DESAFIOS NO CAMPO MISSIONÁRIO
DESABAFO DE UM
MISSIONÁRIO
Minhas forças estão se
esvaindo… Não sei mais em que pensar. A
situação aqui está bastante difícil.
Se não bastasse o
desgaste que passamos ontem no departamento de imigração em mais uma tentativa
de renovação de nosso visto, ainda chega toda essa papelada do governo para
preenchermos, com tantos campos complicados e pedindo pela enésima vez para
anexarmos cópias de tantos documentos. E tudo isso em 48 horas! Minha esposa
sempre me ajuda com essas coisas, pois estou constantemente ocupado com os
afazeres da igreja, mas nos últimos dias, com a nossa caçulinha doente,
praticamente não posso contar com ela.
Voltamos hoje cedo ao
hospital aqui da cidade. Na verdade não é um hospital, e sim um posto de saúde.
Não havia médico por lá, apenas um atendente. Ainda bem que já dominamos a
língua daqui, pois numa hora dessas seria difícil se não pudéssemos nos
comunicar.
O rapaz nos informou
que em três dias virá um médico, mas precisamos de um agora! Ela está tossindo
muito e a febre não baixa.
O último frasquinho de
Tylenol que trouxemos do Brasil está se acabando. Ah Senhor, como dependemos de
Ti! Gostaria de dar à minha filhinha o melhor médico, o melhor hospital, mas
para isso precisaríamos de um bom plano de saúde. Só que é caríssimo! Não temos
recursos para isso.
Além do mais, nosso
sustento desse mês já se acabou e para irmos à outra cidade precisaríamos de
uma boa soma de dinheiro. Temos orado por ela e feito o que podemos. Talvez um
simples remédio, facilmente encontrado em qualquer farmácia do Brasil, já tivesse
mudado esse quadro. Ajude-me Senhor!
Meu coração ficou
partido quando o Paulinho disse hoje de manhã: “Papai, se estivéssemos no
Brasil a vovó ajudava a cuidar da neném e ela ficava boa logo”.
Parece que estou num
dia nublado… Olho para todos os lados e não vejo saída.
Para piorar, a tela do
computador me mostra um e-mail, dizendo que uma das nossas igrejas parceiras, a
que mais investia financeiramente, decidiu cortar o nosso sustento a partir do
mês que vem.
Eu aqui, a milhares de
quilômetros, sem poder olhar àqueles irmãos face a face, entender suas razões e
poder fazê-los ouvir uma palavra da minha parte. Sempre fui fiel no envio dos
relatórios, sempre compartilhei o caminhar do ministério em minhas cartas de
oração, parecia que tudo corria bem. O que será que houve? Onde eu errei?
Se eu tivesse recursos
entrava no primeiro avião e ia até lá visitá-los para esclarecer tudo. Sei que
o Senhor está no pleno controle de toda essa situação, mas me sinto fraco e
abatido.
Perdoa-me Senhor!
Lembro-me dos apertos de mãos, dos abraços, das lágrimas, das mãos impostas
sobre nós quando, ajoelhados, chorávamos de emoção à frente da igreja antes de
vir para cá. Não quero desanimar. Não quero voltar para o Brasil. Amo esse
povo. Amo o que faço. Meu lugar é aqui. Talvez eu esteja mesmo é precisando de
uma boa noite de sono para, renovado pelas Tuas misericórdias, olhar tudo por
outra perspectiva.
Acabei de conferir na
minha lista aqui no computador e tenho marcados os nomes de 67 intercessores
que se comprometeram a orar por nós. Será que eles estão se lembrando disso?
Um Desabafo como esse pode ser real hoje nas vidas de
muitos missionários em campos transculturais. Precisamos, como Igreja do Senhor
Jesus, rever nossa postura, nossas ações e nossa omissão para saber se o
compromisso que dizemos ter com a obra missionária é, antes de tudo, um
compromisso direto e inegociável feito com Deus.
(Publicado no BLOG RADAR MISSIONÁRIO. Veja o Link na coluna à direita deste B?log.)
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Colunista: Mônica Mesquita
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