O SOFRIMENTO NA VIDA MISSIONÁRIA
Escrito por Antonia Leonora van der Meer - Tonica 25 Junho 2004 Veja o link: http://www.amtb.org.br/
O sofrimento faz parte da carreira missionária dos que seguem os passos e o ministério de Jesus. Foi assim com nosso mestre e Ele nos advertiu de que também sofreríamos e nos chamou a calcular os custos para ver se estamos dispostos a ir até ao fim (Lucas 9:23, 57-62; 14:25-33). Jesus não facilitou a vida dos seus seguidores.
Hoje estamos acostumados a uma fé evangélica consumista, buscando os cultos e programas e o louvor que mais nos agradam, e o lugar onde podemos obter mais bênçãos com menor custo. Esse não é o caminho da cruz a que Jesus nos convida a andar, seguindo os seus passos.
Não quero buscar intencionalmente o sofrimento, mas se queremos alcançar os perdidos menos alcançados, teremos de servir em selvas, entre grupos que vivem muito longe da civilização, e onde nossa presença vai ser questionada, vamos ter inimigos simplesmente por estarmos ali em nome de Cristo. Teremos de servir entre povos orgulhosos de sua cultura e da sua religião, que as defendem porque representam sua identidade e porque vêem o Cristianismo como imposição do Ocidente capitalista. Teremos de servir entre povos que sofrem os horrores da guerra, que perderam seus entes queridos, crianças traumatizadas que presenciaram a morte violenta de seus pais, pessoas física e emocionalmente estraçalhadas. Teremos de servir em lugares onde o simples interesse em ler ou ter uma Bíblia já pode causar intensa oposição ou mesmo a morte. Temos de reconhecer que de fato causamos algumas reações negativas pela maneira como a missão tem sido feita. Mas a razão maior não é a questão da cultura, mas é porque há uma batalha espiritual, querendo impedir que novos povos ou grupos de pessoas sem Deus e sem esperança venham a descobrir as alegres e boas novas do amor de Deus.
Além disso, teremos de aprender línguas complicadas, mudar nossa forma de viver por outras formas que nos são estranhas, permitir que nossos filhos se integrem e se tornem parte de uma cultura que talvez não nos agrade. Podemos estar servindo com toda dedicação e fidelidade e ser mal-interpretados, questionados, nossa presença ser ressentida porque somos estrangeiros.
Depois vêm as saudades da pátria, da família, da igreja, dos amigos. A preocupação com os pais que estão ficando mais idosos, e precisando de nossa presença. A preocupação constante com a vida e os estudos dos filhos, e com o futuro deles. Será que estamos lhes prejudicando ao obrigá-los a compartilhar a vida missionária conosco? Vem a solidão e a necessidade de alguém que nos entenda. Acabamos sendo duplamente estrangeiros, no campo, e talvez ainda mais quando voltamos ao lar – é aí que percebemos o quanto mudamos. Mesmo nossa família, ou nossos melhores amigos não entendem as coisas que mais ardem em nosso coração.
Será que vale a pena enfrentar tudo isso? Eu creio que sim. Em primeiro lugar porque é muito pouco em resposta àquilo que o Senhor da glória fez para me salvar e me tornar filha amada do Deus Pai. Também porque nossa vocação é aquilo que no fundo mais satisfaz nosso ser, é aquilo para que fomos feitos, nos causa imensa satisfação e alegria estar no centro da vontade de Deus. E ainda cada pequeno fruto, ou broto, ou sinal de vida, quanta alegria nos traz. Como foi bom, quando estava em Angola, depois de meses de debates difíceis com um ou outro marxista convencido, ver como a luz de Deus penetrava sua mente e mudava sua perspectiva e o transformava em filho de Deus, em testemunha do amor de Jesus que o alcançou. Visitando os hospitais com os doentes com pouquíssimos recursos e os feridos da guerra, encontrando muito desespero, e vendo como o amor de Jesus transformava a vida dessas pessoas, lhes dando nova coragem, nova razão para viver, para lutar pelo que é bom e servir aos outros. Ver pessoas que conheci como estudantes secundaristas ou universitários, servindo a Deus e ao próximo com sabedoria, alegria e dedicação… Ver o ministério entre deficientes físicos que comecei a sonhar há anos, sendo desenvolvido sacrificialmente pelos próprios deficientes, com garra e amor.
Sim valeu a pena!
O sofrimento faz parte da carreira missionária dos que seguem os passos e o ministério de Jesus. Foi assim com nosso mestre e Ele nos advertiu de que também sofreríamos e nos chamou a calcular os custos para ver se estamos dispostos a ir até ao fim (Lucas 9:23, 57-62; 14:25-33). Jesus não facilitou a vida dos seus seguidores.
Hoje estamos acostumados a uma fé evangélica consumista, buscando os cultos e programas e o louvor que mais nos agradam, e o lugar onde podemos obter mais bênçãos com menor custo. Esse não é o caminho da cruz a que Jesus nos convida a andar, seguindo os seus passos.
Não quero buscar intencionalmente o sofrimento, mas se queremos alcançar os perdidos menos alcançados, teremos de servir em selvas, entre grupos que vivem muito longe da civilização, e onde nossa presença vai ser questionada, vamos ter inimigos simplesmente por estarmos ali em nome de Cristo. Teremos de servir entre povos orgulhosos de sua cultura e da sua religião, que as defendem porque representam sua identidade e porque vêem o Cristianismo como imposição do Ocidente capitalista. Teremos de servir entre povos que sofrem os horrores da guerra, que perderam seus entes queridos, crianças traumatizadas que presenciaram a morte violenta de seus pais, pessoas física e emocionalmente estraçalhadas. Teremos de servir em lugares onde o simples interesse em ler ou ter uma Bíblia já pode causar intensa oposição ou mesmo a morte. Temos de reconhecer que de fato causamos algumas reações negativas pela maneira como a missão tem sido feita. Mas a razão maior não é a questão da cultura, mas é porque há uma batalha espiritual, querendo impedir que novos povos ou grupos de pessoas sem Deus e sem esperança venham a descobrir as alegres e boas novas do amor de Deus.
Além disso, teremos de aprender línguas complicadas, mudar nossa forma de viver por outras formas que nos são estranhas, permitir que nossos filhos se integrem e se tornem parte de uma cultura que talvez não nos agrade. Podemos estar servindo com toda dedicação e fidelidade e ser mal-interpretados, questionados, nossa presença ser ressentida porque somos estrangeiros.
Depois vêm as saudades da pátria, da família, da igreja, dos amigos. A preocupação com os pais que estão ficando mais idosos, e precisando de nossa presença. A preocupação constante com a vida e os estudos dos filhos, e com o futuro deles. Será que estamos lhes prejudicando ao obrigá-los a compartilhar a vida missionária conosco? Vem a solidão e a necessidade de alguém que nos entenda. Acabamos sendo duplamente estrangeiros, no campo, e talvez ainda mais quando voltamos ao lar – é aí que percebemos o quanto mudamos. Mesmo nossa família, ou nossos melhores amigos não entendem as coisas que mais ardem em nosso coração.
Será que vale a pena enfrentar tudo isso? Eu creio que sim. Em primeiro lugar porque é muito pouco em resposta àquilo que o Senhor da glória fez para me salvar e me tornar filha amada do Deus Pai. Também porque nossa vocação é aquilo que no fundo mais satisfaz nosso ser, é aquilo para que fomos feitos, nos causa imensa satisfação e alegria estar no centro da vontade de Deus. E ainda cada pequeno fruto, ou broto, ou sinal de vida, quanta alegria nos traz. Como foi bom, quando estava em Angola, depois de meses de debates difíceis com um ou outro marxista convencido, ver como a luz de Deus penetrava sua mente e mudava sua perspectiva e o transformava em filho de Deus, em testemunha do amor de Jesus que o alcançou. Visitando os hospitais com os doentes com pouquíssimos recursos e os feridos da guerra, encontrando muito desespero, e vendo como o amor de Jesus transformava a vida dessas pessoas, lhes dando nova coragem, nova razão para viver, para lutar pelo que é bom e servir aos outros. Ver pessoas que conheci como estudantes secundaristas ou universitários, servindo a Deus e ao próximo com sabedoria, alegria e dedicação… Ver o ministério entre deficientes físicos que comecei a sonhar há anos, sendo desenvolvido sacrificialmente pelos próprios deficientes, com garra e amor.
Sim valeu a pena!
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