
O pastor Nadarkhani (a direita), com sua esposa Fatemeh e outro cristão o recebendo em uma de suas solturas da prisão no Irã
O pastor Yousef Nadarkhani, líder de uma das maiores igrejas protestantes do Irã, teve desentendimentos com autoridades iranianas e, por isso, em dezembro de 2006, foi preso com acusações relacionadas à apostasia e ficou detido por duas semanas.
Depois foi novamente preso em 13 de outubro de 2009 por protestar contra uma decisão governamental que tentava impor o ensino do Alcorão ao seu filho.
No dia 8 de junho de 2010, foi preso de novo, desta vez junto com a esposa, Fatemeh Pasandideh, na cidade de Rasht, no Irã, por causa de atividades cristãs.
Nadarkhani começou como pastor de uma pequena comunidade evangélica e ficou marcado por converter muçulmanos a Cristo. O casal tem dois filhos.
Pena de morte
No dia 2 de outubro de 2010, o pastor foi condenado à morte por enforcamento, por se converter ao cristianismo e encorajar muçulmanos a fazerem o mesmo. A condenação veio de uma corte na província de Gilan, apesar de tal delito não estar presente no código penal do Irã. A data da execução seria em 24 de outubro do mesmo ano, mas foi adiada por forças de segurança na esperança de que Nadarkhani renunciasse a Cristo e voltasse ao islamismo. O pastor teve 20 dias para recorrer e entrou com recurso no Supremo Tribunal Federal. A esposa dele foi sentenciada a prisão perpétua. No entanto, depois de uma apelação, ela foi liberada na audiência de 11 de outubro de 2010.
Depois do veredito, o pastor foi transferido do presídio de Lakan para um centro de detenção administrado pela polícia política da República Islâmica do Irã. O pastor enfrentou duas “audiências” adicionais, nos dias 27 e 28 de setembro de 2011, com o propósito principal de o fazerem negar a fé cristã. Os advogados de Nadarkhani tentaram apelar para que a sentença fosse revertida, mas se o tribunal agisse segundo sua própria interpretação da sharia (lei islâmica), ele poderia ser executado no dia seguinte.
Tecnicamente, não havia mais direitos para recursos e sob a interpretação da sharia, o pastor teria direito a três chances de se retratar. Aquela seria sua última chance, porém ele se recusou a negar a fé em Jesus Cristo. Depois disso, poderia ser executado a qualquer momento, mas não foi o que aconteceu. Ele não foi morto, mas continuou preso.
Petição por libertação
No ano de 2012, foi feita uma petição ao governo iraniano pela libertação dos prisioneiros. A petição solicitava que o presidente iraniano libertasse imediatamente e suspendesse as acusações contra os prisioneiros cristãos, inclusive o pastor Nadarkhani, que ainda poderia ser executado. Dois juízes o consideravam “passível de pena capital”, como parte da escalada contra a igreja protestante na nação muçulmana.
Absolvição parcial
Em setembro de 2012, a justiça voltou atrás e ele foi absolvido da apostasia, mas considerado culpado de evangelizar muçulmanos. No dia 25 de dezembro do mesmo ano, ele foi obrigado a retornar à cela, onde ficou até o dia 7 de janeiro de 2013. Depois disso, muitas falsas notícias circularam dizendo que ele estava morto.
Nova prisão
Em 13 de maio de 2016, o líder cristão foi novamente detido, mas liberado no mesmo dia. As autoridades iranianas insistem que ele obedeça às leis do país e se converta ao islamismo. Então, em 24 de julho de 2016, ele foi convocado pelo Tribunal Revolucionário do Irã, na cidade de Rasht, com acusações de atividades sionistas e evangelismo de muçulmanos. O pastor tinha uma semana para pagar uma fiança estipulada no valor aproximado de 33 mil dólares, caso contrário poderia ser preso.
A primeira audiência de Nadarkhani ocorreu no dia 15 de outubro e a segunda, em 16 de dezembro de 2016; porém nada de concreto foi decidido. A sentença máxima deveria ser de seis anos de prisão, porém Nadarkhani esteve preso por quase três anos antes de sua libertação em 2012. Apesar disso, no dia 24 de junho, o veredito foi uma condenação a dez anos de prisão, que só foi recebido em 6 de julho.
Em 4 de outubro de 2017, o advogado do pastor recorreu contra a sentença recebida por implementar igrejas domésticas e promover o “sionismo cristão”. Nadarkhani também foi sentenciado a dois anos de exílio na cidade de Nik Shahr, localizada no sul do país, longe da família, que vive em Rasht.
Em 13 de dezembro de 2017, o líder cristão passou por uma audiência de apelação no Tribunal Revolucionário de Teerã, na qual o advogado de defesa apresentou uma defesa oral e escrita, mas sem sucesso. No dia 2 de maio de 2018, uma ordem judicial confirmou a sentença.
Prisão de Evin
No dia 22 de julho de 2018, o pastor Nadarkhani foi novamente preso de forma violenta. Cerca de dez policiais iranianos se envolveram na ação e usaram força desnecessária com Yousef e seu filho, apesar de eles não oferecerem resistência. Acredita-se que o pastor foi levado para a prisão de Evin, em Teerã. Essa prisão foi, provavelmente, uma tentativa de intimidar a comunidade cristã.
Em outubro de 2019, o cristão entrou com pedido para novo julgamento, porém, a audiência só aconteceu em maio de 2020. Durante a espera pela decisão judicial, ele permaneceu preso em condições insalubres, mesmo durante a pandemia da COVID-19. A crise de saúde internacional fez com que não houvesse uma audiência formal para analisar o processo e nem fosse necessária a presença do réu diante do juiz Hassan Babaee. Então, em 22 de junho de 2020, a sentença do pastor Nadarkhani foi alterada, obtendo a redução para seis anos.
A última notícia que se tem sobre o caso é que, de acordo com um relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o governo do Irã deteve arbitrariamente o pastor Nadarkhani. Um grupo de trabalho da ONU pediu a libertação do líder e exigiu que o Estado o indenizasse por isso. Além disso, o grupo pede ao governo para "garantir uma investigação completa e independente das circunstâncias em torno da privação arbitrária de liberdade do pastor Nadarkhani e tomar as medidas apropriadas contra os responsáveis pela violação de seus direitos". O cristão continua condenado a dois anos de exílio após sua libertação da prisão de Evin, programada para 2025.
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