ESTRATÉGIAS E PLANTIO DE IGREJAS NO CAMPO MISSIONÁRIO
Autor: Ronaldo Lidório
Iniciaremos
esta postagem partindo de um pressuposto coletivo: todos cremos que, em
obediência ao Senhor Jesus, devemos espalhar o Evangelho de Cristo entre todos
os povos da terra até que o Senhor venha.
Se
cremos assim gostaria de lhes propor que o Plantio de Igrejas é a forma mais
eficiente, auto-sustentável e duradoura de comunicar o evangelho dentro de um
perímetro local, seja um bairro, seja uma etnia culturalmente definida pois:
a)
Gera demanda pela comunicação de um evangelho culturalmente compreensível;
b) Estabelece localmente o reino;
c) Duplica o efeito missionário. Igrejas plantam igrejas.
Atos 1: 1-8
OBSERVANDO
O TEXTO
Este
texto confronta-nos com o princípio da prioridade. Na obra de expansão do Reino
entre as gerações até aos confins da terra lidamos com uma tarefa multifacial
mas é necessário sermos relembrados da prioridade no ensino missiológico de
Cristo.
‘Chronos’
é o termo utilizado para ‘tempo’ no versículo 6 para a pergunta dos discípulos
a Jesus: “… lhe perguntavam: Senhor, será este o tempo em que restaures o reino
a Israel?”
A
pergunta era absolutamente escatológica pois ‘Chronos’ refere-se ao tempo
humano, linear. Era uma pergunta sobre a agenda dos últimos dias. O que estes
discípulos, de forma unânime, perguntavam era qual seria o dia, mês e ano da
restauração do Reino a Israel.
A
forma como esta pergunta foi elaborada mostra a distorção doutrinária daquilo
que foi o centro dos ensinos de Jesus no último ano de seu ministério: o Reino
de Deus. Quando eles perguntam: “será este” – ‘touto’ – indica que eles
esperavam uma restauração imediata com objetivo definido, um rompante de Deus
intervindo no mundo da forma como existia na época; “que restauras” –
‘apokathistaneis’ – aponta para uma reconstrução nacional política e o complemento
‘a Israel’ dá um tom político/territorial, a independência de Israel.
Voltando
à pergunta inicial: “será este o tempo” do versículo 6 entendemos que o texto
poderia optar entre duas possibilidades mais comuns para compilar a resposta de
Jesus no versículo seguinte quando o Mestre enfatiza que “não vos compete
conhecer tempos ou épocas”. Para a expressão ‘tempos ou épocas’ o texto poderia
utilizar a mesma expressão encontrada no versículo 6: “Chronos”. Desta forma
Ele estaria dizendo que não era da competência dos discípulos conhecer o ‘tempo
humano’ – dia, mês e ano – em que o Reino seria restaurado. Assim Jesus
condicionaria o assunto escatológico a um plano humanamente inteligível.
Outra
opção textual seria a utilização do termo ‘Kairos’ para ‘tempos ou épocas’ na
resposta de Cristo e assim estaria falando que ‘não vos compete conhecer o
tempo de Deus’ pois ‘Kairos’ é o termo no Koinê largamente utilizado para
‘tempo divino’: o tempo que regia o Olimpo, “os fatos e acontecimentos que
assinalavam um momento certo ou errado de algo acontecer” nas palavras de
Tertúlio Conico. Desta forma Jesus estaria dizendo que não era da competência
dos discípulos conhecer o ‘tempo de Deus’, o momento apropriado na economia do
Pai para que o Reino chegasse.
Para
nossa surpresa textual a expressão ‘tempos ou épocas’ no versículo 7 utiliza
ambos os conceitos: ‘chronous kai kairous’ – o tempo humano e o tempo divino e
com isto o texto afirmava que a prioridade de Jesus não era escatológica: os
últimos dias, os eventos finais, a consumação dos séculos; mas sim missiológica
quando o versículo 8 inicia com a expressão ‘mas recebereis…” Ou seja, em
contraposição ao que foi falado anteriormente, o cerne do ensino é: “… recebereis
poder ao descer sobre vós o Espírito Santo e sereis minhas testemunhas”. Com
estas palavras Jesus escolhia enfatizar o seu ensino sobre o Reino de Deus: Ele
criara uma Igreja para espalhar a Sua Palavra a todos os povos, em todas as
gerações, até que o Senhor venha.
“Aqueles
que nada ouviram” são a prioridade de Deus em relação à evangelização mundial.
Isto pode ser perto ou pode ser longe.
1. A
centralidade do Evangelho: A necessidade de haver abundante evangelização
Em
um processo bíblico de plantio de igrejas é necessário sermos lembrados que a
centralidade da Palavra define a fidelidade da Missão. Ou seja, não optaremos
por mecanismos que simplesmente culminem em resultados atrativos mas sim por
mecanismos fundamentados na Palavra e na visão de Deus.
É
preciso aqui crer que a Palavra, o Evangelho de Deus, lançada na terra irá
germinar.
Com
este pressuposto a quantidade e constância da evangelização torna-se a ação
fundamental em um processo de plantio de igrejas.Em um campo missionário, seja
culturalmente distinto ou geograficamente próximo, a abundância na
evangelização deve ser uma prática constante. Alguns campos não frutificam
porque investem mais tempo na estruturação missionária e menos na atuação
missionária e este é um perigo que permeia desde as nossas igrejas locais até
nossos campos mais distantes.
Estive
estudando, durante um trabalho de consultoria missionária, alguns campos no
oeste africano (Gana, Costa do Marfim, Nigéria) e na América do Sul (Norte do
Brasil, Peru e Colômbia) onde diferentes processos de plantio de igrejas
estavam em andamento. Dividi os campos missionários em duas categorias:
a) Nível de estruturação: (observando a presença de postos missionários bem
estabelecidos, boa mobilidade com transporte próprio, sistema de comunicação
funcional entre as equipes missionárias e supervisão cultural e linguística);
b)
Nível de evangelização: (observando a presença de iniciativas evangelizadoras
pessoais, múltiplas tentativas de comunicação do evangelho, uso da literatura,
filmes, comunicação pessoal para a evangelização etc).
As
conclusões já eram esperadas: igrejas nasciam em maior quantidade e maturidade
nos campos onde havia abundante evangelização mesmo em detrimento de baixa
estrutura.
De forma geral, de cada 10 iniciativas de evangelização, não mais que 2,
terminavam com bom êxito portanto apenas os campos com abundante evangelização
foram visivelmente frutíferos.
Se
desejamos plantar igrejas, a macro estrutura para subsistência missionária como
transporte, mobilidade, comunicação, moradia e capacitação será de grande
cooperação para o processo final. Entretanto o fator determinante será a
presença de abundante evangelização.
David
Brainerd na evangelização dos indígenas na América do norte registra, para sua
surpresa, o maior resultado evangelístico em sua reunião com menor estrutura
missionária quando, na ausência do seu intérprete que adoecera, ficou em seu
lugar um índio bêbado com pouca fluência no inglês que mal conseguia ficar
sentado sem cair.
Em
seu diário, após impactante experiência com os efeitos da evangelização mesmo
na ausência de uma estrutura missionária própria, escreveu: “a mensagem vai
além do mensageiro”.
2. O
desafio do Evangelizador: o caráter vai além da habilidade.
Neste
processo de plantio de igrejas é preciso haver um equilíbrio entre a
capacitação e o caráter. Conheço alguns PhDs em teologia que atuam como
missionários ao redor do mundo os quais, tenho a impressão, não passaram por
uma real e pessoal experiência com Deus.
Por
outro lado, conheço missionários cheios de Deus e apaixonados por Jesus os
quais não tiveram uma oportunidade de preparo que pudesse maximizar seus dons e
habilidades, e pagam por vezes um alto preço devido a isto.
Precisamos
entender que a caráter do mensageiro não define a comunicação da mensagem, mas
facilita a sua compreensão.
Após
três anos entre os Konkombas, quando a Igreja crescia rapidamente e o Evangelho
alcançava lugares remotos perguntei aos líderes locais certa vez sobre a razão,
principal, que colaborava para a nossa boa comunicação mencionando três opções:
a)
Habilidade de falar no dialeto local e ser entendido com facilidade;
b) Entendimento da cultura, costumes e forma de vida do povo local;
c) Envolvimento pessoal com a sociedade tribal, sendo aceito e aceitando-a.
Eles
então responderam: “O ponto mais importante para nosso povo parar para ouvi-lo,
é porque você sempre sorri quando nos vê, parando para nos cumprimentar e
sempre alegre em nos escutar”. Naquele dia eu escrevi em meu diário: “caráter
é mais importante que habilidade”.
William
Davis tentando fazer-nos diferenciar entre a ilusão do palco e a realidade da
vida compara caráter e reputação quando diz:
“As
circunstâncias nas quais você vive determinam sua reputação;
A verdade na qual você crê determina o seu caráter;
Reputação
é o que pensam a seu respeito;
Caráter é aquilo que você é;
Reputação
é a fotografia; Caráter é a face;
Reputação
fará de você rico ou pobre;
Caráter fará de você feliz ou infeliz;
Reputação
é o que os homens dizem a seu respeito no dia do seu funeral;
Caráter
é o que os anjos falam de você perante o trono de Deus”.
Perante
o grande desafio que ainda temos perante nós ao redor do mundo creio que
missiólogos nos mostrarão o caminho mas apenas homens cheios do Espírito Santo
alcançarão a terra.
3. A
comunicação do Evangelho: modelos e estratégias
Gostaria
de gastar algum tempo neste último ponto onde falaremos sobre estratégias para
plantio de igrejas. Obviamente há fatores distintos em épocas e contextos
diferentes mas nossa proposta hoje será analisar valores bíblicos que marcam
grandes e visíveis movimentos de plantio de igrejas no mundo atual.
Analisando
os escritos de David Garrison, as pesquisas mais recentes da World Mission e o
banco de dados da WEC International, além de contribuições pessoais de missiólogos
como Patrick Johnstone, David Barrett, Bruce Carlton, J. Johnson e David Watson
há possivelmente no mundo hoje mais de 200 grandes movimentos de plantio de
igrejas em pleno andamento. Alguns deles são:
–
Movimento de plantio de igrejas entre os Khmer no Cambodja onde 3.3 milhões de
pessoas foram mortas no regime autoritário de Pol Pot’s entre 1975-1979. Vários
cristãos também foram mortos e em 1985 não havia mais do que 450 evangélicos
entre o povo Khmer. A partir de 1999 o número de evangélicos cresceu de 600
para mais de 60.000 divididos em 700 igrejas. Hoje registram-se mais de 100.000
evangélicos e mais de 800 templos registrados.
–
Movimentos de plantio de igrejas na cidade de Kanah na China onde um rápido
crescimento evangélico mudou o cenário de 3 igrejas reconhecidas pelo Estado
para 57 novas igrejas dentro de dois anos. Em novembro de 1997 contabilizou-se
mais de 450 em três províncias e mais de 18.000 pessoas entregaram-se ao Senhor
Jesus. Hoje Kanah é uma das mais influentes regiões cristãs na China com mais
de 500 igrejas reconhecidas.
–
Movimento de plantio de igrejas entre os Kekchi na Guatemala onde este grupo
com cerca de 400.000 pessoas vivendo na região de Alta Verapaz foi impactada
pelo evangelho. Entre 1993 e 1997 mais de 20.000 pessoas aceitaram ao Senhor
Jesus e 245 congregações nasceram. Entre 1997 e 2000 outras 10.000 pessoas
aceitaram ao Senhor Jesus e há entre eles hoje mais de 500 igrejas registradas.
–
Movimento de plantio de igrejas entre os Kui na Índia, um grupo com 1.7 milhões
de habitantes na região de Orissa, estado na costa leste da Índia. Os primeiros
convertidos vieram para Cristo em 1914 com missionários ingleses. Nos anos 20
algumas poucas igrejas nasceram. A partir de 1988 mais de 100 igrejas nasceram,
especialmente ligadas a missionários da Southern Baptist Mission. Entre 1988 e
1991 as igrejas aumentaram para mais de 200. Entretanto entre 1993 e 1997 houve
um crescimento ainda maior e mais de 900 igrejas foram registradas entre os Kui
com cerca de 80.000 convertidos.
– Movimento de plantio de igrejas entre os Giriama no Kenya onde, em 1970, 90%
eram animistas. O movimento missionário teve inicio em 1974 e em 1981 um rápido
e impactante crescimento de igreja tomou conta dos Giriama. Em três anos foram
registradas o plantio de 180 igrejas após 5 anos se preparação e treinamento de
obreiros leigos. A cada ano, desde 1993, registram-se o nascimento de, em
média, 28 novas igrejas entre os Giriama e províncias ao redor.
–
Movimento de plantio de igrejas no campo de refugiados na Europa, divisa com a
Bulgária. Em 1995 um casal missionário começou ali um trabalho através do filme
Jesus. Era um campo de refugiados onde pessoas do oeste europeu misturavam-se
com pessoas da China, Sudão, Congo, Camarões e Angola. Em 1998 o casal
missionário já contabilizava cerca de 15 pequenas igrejas de reuniões e até
1999 outras 30 novas igrejas nasceram. Hoje são mais de 60 pequenas igrejas,
todas autóctones.
–
Movimento de plantio de igrejas entre os Mizo na Índia com uma população de
686.000 pessoas. O evangelho chegou entre eles em 1894 através de missionários
britânicos. Em 1900 contavam com 120 cristãos. Resultado do avivamento no país
de Gales em 1904, um número expressivo de missionários foi enviado para os Mizo
na Índia. Somente a partir dos anos 50, entretanto, os resultados passaram a
ser mais visíveis e conversões em massa eram notificadas. Hoje 85% de todos os
Mizo na Índia consideram-se cristãos.
–
Movimento de plantio de igrejas na Etiópia, África, país com mais de 60 milhões
de habitantes. Até 1994 não havia mais do que 1% de evangélicos no país. Entre
1994 e 1999 Great Harvest os Souls Mission registrou a conversão de cerca de 10
milhões de pessoas em todo o país. Hoje, 16% da população considera-se cristã.
Great Harvest mencionou o estudo de caso de uma congregação a qual, entre 1995
e 1997 cresceu de 2.500 para 25.000 pessoas.
Alguns
valores em comum entre estes 8 movimentos de plantio de igrejas.
a) A
visão define a rota
Analisando
mais de 90% dos processos de plantio de igrejas mais amplos e frutíferos
pode-se notar que havia uma visão intencional de desenvolver um forte e
impactante movimento de evangelização seja entre um povo, cidade ou país.
O
valor aqui, portanto, é a visão pois nenhum campo missionário, ou ministério, é
maior que a sua visão.
b) A
missiologia estabelece os valores
Os
valores que devem fundamentar um processo amplo de plantio de igrejas são
diversos mas mencionaremos os principais, presentes nos movimentos citados.
1.
Oração. Quando o homem trabalha, o
homem trabalha. Quando o homem ora, Deus trabalha.
2.
Abundante evangelização. Nenhum
tecnologia missionária substitui o poder da comunicação pessoal do evangelho. O
evangelho precisa ser abundatemente comunicado em um processo de plantio de
igrejas.
3.
Fidelidade à Palavra. Há muitas
estratégias de movimento de massa que são funcionais entretanto não são
bíblicas. David Hesselgrave alerta-nos dizendo que “nem todo novo pensamento é
dirigido pelo Espírito. Nem tudo o que é novo é necessariamente bom. A Bíblia é
antiga, o Evangelho é antigo e a Grande Comissão é antiga…”. Na verdade ele
defende que neste imenso mar de necessidades no mundo não alcançado precisamos
entender que “o evangelho dá a direção… pois a Palavra precede a nossa visão”.
4.
Liderança local. Todo amplo movimento
de plantio de igrejas que tornou-se regionalmente duradouro contou com um forte
envolvimento de pessoas locais desde a primeira fase.
O investimento em pessoas locais, passando-lhes a visão, paixão e
estratégias garantirá um processo de plantio de igrejas que vá além do posto
missionário.
5.
Liderança leiga. Os mais rápidos
processos de plantio de igrejas no mundo contam com forte utilização da força
leiga tanto na expansão quanto no amadurecimento das igrejas plantadas.
6.
Utilização dos lares e estruturas
comunitárias. Quase nenhum amplo movimento de plantio de igrejas poderá contar
com uma estruturação paralela de construções para reuniões e cultos. O uso dos
lares ou estruturas comunitárias para pequenos encontros viabiliza um rápido
movimento de plantio de igrejas.
7.
Plantio de igrejas plantadoras de
igrejas. A reprodução de igrejas plantadas em uma segunda fase idealisticamente
deve ser feita através dos frutos e não da raiz do movimento. Nesta etapa o(s)
missionário(s) devem estar já assumindo uma posição de supervisão da visão e
encorajamento, e não de linha de frente.
c) O
treinamento provê as ferramentas
Os
2.227 PNAs hoje existentes representam a massa étnica mais resistente ao avanço
missionário em toda a história do Cristianismo. A resistência está representada
por barreiras geográficas, políticas, étnicas, culturais, linguísticas,
cosmológicas, religiosas e espirituais. Perante este desafio precisamos, mais
do que nunca, de especialistas em distintas áreas. O tripé do preparo
missionário transcultural, ao meu ver, deve enfatizar sempre a Missiologia,
Antropologia e Linguística.
d) A
estratégia desenha o mapa
a)
Conhecer o desafio perante nós é boa parte do processo construtivo de plantio
de igrejas. Entretanto este conhecimento é apenas a ponta do iceberg. É
necessário desenvolver as estratégias que envolvam o plantio e amadurecimento
de igrejas, treinamento de líderes, auto-sustentabilidade e reprodução.
Perante
um vulto expressivo de estratégias missionários de plantio de igrejas, gostaria
de citar algumas as quais julgo expressivas:
a)
Mapeamento etno-cultural e
geograficamente definido. Saber qual a extensão do desafio;
b)
Análise cultural e fenomenológica.
Entender as vias para a compreensão do evangelho;
c)
Comunicação inteligível e comunitária
do evangelho.
d)
Adoração e vida diária da igreja na
própria língua materna e cultura alvo.
e)
Rápida incorporação dos novos
convertidos à vida da igreja.
f) Consciência de urgência evangelística já transmitida no processo de
discipulado;
g) Identificação de líderes locais o
mais cedo possível.
h) Treinamento para líderes durante o processo de liderança.
i) Descentralização da autoridade eclesiástica.
j) Ênfase na reprodução.
k) Supervisão contínua quanto ao amadurecimento espiritual.
l) Modelo missionário: Inicie, discipule, reproduza, assista, encoraje e parta.
Conclusão
Uma
alma vale mais que o mundo inteiro.
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