ENTREVISTA COM UMA MISSIONÁRIA EM SITUAÇÃO DE RISCO
DESAFIOS DE UMA
MULHER NO CAMPO MISSIONÁRIO
A* é missionária da Oitava Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte, MG. Atuando em campo fechado, no Norte do Iraque, entre mulheres curdas.
CONSELHO MISSIONÁRIO
O que aconteceu quando você chegou ao campo missionário?
A*: Uma das dificuldades que
enfrentei estava logo no início. Pisei no campo missionário tive e que guardar
a mala, sabendo que estaria ali independente do que acontecesse. Muito
diferente do turista que está ali por um pouco de tempo desfrutando do novo.
O obreiro transcultural sabe que
quando passa o novo, o encantador, o belo, e se dá conta que ali agora é seu
novo lar, os choques culturais começam a aparecer e a saudade da família começa
a bater forte, podendo voltar só depois de alguns anos. Ele terá que
permanecer. Porque você tem a passagem de ida, mas a de volta só Deus é quem
sabe. Isso gera uma certa aflição e ansiedade, por isso é muito importante ter
uma visão clara do chamado e da vontade do Senhor, pois quando o tempo mau
chegar, você terá forças para resistir.
CONSELHO MISSIONÁRIO
E as tensões de guerra e conflitos civis nesta região?
A*: Nesses seis anos e meio de
Iraque, temos passado por várias dificuldades, inclusive guerra, medo e
ansiedade. Temos acompanhado a tristeza e solidão dos refugiados, momentos
muito difíceis, contudo, não retrocedemos, pois Aquele que nos chamou é fiel.
CONSELHO MISSIONÁRIO
Como é viver em outra cultura e aprender uma nova língua?
A*: Outra dificuldade na vida do
obreiro transcultural é a adaptação da nova língua e cultura. Quanto mais longe
a língua e cultura estiverem do nosso continente, maiores são as diferenças e
dificuldades para uma aprendizagem.
Se não houver empenho e
dedicação, horas e horas de estudo, envolvimento com a cultura local, será
impossível transmitir de forma clara o Evangelho da salvação.
Nesse tempo de aprendizagem,
passamos por muitas frustrações, dificuldade e estresse. Nos tornamos como
crianças quando damos os primeiros passos em uma nova língua e cultura. Muitas
vezes erramos, contudo, prosseguimos com o alvo de aprender melhor a língua e
cultura local e assim poder chegar ao coração do povo.
CONSELHO MISSIONÁRIO
Como a mulher lida com o inevitável afastamento da
família?
A*: Outra dificuldade que nós
mulheres missionárias enfrentamos é em relação ao nosso lado emocional e
sentimental. Por exemplo, estar longe dos familiares não é fácil.
Nesse tempo aqui no Oriente
Médio, meu esposo perdeu seu pai e seu irmão em um curto espaço de tempo, ele
não conseguiu retornar e eu o vi sofrendo sem poder abraçar os seus entes
queridos.
Agora mesmo eu tenho uma tia
muito querida nas últimas no hospital. Missões transculturais exigem renúncia,
essa é mais uma realidade difícil que enfrentamos.
Saudade da família, da igreja, de
louvar em nossa língua, de ouvir pregações em nossa língua, dos amigos. Querer
ver e pegar no colo os novos bebês que estão chegando para família, saudade da
nossa comida brasileira, enfim, isso tudo mexe com o nosso emocional. Por isso
é preciso buscar sempre a presença do Espírito Santo, pois Ele pode suprir
todas as nossas necessidades emocionais e sentimentais.
CONSELHO MISSIONÁRIO
Uma palavra de encorajamento.
A*: Quero ressaltar que
independente das dificuldades, vale a pena prosseguir, quando vemos pessoas
conhecendo a Cristo, recebendo a salvação. Toda dificuldade se torna pequena
diante de uma vida que se rende ao Senhor.
Vale a pena prosseguir pois o
Senhor é fiel. E quando Ele chama, Ele provê paz e alegria e tudo mais que
precisamos para enfrentar as dificuldades do campo missionário.
Ore pelos nossos missionários:
– Disciplina na vida devocional;
– Habilidade no uso de línguas;
– Paciência com outros;
– Segurança nas viagens;
– Coragem no perigo;
– Saúde do corpo e da alma;
– Apoio adequado às necessidades;
– Sabedoria para controlar as
Finanças;
– Família
– Vida no lar;
– Filhos na escola;
– Proteção contra-ataques de satanás;
– Capacitação na vida e no
ministério;
– Flexibilidade nos
relacionamentos;
– Atitude de servo;
– Compatibilidade com colegas de
ministério;
– Amor para com todos;
– Ousadia na pregação;
– Frutos no serviço a Deus;
– Cheio do Espírito Santo;
– Compreensão da cultura.
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A*) O nome da missionária foi omitido pelo fato dela estar
comissionada num país cuja liberdade é restrita.
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