CARTA ABERTA AOS LÍDERES E AMANTES DA OBRA MISSIONÁRIA BRASILEIRA (EM TEMPO)
A GRANDE OMISSÃO ?
Queridos nobres líderes e amantes da Obra missionária.
Pastor Davi Botelho – Missão Horizontes
Impossibilitado de expressar-me nos Congressos
Brasileiros de Missões, gostaria de trazer a tona um assunto que tem sido
motivo de minhas orações e preocupações, e creio serem importantes, e que devem
servir para reflexão e discussão da liderança de missões em nossa pátria.
Entendo que estamos batalhando isoladamente e,
muitas vezes, competindo entre nós, procurando trazer a nossa visão própria em
vez de avaliarmos o que o Senhor quer e, então avaliarmos o movimento de
missões no Brasil em todas as áreas. Isto me faz lembrar de certo atirador que
causava admiração àqueles que viam a precisão de seus tiros: todos eles
acertavam o alvo. Um certo admirador quis surpreendê-lo. Levantou bem cedo e
foi observar o atirador. E escondido viu que ele atirava nas árvores e depois
circundava o local acertado para fazer parecer que havia acertado o alvo.
Quantas vezes agimos da mesma maneira ao acreditarmos que estamos acertando o
alvo porque estamos exportando o modelo brasileiro de missões para toda a
América Latina, usando o exemplo das nossas organizações missionárias, que
infelizmente, na realidade, não estão alcançando o objetivo de levar as Boas
Novas os não alcançados. Mostrarei isso no decorrer deste artigo.
O ELITISMO EM MISSÕES É PREOCUPANTE.
Somente alguns teóricos têm coordenado e
direcionado o processo missionário em nossa nação, em detrimento de uma
participação mais ampla de uma camada de práticos em missões, ou seja, os
verdadeiros missionários que têm pago um preço muito alto para desenvolverem
seus ministérios.
Vejo que muitos acadêmicos em missões são teóricos
alienados da realidade missionária. A maioria não tem comprometimento com a
obra missionária e outros são verdadeiros críticos de missões transculturais.
Tive contato com um pastor mestrado em missões nos Estados Unidos, que realiza
congressos importantes no Brasil e conta com uma grande participação de
pastores brasileiros. Esse pastor impediu que Frank Dietz, ex-diretor dos
navios Doulos e Logos, cuja experiência em missões transculturais ultrapassa a
marca dos 35 anos, pregasse em sua igreja. Este pastor tem ainda questionado a
Janela 10-40, dizendo que a delimitação desta área foi inventada por norte
americanos, que agora queriam usar os latinos como buchas de canhão. Uma
tremenda aberração! São necessários, mais do que nunca, crentes nobres como
foram os bereanos, pensadores e questionadores, que checavam os ensinos
paulinos com as Escrituras Sagradas, e assim mesmo foram elogiados pelo
Apóstolo.
Steves Saint, filho de Nait Saint, um dos 5
missionários mártires no Equador cuja história dramática está relatada no livro
Piloto das Selvas, diz em seu livro A Grande Omissão (The Great Omission): “O
nosso hábito de enviar poucas tropas especializadas para lutar contra o
inimigo, e deixarmos a maioria dos cristãos fora desta batalha espiritual é a
nossa Grande Omissão”. Entendo e valorizo a preparação para todo o Corpo, mas
também sei que todos têm que amar a missão de alcançar os perdidos, não
esquecendo os menos alcançados pelo Evangelho.
É hora de empreendermos esforços para alcançar os
não alcançados e esquecidos pela igreja evangélica no mundo. Observe alguns
dados:
O DESAFIO:
– Há 24.000 povos no mundo dos quais 8.000 precisam
ser alcançados;
– Há 6.287 línguas no mundo e 4.500 delas não têm
nenhuma parte da Bíblia traduzida;
– 85.000 morrem a cada dia sem nunca terem ouvido
de Cristo.
O QUE TEMOS:
SOMOS
A TERCEIRA MAIOR IGREJA DO MUNDO E PRECISAMOS DE 100.000 CRENTES PARA SUSTENTAR
UM MISSIONÁRIO DENTRO DA JANELA 10-40.
Investimos, em média, somente R$ 1,30 por pessoa
por ano para missões transculturais.
Ao ver o grande desafio e o elitismo atual,
lembro-me que Martinho Lutero também viveu tempos críticos. Naquela época,
chamada de Idade Negra, sacerdotes conduziam as cerimônias religiosas numa
língua inacessível ao povo e de costas para a congregação, demonstrando
menosprezo pela sociedade presente. Os religiosos se esconderam nos mosteiros e
alienaram-se do mundo, tentando ser mais santos. Martinho quebrou os paradigmas
da época traduzindo vários textos bíblicos na língua do povo, distribuindo-os
em diversas regiões e causando um tremendo impacto na Europa. Lutero levantou
várias teses contra o sistema religioso, expostas na porta da sua catedral, revolucionando
a sua nação e outras também.
Estamos trabalhando forte para popularizar missões
dentro da igreja brasileira. Para isto temos produzindo artigos escritos por
missionários de diversas organizações para distribuí-los indiscriminadamente.
Seus membros são incompreendidos por produzir algo latino a um custo acessível.
Temos trabalhado na conscientização missionária e alertado quanto ao perigo de
se investir prioritariamente no ter, ao invés de no ser.
Por exemplo, investir em estruturas físicas,
deixando de investir na formação de vidas. Temos nos esforçado para produzir
literatura, vídeos missionários, mapas, globos, cartões de oração e cursos de
orientação missionária. Os recursos gerados através de nossas publicações são aplicados
no sustento de nossos estudantes da escola missionária.
O Movimento AD2000 e Além teve um papel
preponderante neste processo de conscientização missionária aos povos não
alcançados ao produzir materiais que ajudaram a igreja no mundo todo. Suas redes
de trabalho tiveram um papel relevante em missões transculturais, e após o
encerramento de suas atividades, em março de 2001, vimos que a rede que
permaneceu e se solidificou em nosso país foi o Brasil 2010.
A literatura deste movimento, como: Maghreb, Janela
35-45 e o respectivo mapa, Chifre da África, Shalom-Salam, entre outros, não
interessaram a nenhuma editora por não serem comerciais. Luis Bush, ex-diretor
do Movimento ofereceu-nos os direitos autorais e a arte gráfica sem nenhum
custo. Publicou esse material vital para o despertamento da igreja brasileira
para regiões que até então não conhecia . Quantos líderes já leram sobre esses
assuntos e se interessaram por tê-los em nossa língua? Entre os livros está “A Igreja é Maior do Que
Você Pensa”, do
pesquisador e professor Patrick Johnstone, um missionário que conhece a
história de missões e trata de assuntos tabus, como a importância da trilogia
em missões: unidades e sincronia das igrejas, organizações missionárias e
juntas denominacionais no recrutamento, treinamento, envio e acompanhamento do
missionário no campo e no retorno à pátria. Patrick disseca assuntos polêmicos
com muita propriedade e base bíblica, além de fornecer dados da realidade
missionária em nossa geração.
O livro “Tochas de Júbilo” não estava sendo
reeditado porque suas vendas eram de somente 150 exemplares por ano. Falta a
líderes e professores de missões conhecimento sobre a importância dessa
literatura do despertamento e na orientação missionária transcultural. A
Editora Vida, detentora dos direitos autorais fez uma parceria com a Horizontes
produzindo uma tiragem especial a um custo especial, cabendo a nós a divulgação
do livro. Essa parceria foi estendida a outros livros, como: Por Esta Cruz Te
Matarei e Véu Rasgado e outros estão em processo.
Penso que se todas as organizações missionárias
unissem seus esforços para produzir e divulgar materiais sobre missões tudo
seria diferente. O que nos impede de unirmos esforços? Seria o trabalho
estafante pela sobrevivência? A competitividade? O nosso egoísmo? As
discriminações?
A Global Conections, ou Aliança Evangélica da Grã
Bretanha, ofereceu-nos 5 mapas em cores, com informações sintetizadas de
regiões e assuntos relevantes para missões. Oferecemos os mapas a AMTB
Associação de Missões Transculturais do Brasil que não os puderam aceitar por
falta de estrutura. O primeiro artigo sobre a Janela 10-40 em português foi
produzido somente 4 anos depois que foi apresentado em inglês e saiu também
pela Horizontes.
Glenn Myers, pesquisador da WEC Internacional,
Missão Amém no Brasil, pesquisou 10.000 páginas para produzir um livreto de 70
da série Perspectivas, que tem livretos como: Crianças em Crise, Pobre Entre Os
Pobres, Região do Sahel Africano, Aro de Fogo região que abrange a Indonésia e
Malásia, Nômades, Índia, Rota da Seda ou Janela 35-45, nova nomenclatura para
esta região. Mesmo sendo resultado do trabalho de um dos maiores pesquisadores
do mundo, para alguns esta série não é considerada comercialmente viável.
Realmente, nós líderes de missões não temos dado ênfase a estas regiões do
mundo. Não temos incentivado nossos crentes a lerem nem a pesquisarem. Nossos
estudantes de teologia não têm tido uma visão global do mundo e nossos pastores
têm medo de investir em missões. Creio que já chegou a hora de revermos os
nossos currículos escolares para dar a missões a tônica devida. Missões é a
prática da teologia.
Toda esta literatura está sendo publicada pela
Horizontes e temos incentivado nossos estudantes para que as leiam e estudem.
Estes livros são leitura obrigatória para os candidatos que queiram ingressar
em nossos centros de treinamento. Somente assim podemos mudar a história de
missões no Brasil e conseqüentemente, o destino eterno de povos, raças, línguas
e nações.
Infelizmente o termo missionário está totalmente
deturpado no contexto brasileiro: um evangelista de televisão é chamado de
missionário, o mesmo título é dado à esposa de pastores e às intercessoras ou
lideres de reuniões ou círculos de oração. Creio que é necessário diferenciarmos
missionários de missionários transculturais. Assim teremos condições de mostrar
a realidade do trabalho transcultural aos não alcançados que recebem somente
0,5% dos recursos financeiros das igrejas no mundo. Em nossas pesquisas,
realizadas com mais de 15.000 pastores e líderes de igrejas, não encontramos
nenhuma igreja que invista mais de 50% de suas entradas em missões, enquanto a
Igreja dos Povos de Toronto, Canadá, chegou a investir mais de 75%; os Irmãos
Morávios tinham um missionário para cada 12 membros, segundo Patrick Johnstone
em seu livro A Igreja é maior do que você pensa. Creio que eles podem servir de
modelo.
Não é necessário muito esforço para sermos modelo
ou transtornarmos o mundo, como fizeram os crentes primitivos (At. 17.6). Se cada
crente brasileiro investir em média R$ 10,00 mensais em missões transculturais,
que seria 100 vezes mais que o investimento atual, poderia multiplicar a força
missionária em 100 e atender a demanda dos 8.000 povos que não conhecem Jesus…
Isto é sacrifício? …É isto utopia?
Somente chegaremos aonde nossa fé alcançar.
Pensando nisto nos lembramos do texto de II Rs. 13. 14 a 19 que fala do
encontro do profeta Eliseu com o rei Jeoás. Ao visitá-lo Jeoás recebeu a
palavra para que abrisse a Janela do Oriente, onde estava o maior desafio do
povo de Israel. Parece que podemos fazer um paralelo em nossos dias, quando
olhamos para a Janela do Oriente, a Janela 10-40, onde está o mundo muçulmano
árabe. Eliseu disse para Jeoás que pegasse o arco e as flechas do livramento do
Senhor que seriam as flechas de livramento contra os sírios. Ele tinha o local
determinado para a vitória decretada pelo Senhor. Jeoás recebeu a ordem de
pegar as flechas e simbolicamente ferir a terra. Ele poderia fazê-lo 5 ou 6
vezes e este número seria o final do inimigo do povo de Israel. Mas Jeoás o
fez, somente 3 vezes e causou indignação no profeta.
Alguns teóricos, considerados experts em missões,
têm tido uma preocupação muito grande e desnecessária com o Islamismo,
Hinduísmo, Budismo, Nova Era, etc, considerando um ou outro como o maior perigo
para a Igreja. Creio que o maior perigo para a igreja está dentro da própria
igreja: a apatia, a indiferença, a indolência, o conformismo e o materialismo
modernos, que resultam na Grande Omissão.
A Palavra de Deus diz claramente que se a nossa
esperança fosse somente nesta vida, seríamos os mais miseráveis dos pecadores.
Vejo que a egoísta Teologia da Prosperidade tem afetado tremendamente os
crentes brasileiros, pois a Bíblia diz que o Senhor quer nos abençoar para que
sejamos uma bênção para as nações.
A distorção é tão grande, que hoje é normal que
cantores e artistas decadentes converterem-se por causa do grande mercado
evangélico. Outros aproveitam a oportunidade de se apresentarem nas igrejas cobrando
cachês absurdos, às vezes em dólares. Tais somas chegam a alcançar dez mil
dólares. Enquanto isso, missionários desenvolvem trabalhos sacrificiais e
normalmente recebem ofertas de R$ 50.00, quando recebem.
Muitos líderes induzem os crentes a darem uma
oferta missionária para o ministério de um palestrante que chegam a ultrapassar
o valor de R$ 1.000,00, mas, no final, a maior parte fica para a obra local.
Outros convidam missionários e os usam para tirar ofertas para algum obreiro da
própria igreja. Creio que estes que praticam tais aberrações não sejam
verdadeiros pastores, mas sim lobos devoradores. Isto tem acontecido com
freqüência com nossos missionários. Falamos do que vivemos, pois somente no ano
passado visitamos, como organização missionária, mais de 1.200 igrejas.
Cantores e artistas nada cristãos estão se aventurando no mercado evangélico
com o apoio e encorajamento destes mesmos pastores. Um destes artistas é
conhecido na mídia por mostrar somente as nádegas, mas conta com a simpatia de
vários líderes, pois atrai multidões. Isto é inconcebível.
Há algum tempo estive numa destas igrejas em São
Paulo e um jogador de futebol teve a oportunidade para trazer a Palavra. Foi um
Aimaas da vida (II Sm. 18. 23-29), pois não tinha nenhuma mensagem a trazer
àquele povo. Foi só gritaria e perda de tempo. Após a “mensagem”, o pastor
trouxe uma profecia dizendo que Deus o tinha levantado para manifestar Sua
Glória e que aquele jogador de futebol iria tomar o lugar de um outro atleta,
que não teria sido fiel, segundo a “profecia” do pastor. Na realidade este
atleta tem dado um bom testemunho. Alguns meses depois o jogador-palestrante
apareceu na mídia por ter suas fotos publicadas numa famosa revista gay
brasileira. Nas fotos ele estava nu.
O Rev (sic) Moon, propagador de uma seita
diabólica, ensina que Cristo fracassou em Sua missão na terra e que a cruz não
tem nenhum valor. Ele diz que teria sido enviado como substituto de Jesus.
Mesmo dizendo estas coisas conseguiu seduzir e levar ao Uruguai, em uma de suas
investidas no meio evangélico brasileiro, mais de 900 pastores. Homem diabólico
e sedutor. Que tipo de liderança representam?
Nos Estados Unidos o Projeto Josué foi levantado
para adotar os 1739 povos menos alcançados, com uma população acima de 10.000 habitantes.
Mudou sua liderança e, em seu último boletim, a ênfase para oração era dada à
famosa Universidade de Boston, que foi fundada por evangélicos. Escrevi aos
líderes, lembrando-os do objetivo da formação do projeto. Até hoje não recebi
nenhuma resposta. Digo isto sem desprezar a necessidade de orar pelos
estudantes daquela universidade, mas por que a finalidade desse projeto era
direcionar esforços para os povos menos alcançados e negligenciados do mundo.
Hoje existem países sem nenhum crente nacional conhecido; há somente 2,8
missionários para atender cada 1 milhão de muçulmanos no mundo; a população de
muçulmanos no mundo ultrapassa a casa de 1 bilhão, embora muitos deles sejam
apenas muçulmanos nominais ou sincretistas.
A maioria das escolas brasileiras de ensino
religioso tem copiado currículos estrangeiros e submetido os estudantes a uma
realidade diferente da nossa. A Horizontes fez uma mudança radical em seu
treinamento missionário e tem alcançado resultados extraordinários. O seminário
missionário passou a ser composto pela parte formal, não formal e informal, a
fim de desenvolver o candidato em várias áreas: caráter cristão, trabalho em
equipe, conhecimentos de primeiros socorros, treinamento bivocacional, inteligência
emocional, sentimental, mental, prática, transcultural prévia, mobilização
missionária, lingüística, visão global, etc. Já no segundo ano o candidato
deixa o Brasil para dar continuidade aos seus estudos em um país de língua
espanhola, em uma de suas bases na América Latina. Também desenvolveu um método
em que todos estejam comprometidos com uma visão de despertar a igreja
brasileira para cumprir seu destino de fazer missões. A Horizontes procurou
também baixar os custos. Hoje os estudantes cobrem 50% do custo básico que é de
um salário mínimo vigente no país. Infelizmente no Brasil, hoje, somente 5% dos
que se dispõem para serem treinados para ir aos campos transculturais têm o
apoio parcial de seus pastores. A parte restante vem de recursos levantados através
de literatura, vídeos, doações de alimentos, roupas para o bazar beneficente da
missão, etc. Tudo isto é promovido em parceria com estudantes, voluntários e
obreiros da Horizontes, pois são raríssimas as igrejas brasileiras que investem
em Centros de Treinamento Missionário. Isto tem mais que dobrado o numero de
candidatos e também levantado uma força missionária para os não alcançados.
O custo de treinamento em nossa base no Paraguai,
no segundo ano de treinamento é bem barato: somente 1 salário mínimo. Mesmo
assim, 75% dos candidatos têm problemas com sustento, por causa da falta de
prioridade para o treinamento missionário da igreja brasileira.
Fiquei muito surpreso no Congresso da Sepal de
2.001, que congregou muitos pastores. O seminário de missões atraiu somente 12
pessoas e 3 delas eram os queridos amigos Ken Kudo, Josué Martins, os
preletores do seminário, e eu, demonstrando que missões transculturais estão
enfrentando uma das maiores crises no meio de liderança brasileira. Algo
radical tem que ser feito com urgência.
Oswald Smith, famoso escritor e pastor de uma
igreja com mais de 800 missionários, afirmou com muita coragem, conhecimento:
“O primeiro e maior obstáculo para missões são os pastores”. Ele tinha
experiência no assunto. Os pastores têm a incumbência de descobrir
vocacionados, orientá-los, treiná-los, enviá-los aos campos não alcançados e
sustentá-los dignamente. Posso dizer, por experiência, que, na prática, a
maioria se opõe a tudo isso.
A frase de George Peters diz uma verdade incontestável:
O mundo está mais preparado para receber o Evangelho do que os cristãos para
propagá-lo. O filme Jesus é, hoje, o filme mais pirateado no mundo muçulmano.
Ele foi apresentando na época do Natal em duas nações muçulmanas. Vários
muçulmanos tiveram sonhos com Jesus e pedem missionários que os discipulem nos
caminhos do Senhor, mas onde estão? Um presidente de uma nação muçulmana pobre
pediu obreiros brasileiros a Horizontes. Parece que chegou o tempo em que as
pedras estão clamando… Estou vivendo a mesma experiência de Jeremias e não
posso me calar diante de tantos fatos. É hora para acontecer algo radical…
Fiquei impressionado e admirado pelo Senhor ter me
feito entender que a visão dada a organização da qual faço parte de
conscientizar e despertar a igreja brasileira de sua letargia para missões
transculturais. A princípio isto me trouxe uma certa decepção, mas compreendi
que se a igreja não tem visão missionária, não adianta preparar obreiros e
enviá-los à Fortaleza de Satanás. Seria como enviar Urias ao front e tirar todo
o apoio provocando sua morte. Se os líderes tiverem visão missionária, os
recursos, obreiros, treinamento, envio e apoio digno aos valentes soldados
deste novo milênio, virão como conseqüência.
Gostaria de enfatizar que, com um treinamento
adequado pode-se formar bons obreiros. Líderes da Junta de Richmond, batistas
dos Estados Unidos, têm acompanhado obreiros do Projeto África Sahel por quase
4 anos e viram que latinos bem preparados podem ajudar no término da tarefa na
evangelização mundial. Os 95 radicais que entraram na Janela 10-40 estão
causando boa impressão a missionários europeus e norte-americanos e há uma
procura por mais obreiros latinos. O maior desafio é o apoio financeiro de suas
igrejas e líderes.
O que devemos fazer diante desses fatos?
1 – Levantar um movimento de oração e intercessão
pelos pastores brasileiros, a fim de que tenhamos paixão e compaixão pelos
perdidos;
2 – Orar pelas nações muçulmanas, budistas, hindus
e animistas, e adquirir conhecimento delas através da literatura disponível;
3 – Orar por homens dispostos a servirem aos povos
não alcançados. Hoje nos campos não alcançados há 2 mulheres para 1 homem, pois
os homens estão dizendo: Eis me aqui, envia a minha irmã. Quem envia obreiros é
o Senhor, conforme Mt. 9. 37-38, e a realidade mostrada na igreja primitiva de
Antioquia foi a do Espírito Santo instruindo-os para separarem a Paulo e
Barnabé A igreja e sua liderança estavam abertas para fazer o envio. Questão de
obediência;
4 – Orar pelos líderes de missões, para que tenham
discernimento do Senhor para atacar o problema ao invés de gastar tempo com
coisas irrelevantes. Que venhamos gastar mais tempo em oração pedindo projetos,
métodos, idéias e pensamentos ao Senhor. Só assim teremos resultados melhores.
5 – Orar para que líderes de missões e organizações
missionárias trabalhem juntos, como também os líderes de igrejas, a fim de que
não busquemos nosso próprio reino, mas sim o expandir o reino do Senhor.
6 – Orar para que não sejamos egoístas nem discriminadores;
para que existam boas parcerias que possam multiplicar nossa força sinérgica, a
fim de alcançarmos os perdidos, esquecidos e negligenciados pela igreja
evangélica.
7 – Orar por igrejas que venham a servir de modelo
para missões, que investem mais de 50% de suas entradas em missões
transculturais; que reconhecem as vocações missionárias de adolescentes, jovens
e aposentados; que valorizam o treinamento adequado e necessário; que apóiam os
vocacionados e obreiros no campo; que invistam no acompanhamento no campo e no
retorno de seus missionários à pátria, etc.
Envolvido ou comprometido com missões
transculturais?
A condição da igreja brasileira é a seguinte: em
cada 100 membros, em média, encontramos 3 crentes que amam missões
transculturais. A esses chamamos de comprometidos.
O general norte americano Norman Scwartzkopof, que
atuou na Guerra do Golfo, explicou a diferença entre os dois principais
ingredientes do típico café da manhã americano: o bacon e os ovos. A galinha
envolveu-se, pois deu os ovos. Mas o porco comprometeu-se, pois teve que dar
sua vida. E você, como está qualificado: como envolvido ou como comprometido?
Estivemos na França em janeiro de 2001 com os 39
radicais que estavam aprendendo o francês, preparando-se para irem para o Sahel
Africano, uma das regiões mais pobres do mundo, onde 2 milhões de pessoas
morrem por ano somente vítimas de malária. Tivemos a oportunidade de ir ao
hipódromo nacional e ficamos surpresos ao ver animais de diversos portes;
alguns deles eram gigantescos. Mas o que nos impressionou foi a “lição dos
cavalos”: 1 cavalo sozinho puxa 200 quilos. Mas 2 deles multiplicam a força
sinérgica por 10. Fantástico e maravilhoso! Este mesmo paralelo é encontrado no
Antigo Testamento, registrado em Dt 32:30: uma só pessoa persegue a 1.000, mas
duas, a 10.000!
Cremos nessa sinergia cristã e, se conseguirmos
unir as nossas forças poderemos fazer um grande estrago no reino das trevas. A
Bíblia registra em João 17:21 23: “Para que todos sejam um; assim como tu, ó
Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós; para que o mundo
creia que tu me enviaste. E eu lhes dei a glória que a mim me deste, para que
sejam um, como nós somos um; Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam
perfeitos em unidade, a fim de que o mundo conheça que tu me enviaste, e que os
amaste a eles, assim como amaste a mim.”
A oração sacerdotal de Cristo diz que o mundo só
vai crer n’Ele quando nós formos um, assim como o Pai e o Filho são um. Creio
que esta oração do Filho está começando a ser respondida.
Não quero estar alienado. Estou aberto para uma
discussão mais ampla. Vejo a necessidade de unidade para mudarmos o quadro
atual de missões no Brasil. Precisamos estar juntos no esforço de cumprir
completamente a Grande Comissão.
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