CAPACITAÇÃO MISSIONÁRIA
POR QUÊ A
CAPACITAÇÃO MISSIONÁRIA PRÉVIA AO CAMPO
Por Brooks
Buser
Hoje em dia,
em grande parte do mundo, pode-se comprar e voar sem licença em um determinado
tipo de aeronave. Essas aeronaves são geralmente chamadas de ultraleves, quase
sempre pequenas, leves, lentas e fáceis de operar.
Para aqueles que estão procurando uma alternativa mais econômica que os leve ao ar, os ultraleves são uma ótima opção. No entanto, para voar no exército, serão necessários pelo menos seis anos até que se esteja autorizado a pilotar um avião de combate. A responsabilidade e as consequências são muito maiores e, por isso, o treinamento é obrigatório, rigoroso e sério.
Preocupa-me
que a igreja evangélica esteja enviando pilotos de ultraleves para os lugares
mais desafiadores da face da terra e não consegue entender por que os
resultados são tão ruins. Permitam-me propor três razões pelas quais a
capacitação prévia ao campo é não apenas necessária, mas também uma
responsabilidade para as igrejas e os aspirantes a plantadores de igrejas
transculturais.
Não é todo
mundo que foi feito para ser um plantador de igrejas
transcultura.
Ao pesquisar
algumas estatísticas da aviação militar para este artigo, recordo que os
militares não aceitam todos os que estão dispostos ou entusiasmados com a
aviação.
Há limites de
idade, pontos de referência em educação, normas de saúde e as competências que
se devem dominar. Mas nada disso surpreende a quem está familiarizado com a
aviação militar. Claro, o que mais poderíamos esperar daqueles a quem foi
confiada uma responsabilidade tão grande?
É aqui que a
semelhança com o trabalho missionário de linha de frente começa a mudar.
Aqueles com “corações dispostos”, que amam o Senhor Jesus, às vezes não
deveriam ir para o campo missionário.
Muitos que são
encarregados dos não alcançados têm carência em uma área crítica, que mais
tarde os derrubará em seu ministério. Somente por meio de um treinamento sério
antes de sair ao campo e de pesquisa de antecedentes é que podemos descobrir
estas coisas. E quando descobrirmos essas coisas, louvemos a Deus!
É muito melhor
para a igreja local, para os colegas de campo, e especialmente para o indivíduo
descobrir antes de ir para fora que isto pode não ser para eles. Nosso serviço
à causa de Cristo e Seu povo, salvando alguém da dor de deixar o campo
prematuramente (e das consequências que isso traz), faz facilmente valer a pena
os nove meses adicionais necessários para descobrir isso.
Nem todo
cristão que quer ser um missionário é qualificado para ser um plantador
transcultural de igrejas, e isso está perfeitamente bem e é até mesmo esperado.
Em nosso zelo para ver cumprida a Grande Comissão, devemos assegurar-nos de
enviar aqueles que estejam capacitados, avaliados e equipados para os desafios
únicos que enfrentarão.
As diferenças
entre pré-campo e em campo são significativas.
Um tópico que
ouço com frequência em relação ao treinamento é “Lá você conseguirá”. Quer se
trate de capacitar-se para aprender um idioma ou para compreender a metodologia
de uma determinada agência missionária, muitas coisas estão sendo colocadas na
bandeja “lá”. O problema é que uma vez “lá”, o nível de estresse aumenta
exponencialmente, há poucos treinadores qualificados com tempo para treinar, e
a pressão para produzir resultados é bastante forte.
Uma das coisas
mais interessantes que está surgindo no trabalho missionário hoje em dia é a
quantidade de missionários de boas igrejas, boas escolas bíblicas e bons
seminários que estão sendo absorvidos por metodologias pragmáticas baseadas na
velocidade. Quando se realizam as autópsias teológicas/metodológicas (lembre-se
que todas as metodologias de missões são apenas o resultado de teologias), isso
se reduz a dois fatores principais:
(1) antes de
partir, não foram ensinadas a eles, explicitamente, as metodologias que
provavelmente encontrariam (boas e más); e
(2) seu
treinamento metodológico foi feito por aqueles que atuam no campo e os
convenceram de alguma versão de que “é assim que se faz aqui”. Não querendo ser
um problema, ou ouvindo e vendo que eles estavam na dramática minoria,
aceitaram.
JC Ryle em sua
obra-prima, Santidade, diz daqueles que olham para o passado como um guia para
o futuro: “O que é avisado, está avisado”.
Um bom
treinamento anterior ao campo precisa envolver algum tipo de vacina para nossos
plantadores de igrejas da linha de frente para que possam reconhecer erros e
armadilhas que causaram tantos tropeços.
Termos que soam inofensivos ou mesmo bons (discipulado baseado na obediência, estudos bíblicos de descoberta, caminhadas de oração, pessoa de paz, contextualização) precisam ser explicados e sua base bíblica, examinada. Nem tudo o que acontece no estrangeiro em nome de Cristo é bom. Algumas práticas são boas, outras são fracas, algumas são neutras e outras são ruins. Nossos membros devem conhecer as categorias, termos e argumentos bíblicos de cada um antes de entrar nesse mundo.
As habilidades
especiais requerem uma formação especializada.
Um avanço
encorajador no mundo do trabalho missionário é que cada vez mais igrejas estão
assumindo a responsabilidade por seus membros envolvidos em missões. As
organizações para-eclesiásticas têm seu lugar, mas que nunca se diga que elas
tomam o lugar da igreja local. O mandato da Grande Comissão é dado à igreja e a
ninguém mais.
Dito isto,
ainda não encontrei uma igreja que tenha experiência e capacidade para ensinar
fonética, antropologia aplicada, como criar filhos da terceira cultura,
pré-evangelização intercultural, linguística, casamento e criação de filhos com
alto estresse, teologia do sofrimento, ou negócios por meio de ONG em países de
acesso restrito.
Habilidades
especiais requerem uma formação especializada e, para ter acesso e ministrar
entre os últimos grupos linguísticos não alcançados do mundo, serão necessárias
habilidades especializadas.
Além dessas habilidades necessárias, é necessário observar e medir certos intangíveis. Uma boa capacitação missionária antes de ir ao campo deve ser capaz de avaliar a ética de trabalho de uma pessoa, sua capacidade de trabalhar em equipe, a força do matrimônio/solteirice, o nível de disciplina e a capacidade de perseverança.
O objetivo não é dar um polegar para cima ou para baixo nestas áreas, mas deixar a igreja local saber como seu candidato é medido nestas áreas-chave e permitir que eles tomem a decisão sobre a idoneidade de seus membros para a tarefa.
Um bom treinamento prévio ao campo funciona em conjunto com a igreja
local, nunca usurpando o papel dado por Deus à igreja, mas ajudando-a de
maneira especializada.
Somente pela
graça de Deus é que a Grande Comissão será cumprida. Mas as igrejas podem
multiplicar sua efetividade para chegar a estes últimos locais, por meio do
treinamento prévio e pesquisa de antecedentes para aqueles que buscam alcançar
os lugares mais difíceis.
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Brooks e sua
esposa Nina se graduaram no Christian Heritage College. Brooks trabalhou como
diretor financeiro de uma multinacional holandesa antes que ele e sua esposa
fossem desafiados pela palavra de Deus a levar o evangelho a um grupo étnico
não alcançado. Em 2003 se mudaram para ficar entre o povo yembiyembi e passaram
os 13 anos seguintes trabalhando entre ele. Puderam desenvolver um alfabeto,
ensiná-los a ler e a escrever em seu próprio idioma pela primeira vez, traduzir
todo o Novo Testamento e grandes porções do Antigo Testamento e ensinar por
meio da narrativa bíblica até que surgiu uma igreja. Em 2016, os presbíteros
estavam instalados, a igreja estava forte e eles regressaram aos EUA. Em 2017,
Brooks foi nomeado presidente da Radius International.
Fonte: Radius International
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