A GRANDE COMISSÃO - UMA TAREFA INACABADA
A MISSÃO SERÁ CUMPRIDA
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Alguns anos atrás estive com um grupo de missionários em um país
da Ásia central. Uma das famílias vinha de um país vizinho, onde há forte
perseguição à fé cristã. Estava quebrada, pois, após sete anos de trabalho,
alguém se infiltrou no grupo, passando-se por convertido, e em encontro para o
estudo da Palavra revelou-se como membro da polícia secreta levando todos à
prisão.
Os missionários foram expulsos do país e os cristãos locais foram
enviados à uma prisão. Alguns desapareceram. Com a face entristecida, aquele
casal levantou logo no início do seminário uma pergunta sobre o cumprimento da
missão em região tão árida e debaixo de tanta pressão.
Encontramos na Palavra afirmações que nos levam a caminhar com alta expectativa sobre o que Deus há de fazer. Uma dessas maravilhosas afirmações se encontra em Mateus 24:14, onde lemos que “… este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim”.
Trata-se da resposta de Jesus à pergunta dos discípulos sobre os
sinais que antecederão o fim. Jesus, assim, fala sobre sinais cosmológicos,
como guerras, conflitos, terremotos e fomes (Mt 24:5-7). Menciona também sinais
eclesiológicos, como perseguição, escândalos e falsas profecias (Mt 24:9-12).
Por fim, apresenta um sinal missiológico no verso 14: a pregação do evangelho
em todo o mundo. Há cinco grandes verdades nessa afirmação de Jesus.
A primeira é que a missão será cumprida! Jesus não apresenta uma
possibilidade, mas uma certeza. É por isto que, quando o povo de Deus se põe a
evangelizar, coisas surpreendentes acontecem.
Devemos observar que no contexto do cumprimento final da
evangelização mundial, Jesus afirma que o mundo estará em crise devido às
guerras, terremotos, divisões e ódio; e a igreja se encontrará fragilizada
pelas perseguições, escândalos, iniquidade, falsas profecias e falta de amor
(Mt 24:5-6; 9-12). É um quadro terrível, de profunda crise no mundo, bem como
fraqueza e confusão na igreja. E será nesse contexto caótico que o povo de Deus
cumprirá a missão.
A igreja será odiada e perseguida, mas não fracassará. O ambiente
será quase insuportável, mas a obra será cumprida. Essa afirmação leva-nos a
entender que a missão será cumprida pelo poder de Cristo e não pela força
humana; pelos atributos de Deus e não pela liderança dos homens; para a eterna
glória do Senhor e não para a exaltação da igreja.
A segunda verdade revela aquilo que será pregado: “… este evangelho do Reino”. John Stott afirma que ser cristão não é apenas
seguir um sistema intelectual (credo), comportamental (ética), ou cerimonial
(culto). Ser cristão é seguir a Cristo. O Cristianismo não é um sistema religioso, mas
uma pessoa: Deus encarnado, Senhor sobre todos e Salvador de todo aquele que
crê.
Mas cabe um alerta! Conhecemos a Cristo pela Palavra, e busca-lo
fora dela é caminhar sem luz. Devemos desconfiar de qualquer ensino cristão que
não seja centrado na Palavra e à luz de toda a Palavra. Cristo sem a Palavra não é verdadeiro
Cristianismo, mas misticismo.
Jesus também apresenta uma terceira verdade: o evangelho será
conhecido pela pregação e pelo testemunho. Há duas palavras gregas que andam de
mãos dadas no Novo Testamento. A primeira é kerygma (proclamação)
e a segunda martyrion (testemunho).
Ambas aparecem nesse verso 14, defendendo que o evangelho do reino alcançará o
mundo por meio das palavras, quando associadas à uma vida santa de testemunho.
Devemos falar e também viver. Pregar e ter vida compatível com a nossa
pregação. Não podemos deixar de falar, mas sabendo que a pregação sem vida não
passa de palavras frequentemente inaudíveis.
Curiosamente, o capítulo anterior (23) trás uma condenação de
Cristo aos escribas e fariseus, chamados repetidas vezes de hipócritas. Jesus
condena aqueles que sabem a doutrina, mas não a vive. Os que pregam a Palavra,
sem aplica-la aos seus próprios corações. Aqueles que oram e jejuam, mas o
fazem para serem reconhecidos como piedosos. E os que se expõe publicamente
apenas para serem bajulados. A esses religiosos, guiados pelo ego e pelos
interesses, e não pelo evangelho, Jesus os chama de hipócritas, sepulcros
caiados, cegos, guias de cegos, insensatos e raça de víboras.
A quarta verdade é que o evangelho alcançará “… todo o mundo” e “…
todas as nações”. O termo grego traduzido por “nações” (ethne) refere-se a grupos socioculturais, não
países. Assim, o evangelho deverá alcançar todos os povos e grupos
socioculturalmente definidos no mundo.
Pela graça e força de Deus, o evangelho tem se espalhado de forma
incrível nas últimas décadas. Há, porém, cerca de 7.000 povos
ainda não alcançados no mundo, dentre os quais 3.100 não
possuem qualquer iniciativa evangelizadora entre eles. Quanto à tradução
bíblica, mais de 1.800 línguas continuam sem nenhuma porção bíblica em
seus idiomas. Em todo o Brasil há 99 grupos indígenas sem atuação missionária e
estima-se que 10.000 comunidades ribeirinhas, 6.000 assentos sertanejos e 2.000
comunidades quilombolas não possuem uma igreja evangélica entre eles. Em alguns
Estados brasileiros, menos de 2% dos surdos se declaram crentes no Senhor Jesus
e há um número crescente de imigrantes pouco ou não evangelizados. Além disto,
700 mil ciganos brasileiros não conhecem ao Senhor. Temos grandes
oportunidades e também grandes desafios em nossa geração.
Por fim, a quinta verdade na afirmação de Cristo é que “… então
virá o fim”. Aponta para a Sua volta, a parousia. Esse será um dia maravilhoso e igualmente
terrível. Maravilhoso, pois Jesus se revelará de maneira que todo olho verá,
levando a Sua igreja para a casa do Pai (1 Ts 4:16-17). Mas será também um dia
terrível, pois dois estarão em um campo, um será deixado e outro será levado.
Dois estarão em uma cama, um será deixado e outro será levado (Lc 17:34-35).
Não sabemos o dia ou a hora. E não sabemos se a vinda de Cristo
ocorrerá imediatamente após a evangelização do mundo ou depois de algum tempo.
Sabemos, porém, que Ele voltará!
Essas cinco verdades são um chamado para todo aquele que ama e
segue a Jesus. Um chamado a nos envolvermos com a proclamação do evangelho,
perto e longe, com tudo o que somos e tudo o que temos. Façamos isto com grande
expectativa e paz. E também com profunda convicção de que a missão será
cumprida, para a alegria dos homens e a glória de Deus.
Ronaldo Lidório
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