O ENVIO DE MISSIONÁRIOS
O ENVIO É RESPONSABILIDADE DE QUEM?
Essa é uma pergunta válida feita por
vocacionados, líderes e pastores. Podemos responder com uma afirmação: o envio
missionário é responsabilidade da igreja local e da agência missionária.
As duas estruturas precisam caminhar juntas,
uma não pode prescindir a outra e as duas são responsáveis pelo avanço do
evangelho. É necessário cuidado para não responder de modo excludente como se
fosse responsabilidade apenas de uma e não de outra.
O QUE
É ENVIO?
Para
entender melhor o trabalho em cooperação de igreja e agência, é preciso
entender o significado da palavra envio. Infelizmente, para uma grande parte de
cristãos o envio é o ato de “pegar” o missionário, suas malas, passagens e
dizer: vai! (como se ele fosse uma carta enviada por correio). Esse é um dos
maiores problemas, entender o envio como um ato pontual. Quando tratamos o
envio como despacho de missionário, a resposta acaba sendo excludente, porque,
afinal, a pergunta seria mais ou menos: Quem vai mandar a carta pelo correio?
Envio
é um processo que não começa e nem termina no momento em que o missionário sai
do seu país ou comunidade. Ele começa no despertamento da vocação, continua no
tempo de treinamento e deve perdurar enquanto o missionário estiver em missão.
Enviar
é apoiar, discipular, treinar, orientar, mandar ao campo, sustentar financeira
e espiritualmente. É um processo complexo que envolve muita gente. Entender
isso ajuda a compreender que igreja e agência são dois braços do mesmo corpo.
QUAL O
PAPEL DA IGREJA?
Feitas
essas considerações, podemos dizer que enviar é responsabilidade da igreja. É
na comunidade de fé que a vocação vai ser despertada e trabalhada, são irmãos
que devem se comprometer a sustentar com oração e provisão o missionário
enviado. Em Atos 13, vemos que é a igreja quem envia.
E ONDE
ENTRAM AS AGÊNCIAS?
As
agências também são parte do corpo de Cristo, portanto, também são igreja.
Assim, como vemos na Bíblia a igreja local enviando seus missionários, vemos
também o movimento de grupos apostólicos. De modo simples, poderíamos descrever
esses grupos como um conjunto de cristãos unidos com o objetivo de alcançar
pessoas específicas para Cristo. Os membros desses grupos tinham mobilidade e
trabalhavam para além da igreja local. O objetivo do grupo de Paulo, por
exemplo, era alcançar os gentios. As agências seriam nosso equivalente desses
grupos apostólicos.
Em
segundo lugar, é preciso mencionar que durante um tempo significativo, após a
reforma, a igreja deixou as missões transculturais um tanto de lado. Não era de
interesse de muitas denominações investir na causa daqueles que não conheciam a
Cristo e não partilhavam da mesma cultura; William Carey que nos diga.
Nesse
interim, surgiram as agências missionárias, que são grupos de cristãos que se
dedicam a trabalhar exclusivamente com determinados seguimentos de grupos não
alcançados. À medida que a igreja foi deixando o processo de envio de lado, as
agências foram assumindo.
E
AGORA, JOSÉ?
Isso
significa que, já que o papel de enviar é da igreja, devemos enviar apenas pela
igreja e não pelas agências? NÃO! Hoje, elas possuem um know-how que a grande
maioria das igrejas não tem. Agências têm contatos, mapeamentos, treinamentos
específicos e parcerias, não podemos abrir mão de tudo isso.
O QUE
FAZER ENTÃO?
O
ideal é que as duas estruturas caminhem em parceria e ajuda mútua. Algumas
denominações têm suas próprias agências. Contudo, isso não impede de firmar
parceria com outras que possuam cobertura ou expertise que a própria igreja não
possui.
Por
exemplo: um pastor pode enviar sua ovelha para a agência X (que prepara
cristãos para alcançar muçulmanos); a agência X treina essa pessoa e estuda um
local de atuação.
Depois,
pastor (igreja local), vocacionado e agência definem detalhes do envio: tempo
de duração da missão, local, data de envio, valor de sustento,
responsabilidades de pastoreio e cuidado, prestação de contas para ambas as
partes etc. No “final” desse processo, a igreja (corpo de Cristo – a soma de
todas as partes) terá enviado o missionário.
O
importante é que o corpo de Cristo trabalhe em unidade. Não importa quem vai
“aparecer”, se é igreja ou agência. Até porque, quem brilhará nesse processo é
Cristo, através da unidade de seu povo e cumprimento da missão, é Ele quem será
glorificado.
CONSELHO
PRÁTICO
1. NUNCA
ADOTE UM MODELO DE AUTO ENVIO.
Além
de ser biblicamente incorreto, é inapropriado e arriscado. O campo missionário
é maior e mais complicado do que você pensa! Esqueça aquela história de vender
3.557 coxinhas para levantar sustento ou retirar todo o dinheiro da sua
poupança e partir (romanticamente) para o campo. Pelo amor de Deus, esqueça
isso!
2. VOCÊ PRECISARÁ DE MUITO MAIS QUE DINHEIRO.
Ser enviado consiste em ser, antes de tudo,
acompanhado e pastoreado. Suas fragilidades e pecados não sumirão porque você
estará no campo. Você descobrirá novos problemas e dilemas, passará por
pressões, precisará de conhecimento técnico sobre lugares e culturas e
precisará de parcerias e contatos. Missão se faz em equipe. Igreja local e agência
missionária são membros que não podem ficar de fora.
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