalidade do Evangelho significa que a fé pode assumir expressões diferenciadas.

Base Bíblica
A missão mundial jamais começa do nada mas dentro de uma cultura pré-existente. Portanto, o ato missionário prescinde uma disposição de identificação com a cultura do povo com o qual se vai trabalhar.

O interesse de Deus por Missões
Missões se baseia na disposição de Deus em ocupar-se com a situação complicada da vida humana não somente enquanto formado de acordo com a sua cultura e valores, mas também enquanto um povo deformado pelo pecado.
A contextualização tem a sua base no processo pelo qual o próprio Deus se utiliza como fonte do estilo de vida de um povo, para se revelar à ele.
Is 55: 6-11 indica que a vontade e propósito de Deus pré-existem desde a eternidade, portanto Ele antes mesmo de ser Criador era Salvador.
Outro aspecto que indica o processo de contextualização no exemplo do próprio Deus na sua relação para com a humanidade é que Ele sempre se revelou dentro de formas humanas já existentes.


Jesus o exemplo
Jesus se tornou o nosso modelo de contextualização pois a Bíblia afirma que o verbo se fez carne (Jo 1.14), e nessa condição, ele experimentou dor, fome, tudo que fazia parte da carne, ou seja da condição do ser humano que ele se tornou.
De fato, Ele nunca deixou de ser o verbo eterno, mas optou pela identificação com o ser humano.
Este é o principio da identificação sem perda da identidade, é o principio que serve para o nosso trabalho missionário transcultural.

Barreiras
Alguns se recusam a se identificar com o povo com o qual querem servir. Preferem continuar sendo eles mesmos evitando toda e qualquer semelhança com os costumes do povo, permanecendo agarrados a sua herança cultural, impondo a sua própria cultura, desprezando a cultura receptora e consequentemente praticando um imperalialismo cultural extremamente negativo para a obra missionária.

O processo de aculturação possui três etapas segundo Donald Senior e Stuhlmueller: a violência, a indigenização e o desafio.
A fase de violência é a fase inicial quando o missionário chega com novas idéias que transformam as antigas, criam certos choques, e que desencadeiam algum gênero de mudança violenta. É a fase caracterizada pelo estabelecimento de cabeça-de-ponte.
A Segunda fase, que os autores chamam de indigenização é quando a nova idéia lança suas raízes e se re-exprime as suas crenças e práticas religiosas em conformidade com as crenças e práticas locais. Essa é uma fase longa e complicada, que bem direcionada pode caminhar para uma contextualização sadia, mas se for mal encaminhada pode descambar para o sincretismo.
A terceira fase é o que os autores chamaram de desafio, pois implica no desafio profético que transforma tanto a cultura como também a religião.
Segundo a missióloga Norte Americana Barbara Burns, no seu artigo ¨Teologia contextualizada - a integração da exegese bíblica e estudos missiológicos¨, um dos principais desafios no cumprimento da tarefa missionária é a contextualização da Bíblia. Ela argumentou que há muita polêmica no meio evangélico sobre como fazer isso, quais os limites, e até qual é a base para conseguir comunicar os propósitos de Deus em outras culturas.

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