CRISTÃOS PERSEGUIDOS NO MUNDO

 


 

QUEM SÃO OS CRISTÃOS PERSEGUIDOS



A perseguição aos cristãos se intensifica no mundo a cada ano. Conheça os principais casos de cristãos perseguidos pela fé em Jesus.


A perseguição aos cristãos é definida como qualquer hostilidade experimentada como resultado da identificação de uma pessoa com Cristo. Isso pode incluir atitudes hostis, palavras e ações contra cristãos. Essa é a definição dada na Lista Mundial da Perseguição, relatório anual que dá base para o trabalho da Portas Abertas.

A cada ano, a perseguição aos cristãos se intensifica no mundo todo. O número de cristãos com medo de ir à igreja, que não têm uma igreja para ir e precisam escolher entre permanecer fiel a Deus ou manter os filhos seguros só aumenta. Houve crescimento também no número de vítimas da violência extrema, que perderam familiares, casa, bens e a liberdade apenas por compartilhar a fé em Jesus Cristo.

Na compreensão clássica, a perseguição religiosa é realizada ou permitida pelo Estado. A realidade, porém, mostra que não é isso o que geralmente acontece. Nos dias de hoje, o papel de outros agentes está cada vez mais evidente — um exemplo disso são os grupos extremistas, tais como Estado IslâmicoBoko HaramAl-Qaeda e Al-Shabaab.

Além desses, também podem ser mencionados: oficiais do governo, líderes de grupos étnicos, líderes religiosos não cristãos, líderes religiosos cristãos, grupos religiosos violentos, cidadãos e quadrilhas, parentes, partidos políticos, grupos paramilitares, redes criminosas, organizações multilaterais e grupos de pressão ideológica.

Portanto, a perseguição ocorre de formas diferentes de acordo com o lugar onde os cristãos vivem.


 Conheça agora os sete casos mais conhecidos de cristãos perseguidos.

Hea-Woo é uma norte-coreana da terceira geração de cristãos na família, apesar de nunca ter ouvido falar de Jesus por sua mãe. No país, os cristãos são vistos como espiões do Sul; por isso, se descobertos, toda a família pode ser punida. 

Após a morte do presidente Kim il-Sung, as porções diárias de comida pararam de ser distribuídas para a população e muitas pessoas começaram a morrer de fome – foi o que aconteceu com uma das filhas de Hea-Woo. Antes disso acontecer, ela lhe disse: “Eu e seu pai somos culpados disso estar acontecendo com você” e a filha disse: “Eu não culpo você, mas culpo o país. Não há esperança aqui. Não morra de fome como eu. Vá embora desse lugar sem futuro”. Essas foram suas últimas palavras. A confiança de Hea-Woo no governo se transformava cada vez mais em decepção. 

Em 1996, o marido de Hea-Woo fugiu para a China. Um ano depois, o serviço de segurança informou a família sobre a fuga dele, o que implicava nele ser mandado de volta para a Coreia do Norte caso fosse encontrado no país vizinho. Durante seu tempo na China, ele conheceu um missionário e estudou a Bíblia com ele. Lá, serviu como líder de louvor em uma igreja frequentada principalmente por norte-coreanos. Porém, uma pessoa o denunciou e ele foi preso antes de ser mandado de volta para a Coreia do Norte. Na prisão, ele começou a falar de Jesus e dividia a comida com os presos. 

Colocando a fé em Cristo 

Certo dia, após ser transferido para uma prisão norte-coreana, os filhos foram visitá-lo na prisão. Como guardas entravam e saíam o tempo todo, o marido de Hea-Woo puxou a mão do filho por baixo da mesa e escreveu na palma de sua mão: “Creia em Jesus e ore a ele. Sempre que estiverem desanimados, passando fome ou tristes, orem a Jesus. Ele não é visível, mas ouve a oração de vocês e vai respondê-los. A única maneira de sobreviver neste país é crendo em Jesus e orando a ele”. Isso levou a família a colocar a fé em Cristo e a começar a orar a Deus. 

“Eu reconheci o que é a verdade. A fé do meu marido me ajudou a enxergar isso. Depois disso, nós começamos a orar. Não sabíamos muito sobre a palavra de Deus, mas percebi que nem o ditador Kim il-Sung, nem o Partido Comunista poderiam nos salvar, somente a fé em Jesus Cristo. Coloquei minha confiança em Jesus e comecei a orar.” 

Continuando o trabalho

Quando o marido de Hea-Woo foi executado, ela tomou a decisão de continuar o serviço a Deus que ele começou e decidiu fugir da Coreia do Norte também. Mas, durante suas tentativas, ela foi descoberta e mandada de volta. Primeiro, para uma prisão mista, onde foi interrogada e torturada durante muitos dias. Uma das prisioneiras contou aos guardas que Hea-Woo pregava a palavra de Deus dia e noite. Ela foi torturada muitas vezes e, em alguns momentos, teve medo de perder a consciência e negar a Jesus.

Ela orou e o Senhor lhe deu forças para suportar. “Eu ouvi uma voz que me dizia: ‘Pense no sofrimento de Jesus na cruz’. Essas imagens ficaram bem claras em minha mente e fui envolvida por elas”. Enquanto pensava no sofrimento de Jesus, Hea-Woo não sentiu nenhuma dor. Foi mandada de volta para a cela e lá ouviu uma voz do alto dizendo: “Minha filha amada, hoje você andou sobre as águas”. As outras mulheres não perceberam nada e Hea-Woo percebeu que Deus estava com ela em todos os momentos. 

Ela passou por um total de 10 prisões até ser levada para um campo de trabalho forçado. Ela entendeu que deveria falar sobre Deus dentro do campo, mas não sabia como fazer isso. Deus lhe mostrou a quem falar e como anunciar a palavra. Como as pessoas podiam morrer a qualquer momento, elas recebiam bem o evangelho. Foi assim que elas começaram uma igreja secreta no campo.


Depois de quase dez anos condenada a morte, a cristã paquistanesa, Asia Bibi, foi absolvida e colocada em liberdade

Aasyia Noreen é a cristã paquistanesa conhecida mundialmente como Asia Bibi. A história envolvendo ela começou em 2009. Na época ela estava com 45 anos e era trabalhadora rural, esposa e mãe de cinco filhos. Asia Bibi foi acusada de fazer referências depreciativas ao profeta Maomé durante o expediente do dia 19 de junho, quando conversava com suas colegas de trabalho. 

Asia ofereceu água para as colegas de trabalho, que não aceitaram porque, por ser cristã, Asia teria tornado o copo impuro. A conversa evoluiu para assuntos religiosos e as colegas começaram a pressionar Asia Bibi a se converter ao islã. Certa do caminho que seguia, a cristã rebateu as muçulmanas com frases como: “Jesus está vivo, mas Maomé está morto. O nosso Cristo é o verdadeiro profeta de Deus. Maomé não é real. Jesus morreu na cruz pelos pecados da humanidade, e Maomé, o que fez por vocês?” 

Por conta de tais declarações, Asia Bibi foi agredida pelas mulheres que, diariamente, conviveram com ela por anos. A polícia foi chamada ao local e, mais uma vez, a lei da justiça parcial prevaleceu. Um boletim de ocorrência foi registrado e a cristã foi mandada para a prisão para aguardar o julgamento por blasfêmia.

Sentença

Em 8 de novembro de 2010, após um processo que durou mais de 16 meses, Asia Bibi recebeu a pena máxima. Ela foi a primeira mulher condenada à morte por enforcamento por crime de blasfêmia no Paquistão. Também foi multada em cerca de 1 mil dólares, o equivalente a dois anos e meio do salário médio de um trabalhador no Paquistão. 

As duas testemunhas apresentadas nem estavam presentes no momento do suposto incidente. Asia Bibi solicitou o perdão presidencial, mas a Alta Corte de Lahore proibiu o presidente Asif Ali Zardari de concedê-lo, atendendo à petição do cidadão Shahid Iqbal, o acusador. Asia permaneceu na prisão em Sheikhupura, onde podia receber a visita da família uma vez por semana. 

Desdobramentos

Com o passar do tempo, a gravidade da ameaça à vida de Asia Bibi aumentou, a ponto de ela ter que ser transferida do distrito de Sheikhupura para uma prisão feminina em Multan, já que sua vida corria perigo onde estava. O marido de Asia Bibi, Ashiq Masih, e a comunidade cristã afirmaram que havia ameaças constantes de militantes e recompensas sendo anunciadas em todo o Paquistão para quem a matasse. 

Somente em 22 de julho de 2015, a Suprema Corte do Paquistão decidiu ouvir o caso dela. A justiça decidiu nas liminares suspender a pena de morte. Essa ordem abriu o caminho para uma possível absolvição completa, pois poderia ser libertada com o pagamento de uma fiança. Mas devido à sensibilidade do caso e por questões de segurança, Asia Bibi permaneceu na prisão, esperando o julgamento final do Supremo Tribunal Federal. 

Durante os anos de prisão, ela foi maltratada, torturada e esteve doente várias vezes. O marido e os filhos tiveram que fugir de retaliações de extremistas islâmicos. Militantes islâmicos queriam a morte da cristã e ameaçando os que tentavam ajudá-la. Em 13 de outubro de 2016, Asia Bibi voltou a julgamento no Supremo Tribunal do Paquistão, onde teve a oportunidade de se defender novamente. Porém o juiz que assumiu a corte anunciou publicamente que pretendia manter a pena de morte, já que todos enfrentavam pressão extrema por parte de radicais islâmicos. 

Absolvição 

Em fevereiro de 2018, a União Europeia começou a intervir no caso. A renovação de contratos de exportação para a Europa dependia da libertação de Asia Bibi. Em 8 de outubro de 2018, a Suprema Corte do Paquistão finalmente ouviu o apelo de Asia Bibi. No entanto, a decisão só foi anunciada em 31 de outubro. Nesse dia, a Suprema Corte do Paquistão determinou a soltura imediata de Asia Bibi, afirmando que a acusação falhou em apresentar provas acima de qualquer suspeita. 

No entanto, alguns dias antes, o líder do grupo extremista Tehreeq Labek Pakistan (TLP) convocou todos seus seguidores para sair às ruas e estar prontos para morrer caso o veredito fosse favorável a Asia Bibi. A polícia paquistanesa e forças de segurança prenderam mais de 3 mil militantes em um esforço de proteger Asia. 

Manifestações 

A absolvição de Asia Bibi desencadeou uma onda de protestos dos radicais islâmicos em todo o país. Escritórios e escolas foram fechados e os cristãos foram ainda mais ameaçados e discriminados. No dia 2 de novembro de 2018, o governo do Paquistão anunciou um acordo de cinco pontos com os extremistas responsáveis pela maioria dos protestos em todo o país. 

O governo se comprometeu em agir contra as possíveis mortes e prisões de manifestantes, garantindo que os presos fossem liberados imediatamente. Em contrapartida, o TLP, grupo responsável por instigar os protestos, convocaria seus seguidores a parar as manifestações e se desculpar àqueles que passaram por “inconvenientes” devido aos protestos. 

Liberdade 

Em 29 de janeiro de 2019, a Suprema Corte do Paquistão negou o pedido de apelação contra a absolvição de Asia Bibi e ela foi definitivamente declarada livre. Em 1 de fevereiro de 2019, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, revelou que o país ofereceu asilo à Asia e seu marido e a proposta teria sido aceita pela família. As filhas do casal, de 18 e 19 anos, já estariam no Canadá com uma família amiga. 

Nos dois meses após a a decisão pública da corte paquistanesa, as filhas de Asia e amigos da família se mudaram três vezes para vários lugares secretos no Paquistão, enquanto seguidores do TLP os procuravam de casa em casa para matá-los. Depois da absolvição, Asia Bibi continuou no Paquistão sob proteção do governo. Somente em 8 de maio de 2019 é que a cristã pôde, finalmente, deixar o país rumo ao Canadá, para reunir-se à sua família.








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