UM MISSIONÁRIO QUE ME INSPIRA
WILLIAM CAREY: O PAI DAS MISSÕES MODERNAS
(1761-1834)
Filho de Edmundo e Elizabeth Carey, William Carey nasceu em uma humilde cabana
em Agosto de 1761, na pequena vila de Paulerspury, em Northamptonshire, na
Inglaterra. Em Piddington, aos 14 anos, William aprendeu a arte de sapateiro.
Apesar de nascer em um lar anglicano, sua primeira identificação com a
fé genuína, foi através de seu companheiro de trabalho, John Warr, filho de um
desertor da Igreja Estatal.
Em 1779, aos 18 anos, nasceu de novo, quando ainda estava identificado
com a igreja oficial da Inglaterra, e uniu-se a uma pequena igreja batista.
Logo começou a se preparar para pregar.
Saturou-se de conhecimentos tornando-se poliglota, dominando o latim, grego, hebraico, italiano, francês e holandês, além
de diversas ciências. Assim, aos poucos, entendeu que o mundo era bem maior
do que as Ilhas Britânicas e sentiu, como todo o crente verdadeiro deve sentir,
a perdição de uma humanidade sem um Salvador.
Em Junho de 1781, casou-se com a jovem Dorothy Placket, com a qual teve cinco
filhos.
No ano de 1775, foi atingido pelo
avivamento trazido pelas mensagens de John Wesley e George Whitefield. Apesar
de ter sido batizado quando criança, William Carey sentiu a necessidade de
confessar sua fé publicamente.
Sendo assim, foi batizado nas águas no dia 5 de Outubro de 1783, pelo
pastor John Ryland. Em 1787, foi consagrado e começou a pregar sobre a
necessidade missionária no mundo, e não só na Inglaterra. Como os membros de
sua congregação eram pobres, Carey teve por necessidade continuar trabalhando
para ganhar o seu sustento.
SEUS PRIMEIROS DESAFIOS
Na sua pequena oficina pendurou um mapa mundial feito pelas suas
próprias mãos. Neste mapa, ele incluíra todas as informações disponíveis:
população, flora, fauna, características dos indígenas, etc.
Enquanto trabalhava, olhava para ele, orava, sonhava e agia! Foi assim
que sentiu mais e mais a chamada de Deus em sua vida. A denominação que Carey
pertencia achava-se em grande decadência espiritual.
Quando quis introduzir o assunto de missões numa sessão de ministros,
foi repreendido pelo veneravél presidente John Ryland, que lhe disse:
“Jovem assente-se. Quando Deus resolver converter os pagãos, ele fará
sem a sua e a minha ajuda.”.
Mas Carey continuou a sua propaganda pró-missões estrangeiras, e tomando
Isaías 54.2 como texto, pregava sobre o tema:
“Esperai grandes coisas de Deus; praticai proezas para Deus.”
SUA CHAMADA
O resultado foi que um grupo de doze pastores batistas, reunidos na casa
da Ir. Wallis, formaram a Sociedade Missionária Batista, no dia 2 de Outubro de
1792. Carey se ofereceu para ser o primeiro missionário.
Através do testemunho do Dr. Thomas, um missionário e médico que
trabalhou por vários anos em Bengali, na Índia, William Carey recebeu
confirmação de sua chamada no dia 10 de Janeiro de 1793.
Apesar de Carey ter certeza de sua chamada, sua esposa recusou deixar a
Inglaterra. Isto muito doeu em seu coração. Foi decidido, no entanto, que seu
filho mais velho, Felix, o acompanharia à India.
Além deste fator, outro problema que parecia insolúvel, era a proibição
de qualquer missionário na Índia.
Sob tais circunstâncias era inútil pedir licença para entrar, mas mesmo
assim, conseguiram embarcar sem o documento no dia 4 de Abril de 1793.
Ao esperar na ilha de Wight por outro navio que os levaria à Índia, o
comandante recusou levá-los sem a permissão necessária.
Com lágrimas nos olhos e o coração apertado, William Carey, viu o navio
partir e ele ficar. Sua jornada missionária para Índia parecia terminar ali.
Porém, Deus tinha todas as coisas sobre controle.
Ao regressar à Londres, a sociedade missionária conseguiu granjear
dinheiro e comprar as passagens em um navio dinamarquês. Uma vez mais, Carey
rogou à sua esposa que o acompanhasse. Ela ainda persistia na recusa e ao
despedir-se pela segunda vez disse:
“Se eu possuísse o mundo inteiro, daria alegremente tudo pelo privilégio
de levar-te e os nossos filhos comigo; mas o sentido do meu dever sobrepuja
todas as outras considerações. Não posso voltar para trás sem incorrer em culpa
a minha alma.”.
Ao se preparar para partir, um dos amigos que iria viajar com Carey, Dr.
Thomas, voltou e conversou com Dorothy, esposa de William Carey, e
milagrosamente ela decidiu acompanhá-lo.
Que alegria não foi para ele ver sua esposa e filhos com as malas
prontas a lhe acompanhar. Agora ele compreendia a razão de não ter viajado no
primeiro navio.
SUA PARTIDA PARA ÍNDIA
Deus comoveu o coração do comandante do navio que permitiu a toda
família viajar sem pagar as passagens.
Finalmente, no dia 13 de Junho de 1793, a bordo do navio Kron Princesa
Maria, William Carey deixou a Inglaterra e nunca mais voltou, partindo para a
Índia com sua família, onde, em condições dificílimas e de oposição, trabalhou
durante 41 anos. Durante sua viagem, aprendeu suficiente o Bengali, e ao
desembarcar, já comunicava com o povo.
William Carey não foi dotado de inteligência superior e nem de qualquer
dom que deslumbrasse os homens. Entretanto, em seu caráter de persistir, com
espírito indômito e inconquistável, até completar tudo quanto inciava, é que
vemos o segredo do maravilhoso êxito da sua vida.
Apesar de não haver recebido educação em sua mocidade, Carey chegou a
ser um dos homens mais eruditos do mundo, no que diz respeito à lingua
sânscrito e a outras línguas orientais. Suas gramáticas e dicionários são usados
ainda hoje.
SUAS CONQUISTAS
Dois missionários se juntaram à William Carey em 1799, William Ward e
Joshua Marshman. Juntos eles fundaram 26 igrejas, 126 escolas com 10.000
alunos, traduziram as Escrituras em 44 línguas, produziram gramáticas e dicionários,
organizaram a primeira missão médica na Índia, seminários, escola para meninas,
e o jornal na língua Bengali.
Além disso, William Carey foi responsável pela erradicação do costume
“suttee”, o qual queimava a viúva juntamente com o corpo do “marido morto”, numa
fogueira;
Vários experimentos na agricultura; fundação da Sociedade de Agricultura
e Horticultura na Índia em 1820;
Primeira imprensa, fábrica de papel e motor à vapor na Índia; e a
tradução da Bíblia em Sânscrito, Bengali, Marati, Telegu e nos idiomas dos
Siques.
Em 1800, William Carey fez o batismo do primeiro hindu convertido ao
Evangelho.
Calcula-se que William Carey traduziu a Bíblia para a terça parte dos
habitantes do mundo. Alguns missionários, em 1855, ao apresentarem o Evangelho
no Afeganistão, acharam que a única versão que esse povo entendia era o
Pushtoo, feita em Sarampore por Carey.
Durante mais de trinta anos, William Carey foi professor de línguas
orientais no Colégio de Fort Williams.
Fundou, também, o Serampore College para ensinar os obreiros. Sob a sua
direção, o colégio prosperou, preenchendo um grande vácuo na evangelização do
país.
Os seus esforços, inspiraram a fundação de outras missões, dentre elas:
a Associação Missionária de Londres, em 1795; a Associação Missionária da
Holanda, em 1797; a Associação Missionária Americana, em 1810; e a União
Missionária Batista Americana, em 1814.
O ADEUS DA ÍNDIA
Na manhã de 9 de Junho de 1834, a Índia disse adeus ao grande Pai das
Missões, e os Céus disseram bem-vindo a um servo fiel!
Carey morreu com 73 anos,
respeitado por todo o mundo, como o pai de um grande movimento missionário.
Quando chegou à Índia, os ingleses negaram-lhe permissão para
desembarcar. Ao morrer, porém, o governo mandou içar as bandeiras a meia haste
em honra de um herói que fizera mais para a Índia do que todos os generais
britânicos.
Grande foi a contribuição de William Carey para o Reino de Deus, e grande será o seu galardão.
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