DESAFIOS MISSIONÁRIOS
POR QUE, ÀS
VEZES, ALGUNS MISSIONÁRIOS FRACASSAM
John Kayser
Por que, às vezes, alguns missionários fracassam, e o que a igreja pode fazer a respeito?
Certa ocasião, um amigo meu foi enviado para as Filipinas como missionário, e ainda quando ia do aeroporto para seu novo lar, teve um grande choque cultural.
Ele
se recusava a sair da base da missão, foi ficando retraído e passou a se
comportar de um jeito meio esquisito. Os líderes da missão chegaram a pensar em
mandá-lo de volta para casa.
Entretanto,
depois de quatro dias de sua chegada, dois amigos missionários o pegaram pelo
braço e o forçaram a ir dar uma volta com eles. Então, eles o levaram ao
mercado, onde ele pôde entrar em contato com cheiros, sons, ver os lugares, e
tudo o mais.
Também
o levaram a um restaurante típico do local, e o fizeram experimentar a comida.
Durante esse tempo, eles compartilharam com ele as suas próprias experiências,
e isso começou a mudar o seu modo de pensar, fazendo com que ele percebesse que
as coisas não eram tão ruins assim.
Esses
amigos estiveram com ele em todo o tempo durante o seu primeiro ano. No final,
ele acabou servindo ao Senhor naquele campo por mais de 25 anos.
Inicialmente, isso tinha tudo para ser um fracasso missionário; contudo, o
esforço daqueles dois missionários conseguiu mudar tudo.
As
razões por que os missionários às vezes fracassam são muito complexas. A
seguir, alguns dos fatores que podem causar conflitos e fracassos iniciais,
segundo alguns pesquisadores:
1. Questões Pessoais, como falta
de disciplina, falta de conhecimento e habilidades, necessidades físicas,
espirituais ou emocionais, baixa autoestima, e estar sempre na defensiva.
2. Questões Interpessoais, incluindo a
incapacidade de se relacionar com colegas missionários e líderes de campo, bem
como dificuldade de resolver conflitos tanto com a liderança, como com pessoas
locais.
3. Estresse e Mudanças relacionados
à adaptação cultural e linguística, desafios com a educação das crianças,
fatores estressantes da comunicação e questões referentes à mudança e relocação
em uma nova cultura.
4. Questões Transculturais, incluindo
a incapacidade de se relacionar com a cultura ou outras pessoas, recusa ou
incapacidade de mudar e adaptar-se a diferentes maneiras de trabalhar, pensar e
falar, e falta de flexibilidade para trocar de função e ministérios.
5. Questões Ministeriais da Missão,
tais como desafios do trabalho, falta de dons ministeriais, falta de visão e
expectativa exagerada (expectativas que tenham sido manifestas).
Embora tudo isso pareça negativo, devemos entender que servir em missões
transculturais é uma das transições mais difíceis que uma pessoa pode fazer.
Por isso, o papel da igreja é vital, tanto como parceira no envio, como
apoiando o missionário.
Então, o que a igreja pode fazer para manter seus missionários no campo? É
muito importante envolver-se completamente com eles, independente de qual
estágio do processo de filiação na missão eles estejam.
PRIMEIRO, ensine os jovens a terem disciplina em sua vida
pessoal e espiritual. Procure transmitir-lhes visão de trabalho com povos não
alcançados e providencie para que tenham experiência com evangelismo (antes de
irem para o campo). Incentive-os a serem pessoas flexíveis, por causa da
variedade de experiências ministeriais que eles terão em vários contextos, bem
como a ter disposição para servir debaixo de liderança, e junto com outras
pessoas.
SEGUNDO, avalie juntamente com eles o seu chamado para
missões e seu andar com Deus. Este é um chamado sagrado – precisamos honrar o
desejo deles em servir dessa maneira.
Invista
no crescimento de sua capacidade de administrar, interações interpessoais, e
dons ministeriais. Obviamente, isso significa que haverá atividades e
ministérios fora da igreja – em comunidades e em contextos transculturais.
TERCEIRo, caminhe com eles através do processo de
candidatura, nos primeiros anos no campo, e também no seu ministério a longo
prazo. Não deixe a tarefa de acompanhá-los somente para a organização
missionária; escreva pra eles, ore por eles, visite, aconselhe, incentive.
Conheça
seus planos de ministério, expectativas, programação e disciplinas diárias;
isso não será invasivo se você os estiver enviando e apoiando.
Conecte-os
à missão, fazendo com que saibam da parceria que ela pretende com eles. É muito
bom quando o missionário, sua igreja, e a organização conseguem se unir para
desenvolver o ministério.
E, por fim, certifique-se de que em suas viagens de furlough (um tipo de férias
pra levantar sustento e visitar mantenedores e familiares), os missionários
consigam separar algum tempo para o seu descanso pessoal.
Eles freqüentemente
voltam ao campo mais exaustos do que quando partiram, e isso por causa de todo
o esforço para manter e desenvolver sua equipe de mantenedores, e as visitas
que precisam fazer.
Acima
de tudo, crie equipes de oração que os apresentem constantemente ao Senhor, para
que possam superar essas dificuldades, e para que o Espírito os dirija e os
faça frutificar.
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JOHN KAYSER nasceu e foi criado na Etiópia, e juntou-se à Bethany
International em 1993, como consultor de treinamento missionário. Seu modelo de
treinamento estimulou mais de 300 escolas de treinamento missionário, em
dezenas de países.
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