POR QUE DEVEMOS FAZER MISSÕES?
PERGUNTAS QUE VOCÊ SEMPRE
FAZ (OU OUVE) SOBRE MISSÕES, E ALGUMAS RESPOSTAS
Por: Redação Radar
A primeira pergunta é talvez a mais
comum. Seria algo como: Eu gostaria de
saber por que devemos fazer missões em lugares distantes como África e Ásia, se
nossa cidade ainda tem tanta gente precisando ouvir o Evangelho?
Resposta: Essa
é uma pergunta com que sempre se depara, e uma dúvida de muitos irmãos.
Primeiro precisamos avaliar o que é ‘ouvir o Evangelho’.
Será que podemos comparar alguém que nunca ouviu
sequer o nome, a palavra, ‘JESUS’, com aqueles que estão (por exemplo) aqui nas
cidades do Brasil, onde a mensagem está na TV, no Rádio, está na igreja da
esquina, naquele parente que é evangélico, enfim, somos um país cristão, embora
de maioria ainda católica, mas ainda assim a Bíblia está ao alcance de
praticamente todos – salvo dos povos indígenas e alguns sertanejos, ribeirinhos
e outros grupos isolados.
Oswald Smith, um pastor canadense que foi um dos
maiores incentivadores de Missões do século passado, disse algo muito justo,
que é o seguinte: “Antes de alguém ouvir o Evangelho duas vezes, que todos o
ouçam pelo menos uma vez!”
Você concorda com essa afirmação? Será que alguém
deveria ouvir o Evangelho duas, três, trezentas vezes, enquanto há aqueles que
nunca ouviram sequer uma vez? Que sequer tiveram uma chance? Uma chance como
você e eu tivemos, como a grande maioria em nosso país já teve e ainda
tem? Será que não devemos dividir isso, repartir um pouco esse bolo e dar
uma chance, pelo menos UMA chance, a quem nunca teve?
O missionário William Borden, que trabalhou na
China, faz uma pergunta que deve ser respondida por cada um de nós: “Se dez
homens estão carregando um tronco, sendo nove deles no lado mais leve, e
somente um segurando o lado mais pesado, e você deseja realmente ajudar, que
lado você escolheria levantar?”
E aqui chegamos ao ponto principal da grande ordem
de Jesus, a que chamamos de A Grande Comissão. Creio que todos sabem o que é a
Grande Comissão. Alguns não sabem? Uma dica: foi a última ordem dada por Jesus,
antes de ele ascender aos céus.
A última e maior ordem. Ela encontra-se no livro de
Mateus 28.19,20: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as
nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu
estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”.
Devemos pregar o Evangelho a cada povo, língua e
nação. Se estacionarmos aqui na nossa cidade, no nosso povo, na nossa língua
portuguesa, estaremos refreando a obra de Cristo, estaremos desobedecendo-a,
aniquilando a Grande Comissão.
Se voltarmos lá em Mateus 24.14, leremos: “E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo como
testemunho a todas as nações, e então virá o fim.”
Analisando o que Jesus disse, chega-se à conclusão
de que a volta de Cristo é uma volta condicional. Ou seja, ela depende do
cumprimento de uma certa condição. E esta condição é que o Evangelho chegue a
todos os povos da terra. Sim, a cada um deles! Como podemos então encher esta
cidade de congregações, se há cidades maiores do que esta sem uma única igreja
evangélica, e pior, sem um único cristão em todo o seu território?
Como disse o missionário brasileiro Jairo de
Oliveira: “Seria pedir demais, requerer que uma igreja local desenvolva uma
consciência e uma ação global? A Igreja foi estabelecida para corresponder aos
desafios mundiais e deve ser caracterizada por sua visão de mundo. De outra
forma, ela perde sua identidade e nega a sua natureza como agência do Reino de
Deus para as nações.”
Agora, para fechar nossa reflexão, voltemos à
Bíblia, ao lema do apóstolo Paulo, que está lá em Romanos 15.20: “Sempre fiz
questão de pregar o evangelho onde Cristo ainda não era conhecido, de forma que
não estivesse edificando sobre alicerce de outro.” Este deve ser o nosso lema.
Segunda pergunta: Hoje em dia, com a televisão, o telefone celular, a internet e
todos os outros meios de comunicação, existem lugares onde o Evangelho ainda
não chegou?
Resposta: Queridos,
essa também é uma dúvida muito comum daqueles que não estão bem informados
sobre a situação da obra missionária, e do próprio mundo em si. Bem, vamos
começar pelo nosso Brasil: segundo o missionário e missiólogo brasileiro
Ronaldo Lidório, há, no Brasil, 257 tribos indígenas conhecidas pelo homem
branco. Destas, temos 105 tribos sem nenhuma presença do evangelho. Nenhuma,
irmãos! E além disso, é certo que existem ainda diversas tribos desconhecidas,
com as quais os homens brancos ainda não travaram contato direto. Essas tribos
falam línguas específicas, línguas para as quais a Bíblia não está traduzida.
Eles não possuem energia elétrica ou celulares, e mesmo que possuíssem, não
falam nossa língua: como ouvirão, se não há quem vá até eles?
Temos ainda, em toda a região amazônica, mais de
4.000 comunidades ribeirinhas ainda não alcançadas pelo Evangelho! Eles também
não possuem energia elétrica ou sinal de celular, e a imensa maioria sequer
sabe ler, por falta de escolas próximas, já que essas pessoas vivem isoladas à
beira dos rios, e sua locomoção depende de barcos, em viagens que duram dias de
um ponto a outro. Como ouvirão, se não formos até eles? A TV e a internet não
podem alcançá-los.
Continuemos ainda no nosso querido Brasil, agora
vamos à outra região menos evangelizada de nosso país, o sertão nordestino.
Estima-se em 10.000 o número de vilas e povoados sem presença evangélica.
Enquanto a média nacional de evangélicos é de 27% da população, a média do
sertão nordestino é de 4%! Somente 4%, e em muitos lugarejos a média está
abaixo de 2% da população! Irmãos, para que vocês tenham uma ideia, essa média
de 2% é a média de cristãos em muitos países muçulmanos!
Mas agora deixemos nosso país e vamos analisar a
situação de nosso planeta.
Especialistas e missiólogos estimam que existam
11.284 povos, ou grupos etno-linguísticos, na face da terra. Dentre estes,
calcula-se atualmente em 6.590 o número de povos não alcançados. Embora muitos
destes povos não alcançados sejam pequenos, eles representam mais da metade dos
povos da Terra!
Mas o que são povos não alcançados? “Um grupo de
pessoas é considerado não alcançado, quando não há nenhuma comunidade nativa de
cristãos capazes de envolver este grupo de pessoas com plantação de
igrejas. Tecnicamente falando, a porcentagem de cristãos evangélicos nesse
grupo de pessoas é quase sempre inferior a 2% da população.” Ou seja, mesmo que
em alguns desses povos haja cristãos nativos, eles são tão poucos, tão
incapacitados, que o Evangelho não pode avançar, e muitas vezes sequer
manter-se, sem o apoio externo. E esse apoio deve partir de mim e de vocês,
irmãos.
Agora me deixem apresentar-lhes outro conceito
utilizado no estudo de Missões. Já sabemos o que são povos não alcançados.
Conheceremos agora os povos não engajados.
Povos não alcançados são considerados também não
engajados, quando não existe uma estratégia de plantação de igrejas, de acordo
com a fé e a prática evangélica, em andamento. Quando não há nenhum movimento
conhecido, por parte de igrejas e missões estrangeiras ou nacionais, para
alcançar este povo, seja de que maneira for. De certa forma, poderíamos
chamá-los não de povos não alcançados, mas de povos abandonados, povos
esquecidos.
Pois bem: dentre os 6.590 povos não alcançados,
calcula-se que existam 2.960 povos não engajados. Povos sobre os quais Igreja
de Cristo sequer começou a trabalhar, ou mesmo a orar especificamente sobre
eles. Povos que precisam ser adotados em oração e em ações, e vocês podem ser
as pessoas que irão adotá-los.
Agora vocês entendem o tamanho da tarefa que nos
cabe concluir?
Voltemos agora para a questão dos meios de
comunicação como rádio, TV e internet. Em muitos países do terceiro mundo não
há internet disponível na maioria de suas regiões. E quando há, sabemos que
governos de países autoritários, como os comunistas ou islâmicos, controlam
rádios, TVs e a internet, bloqueando o acesso a sites de conteúdo cristão.
Além disso, esses países proíbem todo tipo de
proselitismo (evangelismo), e proíbem também a produção, venda ou sequer a posse
de qualquer literatura cristã, seja Bíblia, livros ou folhetos. E então? Como
ouvirão se o Evangelho está impedido de entrar? Para alcançar tais povos, é
necessário um trabalho lento, muitas vezes por parte de missionários fazedores
de tenda, que é como são chamados os missionários que entram nos países como
profissionais, sejam médicos, engenheiros, jogadores de futebol etc. Vale
lembrar ainda que tais países gastam muito em sistemas de vigilância e
espionagem, e mantém rígido controle sobre o povo.
Então queridos, ainda falta muito para ser
alcançado, e alguns desses povos são de alcance (humanamente) muito lento e
muito difícil. Mas não impossível! Todas as orações, todos os recursos, todas
as vidas que pudermos empenhar para a obra são necessárias para concluirmos a
grande tarefa que por nós espera.
Terceira pergunta: Eu gostaria de fazer Missões, e dedicar minha vida a levar o
Evangelho até os que ainda não o ouviram. Mas minha família é contra, e uma
amiga diz que se eu fizer isso vou desperdiçar a minha vida… Será que vale a
pena dedicar a vida à obra missionária?
Resposta: Comecemos
com o que disse Paul Fleming: “Se pudéssemos chegar mais perto do coração de
Jesus e sentir e perceber o motivo pelo qual Ele deu a Sua vida; se fôssemos
dirigidos por Seu amor, daríamos todo nosso tempo à procura das coisas que tem
valor real e eterno, as almas dos homens.”
Percebe? Nada no Universo tem mais valor do que
aquilo que Deus diz que tem mais valor: ou seja, as almas dos homens! Devemos
nos apossar desta verdade, marcá-la em nossos corações.
Lembram-se do que disse David Livingstone, o famoso
missionário desbravador da África? É uma frase muito conhecida, e profundamente
verdadeira: “Deus tinha um único filho, e fez dele um missionário.”
Em face disso, que pode ser mais honroso, mais
valioso do que seguir os passos de Jesus? Como você poderia desperdiçar a sua
vida, imitando Aquele que é o criador da Vida? O evangelista Bill Bright,
fundador da Cruzada Estudantil e Profissional para Cristo, disse certa vez que
“Não existe chamado mais alto ou privilégio algum maior, conhecido para o
homem, do que envolver-se em completar a Grande Comissão.”
O pastor John Piper também diz algo para você: “A
vida desperdiçada é a vida sem uma paixão pela supremacia de Deus em todas as
coisas para a alegria de todos os povos.”
E por fim, nossa irmã Kathe Walter disse: “Só isto
traz sentido à vida na terra: tornar-se algo para a glória de Deus e iluminar o
caminho de outros com a luz vinda de fontes eternas.”
Por isso, como arrependermo-nos por ter dedicado
nossa humilde vida à obra de repartir a luz de Cristo com todos aqueles que têm
fome e sede, fome e sede de justiça, de paz e de salvação?
Quarta pergunta: Nossa igreja é muito pequena, possui poucos membros… e ainda por
cima, pagamos aluguel para ocuparmos este imóvel. Como poderíamos contribuir
financeiramente para Missões?
Resposta: Para
responder a essa pergunta, faço minhas as palavras do famoso pastor
norte-americano Rick Warren: “A saúde de uma igreja é medida pela sua capacidade
de enviar missionários e não pela capacidade de lotação dos bancos que possui.”
O saudoso pastor brasileiro Edson Queiróz, autor do
excelente livro A Igreja Local e Missões, ensina:
“Coloque Missões em primeiro lugar e Deus dará as coisas necessárias”.
Inclusive eu recomendo a todos a leitura desse
livro, que ensina como as igrejas locais, por menores que sejam, podem fazer a
obra missionária.
Já dizia também o pastor José Alves dos Santos:
“Não existe igreja pobre que não possa fazer missões. Existe igreja pobre, por
não fazer missões.”
A verdade é que o evangélico brasileiro gasta muito
mais com Coca-Cola do que com Missões. Isso não é vergonhoso?
Irmãos, se olharmos para nossas fraquezas, para as
dificuldades, nunca trabalharemos. Ou como diz em Eclesiastes 11.4, “Quem observa o vento, nunca semeará, e o que olha para as nuvens
nunca segará.”
O grande missionário Hudson Taylor, que levou o
Evangelho à China, país onde viveu por mais de cinquenta anos, disse certa vez:
“Não são os grandes homens que transformam o mundo, mas sim os
fracos e pequenos nas mãos de um grande Deus.”
Quinta pergunta: Eu gostaria de saber se as pessoas precisam de um chamado especial
para pregar o Evangelho, ou para tornarem-se missionários?
Resposta: Queridos,
certa vez alguém orou: “Deus, tem misericórdia dos perdidos.” E o nosso Deus
misericordioso respondeu a essa pessoa, e sabe qual foi a resposta? “Eu já tive
misericórdia; agora é você que precisa ter.”
Um grande escritor evangélico, Leonard Ravenhill,
disse certa vez: “Será que um marinheiro ficaria parado se ouvisse o clamor de
um naufrago? Será que um médico permaneceria sentado comodamente, deixando seus
pacientes morrerem? Será que um bombeiro, ao saber que alguém está perecendo no
fogo, ficaria parado e não prestaria socorro? E você, conseguiria ficar à
vontade em Sião vendo o mundo ao seu redor ser condenado?”.
Entenderam? Qualquer um pode e deve lançar-se ao
encontro dos que morrem sem Cristo! Todos somos bombeiros, bombeiros vivendo em
meio a um grande incêndio. Quanto aos talentos, Deus trabalha em cima dos
talentos de cada um, e acrescenta os talentos necessários, muitas vezes
não antes, mas durante o
processo, durante a ação. É preciso dar o primeiro passo,
irmãos. Queridos, todos somos evangelistas. E todos podemos nos tornar
missionários.
Logicamente, para evangelizar pessoas de outras
culturas e línguas, é necessário uma preparação adequada, através de cursos e
estudos diversos, para que o obreiro não passe vergonha e principalmente,
acabe involuntariamente prejudicando a causa do Evangelho. Mas cada um de
nós pode aprender o necessário para ir aos campos transculturais. Pois o
chamado é para todos, embora Deus possa usar cada qual de maneiras as mais
diversas.
O missionário Jairo de Oliveira diz que “Todos
aqueles que receberam uma nova vida, um novo Espírito, uma nova natureza, um
novo coração, um novo destino, uma nova morada, também receberam a ordem de
pregar o Evangelho ao mundo.”
Sobre este tema, ouça o que o fundador da Missão
AMME Evangelizar, pastor José Bernardo, diz: “A igreja se acostumou a ouvir que
ou você ora, ou contribui, ou evangeliza, mas nós sabemos que não é possível
que a colheita seja feita com crentes que escolhem apenas uma dessas coisas,
com gente que se dedica pela metade, que se santifica em parte. Todos devemos
estar dispostos a nos envolver integralmente, entregando nosso tempo, recursos
e talentos para a glória de Deus.”
Por fim, ouça o que disse John Wesley, o pai das
Igrejas Metodistas e promotor de um grande avivamento no século XVIII: “Vocês
não têm nada a fazer, senão salvar almas. Portanto, gastem tempo e sejam gastos
nessa obra. Devem ir sempre não apenas ao encontro dos que precisam de vocês,
mas principalmente daqueles que mais necessitam de vocês.”
Como diz Wesley, salvar almas é tudo o que temos
para fazer, irmãos. Tudo o mais, nossos sonhos, nossos trabalhos, nossa vida
completa, tudo deve girar em torno e em direção à: ganhar almas!
Sexta pergunta: Missões não é o mesmo que Evangelização? Elas não se referem à
mesma coisa?
Resposta: Muitas
pessoas, e inclusive alguns autores, gostam de acreditar que sim. Mas separar
bem esses dois conceitos é muito importante para que possamos compreender a
real importância de Missões, a real importância de alcançarmos os
verdadeiramente não alcançados.
Veja, o famoso missiólogo e missionário Ralph
Winter, um dos mais importantes estudiosos e incentivadores de Missões do
século XX, explicou essa diferença de maneira bem simples: “Evangelismo é uma
igreja crescendo onde ela está. Missões é uma igreja crescendo onde ela não
está.”
Evangelismo, Evangelização, é falar do Evangelho em
qualquer lugar, ao seus parentes, vizinhos etc. Missões é romper barreiras para
levar o Evangelho, barreiras culturais, geográficas, linguísticas, sociais. E
para romper tais barreiras, e evangelizar em outras culturas, faz-se necessário
um preparo, uma capacitação, um investimento e uma dedicação muito maiores do
que necessitamos ao evangelizar em nossa própria região e cultura.
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Sammis Reachers
*Este texto (aqui adaptado) foi originalmente
escrito para a peça teatral ‘Respostas Missionárias’, presente no e-book
gratuitoTeatro Missionário – Peçasteatrais e jograis
sobre Missões e Evangelização para igrejas evangélicas (que organizei em colaboração com Vilma Pires).
Fonte: Radar Missionário
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