COMO ENVIAR NOSSOS MISSIONÁRIOS
A IMPOSIÇÃO DE MÃOS E MISSÕES
O capítulo 13 de Atos dos Apóstolos, especificamente o
verso 3, pode ser considerado como um dos relatos mais importantes e
emocionantes sobre missões:
“Então, jejuando e orando, e impondo as mãos sobre
eles (Paulo e Barnabé), os despediram”.
Tenho pra mim que aqui está em evidência o compromisso
da Igreja para com missões. Isto é muito sério, pois creio que não foi por
acaso que os irmãos receberam essa bênção.
Não se tratava de uma cerimônia de consagração, mas de
um ato de aprovação de Deus para que esses irmãos fossem enviados.
Este trecho da Palavra é de suma importância para
entendermos a responsabilidade que a igreja evangélica do século XXI tem no
cumprimento de sua tarefa missionária – a pregação do evangelho até os confins
do mundo, Mateus 24: 14 e Marcos 16: 15.
I – A AUTENTICAÇÃO DA IMPOSIÇÃO DE MÃOS
É importante lembrar que o uso da imposição de mãos no
NT fundamentava-se nos escritos do AT. Um exemplo claro desse fato é o relato
em que Moisés, segundo as ordenanças do Senhor, impôs as mãos sobre Josué – seu
futuro sucessor, Nm 27: 20-23.
Essa singela cerimônia tinha um valor muito grande e
era também praticada pela igreja primitiva, não apenas para cumprir uma
tradição eclesiástica, mas servia para autenticar a obra do Espírito Santo na
igreja. Há, sem dúvida alguma, uma riqueza espiritual incalculável nesse
ritualismo cristão que precisa ser reconhecido pela igreja atual.
Desde os tempos primitivos esse método era usado na
consagração de pessoas para o ministério.
Segundo as práticas judaicas, a igreja realizava nas
sinagogas, às segundas e quintas-feiras, cultos e reuniões de oração, onde o
jejum era comum, Atos 13: 1-3.
Parece que foi num desses trabalhos de intensa
consagração ao Senhor que aprouve ao Espírito Santo separar Saulo e Barnabé
para uma missão específica. Conseqüentemente, para selar a vontade do Espírito
Santo, os irmãos impuseram as mãos sobre os apóstolos e os enviaram ao campo
missionário.
II – A AUTORIDADE DA IMPOSIÇÃO DE MÃOS
Essa prática implica, antes de qualquer coisa,
transferência de autoridade, isto é, no momento em que a igreja impôs as mãos
sobre Saulo e Barnabé, estava delegando a esses servos de Deus autoridade para
fazer missões. A direção da igreja tinha plena consciência desse fato, pois
sabia que os apóstolos teriam a bênção do Pai Celestial, porque haveria de
repousar sobre eles a autoridade divina concedida pela igreja.
De fato, essa prática conferiu-lhes a aprovação e as bênçãos da igreja de
Jesus. Com isso, eles seriam os representantes da igreja de Antioquia por onde
passassem. A seriedade da autoridade espiritual conferida a esses homens,
através dessa cerimônia é referendada, anos depois, pelo próprio Paulo, ao
exortar a igreja, dizendo:
“A ninguém imponhas precipitadamente as mãos “, 1Tm 5:
22.
É por isso que o Presbitério, antes de impor as mãos
sobre alguém, precisa primeiramente da autorização o Espírito Santo, Atos 13: 3
e 1Tm 4: 14.
O efeito da autoridade da imposição de mãos também pode ser visto na oração
pelos enfermos, quando Jesus disse: “Pegarão em serpentes […]. Se impuserem as
mãos sobre os enfermos, eles ficarão curados”, Mc 16: 18. Nesse caso, é claro,
trata-se de um ato de fé, pois de nada adiantaria praticar esta palavra
simplesmente para cumprir um costume cristão. Tudo depende da ação poderosa do
Senhor em nossas vidas.
III – A PATERNIDADE DA IMPOSIÇÃO DE MÃOS
Se a imposição de mãos representa autoridade para
aqueles que são frutos dessa atitude, por outro lado é bom deixar bem claro que
à Igreja que impõe as mãos cabe uma grande parcela de responsabilidade. Sim,
ela abençoa e envia, mas no momento em que suas mãos são impostas, está
assumindo, diante de Deus e dos homens, o compromisso paterno para com os
futuros enviados.
Sua tarefa não
se limita simplesmente no abençoar e no enviar, mas a imposição de mãos cria
uma espécie de cordão umbilical, de compromissos entre a igreja e o
missionário.
Por isso, não basta enviar o missionário. O que temos
visto hoje em dia são missionários sendo enviados para os campos com muito
entusiasmo, mas, às vezes, sem aquele planejamento seguro e, nos tempos
seguintes, começam a enfrentar sérias dificuldades, porque muitas igrejas ou
mantenedores não têm correspondido com a paternidade missionária.
Parece ser bonito enviar missionários e de fato é.
Mas, ao mesmo tempo, é preciso pensar nas conseqüências advindas da imposição
de mãos. A responsabilidade missionária precisa ser uma realidade na vida de
quem envia e de quem está sendo enviado.
O apoio moral, espiritual e material, ou seja, o
compromisso de interceder pelos missionários, o sustento financeiro, a
comunicação com os missionários por meio de cartas, etc., são fatores que não
podem ser esquecidos pela Igreja do Senhor. Vamos fazer missões, mas vamos
fazer com o coração e a alma inteiramente apaixonados.
Se a Igreja prometeu auxiliar algum missionário, examine o que tem realmente feito. Medite nas palavras do missionário Paulo: “Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho e da graça de Deus”, Atos 20. 24.
Concluindo, gostaria de que o leitor refletisse sobre o acabara de ler e que colocasse em prática tudo aquilo que for de sua competência, como servo ou serva de Deus. Se for pastor, verifique se sua Igreja está em dia com o seu missionário.
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