PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO MISSIONÁRIO - 2 PARTE

 


POR QUE TREINAR MISSIONÁRIOS?

 

Para nortear a busca de uma resposta a esta pergunta, focslizaremos o princípio da encarnação de Jesus, ou da imanência de Deus. Para responder à primeira pergunta consideramos a Sua transcendência e a Sua grandeza, que fogem à nossa capacidade de conhecer e nossa capacidade de medir.

Agora queremos considerar a Sua proximidade, a Sua encarnação. Geralmente, falamos sobre a encarnação para dizer algo a respeito da identificação missionária, mas é uma faca de dois gumes porque há ao mesmo tempo, uma identificação cultural e a encarnação é uma denúncia de valores e de normas nas nossas culturas. Isto é, de certo modo, a característica sacerdotal do nosso preparo missionário que visa a nossa identificação com um determinado povo.

Uma vez alguém me perguntou se Jesus seria aceito nos nossos seminários como professor, isto é, se o seu método de treinamento encaixaria dentro das nossas normas pedagógicas.

A primeira resposta aparentemente é não. Resposta assustadora não é? Mas há uma outra maneira de ver esta pergunta. Pois, ao longo de toda a revelação bíblica surge o princípio do respeito aos padrões culturais, regionais e históricos para o ensino e socialização. Este é o caso de Abraão, Moisés, Davi, os profetas tanto da escola quanto aquelas que não passaram pela escola, os celtas, os monges, moravianos, e assim por diante.

Em cada época, havia padrões de preparo e de treinamento apropriados para aquela região e aquele tempo. Então, de certo modo, o problema está na pergunta: se o modelo de Jesus encaixaria dentro do nosso? Porque o modelo de Jesus é o de se encarnar na situação, no tempo e na região. Isto é um princípio hermenêutico muito simples.

Frequentemente, nós queremos pegar aplicações dentro do Novo Testamento e transportar estas aplicações para o nosso tempo e nosso lugar, ao invés de procurar saber quais são os princípios por trás destas aplicações.

Atos 1:8 é um bom exemplo. Muitas pessoas pregam Atos 1:8 como um princípio de expansão missionária. Mas não é o caso. Era uma aplicação muito boa de um princípio que o apóstolo Paulo expõe em Romanos 15:20 - de pregar “não onde Cristo já fora anunciado”. No primeiro século isto significava pregar cada vez mais longe de Jerusalém. Lá começou o Evangelho, era uma aplicação óbvia; e assim ocorreu. Mas hoje não é o caso. Para nós pregarmos o Evangelho a partir de Jerusalém e até os confins da terra, a gente teria que ir eventualmente para a Melanésia. Só que esta é a região de mais frequência na igreja do que qualquer outra região de tamanho comparado no mundo inteiro. Então, procuramos o princípio por trás da aplicação. E eu sugiro para nossa pergunta – “Por que treinar missionários?” - o princípio da encarnação.

Treinamos missionários para anunciar e encarnar o evangelho dentro das diversas culturas humanas. Exige portanto, identificação. Ao mesmo tempo, esta encarnação de Deus em Cristo Jesus nos traz tremendos desafios. O primeiro desafio se refere à necessidade de humildade. Tanto no processo de treinar missionários como no processo de realizar o trabalho missionário, somos constrangidos de exercer o princípio da humildade. Isto é o modelo que Paulo levantou em Filipenses 2, o supremo modelo de Jesus. Mais uma vez, é a glória de Deus é a visão da glória de Deus que nos ajuda a ver o nosso devido tamanho, e portanto, o nosso devido papel e potencial.

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