DIFERENÇAS CULTURAIS
PORQUE AS PESSOAS COMEM INSETOS NA TAILÂNDIA?
Que
a culinária tailandesa é rica em sabores e texturas muita gente já sabe. A
grande dúvida é se aqueles espetinhos de insetos vendidos em barraquinhas da Khao
San Road, em Bangkok, são comuns entre a população da Tailândia. Então,
aqui vai a resposta
Vamos
responder a primeira pergunta: sim, as pessoas realmente comem insetos na
Tailândia! Mas eles não pagam aqueles preços abusivos cobrados na Khao Sand
Road. Na verdade, nas cidades grandes, o consumo de insetos não é tão alto
quanto nas cidades menores do norte do país.
Nessa
região você pode procurar por mercados que vendem diferentes tipos de
insetos, como grilos, larvas, ovos de formigas e muito mais. Esses
insetos não são comidos crus. Costumam serem fritos e combinados com diversos temperos,
que, segundo os tailandeses, são um ótimo petisco para um tira gosto.
Os vendedores
de Bangkok vem de vilas muito pobres do
nordeste do país, lugares que têm sofrido com mudanças climáticas que
dificultam as produção agrícola, e, como consequência, o emprego. Eles viajam
várias vezes no mês para a capital Bangkok,
onde conseguem vender um saco de grilos por R$1,50.
Os
insetos são “cultivados” em casa: eles criam armadilhas de luz ou buracos no
chão para atrair os bichinhos. Segundo
uma das vendedoras, essa produção não é toda vendida, apesar da alta
procura, principalmente durante o Ano-Novo Budista. É que eles e as famílias
também comem os insetos: “Eu gosto de um tipo de baratas com ovos dentro”,
contou a vendedora. “Também cozinho grilos com pimenta e limão. Comemos isso
com arroz”, completa.
Mas
não são só os tailandeses que comem insetos. Os bichinhos fazem parte da dieta
de aproximadamente 2 bilhões de pessoas no mundo, predominantemente na Ásia,
África e América Latina (sinclusive o Brasil também entra na lista).
Esse
número é da Food and Agriculture Organization das Nações Unidas
(FAO). Desde 2003 que essa organização têm um programa específico de estudos
sobre Insetos Comestíveis, onde analisam os potenciais de cada um desses
animais para alimentação.
Esta
organização realiza conferência internacionais sobre o tema e a última ocorreu em maio de
2014. Essas conferências têm como objetivo criar estratégias para incentivar o
consumo de insetos em todo mundo.
Mas
por que isso? Bom, vocês já devem ter percebido o tamanho do problema ambiental
que é essa quantidade absurda de gente que mora no planeta e se alimenta de
carne. Em uns 6 anos, esse consumo deve dobrar e a realidade é que não
existem tantos recursos naturais que dêem conta dessa situação.
Aí
que entram os insetos. O plano dos estudiosos da FAO não é acabar com o consumo
de carne, mas criar e desenvolver outras alternativas de consumo de nutrientes
como proteínas. E os insetos ganham de lavada dos bovinos e similares no
quesito quantidade de proteína X consumo de recursos naturais:
Bicho da Seda frito, na China
– Insetos precisam de 2 kg de comida para converter em 1 kg de
massa (comestível). Já o gado precisa de 8kg de comida para produzir 1 kg de
massa.
– Um grilo, por exemplo, produz 100 vezes menos gás carbônico
por quilo do corpo do que um porco.
– Um inseto tem 80% de carne aproveitável e chega a ter
mais da metade de proteína por 100g do seu corpo do que um boi, que
só tem 50% de carne aproveitável.
Atualmente, existem 1900
espécies de insetos comestíveis catalogadas no mundo todo. O número tende a
subir com o aumento das pesquisas a respeito. Segundo a FAO, os bichinhos mais
consumidos são: besouros, lagartas,
abelhas, vespas, formigas, gafanhotos, grilos, cigarras, cupins, libélulas
e moscas.
Claro, existem várias barreiras para a popularização global do consumo de insetos. A FAO aponta, por exemplo, que há um pensamento comum de que insetos só são comidos em tempos de fome. Na verdade, eles fazem parte da dieta local de vários lugares do mundo e, dependendo do lugar, podem ser iguarias caríssimas compradas a preço de ouro. O preconceito, claro, é outra barreira a ser ultrapassada, veja o vídeo abaixo.
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