O PAPEL DO INTERCESSOR MISSIONÁRIO


OFERECER OS FILHOS NO ALTAR DO SENHOR

Não é compreensível nem aceitável que homens e mulheres de Deus estejam intercedendo pela salvação do mundo e, ao mesmo tempo, não estejam exercendo o sacerdócio do lar. Os grandes personagens da história cristã, na sua maioria, contaram com a cobertura espiritual de pais piedosos.

Evidentemente, nenhum pai ou mãe deixa de orar pelo filho. A bênção dos pais para os filhos é tradição religiosa. Em algumas famílias vemos, ainda hoje, os filhos pedindo a bênção para os pais e os pais abençoarem seus filhos para serem protegidos do mal, para fazerem bons negócios e serem bem sucedidos na vida profissional, para fazerem um bom casamento etc. Esse costume religioso é retratado nas histórias bíblicas, como aconteceu nas famílias de Isaque e de Jacó, abençoando seus filhos. Mas, há um outro tipo de oração que os pais devem fazer: A oração de entrega é a oração mais difícil de se fazer. Colocar o filho no altar de Deus para ser usado por Ele segundo o beneplácito de sua vontade. Certamente essa oração só pode ser feita por um pai ou por uma mãe que possua um forte compromisso com o lreino de Deus, pois necessita entender que o chamado missionário ou a vocação ministerial é a mais sublime carreira proposta a um ser mortal. É privilégio investir para a eternidade.

William Carey, missionário na Índia por quarenta anos, alegrou-se quando seu filho Félix começou a pregar. Porém, quando soube, anos mais tarde, que ele tinha aceitado o cargo para ser embaixador da Grã-Bretanha, disse com pesar: “Félix encolheu-se até tornar-se um embaixador.” Só um coração missionário faz um pai preferir o pregador ao embaixador.

A história descreve grandes homens de Deus que foram respostas das orações de seus pais. John Wesley, seguindo o exemplo lde oração de sua mãe, orava duas horas por dia, e veio a ser um dos grandes avivalistas da história cristã. Não seria justo celebrar a vida poderosa dos irmãos John e Charles Wesley sem dar a sua mãe, Susana Wesley, o seu devido valor. Mesmo com a missão de cuidar de dezenove filhos, levantava-se pela madrugada para orar. Ensinava seus filhos a orar antes mesmo de falarem. Os pequeninos davam graças pelo alimento através de gestos. Logo que aprendiam a falar aprendiam a orar pela manhã e à noite. Além da oração particular, o culto doméstico fazia parte do programa diário, quando todos se reuniam para adorar a Deus. O lar da família Wesley era conhecido como uma atmosfera de oração ardente que a todos dominava.

Certa feita, Susana assim orou a Deus: “Procurarei transmitir fielmente ao coração de meus filhos os princípios do Senhor; da-me a graça necessária para fazer isso sabiamente e abençoa os meus esforços com êxito.” Os filhos eram conscientes de que sua mãe mantinha constante intercessão por eles. Vinte anos depois de sair de casa, John Wesley disse à sua mãe: “Em muitas coisas, a senhora tem intercedido por mim e tem prevalecido.”

Jonathan Edwards era considerado um grande erudito, em todo o mundo onde se falava inglês. Ele viveu na Nova Inglaterra, em 1740, quando ali começou um dos maiores avivamentos dos tempos modernos. Cheio do Espirito Santo, num período de dois a três anos Edwards levou aos pés de Cristo de trinta a cinqüenta mil vidas. Seu pai, homem piedoso, era pastor, e juntamente com a sua mãe ofereceu o filho a Deus, orando fervorosa e incessantemente por ele. “Muitas foram as orações que os pais ofereceram a Deus, para que o único filho fosse um pregador cheio do Espírito Santo e se tornasse grande perante o Senhor.” Quando tinha oito anos, acostumou-se a orar cinco vezes ao dia e, às vezes, chamava os coleguinhas para acompanha-lo nessa prática. Com dedicação absoluta, Deus usou Jonathan Edwards com grande poder e com profunda erudição na Palavra.

O exemplo e os efeitos de uma vida de oração nunca podem ser medidos. As orações de pais piedosos que oferecem seu filho no altar de Deus reproduzem muitos filhos e multiplicam a família de Deus.

O lar da família Booth tinha um clima maravilhoso. Pai, mãe e filhos devotavam a deus as suas vidas pela conquista das almas. Eles fundaram o Exército da Salvação, até hoje operando em mais de noventa países. Uma das filhas do casal se destacou, Catarina Booth, depois conhecida como a Marechala.

Quando Catarina era criança, sua mãe costumava dizer-lhe: “Você não está neste mundo por sua própria causa (...); o mundo lesta esperando por você.” Os filhos da senhora Booth aprenderam o segredo que a sua mãe lhes ensinara: “Fazer a tua vontade, ó Senhor, é o meu prazer.”

Catarina pregou em público pela primeira vez aos treze anos. Aos dezesseis, começou a dirigir campanhas em muitas cidades da Inglaterra. Em 1876, foi oradora de uma conferência que marcou a época, quando a liderança decidiu fazer a nomeação de mulheres evangelistas. Pois, naquele tempo, não era costume a mulher falar em público. Enfrentou grandes oposições, foi perseguida na Inglaterra e na França e chegou a ser presa em Genebra. Mas continuou ousada, pregando o evangelho, abrindo igrejas e alcançando os pecadores aos milhares. “Ela atraia imensas multidões através de alguma coisa divina e não mera eloqüência. Por onde quer que fosse, surgiam reavivamentos e centenas de almas se convertiam. Havia em seus apelos luma paixão e um poder que os tornavam irresistíveis.” Buscava os pecadores nos botequins, cabarés e cassinos, nos subúrbios das cidades européias. Enfrentava escárnio e resistência, mas persistia até vencer a oposição. Ela confessava que seu coração era invadido de uma profunda compaixão divina quando se confrontava com os perdidos. Pois o auditório que ela mais gostava era aquele onde se concentravam os piores elementos da sociedade.

Catarina viveu uma experiência de vida em total rendição e entrega ao comando do Supremo General. Quando estava de viagem para a França, declarou: “Eu em ti e tu em mim! Tu e eu somos o bastante para ajudar esses moribundos.” Ela era consciente de que nada tinha para atrair as multidões, porém cria que o fogo do Espírito atrairia. O poderoso ministério da Marechala tinha uma força notável reconhecida por todos: as orações de seus pais, “As orações com as quais a sua mãe acompanhava a carreira de Catarina são demonstradas em suas cartas. Em uma delas, disse o seguinte: “Desejo que sua mente e coração se fixem na conquista de almas, deixando tudo o mais nas mãos do Senhor. Olhe para a frente minha filha, para a eternidade – prosseguindo e prosseguindo.”

Há vários movimentos de oração pelos filhos, ao redor do mundo. Chery Fuller fala em seu livro Quando as mães oram de um ministério desenvolvido em países do Oriente Médio. Mesmo perseguidas, aquelas mães estão formando grupos de oração pelos filhos. No Brasil, temos as Déboras nesta mesma linha de trabalho. Chery indica diversos pontos que devem direcionar as orações:

ORAR PELA SALVAÇÃO DOS FILHOS

1. Orar por proteção.
2. Orar pelo filho na escola.
3. Orar para que os filhos sirvam a Deus em seu as profissões.
4. Orar por amigos tementes a Deus para os filhos.
5. Orar para que sejam pegos quando errarem, para que os pecados sejam trazidos à luz.
6. Orar pela disciplina.
7. Orar pela escolha do cônjuge.
8. Orar pelos filhos pródigos.

Evelyn Christenson conta que, quando a sua filha ia fazer um exame no colégio ou enfrentava qualquer dificuldade, dizia: “Apenas ore mamãe.” Ela sabia que as orações de sua mãe funcionavam. Nelma Eller Miranda é mãe de dez filhos, bem sucedidos profissionalmente. Até agora, já se casaram oito deles e nenhum em jugo desigual. Todos são conscientes de que o sucesso deles na vida profissional lê no casamento tem crédito nas orações de sua mãe. Além das suas intercessões constantes, ela separou para cada filho luma semana para dedicar-se em oração especifica por cada um deles. A certeza da intercessão da mãe tem dado segurança para os filhos enfrentarem os desafios da vida.

É também necessário que os pais orem por si mesmos, para que percebam as necessidades reais dos filhos, tenham sabedoria para orientá-los e saibam agir com seus filhos segundo o programa que Deus tem para eles. Tenho visto pastores que desejam perpetuar o seu ministério nos filhos e até os pressionam para fazer deles obreiro como eles. Entretanto, a escolha é divina. Se Deus preordenou, ele o fará! Não cabe aos pais escolher a vocação dos filhos. Se isso é reprovável no campo secular, que dizer no ministério sagrado? A influência dos pais é positiva, mas a imposição traz frustrações pessoais e terríveis conseqüências para a seara do Mestre.

Os pais, na verdade, precisam de coragem para entregar o filho no altar do Senhor. Sem a oração de entrega, toda oração se torna fraca. A oração que tem influência sobre a vida dos filhos parte de um coração pleno de confiança de que Deus tem o melhor para fazer neles e por eles. Oramos para que cada pai e cada mãe possam declarar como Ana: “Por este menino orava eu; e o Senhor me concedeu a petição eu que lhe fizera. Pelo que também o trago como devolvido ao Senhor, por todos os dias que viver” (1Sm 1.27-28).

(Extraído do Livro “A missão de interceder” Páginas 144-150. De Durvalina B. Bezerra. Diretora do Seminário Betel Brasileiro. SP. Editora Descoberta Ltda. 1ª edição).

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