O CONTEXTO DA FORMAÇÃO DO CARÁTER

 





Autora: Durvalina Barreto Bezerra

 

·       Mediando O Aluno Com Seu Contexto De Vida

A formação do caráter é uma aprendizagem que se processa na relação do homem com meio e com o outro.

O educador deve aproveitar as oportunidades, as várias situações e circunstâncias do cotidiano, para fazer a aplicação do conceito aprendido e nas experiências vividas. É através da experiência que o conceito se transforma em atitudes, valores e virtudes.

As concepções pedagógicas dizem: “Quem não se deixa transformar não se deixa aprender”. É um princípio pedagógico. Quanto mais dura dor a experiência mais lições haverá. 

O professor não deve provar o aluno de situações conflitantes porque é nelas que a aprendizagem se cristaliza. O que for aprendido na percepção intelectiva, passa a ser aprendido nas percepções cognitivas, afetivas e espirituais. É quando ao aluno deixa de ser possuidor do conhecimento para se possuído por ele.

A Palavra nos ensina que o divino Mestre, Jesus, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu (HB 5.8). “Tudo que foi exigido dEle foi formado nEle” (Turnbill, 1954:121). “O Pai não poupou-lhe das oposições, mas o forjou na fornalha tornando-o obediente até a morte... O requisito do discipulado de Cristo é a renuncia e o sacrifício. Ele mesmo dedicou-se ao processo de crescimento pessoal e ministerial (cf. Lc 2.51-52).

Quando falamos em processo, lembramos que a formação do caráter não se dá instantaneamente. É um acumulo de experiências que se aprofundam, conhecimentos aprendidos e apreendidos que se integram. São percepções que se aprimoram.

O educador que se propõe à formação não pode ter pressa. Enfrentamos um grande desafio no mundo da Internet e globalização cultural, a tentação de fazer as coisas acontecerem instantaneamente.

Entristeci-me profundamente ao ouvir o que um pastor disse publicamente: “Se vocês querem fazer a igreja crescer, aprenda comigo o marketing na igreja, não é preciso fazer teologia”.

Temos que optar pelo trabalho com a personalidade humana, conscientes de que o produto divino, delineado pela mão do divino Oleiro, é o melhor instrumento para a revelação do amor de Deus aos homens, conduzindo-o a uma experiência real, não virtual, levando-o a inserir-se na comunidade dos salvos.

Não podemos aderir a tentação de mecanismos instantâneos; o Deus que trabalha no caráter humano, a través de nós, é Deus da natureza. As árvores mais fortes, de raízes profundas, não nascem da noite para o dia.

Jesus, o homem perfeito, esperou trinta anos para iniciar seu ministério. Falando sobre o povo de Judá, Isaías diz: “... lançará raízes para baixo e dará fruto para cima” (2 Rs 19:30).

O aluno deve ser ensinado a crescer para baixo, quanto mais profunda for a raiz mais segura será a produção dos seus frutos. No principio divino, a promoção ao “muito” depende da fidelidade no “pouco”.

·       Mediando O Aluno Nas Relações Interpessoais

O primeiro passo, para um bom crescimento através dos relacionamentos é a aceitação de si mesmo. Nem sempre nossos alunos têm conhecimento real de si mesmo. O “conhece-te a ti mesmo” merece um enfoque do professor, para estimular a busca da percepção correta e equilibrada de si mesmo.

A autoestima é importante para o relacionamento pessoal e interpessoal, mas nem sempre ela está equilibrada. Às vezes o aluno se subestima e a depreciação com relação às fraquezas bloqueia a personalidade.

Outros se superestimam e também afeta a relação e a produção do serviço. “O homem é inconformado com a sua infinitude. Acreditamos mais facilmente em descrições elogiosas do que depreciativas da nossa pessoa” (Bolt e Myers, 1989:46)

Reconhecer o potencial e admitir as limitações é imprescindível para uma visão correta de si mesmo, e a busca do equilíbrio. “Não pensando de si além do que convém...” (Rm 12.3), nem desapreciando o que tem. “Pela graça de Deus sou o que sou” (I Co 12.10).

Ser autentico para afirmar o que recebeu e ser autentico para ver no outro o que não recebeu. Ser cuidadoso com a tendência do otimismo irreal, da humildade hipócrita e da vaidade própria da natureza humana. A Escritura ensina a não fazermos comparações com os outros e não nos medirmos conosco mesmos (2 Co 10.12).

A formação da imagem real esta atrás da nossa realidade. A autocompreensão e o estudo da personalidade humana ajuda a entender a personalidade, mas só a comunhão com Senhor Jesus garante a visão real do que somos para a formação do que Ele é.

O Segundo passa é a aceitação do outro. O caráter é formado nas relações interpessoais. O outro é o espelho de si mesmo.

O educador deve promover trabalho em equipe, interação com a classe, para favorecer a aceitação do outro na sua forma peculiar de ser, para entender a complementaridade na diversidade dos potenciais e limitações da natureza humana.

Não é necessário que nossa disciplina seja relações humanas, psicologia social ou matéria devocional, é possível aproveitar o conteúdo de qualquer disciplina e as diferentes metodologias para ampliara a relação do eu com outro. “O ensino tem a função de permitir uma tomada de consciência pessoal no ajustamento do individuo com o outro” (Gadott, 1985:66)

A compreensão de Deus e do mundo espiritual nunca pode estar desassociada da compreensão do próximo, e as variadas formas da graça divina necessita de variados tipos de personalidades para expressar-se. A Escritura diz: “Para que possais compreender com todos os santos...” (Ef. 3.18-19).

A compreensão se dá com todos os santos e a realização do serviço sagrado é de formar mutua. “Servir uns aos outros conforme o dom que recebeu” (I Pe 4.10).

“Este é o principio divino bem clarificado na humanização de Cristo “quem vê a mim vê o Pai” e “tudo que deixaste de fazer a um dos pequeninos foi a mim que deixaste de fazer” (Mt. 25.45). Eu – Ele, Eu – os pequeninos “Para que todos sejam um, como tu ó Pai, o és em mim eu em ti. Que eles também sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jô 17.21).

O educador que se propõe a ensinar para a formação do caráter deve crer que a sua tarefa é seguida pela ação do Espírito Santo, o único capaz de transformar vidas.

 

Durvalina Barreto Bezerra tem estado envolvida no preparo missionário por muitos anos. Uma das primeiras escolas a se preocupar com preparo missionário foi o Instituto Bíblico Betel Brasileiro em João Pessoa, onde Durvalina era a deã acadêmica. Atualmente Diretora do Seminário Betel Brasileiro em São Paulo, Coordenadora Geral do Ensino do Instituto Bíblico Betel Brasileiro, e Coordenadora da Rede de Mobilização de Mulheres de Ação Global no estado de São Paulo.

 

 

 

Comentários

POSTAGEM MAIS VISITADA

APRENDIZAGEM DE LÍNGUA

ESQUECERAM DE MIM...

ANTROPOLOGIA CULTURAL