FINANÇAS E MISSÕES

 

O SUSTENTO DE MISSIONÁRIO



Quanto as igrejas locais aplicam em missões? Ficaremos assustados, se ouvirmos os relatórios financeiros, pois se gasta mais no local onde a igreja está do que expansão sistemática do Reino de Deus. Por quê? Muitos são os fatores, mas o principal em minha maneira de ver, é a falta de visão correta nesta área.

“Por que enviar missionários a campos tão distantes?”

“Temos gente morrendo de fome no Brasil, também!”

“Temos que construir nosso templo! Enviar missionários, além de dar trabalho, é perda de tempo e dinheiro!”

Infelizmente, estas têm sido algumas considerações que, ainda que não verbalizadas, existem na mente de muitas pessoas.

Quando uma igreja entende seu papel no mundo e que deve “pregar o Evangelho a toda criatura”, ela passa a ver a realidade de seus missionários. Quanto ao sustento, propriamente dito, devemos levar em consideração alguns aspectos importantes.

CADA CAMPO MISSIONÁRIO TEM O SEU CUSTO DE VIDA

Devemos submeter-nos inteligentemente aos números ao invés de fazermos comparações banais como: salário do missionário versus salário do pastor; custo de vida no país de origem versus custo de vida no campo, etc.

A igreja local deve compreender que é melhor manter um missionário dignamente do que vários em condições precárias.

Neste ritmo alucinado em que vivemos, têm-se preferido os números a qualidade. Há igrejas que proclamam em alta voz que “mantém” dezenas de missionários, quando, na realidade, enviam uma quantia mínima para cada um e nem sabem ao certo, o que eles fazem no campo.

A igreja local deve considerar o missionário. Quando está no campo e quando de regresso.

Enviar sustento para o obreiro quando está no ministério lá, e desprezá-lo quando volta para casa, é pecado! O obreiro é missionário aqui e lá! Ele terá necessidades tanto aqui quanto lá! É comum vermos esta atitude acontecer em igrejas que se dizem missionárias. É claro que critérios deverão ser estabelecidos, mas o bom senso e a caridade cristã não podem ser esquecidos, jamais.

A PERSEVERANÇA NO ENVIO DO SUSTENTO É DE VITAL IMPORTÂNCIA PARA O MISSIONÁRIO.

O obreiro não tem conhecimento real da situação de seu país de origem: problemas com inflação, recessão, etc. E por isso não consegue avaliar o problema de uma igreja na questão financeira. Isto posto quando cortam o seu sustento (o que é muito comum, avisando hoje que não enviarão amanhã), o obreiro entrará em crise! A igreja local precisa ser verdadeira em suas propostas. Se houve um compromisso com o missionário e sua família, que este ato seja efetivamente cumprido à risca. A falta de perseverança no envio de sustento tem causado grandes problemas para as Agências e missionários.

O SUSTENTO PRECISA SER DIGNO.

Dignidade é uma palavra que não tem estado no vocabulário de muitas pessoas. É comum a igreja definir o valor do sustento do missionário, sem o mínimo de respeito às necessidades do campo ou às do missionário. Já vi muitos obreiros passarem necessidade, porque não há dignidade em seu sustento. Podemos ver isto na própria vida dos pastores. São poucas as igrejas que atendem com amor e desprendimento às necessidades financeiras de seu pastor. O que dizer dos missionários?

FINANÇAS EM MISSÕES

Princípios bíblicos sobre finanças, primeiro veremos para o missionário, depois, para a igreja.

PRINCÍPIOS DE FINANÇAS PARA O MISSIONÁRIO: ( FIL. 4:10-20)

O MISSIONÁRIO DEVE ESTAR ASSOCIADO À IGREJA LOCAL.

“Todavia, fizestes bem, associando-vos na minha tribulação”. E sabeis também vós, ó Filipenses, que no início do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja se associou comigo, no tocante a dar e receber, senão unicamente vós outros... (vv. 14,15)

O MISSIONÁRIO DEVE VIVER CONTENTE EM QUALQUER SITUAÇÃO.

“Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação”. (vv.11,12).

O MISSIONÁRIO DEVE CONFIAR NO SENHOR.

“... tudo posso naquele que me fortalece (v.13).

O MISSIONÁRIO DEVE ESTAR INTERESSADO NO FRUTO QUE AUMENTE O CRÉDITO DA IGREJA, NÃO NO DINHEIRO.  (V.17)”.

PRINCÍPIOS DE FINANÇAS PARA A IGREJA:

a . A Igreja deve estar associada ao missionário. (vv. 14, 15).

b . A Igreja deve cuidar das necessidades do missionário e supri-las.  (v.16)”.

c . A Igreja deve entender o princípio financeiro de Deus:  (v.19)”.

d . A Igreja deve saber que a oferta missionária agrada a Deus. (v.18)”.

e . A Igreja deve saber que a oferta missionária resulta em glória a Deus. (v.20).

PASTOREANDO OS CANDIDATOS E OS MISSIONÁRIOS

Os pastores devem ver seus missionários como pessoas e famílias carentes de aconselhamento pastoral. O trato do pastor irá curar feridas, amenizar crises, incentivar os cansados e abençoar a todos. Esta dinâmica de ministério não deve ser descartada em hipótese alguma.

Alguns talvez digam: - “Mas como? Nossa igreja é pobre! Como iremos para o campo?”

Espero poder ajudar com algumas sugestões. Em primeiro lugar, deve haver uma correspondência que vá além do “como vai”, É preciso oferecer apoio, ao invés de exigir só relatórios! O pastor que ganhar a confiança do obreiro aqui, em sua própria pátria, terá uma ovelha em qualquer lugar do mundo. Uma conversa franca, através de uma correspondência consistente poderá confortar e abençoar o missionário, onde quer que esteja. Outro aspecto interessante é o envio de mensagens pastorais (DVDs, vídeos, etc) para uma ajuda na alimentação espiritual do obreiro. Isto tudo, porém, não descartará a necessidade de o pastor visitar o campo. A visita é imprescindível, para uma visão mais real e para que haja condições de ele se inteirar da vida do obreiro. Como é o povo, onde mora o missionário, onde trabalha, como é recebido pelas pessoas, seu conhecimento e suas reações diante da cultura etc, irão cooperar muito, para que o pastor possa montar o quadro real de necessidades.

O MISSIONÁRIO PRECISA PRESTAR RELATÓRIO CONFIÁVEL À IGREJA.

Isto é bíblico. Paulo e Barnabé ao retornarem da primeira viagem missionária, reuniram a igreja e contaram quantas coisas Deus fez por seu intermédio! (Atos 14). Em nossa época, de grandes possibilidades de informação rápida (telefone, fax, computador, etc.) temos a facilidade de obter as informações necessárias para oração e cuidado pastoral eficientes. A igreja é que irá ocupar-se destes encargos.

A IGREJA FICARÁ MAIS BEM INFORMADA E, CONSEQÜENTEMENTE, INTERESSADA.

Você já percebeu como nossas igrejas são desinformadas? A começar pela “ignorância” das pessoas em relação ao mundo, sua Geografia e História, até o fato de que muitos nem sabem em que lugar o missionário está e nem o que faz. Como orientar a oração eficaz?

A BOA SUPERVISÃO EVITA UM FALSO TRABALHO MISSIONÁRIO.

Não é porque o missionário passou por todas as fases de recrutamento, seleção e treinamento, que não há possibilidade de erro! Muitos, chegando ao campo, frustram-se, não suportam pressões, perseguições, e distúrbios, e, ao sentirem-se envergonhados, não retornam ao país de origem, nem se abrem sobre a questão. Isto gera um “falso trabalho missionário” e, conseqüentemente, frustrações de ambas as partes – igreja e obreiro. Se há supervisão, haverá acompanhamento. 

REGRESSO DO CAMPO

Algumas igrejas chamam este período de recesso. De qualquer maneira, trata-se do tempo em que o missionário volta para sua terra natal, após um período de trabalho no campo. Quando se trata de um período em todo o seu ministério, ou seja, não voltou para ficar, o regresso é necessário e acontece para:

DESCANSO

O missionário precisa descansar junto ao seu povo, sua cultura, sua língua. Se bem que terá, evidentemente, o que se chama de “choque cultural reverso”, ou seja, ele já não conhece seu país, sua economia, e história recente. Sua família mudou, ele mudou, seus filhos não têm amiguinhos aqui etc. No entanto, o descanso é merecido e importante,m pois prioriza o servo de Deus.

RECICLAGEM

O obreiro poderá fazer um curso complementar, estudar algum assunto em que sentiu necessidade, ou mesmo iniciar um curso de pós-graduação. De qualquer forma, a reciclagem é necessária.

DIVULGAÇÃO

Também é este tempo no país uma excelente oportunidade para o missionário compartilhar necessidades do campo: novos obreiros, projetos especiais (veículo, aparelhos, etc.), e da própria missão para a qual trabalha.

Aqui se estabelece um momento muito importante para todo o trabalho, quando as pessoas respondem aos desafios porque é um missionário que está compartilhando.

TRATAMENTO DE SAÚDE

Será que não temos, por alguns instantes, a impressão de que os missionários são “sobre-humanos?”. Na verdade esta “impressão” tem gerado sérios problemas na obra de Deus. Estes obreiros são nada mais, nada menos, que pessoas! Precisam de tratamento médico-dentário e, muitas vezes, com urgência.

No entanto, se o regresso é definitivo, tudo isto acontecerá, ou não, dependendo do envolvimento futuro do obreiro com a obra missionária.

Para que tudo isto ocorra com diligência e tenha o melhor aproveitamento, tanto para o obreiro e família, como para o trabalho que realiza, a igreja local deverá cooperar eficazmente, lançando-se no dever de assumir um trabalho consistente e sério.’

A IGREJA LOCAL COOPERANDO NO REGRESSO DO MISSIONÁRIO

PROVIDENCIANDO MORADIA E CONDUÇÃO

O missionário, ao retornar, não tem casa em seu país de origem. Deixou tudo para ir e se tornar um cidadão naquela nova cultura. E agora? Quando retorna com sua família, irá morar onde? Alguns têm família para ajudá-los, mas não é a realidade da grande maioria. A igreja precisa ser sensível e atender a este período, com sabedoria. A condução também é importante. Há sempre alguém que pode ajudar emprestando um carro, por certo tempo.

PROVIDENCIANDO ATENDIMENTO MÉDICO-ODONTOLÓGICO

A partir do momento em que há necessidades nesta área, cumpre a igreja a amabilidade de providenciar tudo. Muitas igrejas têm em seu seio, médicos e dentistas. Estes profissionais podem ser desafiados a participarem de tal empreendimento.

PROVIDENCIANDO DESCANSO

Aqui quero fazer uma crítica construtiva importante. A condição humana do missionário tem sido esquecida! Ele e sua família precisam de momentos de lazer, momentos de recuperação física e emocional. Imagine que um missionário tenha vindo de um país onde há guerra civil. Na melhor das hipóteses as Agências enviadoras e as igrejas, irão querer ouvir todas as experiências que teve ali. No entanto, a pessoa do missionário precisa de restauração. Não podemos permitir que haja esta lacuna em sua vida. Se perguntarmos a este batalhão de obreiros sobre como desejariam ser recebidos, após um período de trabalho no campo, creio que muitos diriam: Como gente! O grande grito têm sido: “Quero ser gente?”.

PROVIDENCIANDO A AGENDA DE DIVULGAÇÃO DO TRABALHO

A igreja enviadora tem por obrigação providenciar uma agenda para o missionário, de maneira a fazer um trabalho sério e estratégico. Onde falar, com quem conversar, que tipo de ministério deverá ser priorizado? Isto a igreja enviadora deve responder.

RECICLAGEM EMOCIONAL E ESPIRITUAL

Talvez um psicólogo cristão poderá ser acionado, para atender ao missionário, o atendimento pastoral deverá ser sistemático, e reuniões de amigos verdadeiros poderão acontecer (nestas reuniões os corações são abertos, as necessidades são explicitadas e as feridas saradas).

Os pastores e missionários são, via de regra, pessoas solitárias. Não conseguem se abrir, porque não confiam ou não querem expor se a pessoas que podem entender mal. Amizade verdadeira, desinteressada, amorosa precisa ser desenvolvida.

PERSONALIZAÇÃO DIANTE DA IGREJA

Fazer o missionário conhecido, não só através do púlpito e de suas histórias contadas na igreja, mas no dia-a-dia. Membros da igreja poderão receber o missionário e sua família para um lanche, outros para almoços, outros para jantares. A igreja viverá um pouco a vida do obreiro, e sentir-se-á mais perto dele. Lembro-me de momentos em nossa igreja que, ao ler a carta do missionário no culto, muitos choraram de saudade e amor. O missionário não é uma mercadoria. O missionário é uma pessoa com todas as suas características.

PROVIDENCIAR PARA QUE O MISSIONÁRIO TENHA OPORTUNIDADES DE FALAR À IGREJA.

A igreja tem muito o que aprender dos missionários. Paulo, o apóstolo, escreveu a epístola aos Filipenses sob o impacto de missões. Ele explicou o efeito de uma oferta, sua atitude em relação à mesma, e sua visão de cooperação (veja Fp 4). A igreja deve ouvir não apenas as tristezas ou casos engraçados, mas também estudos e pregações.

O missionário tem muito a dizer de suas experiências com Deus e de uma teologia experimentada.

Não raras vezes temos missionários que ficaram 3 ou 4 anos num campo missionário e recebem, num determinado evento, 5 a 10 minutos para falar. Onde está nosso entendimento da importância de missões? O missionário pode falar com pessoas de outra cultura, mas não tem cultura para falar as nossas igrejas?

Lembro-me de uma Conferência Missionária que realizamos em nossa igreja. Resolveu-se trazer, como preletores apenas missionários. Foi um sucesso! Deus nos falou poderosamente, através de cada um deles. A igreja sentiu-se alimentada e desafiada. Houve demonstrações de amor da igreja para com eles, dádivas amorosas, maior entrosamento.

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