FILHOS DE MISSIONÁRIOS - UM PRIVILÉGIO
Autora: Alma Daugherty Gordon
Sou missionária, filha de missionários, neta de missionários, mãe de missionários e avó de 10 filhos de missionários. Até o presente momento, nossa família representa cinco gerações de experiências trans-culturais em três continentes. É viável levar filhos a uma terra estranha, criá-los longe das nossas famílias, enfrentar costumes e línguas estranhas, expô-los à doenças que nos dão pavor, e mais do que tudo, privarmos os filhos de uma seqüência educacional “normal”?
Se olharmos com cuidado, estas ansiedades giram em torno da pergunta:
“Será que vou dar conta desta responsabilidade”?
Meus pais, e seus três filhos, foram morar no interior do Brasil em 1937. Antes de findar-se o ano, o filho mais velho, com seis aninhos, veio a contrair meningite, e faleceu. Meus pais ficaram arrasados, e por muitos anos a minha mãe sentiu-se culpada da morte do filho. Com o passar do tempo, Deus providenciou um livro aqui, um conselheiro ali, e queridos amigos sábios que vieram a confortar os corações destes pais missionários. Depois de muito tempo, meus pais fundaram uma escola de línguas por onde passaram centenas de novos missionários, cada um no início de sua carreira em terra longe de seus lares. Muitos tinham filhos, e estavam sentindo a perplexidade de serem pais numa situação completamente nova. Deus havia preparado o casal diretor para esta hora. Ele transformou aquela velha angústia pela perda do querido filho em compaixão e carinho para com os novos missionários. “Sim”, diziam, “Deus passou pelo vale escuro conosco, e Ele nunca nos desamparou. Ele haverá de cuidar de você, e de seus filhos também”.
Deus não chama só o esposo ao campo missionário, ou só o casal. Se a família inclui filhos, Deus os inclui em Seu cuidado. Os filhos não são missionários em miniatura. São filhos de missionários para os quais Deus prepara muitas aventuras criativas. Este filho ou filha tem oportunidades inéditas de conhecer outro mundo, outra maneira de ser, outra língua, de experimentar laços estreitos com a família da fé, aprender tudo aquilo que será necessário como base de sua futura profissão, e mais, experimentar de perto o envolvimento de Deus na sua vida diária.
Para que isso tudo aconteça, Deus também prepara pais hábeis em dirigir o lar. Não que nós sempre sintamo-nos fortes e aptos para tal. Muitas vezes nos julgamos fracos e derrotados. Nestas horas vemos mais claramente que é Deus quem dirige a vida, e Ele nos usará se estivermos disponiveis. Sim, como pais missionários teremos problemas. Mas teremos também uma porção dobrada da graça de Deus.
Meu recado para os pais:
Confie alegremente em Deus, e faça todo o preparo possível para a vida no novo lugar.
1.“Terra estranha”- No possível, aprenda a geografia, história e cultura do local, e comece a estudar a língua.
2. “Longe da família”- Leve fotografias e alguns objetos familiares; use vídeo, telefone e correio eletrônico se possível; celebre datas especiais da família; conserve a língua materna, tanto falada como escrita. Façam planos para que os jovens tenham a opção de voltar ao Brasil e se preparar para prestar exame vestibular e faculdade.
3.“Doenças – Saúde”- O livro, “Onde Não Há Médico” de David Werner é importante tanto no preparo como no dia-a-dia no campo missionário. Conhecimentos sobre o corpo e a saúde são armas valiosas. A ciência tem provado que um espírito alegre e confiante em Deus traz muitos benefícios para o corpo.
4.“Educação”- Livros, tanto escolares como para leitura geral, devem ser uma parte integral de um lar missionário. Livros podem facilmente ser enviados pelo correio. Pais criativos podem solicitar ajuda de outros adultos no campo missionário. A educação de seus filhos será enriquecida pela variedade de conhecimentos assim compartilhados. Chegará a hora em que o jovem deverá voltar ao Brasil, ou a outro centro contendo cursos desejados. A partida é difícil para a família, mas Deus haverá de dar aos queridos grande alegria neste jovem que representa os sonhos de tantos anos. A família missionária que criou o jovem, agora deixando-o voar do ninho, conhece de perto a profundidade da graça de Deus.
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