MISSÕES COM TUDO ASSEGURADO




(Texto extraído do Livro "A Igreja Apaixonada por Missões" de autoria do Pastor Antonio Carlos Nasser, Presidente do Com itê Brasileiro da Missão Internacional para o Interior da África - MIAF e Pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Marilia-SP).

... Queremos dizer com este título que há Agências Missionárias que definem quanto o missionário deve levantar para ser enviado ao campo. Tudo parte da necessidade do campo, o tipo de ministério a ser desenvolvido e os desafios que se colocam pela frente. 

A crítica que muitos fazem a este tipo de método é que os obreiros são enviados com “muito dinheiro”, vivendo de forma diferente da maioria da população. Bem, isto tem que ser entendido melhor. 

Creio que há casos em que os missionários são “ricos” em meio ao povo com o qual trabalham o que causa uma barreira imensa entre eles. Mas, não necessariamente, este tipo de método “enriquecerá” o obreiro.

De forma alguma. O que ocorre é que a Agência leva em conta vários tópicos, por entender que são importantes, e os acrescenta ao valor a ser levantado. Por exemplo, temos: Salário, propriamente dito, moradia, fundo de trabalho (a ser aplicado no ministério), administração do campo (suprimento dos gastos com a administração da vida dos obreiros no campo), administração do escritório de envio (são muitas as despesas que envolvem um envio de missionários), seguro médico, aposentadoria, regresso, etc.

Creio que, apesar dos pontos negativos, este tipo de trabalho dá mais segurança ao obreiro e á sua família. Lembro-me de casos em que a falta de recursos gerou problemas sérios nos filhos. Há tantas tensões as quais um obreiro é apresentado, que também ter que pensar em suprimento de recursos financeiros pode se tornar um fardo dificil de carregar. É claro que nenhum método é perfeito, mas deveremos pensar com maior carinho na vida do obreiro.

Um problema de saúde no campo é fato, muitas vezes, dificil de ser enfrentado. A falta de recursos financeiros para se locomover de um pais a outro, quando necessário, para um tratamento, pode ser fatal. Uma organização que administra de forma competente os recursos, as necessidades do obreiro, é de suma importância. Lembremo-nos de que, por mais que tenhamos um missionário de carreira (aqueles que se entregam ao trabalho por longo tempo no campo), ele voltará um dia para seu país. Seus filhos precisam de apoio e de atendimento. 

Tenho visto muitos filhos de missionários (inclusive pastores) desejarem ficar muito longe da obra missionária por causa de traumas que sofreram pela falta de recursos. 

No entanto, também tenho visto gerações de missionários que promovem a continuidade do trabalho, porque tiveram, sempre, suas necessidades supridas.

Será que temos que ver os missionários como pessoas de situação financeira deplorável? Será que os que se entregam a missões têm que fazer voto de pobreza? Do que estamos falando? Será que estamos falando em fé que abandona o bom senso?

Os recursos a serem levantados têm, a meu ver, que levar em consideração as necessidades do trabalho, o campo, o tipo de ministério, o período etc. Há missões que enviam equipes, por tempo definido, e que exigem muito menos, em termos financeiros, do que aquelas cujos missionários viverão longo tempo no campo. Edificando seu lar naquele ministério. Não importa quanto devem levantar, o que realmente importa é que devem ser levadas em consideração as necessidades a serem enfrentadas.

Temos missionários que estão na Europa, por exemplo, trabalhando com muita dificuldade, porque o custo de vida é muito alto, ali. O que fazer? Vamos continuar com a “síndrome da miséria” que tem envolvido nossas Igrejas, e mandar os obreiros de qualquer jeito?

Nossos missionários da Missão Internacional para o Interior da África, levantam um valor que inclui muitos tópicos, como os citados acima. Muitas vezes ouço perguntas como: “Como é que é mais “caro” enviar um missionário para a “África do que para a Europa (com o método de outras missões)? Respondo: É por causa das necessidades que o campo apresenta e da maneira como agimos para alcançar nossos objetivos. Ou seja, um missionário na África precisa de muitas coisas que não se encontram disponíveis no país, exigindo que o mesmo viaje para outro país, para fazer compras. Se a situação é de guerra, não adianta ter dinheiro, pois não há o que comprar! Isto implica viagens longas, que exigem muitos recursos. 
Outro fato é o da falta de certas estruturas básicas, como por exemplo: água, luz, esgoto, etc. Como viver e ministrar naquele lugar? Como fazer com que a família do missionário tenha o básico para ali viver e ministrar com amor?

Um casal de missionários da MIAF foi enviado para um campo muito carente, com milhares de refugiados de guerra. A região é a mais quente daquele país e de difícil convivência. Como se não bastassem os problemas comuns, não há casa para ser alugada. Quando existem são de altíssimo preço, tendo em vista ser a oferta muito menos do que a procura (não pense que em clima de guerra não há exploração. Existem muitos que vivem da miséria do próximo). 

Como fazer? A criança esteve dormindo sobre a cômoda, por falta de espaço para o casal. A esposa escreveu-nos dizendo ter, quase, desistido de tudo, pois, além de todos os problemas, seu sustento caiu bastante. 

Amados, estamos numa luta espiritual enquanto ministramos. Nossos missionários são pessoas, e um dia voltarão para seu lar. Como queremos que eles voltem? Quebrados e desanimados? Frios na fé e cheios de mágoas? Decepcionados com suas Igrejas? Cabe-nos descobrir a verdade e a realidade do processo missionário. Chega de ilusões!

É claro que, como eu é que estou fazendo a análise, estou, em todo o tempo, emitindo minha opinião. Longe de querer fazê-la a única correta, expresso minha experiência como pastor e líder de Agência Missionária. Creio que devemos agir com sabedoria em todo momento de nosso trabalho. Há momentos em que a Denominação deve entrar com toda sua força. Há outros momentos em que a situação exigirá de nós uma total entrega à oração, sem que tenhamos condições de compartilhar nossas necessidades e/ou pedir ajuda. No entanto, sempre devemos ser prudentes e agir de acordo com as necessidades e exigências do campo. Hoje, um missionário ter um computador pessoal não é luxo, mas necessidade. Ter um automóvel é uma exigência, em muitos locais. Morar bem alivia a tensão de um ministério cheio de perigos.

A Obra missionária não é brincadeira. As Igrejas locais e as Agências Missionárias devem dar as mãos e agir em conjunto, para que haja melhor aproveitamento.

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