A RESPONSABILIDADE DA IGREJA BRASILEIRA


OS EXCERTOS ABAIXO FORAM EXTRAÍDOS DA MENSAGEM APRESENTADA PELO PASTOR EDSON QUEIRÓZ, NO 1º CONGRESSO BRASILEIRO DE MISSÕES, REALIZADO EM CAXAMBU, MINAS GERAIS NO ANO DE 1993. E ESTÃO PUBLICADOS NO LIVRO “AOS QUE AINDA NÃO OUVIRAM” Desafios Missionários rumo ao século XXI da Editora Sepal.

PARTE I

Texto: Josué 1.1-9

Os irmãos conhecem a história... Moisés já estava a caminho da sua sepultura e Josué olhando como Deus usava Moisés. Então, Moisés morreu. Eu posso imaginar que na mente de Josué vinham muitas idéias. Quem agora substituiria Moisés? E talvez estivesse tr4emendo e temendo, porque ele sabia que Moisés havia feito um bom discipulado e que estava na linha de frente para ser um substituto de Moisés. Posso imaginar que a preocupação de Josué fazia suas pernas tremerem: “Quem sou eu para substituir este servo de Deus?” Mas Deus chamou Josué e disse: “É você mesmo! Você irá substituir o meu servo Moisés, e você fará este povo herdar a terra”.

Irmãos olhando esta cena, que todos conhecemos, e sabendo como Deus operou um milagre, nós chegamos a conclusão que podemos fazer um paralelo dessa história com a situação da Igreja brasileira. A Igreja brasileira, até há alguns anos atrás, acostumou-se a ser apenas uma telespectadora do que Deus estava fazendo, ao redor do mundo, através de europeus e norte-americanos. E a Igreja brasileira sempre, por muitos anos pensou assim: “Missões é algo para norte-americanos ou para europeus. Nós estaremos apenas fazendo alguma coisinha aqui ou ali”. Mas é impressionante ver o que Deus está fazendo nestes dias. Eu não posso dizer que a Igreja européia e a Igreja norte-americana morreram, mas, em termos de visão missionária, pelo que tenho visto, está morrendo. Estamos orando para que Deus mande um reavivamento para a América do Norte e para a Europa, para que haja uma nova revolução e que missionários voltem a sair daquelas terras para outros lugares. Nesta época, porém, Deus está levantando a Sua Igreja na América Latina, na África e na Ásia, a fim de que prossigam a Sua obra. É mais ou menos como se Deus estivesse chamando a Igreja desses lugares e dizendo a elas: “Olha, agora, vocês devem ira ajudar o meu povo a conquistar a Terra”.

E quando eu penso em termos de Igreja brasileira, analisando as estatísticas, ela contêm, mais ou menos, entre 60 e 65% dos evangélicos da América Latina. Temos então uma grande responsabilidade e, quando me pediram para falar sobre esta responsabilidade, eu comecei a meditar em algumas coisas. “O que Deus quer fazer?”. Alguém disse que o Brasil é um celeiro missionário e eu creio nessa afirmação. Creio que Deus está levantando a Igreja brasileira, a juventude brasileira, o povo evangélico brasileiro, para serem servos e instrumentos na mão dEle para uma grande obra. E dá para ver claramente uma coisa, a Igreja brasileira está crescendo em maturidade espiritual, irmãos. Nós não podemos mais aceitar aquele velho espírito negativista, o complexo de inferioridade. Ficarmos pensando que somos gente do Terceiro Mundo, que somos pobres, que não temos nada, que não podemos fazer a obra de Deus. Isto é uma tremenda mentira satânica! Nós temos Deus ao nosso lado, nós temos o poder de Deus e podemos fazer coisas grandes para Deus. A Bíblia diz: “A quem muito se dá muito se requer”. Deus tem dado muitas coisas para a Igreja brasileira porque está havendo maturidade. Naturalmente há problemas, como lha problemas em muitos lugares, ao redor do mundo. Mas a Igreja brasileira está crescendo em maturidade espiritual, por isto há algumas responsabilidades que eu separei para nós meditarmos um pouco, aqui, em relação ao que a Igreja brasileira pode fazer.

(...) Em primeiro lugar, precisamos de uma pregação bíblica sobre Missões. É interessante, aqui, fazermos um paralelo com Josué, no versículo 7, Deus diz a ele: “Tão somente esforça-te e tem mui bom ânimo cuidando de fazer conforme toda lei que meu servo Moisés te ordenou, não te desvies nem para a direita nem para a esquerda a fim de serdes bem sucedido por onde quer que andares”. Deus está deixando bem claro para Josué: “Olha Josué, se você vai liderar o meu povo para conquistar a minha terra, você tem que ir com base na minha Palavra. Não te desvies nem para a esquerda, nem para a direita”. Eu creio que, se queremos ver o mundo salvo, teremos que sair planejar, colocar a nossa estratégia, nosso plano de trabalho, tudo com base na Palavra de Deus. E não sair dela, nem para a esquerda, nem para a direita. Precisamos de pregação bíblica, precisamos de púlpitos cheios do fogo de Deus, onde servos de Deus abram esta Palavra e possam dizer com autoridade: “Assim diz o Senhor...”. Pregação bíblica.

A segunda coisa que precisamos fazer é continuar enfatizando o princípio bíblico de que, Missões, é responsabilidade da igreja local. Quando Cristo diz, edificarei a minha Igreja, o que Ele quis dizer foi isto: “Edificarei a minha Igreja!”. O único organismo de Deus para fazer a Sua obra na Terra é a Igreja. Infelizmente, o grande problema é este, porque, nós, como Igreja, temos falhado. Deus tem levantado diversas organizações e eu percebi como Ele é inteligente! Eu descobri o quanto Deus é inteligente! Ele permitiu a chegada de diversas agências missionárias. Permitiu que essas agências adquirissem uma forte experiência e sabe o que Ele está fazendo hoje? Deus está despertando a sua Igreja e unindo as igrejas com as agências missionárias por suas fortes experiências e, juntos, estamos avançando contra a defesa do inimigo e conquistando o mundo para Cristo. Eu creio que as agências são muito importantes. Precisamos, enquanto igrejas, das agências, para nos ajudarem a colocar o missionário no campo, mas, biblicamente, a responsabilidade de selecionar, treinar, enviar e manter o missionário no campo pertence lá igreja local. Precisamos continuar dando esta ênfase.

(...) Em quarto lugar, os nossos seminários precisam desenvolver um currículo prático de Missões para que tenhamos pastores capacitados e, assim, igrejas missionárias. Meus irmãos, uma grande preocupação que eu tenho é a respeito do ensino teológico. Se eu fosse contar o tempo todo em que estive na faculdade teológica, dá mais de 10 anos, porque fui muito devagar. Mas se eu tivesse feito o curso em tempo normal seriam cinco anos. Em cinco anos de faculdade teológica, eu tive apenas um semestre de “Missões”. Um único semestre de Missões! Alguma coisa está errada... Se Missões é a razão pela qual a Igreja existe, como é possível um seminário estar preparando um pastor e dar a ele apenas um semestre a respeito de Missões? Certamente algo está errado e sabem por quê? Tive dois anos de Filosofia, um ano de Jornalismo, um semestre de Sociologia, isto foi bom, ajuda tudo bem... Mas, gente, e a prioridade da Igreja? Entretanto eu louvo a Deus porque eles têm, hoje, uma cadeira completa de Missões. E todo seminarista que vai se formar pastor tem que passar, pelo menos em três matérias, na área de Missões. Vai sair pelo menos com uma determinada visão, mas precisamos desenvolver um currículo desta forma para que tenhamos igrejas verdadeiramente missionárias.

Em quinto lugar, nós precisamos de um treinamento prático para que pastores possam desenvolver o ministério de Missões Mundiais em suas igrejas. O pastor é a chave. A igreja é o que o pastor é. Se o pastor é um homem de oração, a igreja será uma igreja de oração. Se o pastor é um homem de santidade, a igreja vai ser uma igreja de santidade. Se o pastor tem visão missionária, a igreja terá visão missionária. Agora, o grande problema, é que a maioria de nós pastora não tem feito nada pela obra missionária, e pior, estamos satisfeito com o pouquinho que estamos fazendo!

(...) Estou deixando o pastorado de Missões, da minha igreja em Santo André, e vou começar um movimento, um seminário que estamos terminando, exatamente para equipar e treinar pastores, com o objetivo de organizar o ministério de Missões da igreja local. Eu não sei tudo, irmãos, mas eu apanhei muito. Eu aprendi com os erros e quero ajudar os meus queridos colegas dando-lhes ferramentas, algumas idéias, para que eles possam organizar em suas igrejas o ministério de Missões Mundiais. Irmãos se queremos ver o mundo salvo, temos que começar pelas nossas igrejas. Agora, sabe qual é o grande problema? É que em nossas igrejas, hoje em dia, sabe o que tem acontecido?

Três coisas estão acontecendo em prejuízo da obra missionária:

Primeira, as instituições estão substituindo as pessoas. Pare para pensar, o que tem acontecido em nossas igrejas hoje em dia? “Instituições” estão substituindo as “pessoas”. Tudo, agora, é feito através de determinadas instituições e isto não é bíblico.

Segunda, a “tradição” está substituindo a “estratégia”. É interessante, irmãos... Cheguem a suas igrejas no próximo domingo e digam: “Irmãos, a partir de agora vamos colocar Missões em primeiro lugar, vamos organizar um plano missionário, e vamos enviar um missionário para plantar uma igreja lá na China. Aí você vai ouvir. “Ah, mas pastor, nossa igreja existe há 50 anos e nós nunca fizemos isto. Por acaso o irmão, agora, está virando pentecostal? É impressionante, a tradição, tem substituído a estratégia.

Terceiro “poucos” estão substituindo “todos”! Em algumas igrejas, o pessoal tem colocado a responsabilidade missionária nos ombros das mulheres aleluia! Pelas irmãs, que têm sido fiéis e têm trabalhado muito, graças a Deus! Mas, meus irmãos, quando eu penso que Missões é a razão pela qual a Igreja existe, Missões, deveriam estar nos ombros de todos da Igreja: das crianças aos adultos. A Igreja tem que estar fazendo Missões. Precisamos ajudar nossos queridos pastores a terem um programa de Missões, sólido, consistente.

Em sexto lugar, precisamos de treinamento missionário com prfundas bases bíblicas, e práticas, para que nossos missionários tenham condições de plantar igrejas fortes e bem fundamentadas, para evitarmos erros do passado. Irmãos, este é o outro problema. Que tipo de treinamento tem dado aos nossos missionários? E que tipo de igrejas eles vão implantar lá no campo? E, aqui, eu vejo dois extremos. Eu vejo alguns dizendo: “Olha, para se ir ao campo missionário tem que ter Ph. D, senão não pode ir”. Ou, então, o outro extremo: “Na hora, o Espírito Santo vai te dar a palavra, irmão, vamos lá!”.
Irmãos, eu creio que nós precisamos de um equilíbrio. Não lha dúvida que o Espírito Santo vai dar a palavra e, pobre coitado, do missionário que não estiver debaixo da unção do Espírito Santo. Mas, por outro lado, a Bíblia é muito clara. Ela nos diz que o Espírito Santo nos fará lembrar aquilo que Jesus nos disse e se Jesus não nos diz nada através da sua Palavra, como que o Espírito Santo pode lembrar alguma coisa? É interessante, o Espírito Santo manda estudar, sabiam disto? Em João não está escrito que “O Espírito Santo vos fará lembrar aquilo que eu falei”? Se Jesus não disse nada, como o Espírito Santo poderá nos lembrar? Agora, se você estuda a Bíblia, Jesus fala contigo, e o Espírito Santo o lembra. Portanto, tem que haver um equilíbrio.

Precisamos estudar, mas também não é apenas uma questão teológica, irmãos. Esta é outra coisa que eu tenho aprendido. Temos enviado missionários com o seus diplomas, tudo bonitinho, mas em termos de ministério prático, não têm experiência alguma. Lá em nossa igreja nós temos desenvolvido um treinamento ministerial sério. Primeiro, ele inicia um treinamento ministerial, Se dá frutos aqui, vai dar frutos no campo. Se não produz nada aqui, também não vai produzir nada lá. Treinamento ministerial para poder mostrar vida e poder dar fruto, aí está a responsabilidade bíblica.

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