A MISSÃO É FEITA POR DISCIPULOS, E NÃO POR HERÓIS

 


Rev. Amós Cavalcanti, missionário da APMT no Chile.

 

Um dos mitos mais populares da missão transcultural é achar que o missionário é uma pessoa especial, diferente do membro comum. 

A ideia de que o missionário é “um tipo de crente especial”, um Indiana Jones da fé, uma pessoa com capacidades especiais e que é tão distinta dos “crentes normais” ao ponto de estimular a ideia de que a missão é feita apenas por valentes, guerreiros e desbravadores. A verdade é que transformar missionários em heróis é o primeiro passo para que uma igreja deixe de ser missionária (ou que nunca chegue a sê-lo). Isso porque essa postura tira a responsabilidade da igreja para com a missão, pois ela “seria” incapaz de fazer missão, precisaria desses desbravadores para que façam missões por ela. Assim começa a “terceirização da obra missionária”.

Essa visão também afasta a igreja da realidade do campo. Ao idealizar a imagem do missionário, a igreja também idealiza o campo. O campo deve ser obrigatoriamente um lugar difícil de viver; o missionário e sua família devem ser modelos ideais de perfeição ante ao sofrimento - e devem sofrer muito. Sem sofrimento o missionário não se converte em herói e se não é herói, não é missionário. Essa é a razão porque muitas igrejas se sentem muito mais compelidas a colaborar financeiramente com missionários que se encaixam nesse perfil.

Mas a verdade é que a missão é feita por discípulos e não por heróis. O missionário é um discípulo de Jesus como qualquer crente da igreja local. 

Tal qual como vemos em Atos 8.4, gente comum que pregava a palavra por onde ia. Já se falou exaustivamente que todo crente comum é um missionário, mas para entender melhor esse conceito, devemos reconhecer que todo missionário é um crente comum. Missionário também tem problemas no casamento, filho que dá chilique na rua, todos esses problemas, frustrações e realidades que qualquer pessoa tem.

Entender o missionário como “gente como a gente” nos aproxima da realidade dele no campo, dando à igreja uma maior empatia para com o missionário. Esse entendimento também faz com que cada um dos membros se veja no lugar do missionário e se projete a si mesmo na ação missionária de alguma forma, pois na verdade não é necessário ser herói para fazer missão. Basta ser crente.

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Rev. Amós Cavalcanti, missionário da APMT no Chile.

 


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