ANTROPOLOGIA MISSIONÁRIA

 

ANTROPOLOGIA MISSIONÁRIA 

 

Acontecem muitas coisas engraçadas no campo missionário, Uma amiga, nossa missionária na Indonésia entregou uma mensagem poderosa às senhoras. Ela percebeu que algo estava errado quando as desafiou, dizendo: “Venham e aceitem a Cristo”. Cada vez que ela fazia um desafio, as senhoras riam. Aquela missionária foi suficientemente corajosa e curiosa para perguntar à amiga daquele lugar a razão pela quais as senhoras davam risadas. “Será que são ímpias?” “Será que querem rejeitá-lo?” Mas, graças à coragem da amiga nativa, a nossa colega missionária descobriu que em vez de falar “venham aceitar a Cristo” ela esta dizendo: “venham aceitar porco”. Sim, no campo missionário não basta ser sincero. O compromisso e a vocação de Cristo, embora sejam importantes, não são suficientes. Cada missionário precisa de orientação transcultural, isto é, a comunicação para quem não é da sua cultura. Como o leitor já deve ter visto, não é fácil a tarefa transcultural.

Meu profundo desejo é que você possa digerir a mensagem desta apostila para que venha a ser um missionário bem sucedido, ou para que compreenda como é difícil a tarefa daqueles que foram para os campos missionários.

“Cabe ao missionário ater-se aos princípios bíblicos sem que seja preciso transportar elementos exclusivos de sua cultura para a realidade em que se encontra. Os princípios bíblicos encontrarão em qualquer cultura, os instrumentos adequados da decência e da ética para a vivência do Evangelho.”

“O entendimento das origens dos povos, seus valores e ambições, suas concepções de morte e do além-vida, sempre torna o  mensageiro da cruz mais apto a comunicar as Boas-Novas. Ir a uma tribo ou povo que nunca teve contato com o mundo civilizado exige um extremo cuidado de não ofender os anfitriões.” 

Houve um tempo em que os missionários partiam para o campo sem levar em sua bagagem qualquer conhecimento acerca da cultura a qual iam evangelizar, e o resultado de tal empreendimento, posto que movido pela fé e a disposição de cumprir o IDE de Jesus, na maioria das vezes era o fracasso causado pelo desconhecimento dos costumes, dos valores, das crenças e da cosmovisão do povo alvo da sua missão. Hoje isso não é mais aceito por aqueles que têm um mínimo de bom senso.

O benefício e a necessidade do estudo da antropologia para qualquer missionário são incalculáveis. A antropologia é absolutamente necessária ao preparo para a obra missionária. Se queremos comunicar o evangelho para um povo cujo modo de vida é diferente do nosso, precisamos estar em condições de analisar as razões de sua maneira de pensar, agir e viver. Se tentarmos entender aquele modo de vida através de nossos próprios "óculos culturais", vamos cometer erros sérios e freqüentes.

Por isso, apresentamos este estudo, baseado na análise das razões dos fracassos ou sucessos de muitos missionários. No entanto, é bom saber que todos os que entram num meio estranho vão cometer erros, especialmente no início de seu trabalho. Assim, nosso intuito não é julgar aqueles que erraram; é apenas procurar diminuir a nossa margem de erro ao empreendermos um trabalho entre outro povo, dentro ou fora do nosso próprio país.

Nenhuma cultura é idêntica a outra, todas diferem entre si, até mesmo aquelas cujos membros falam a mesma língua, como por exemplo, as dos povos de língua espanhola e, particularmente, no caso do Brasil e Portugal, onde o modo de viver do povo, pensar, falar, crer e escolher seus valores são bastantes diferentes um do outro.

Por isso se faz necessário que você conheça as camadas que compõem uma cultura, alguns costumes, valores e, sobretudo, algumas crenças e cosmovisões dos povos e etnias que habitam em nosso Planeta.

Estaremos também informando sobre como contextualizar a mensagem do Evangelho dentro de cada cultura, sem, contudo ignorar os valores universais da Palavra de Deus, e, muito menos, sem incorrer no erro do sincretismo religioso. E só então poderemos focar acerca de Missões Transculturais. 

É importante e fundamental que, tanto o missionário quanto os que ficam na retaguarda, tenham conhecimento específico sobre este assunto. Porém para entender acerca de Missões Transculturais se faz necessário aprender primeiramente acerca da Cultura Humana e nada mais simples do que começarmos pela Ciência que a estuda: “ANTROPOLOGIA”.

O OBJETIVO DA ANTROPOLOGIA 

Qual a importância da antropologia para a obra missionária?

O missionário precisa pelo menos de duas coisas: uma é estudar as Escrituras, estudando teologia, teologia bíblica e teologia sistemática. A outra é estudar as pessoas e saber como se comunicar com as pessoas. A antropologia é importante para nos ajudar a entender as pessoas. Muitos missionários não conhecem o povo, a cultura; a antropologia é essencial para que sejamos bons missionários. Mas a antropologia também pode nos ajudar a estudar as Escrituras porque ela nos ajuda a entender as pessoas envolvidas nas Escrituras. 

Nosso objetivo, nesta primeira parte de nosso estudo, é verificar a forma como o estudo da antropologia evoluiu e especializou-se, podendo chegar a servir como instrumento da Igreja em sua tarefa de evangelização.

Na antropologia missionária, partimos da Grande Comissão de Jesus em Mt 28.18-20, onde Jesus deu ordem para fazermos discípulos: indo, devemos batizá-los e ensiná-los até à consumação dos séculos.

Que Deus tem interesse em todos os povos se percebe já na criação do mundo, no plano divino de salvação (1 Tm 2.4-6), na eleição do povo de Israel, na missão de seu filho único, Jesus Cristo (Jo 3.16), na missão dos apóstolos (Jo 20.21), na missão da igreja (1Pe 2.9) e nos povos salvos que adoram Jesus (Ap 7.9-17).

DEFINIÇÃO DE ANTROPOLOGIA MISSIONÁRIA

O termo antropologia é uma composição de duas palavras gregas:

¨    anthropos = (que significa homem);  e

¨    logos = (que significa palavra, doutrina, ensino, fala).

 

O QUE É ANTROPOLOGIA?

A antropologia é o "estudo do ser humano" ou, mais especificamente, "a ciência da cultura humana", ou, como Kroeber a define, é "a ciência dos grupos humanos, seu comportamento e suas produções".

A antropologia abrange uma ampla esfera de estudos. Divide-se em duas áreas: Antropologia Física e Antropologia Cultural. Na primeira, estudam-se os primatas, a genética, a evolução, as medidas do corpo humano e as descrições das características físicas dos povos. Já a segunda estuda as culturas pré-históricas, a etnologia, o folclore, a organização social, a cultura e a personalidade, a aculturação e a aplicação da antropologia aos problemas humanos.

Na análise dos modelos padrões de vida e do comportamento humano nas diversas culturas, o antropólogo deve procurar respostas para três perguntas principais:

Quais as funções dos vários aspectos duma cultura, isto é, comida, abrigo, transporte, organização da família, crenças religiosas, língua, valores, etc?

O que faz um membro de uma sociedade agir como age? Em outras palavras, por que todos não agem da mesma maneira? Quais sãos as normas que determinam a conduta dos membros de uma sociedade?

Quais os fatores que determinam a conservação de certos aspectos culturais e a substituição de outros com o correr do tempo?

Como podemos perceber, não é suficiente apenas analisar os tipos de vestimenta ou comida de um povo, mas precisamos analisar também quem usa esta ou aquela roupa, e por que a usa. Exemplificando: no Haiti, algumas pessoas usam sapatos, e outras não. Por quê? Será porque algumas gostam de sapatos, e outras não? Por falta de dinheiro? O motivo, na verdade, é um pouco diferente. É que lá o sapato é um símbolo de classe social. Um médico que certa vez estava passeando nas montanhas do Haiti foi abordado por alguém que lhe pediu que atendesse uma pessoa doente. O médico imediatamente perguntou: "Ele tem sapatos ou não?" Se a resposta fosse "sim", ele, então, atenderia o doente imediatamente. Mas, se a resposta fosse "não", o doente teria de esperar. Uma coisa que para nós é tão insignificante (pois aqui quase todo mundo tem pelo menos um chinelo, e nenhum médico basearia seu atendimento numa pergunta sobre sapatos) para as pessoas do Haiti é muito importante.

Mas pense agora e faça uma lista de símbolos das várias classes sociais do Brasil. Por exemplo: o que significa uma pessoa de terno? O que significa um anel de brilhantes? Que tipo de pessoa usa chinelo na rua, ou macacão de brim, ou cabelo comprido, curto, etc?

 

 

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