PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO MISSIONÁRIO - 1 PARTE

 


Quero sugerir uma pergunta para nos orientar neste estudo:

 Para que treinar missionários?

Para responder a esta pergunta, vamos usar um princípio bíblico e teológico que possa nos orientar.

1. Sugiro o princípio da glória de Deus; o princípio da sua transcendência.  

Uma pergunta que se faz frequentemente nas igrejas é: "Por que a obra missionária deve ter prioridade na igreja?"  

O livro de John Piper sobre a glória de Deus em missões nos mostra que a obra missionária não é de importância última para a igreja. Lembra da primeira pergunta do Catecismo de Westminster? "Qual é o fim principal do ser humano?" A resposta correta é: “O fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre. Rm 11.36; 1Co 10.31; Sl 73.24-26; Jo 17.22-24”.

Um dia, as missões acabarão. Mas o culto não, o louvor a Deus não. Um dia, estaremos reunidos com representantes de toda a raça, povo, nação, não fazendo missões mais, mas fazendo o que nós estamos ensaiando hoje à noite a fazer, glorificar a Deus e gozá-lo para sempre. Isto é o nosso fim principal.

ISTO NOS DÁ UMA ORIENTAÇÃO PARA A RAZÃO DE TREINAR MISSIONÁRIOS.

Primeiro, nos orienta em termos da evangelização mundial. Nós evangelizamos não porque o mundo é carente; não porque existem ainda tantos povos não alcançados; não porque fulano, beltrano e sicrano ainda não tem uma igreja plantada no seu meio, por mais importante que seja a motivação. Mas há uma motivação maior: a glória de Deus. A sua glória é aumentada à medida em que povos, inúmeros povos são aumentados para prestar culto a Deus.

É a diferença entre um coro que canta com todas as vozes em harmonia e um coro que canta em uníssono. Deus está preparando um grande coro, com vozes diferentes, mas com um objetivo só - uma harmonia, cantar louvores ao Senhor. O próprio monoteísmo é a base para isso; se ele é o Senhor de todo o universo, isso precisa ser reconhecido assim através da prestação de louvor e de glória por todos os povos da terra. Então, isto serve como nosso combustível para a obra missionária.

Também nos orienta em termos da qualidade do trabalho que nós prestamos. Quem sabe isto tira um pouco a nossa pressa de fazer a coisa rápida. Quem sabe isto nos incentiva a criar, a desenvolver um trabalho de testemunho integral e pastoral onde há verdadeiro louvor e adoração.

O apóstolo Paulo diz que seu objetivo no trabalho missionário, em Romanos 15:18 e 16:26, é de levar os gentios à obediência. Jesus nos mandou ensinar todas as coisas que nos foram ordenadas. O alvo missionário é levar os gentios à obediência. É um trabalho de longo prazo. É um investimento de cinquenta anos, cem anos, o que for necessário para chegar a este alvo. Não está na hora de criar um novo lema missionário? Algo assim, que procura trabalhar ao longo prazo, criando igrejas bastante sadias. Em termos da história, isto significa, portanto, uma visão não estreita e imediatista, como se os desafios da igreja fossem apenas atualmente urgentes.

Os desafios sempre foram urgentes, ao longo de nossa história. Certo é que nós somos responsáveis pela nossa geração. Entretanto não devemos ser levados por uma escatologia superficial, uma tirania do urgente, uma cegueira histórica. Lembrem do apóstolo Paulo. Se alguém tivesse razão de apressar o trabalho - Cristo podia ver a qualquer hora - era o apóstolo Paulo. Ele não trabalhava desta forma, ele investia ficavam parado às vezes anos, por conta de escrever algumas cartas que teriam um impacto muito mais ao longo prazo. O saudoso Dr. Shedd mencionava que Paulo escreveu cartas missionárias; é verdade; cartas que eram escritas no contexto da expansão missionária da igreja. Eram ao mesmo tempo, cartas pastorais, cartas em que o apóstolo se preocupava no cuidado do seu rebanho, em corrigir problemas, em encorajá-los na fé, em levá-los à obediência. Vemos que há uma nítida relação entre o trabalho missionário e o trabalho pastoral. Precisamos de uma visão larga, profunda e extensa do presente, porque os desafios são eternamente urgentes. Uma visão escatológica do agora, baseada nos atos de Deus num longínquo passado – lembre-se que Deus estabeleceu este povo, nós, pelo chamado de Abraão. Já faz muito tempo e o seu plano ainda vai se realizar. O futuro é prerrogativa apenas de Deus. Como é fácil esquecer isto.

A primeira palavra de Atos 1:8 é "mas". E este "mas" é a resposta a uma pergunta sobre escatologia, sobre quando serão estas coisas. Efetivamente Jesus estava dizendo "o futuro não é da sua conta; o que é da sua conta é a sua fidelidade como testemunhas".

Não precisa pensar se Ele vem amanhã, se Ele vem daqui há 2.000 anos. Seria muita incredulidade pensar que Ele possa vir só daqui há 2.000 anos? Jesus diz que não é da nossa conta. O que é da nossa conta é nossa incumbência como povo de Deus de sermos bênção para todas as nações, de pregar o Evangelho, e de anunciar o Reino de Deus. Paulo entendeu desta maneira Ele entendeu que com a vinda de Jesus havia uma mudança radical na história. A era dos gentios havia chegado. Portanto, ele gastou muito tempo trabalhando na expansão do Evangelho no mundo gentílico, passo a passo. Lembra dos nossos mapas no final da Bíblia que traçam as viagens missionárias do apóstolo Paulo? São basicamente circulares. Começando em Jerusalém, e dando retorno. Certo é que nos nossos mapas nem sempre começa em Jerusalém. Mas se você for examinar entre uma viagem e outra Paulo sempre está em Jerusalem. Pelo testemunho do apóstolo Paulo (Romanos 15:18-21), ele viajava em círculos cada vez mais abrangentes; abrindo cada vez mais, sistematicamente, devagar, passo a passo. Ele sentia a urgência, sim, mas trabalhava com o amor e o carinho de Cristo, com muita cautela, e com preparo prolongado mesmo diante do tamanho e da urgência do trabalho missionário.

Será que valeu a pena - dez anos entre o chamado e o envio? Foi muito, olhando para trás? Será que este tempo foi bem investido? Certamente foi. O fim e o alvo do preparo e do trabalho missionário é a glória de Deus. Para Ele ser glorificado, é preciso que haja louvadores, aqueles que o glorificam e estes, através da expansão e amadurecimento da igreja, que, por sua vez, vão atuando no nosso mundo, transformando-o. 

Então, vemos o lugar do preparo responsável do missionário, contribuindo para o envio responsável do missionário à salvação das pessoas.

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