IGREJA LOCAL E MISSÕES

Pv. 18:22; I Tm 3:12; 5:14; Heb: 13:4

INTRODUÇÃO
A partir do propósito da Igreja é necessário analisar a responsabilidade da Igreja local em missões. A pergunta básica a ser levantada é: Para que existe a Igreja. Partindo do pressuposto que no transcorrer da história a “eklesia” tem perdido o propósito para o qual foi edificada. Afirmamos que está na hora de reestruturarmos a Igrejas para que ela retorne ao propósito bíblico. Que segundo Edison Queiroz é:
A Igreja é o instrumento de Deus para realizar a sua obra:
* Deus reuniu gentios e judeus e fez deles um novo povo.
* A declaração de Cristo: Edificarei a minha Igreja em Mt. 28:18-20.
* A ordem de evangelizar o mundo foi dada a Igreja e não a qualquer outra organização, Mt. 16:18.
* Todos os ministérios e atividades da Igreja devem convergir para o seu propósito final que é a evangelização do mundo. Queiróz Edison. Apostila do curso de “Mobilização Missionária da Igreja Local”. 1996, p.14.
Idem 76, p 121.

I. O PROPÓSITO DA IGREJA
Não há propósito mais importante para uma Igreja local que missões. Na verdade missões têm que ser a prioridade. O objetivo final dos cultos, e da escola dominical deve estar voltado para que cada membro seja edificado na Palavra, compreendendo assim seu papel na Grande Comissão do corpo de Cristo.
Warren diz: “Não é a nossa missão criar os propósitos da Igreja, mas sim, descobrir quais são eles”.
Isto implica num intenso, serio e dedicado estudo da Palavra e incessante busca de Deus através da oração para sabermos qual é o propósito específico para nossas igrejas.
Como pastor de uma igreja no bairro do Limão, em São Paulo, juntamente com o conselho da igreja, após vários meses de oração e estudo bíblico chegamos a um consenso quanto ao propósito de nossa Igreja que foi assim declarado: “A Igreja de Deus no bairro do Limão existe para adorar a Deus através da obediência a sua Palavra, pregando o evangelho a todos os povos fazendo discípulos fiéis”. A igreja tem metas a curto, médio e longo prazo e estratégias para alcançá-las. Esta declaração de propósito da Igreja ajuda a todos, pastores, líderes e membros, a não se esquecerem o objetivo supremo de Deus para a Igreja. Nas palavras em negrito vemos como a Igreja local pode ajudar seus membros e futuros missionários a desenvolverem uma vida espiritual sadia e produtiva antes de ir ao campo, ou seja, a partir de seus primeiros passos na Igreja. Idem 30, pp. 109- 127.
Idem 30, p. 113.
Taylor, William. Demasiado Valiosa para que se Pierda. COMIBAM. 1997, p. 107.
Retorno Antecipado Evitável, usado para os missionários.
Idem 30, p.118.

II. AS QUATRO FINALIDADES DA IGREJA

1. Comunhão
Charles Engen fala das quatro finalidades da Igreja: Primeiro a “Koinonia”...Que vos ameis uns aos outros...(Jo. 13:34-35; Rm. 13:8; I Pe. 1:22)
Umas das frases mais simples, porém, mais complexa para designar a Igreja é a ordem de Jesus: que vos ameis. Os discípulos não apenas entendiam que amor ágape era o estilo de vida esperado do povo de Deus, mas que era a tarefa da Igreja desde épocas remotas. O amor ao próximo era encontrado já no inicio do AT ( Lv. 19:18; Pv. 20:22; 24:29). Aliás, amar a Deus e ao próximo é a síntese da Torá (Mc 12: 29-31).
Koinonia é comunhão, e isto implica necessariamente, em relações interpessoais. Aqui devemos falar das dificuldades no campo referente às relações interpessoais. Segundo Jonathan Lewis , o desacordo com a Agência está em sexto lugar no R.A.E. com 6,2%, e os problemas com congêneres em quinto lugar com 7,4%. Estas são estatísticas referentes ao Brasil, se juntarmos os dois aspectos que estão ligados com os relacionamentos interpessoais, somam 13,6 %, subindo para o primeiro lugar. Isto revela que a Igreja não está cumprindo com seu propósito fundamental. Também revela como um problema na Igreja Local torna-se um problema no campo missionário. É na Igreja onde se aprende a respeitar e amar os irmãos (principalmente o cônjuge), os líderes, os colegas de trabalho.

2. Proclama a verdade
A segunda finalidade da Igreja é o “Kerigma”...Jesus é o Senhor... (Rm. 10:9; I Co. 12:3) que significa literalmente proclamar esta verdade, “Jesus é o Senhor”, para os que não estão sob seu Senhorio. Verdade esta que implica necessariamente numa mudança de vida e do caráter do homem, significando um contraste com o mundo e seus pensamentos.
A Igreja de Jesus Cristo existe quando as pessoas confessam com a boca e crêem no coração que Jesus é Senhor – Senhor da Igreja, de todas as pessoas e de toda a criação (Cl. 1:15-20).
Através da confissão, a Igreja caminha em direção ao que ela é, a comunidade missionária dos discípulos do Senhor. Assim a missão torna-se requisito indispensável a todo aquele que diz ser discípulo de Cristo. Ele não pode confessar que Jesus é Senhor sem ao mesmo tempo anunciar seu Senhorio a todos. As palavras em negrito novamente nos fazem entender a relação entre vida missionária e o propósito da Igreja. Crer no coração que Jesus é Senhor implica que todas as dimensões da vida estão no domínio de Jesus, os temores, fraquezas, dúvidas, complexos, virtudes, defeitos. Quando isto acontece, dificilmente acontece um retorno antecipado evitável. Concluindo podemos dizer que a Igreja só é querigmática quando ela, intencionalmente, se dirige aos que ainda não aceitaram a Jesus como Senhor.

3. Serviço
A terceira finalidade da Igreja é: “Diaconia”... “Uns destes mais pequeninos...” (Mt. 25:30, 45). Este termo significa serviço e no NT podemos encontrar várias palavras que se referem ao conceito de servir:
1. Servir como servo.
2. Disposição para servir.
3. Servir em troca de pagamento.
4. Servir ao mestre.
5. Serviço muito pessoal a outra pessoa.

Vemos nestes termos o auto-retrato de todo ministro. A palavra “Diaconia” tomou principal destaque na Igreja primitiva. Logo depois de pentecostes podemos ver os discípulos servindo através dos grandes milagres e quando os discípulos não podiam mais cuidar das coisas do ministério e “servir as mesas” então surgiu um novo ministério o diaconato. Por exemplo: Dorcas em Jope. Este é um ministério pelo qual a Igreja manifesta concretamente o discípulo seguindo a Jesus.
O ministério diaconal da Igreja ainda testifica a autenticidade dela e contribui para o despontar da Igreja missionária, a comunidade diaconal de amor constituída daqueles que confessam lealdade a Cristo.
É natureza da Igreja ministrar a todos os necessitados, seja essa necessidade espiritual ou física. Ela deve servir a todos em todas as áreas e em todo o mundo.
Podemos dizer que se aprendermos a servir na Igreja local, serviremos ao povo receptor com humildade, dedicação e principalmente com amor. Chegaremos ao novo país com espírito de servo e não de arrogância, superioridade ou poder.

4. Testifica
Por último, a quarta finalidade da Igreja é a “Martiria”... “Sereis minhas testemunhas...” “que vos reconcilies com Deus...” (Is. 43:10, 12; 44:8; At. 1:8; II Co. 5:20). Em Atos vemos o mandamento de espalhar-se geográfica e culturalmente. E mais ou menos esta expansão se cumpriu, mas provavelmente não captaram na sua totalidade o peso das palavras “Sereis minhas testemunhas”. A finalidade da Igreja é testemunhar em todos este lugares ao mesmo tempo.

A palavra “Martys” se emprega de diversas maneiras nas Escrituras:
1. Testemunha judicial de fatos.
2. Testemunha de fatos numa confissão de fé.
3. Declaração de um fato como testemunha ocular de um ocorrido.
4. O testemunho evangélico da natureza e da importância de Cristo.

5. Martírio.
Dentro destas gamas de significados, o objetivo do corpo de Cristo é tornar tangível, real, visível e efetivo o fato de Jesus Cristo estar presente no mundo.
O corpo de Cristo deve praticar o que proclama para que as pessoas possam ver em nós, pessoas reconciliadas com Deus, para que sejamos segundo II Co. 5:18-21.


CONCLUSÃO

“Ora tudo provém de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo, reconciliando consigo ao mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação”.
De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.
Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que nele fossemos feitos justiça de Deus”.
Segundo Jonathan Lewis o R.A E. de brasileiros por motivos de vida imoral é de 3,8%, mas se acrescentarmos os de conflito familiar de 1,9% que são similares, pois é um mau testemunho somam 5,7 %. Devemos compreender que tudo isto se aprende ou deveria se aprender na Igreja Local, pois é o lugar onde mais tempo passa o candidato antes de ir ao campo ou a escola teológica ou missiológica.

Pr. Edenisio Rodrigues
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