A IGREJA E SUA MISSÃO - PRIMEIRA PARTE

 


ANTIOQUIA: A IGREJA E SUA MISSÃO


PARTE  UM

Autor: Josivaldo de França Pereira

 

“Havia na igreja de Antioquia profetas e mestres: Barnabé, Simeão, por sobrenome Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, colaço de Herodes, o tetrarca, e Saulo. E servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e impondo sobre eles as mãos, os despediram” (At 13.1-3).

Na primeira parte de nosso estudo fizemos uma apresentação geral da igreja de Antioquia. Agora trataremos de algumas implicações para a igreja evangélica brasileira.

Biblicamente falando, todo campo missionário deveria se tornar, obrigatoriamente, numa base missionária. Mas infelizmente nem sempre tem sido esta a realidade em termos de igreja brasileira.

Já a igreja de Antioquia foi, inegavelmente, um exemplo de igreja missionária. A igreja que outrora foi campo, que o Espírito Santo preparou para receber a boa semente do evangelho, passaria a ser oficialmente o portal da missão entre os gentios. Portanto, quando o Espírito Santo disse em Atos 13.2, “Separai-me agora …”, a partir daquele momento a igreja de Antioquia não seria mais a mesma em termos de visão missionária.

Os princípios que nortearam a vida da igreja de Antioquia, e que, certamente, deveriam inspirar todas as igrejas, foram cuidadosamente observados e registrados por Lucas em Atos 13.

IGREJA MISSIONÁRIA É IGREJA ADORADORA

Atos 13.2 inicia assim: “E, servindo-os (os profetas e mestres do v1) ao Senhor…”. O particípio presente leitourgou/ntwn (servindo [ARA], workshiping [NIV]), do verbo leitourge/w, é empregado por Lucas em Atos 13.2 com o mesmo significado de latre/w, isto é, servir em adoração; prestar culto a Deus. O particípio presente indica ação contínua.

Uma igreja só pode ser verdadeiramente missionária se for verdadeiramente adoradora e vice-versa.

O missiólogo Orlando Costas estava certo quando disse que “o culto está intrinsicamente relacionado com a ação de Deus na história e a conversão das nações ao Deus trino e uno”. E ainda:

O culto, em sua dimensão humana, surge da missão. É o resultado espontâneo da experiência da redenção. Do mesmo modo, a missão deve ser vista como um acontecimento cultual, porquanto celebra o que Deus tem feito por homens e mulheres em Jesus Cristo e os chama a receber e compartilhar o dom da graça de Deus.

Talvez um dos piores males que têm assolado, dividido e enfraquecido a igreja brasileira em nossos dias seja os debates em torno da tarefa prioritária da igreja. E eu não estou me referindo à questão da evangelização e responsabilidade social, outro assunto que deu e tem dado “pano pra manga”.

Ao contrário, estou me referindo à dicotomia existente entre culto e missões. A discussão não é se a igreja deve adorar ou evangelizar (embora às vezes é o que de fato tem acontecido), mas sim, o que deve ser considerado em primeiro lugar.

As opiniões são as mais variadas e extremistas até. De um lado temos os que insistem que “missões são a segunda mais importante atividade no mundo”, ou que “missões existem porque o culto não existe”.

Do outro lado, tem quem afirme ser “um absurdo dizer que muitas são as responsabilidades da igreja. Igreja é missões”.

Para os defensores da primeira posição, só o fato do culto ser dirigido a Deus e as missões aos homens já definiria, por si só, a questão da prioridade da igreja.

Os defensores da segunda posição argumentam, por sua vez, que é preciso mais que adoração. “É preciso ter paixão pelos perdidos e obedecer ao ide de Jesus”.

Mas será que precisamos mesmo priorizar uma tarefa em detrimento da outra, como temos visto na prática?

Será que podemos afirmar que culto é mais importante que missões ou vice-versa?

Mais uma vez contamos com o argumento equilibrado de Orlando Costas:

Não existe dicotomia alguma entre culto e missão. O culto é a reunião do povo enviado ao mundo para celebrar o que Deus fez em Cristo e está fazendo mediante a participação deles na ação testemunhal do Espírito.

A missão é a culminação e antecipação do culto. No culto e na missão a comunidade redimida dá evidência concreta do fato de que é, ao mesmo tempo, um povo de oração e testemunho”.

Vemos, então, que o culto deve levar a igreja a fazer missões (cf. At 2.42-47), e missões, por sua vez, devem levar os perdidos a prestarem culto a Deus (cf. At 13.44-49).

Uma adoração que não leva a igreja a evangelizar não passa de mera contemplação, e uma evangelização que não leva os pecadores a adorarem a Deus está fora dos propósitos do próprio Deus.

“A liturgia sem missão é como um rio sem manancial, a missão sem culto é como um rio sem mar. Ambos são necessários. Sem um o outro perde sua vitalidade e significado”.

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