MÉTODO X ESTRATÉGIA MISSIONÁRIA
ESTRATÉGIA
MISSIONÁRIA NO MINISTÉRIO DO APÓSTOLO PAULO P
Para muitos, equivocadamente, pode até parecer
contraditório tentar conciliar método e estratégia com uma atitude de
dependência e fé quando nos referimos à tarefa missionária.
Não é o que percebemos, entretanto, no ministério
do apóstolo Paulo. A questão que levantamos nesta breve reflexão é: tinha Paulo
um método, uma estratégia de missão definida?
A própria ideia de missões, com base na Grande
Comissão do Senhor Jesus, em Mateus 28: 19- 20, pressupõe uma ação estratégica,
com um objetivo definido! Esse objetivo final da ação missionária é glorificar
a Deus mediante a formação de discípulos (adoradores) de todas as nações.
Independentemente de ter uma estratégia formal
definida, é certo que Paulo tinha um propósito claro para seu ministério
pessoal e que esse propósito se posicionava dentro do propósito maior de Deus:
alcançar tanto judeus quanto gentios com a mensagem do Evangelho.
Toda a ação missionária de Paulo, portanto, segue
esse propósito e desenvolve-se como um desdobramento natural da Grande Comissão.
Olhemos, brevemente, para alguns dos aspectos da
visão estratégica no ministério do apóstolo Paulo.
Primeiramente, no que diz respeito ao aspecto geográfico de sua ação
missionária, vemos que Paulo trabalhava na perspectiva de Atos 1:8. Nesse
texto, Jesus define a abrangência geográfica da ação missionária da Igreja,
indicando uma estratégia de alcance que começa em Jerusalém, mas tem como fim a
pregação do Evangelho a todas as nações.
Ao apresentar sua defesa, no capítulo 22 de Atos,
Paulo deixa clara a visão de Deus para seu ministério no que diz respeito à sua
abrangência geográfica: “Vai, porque eu te enviarei para longe, aos gentios.”
(vs. 21).
Novamente, quando se defende perante o Rei Agripa,
no capítulo 26 de Atos, Paulo afirma: “Pelo que, ó rei Agripa, não fui
desobediente à visão celestial, mas anunciei primeiramente aos de Damasco e em
Jerusalém, por toda a região da Judéia, e aos gentios, que se arrependessem e
se convertessem a Deus, praticando obras dignas de arrependimento.” (vs. 19-20).
Uma análise das viagens missionárias de Paulo
mostra que ele avançava e depois retornava.
Havia a preocupação de Paulo em fortalecer as
igrejas que haviam sido plantadas (Atos 15:36), mas é evidente que Paulo tinha
também a preocupação de ir mais longe. Um exemplo claro disso está em Romanos
15:24 e 28 onde vemos a intenção de seguir até a Espanha. Paulo parece
compactuar com a visão de que a igreja tem um chamado apostólico, uma missão
apostólica para proclamar o Evangelho às nações.
Olhando para aquele que seria o método de
Paulo para a expansão do Reino, podemos destacar o discipulado e a plantação de
igrejas.
Assim como no ministério do Senhor Jesus, o discipulado para
Paulo foi o meio divinamente orientado para o fortalecimento dos converti- dos
e para a plantação de igrejas maduras.
A formação de discípulos de Cristo era, portanto,
não somente o objetivo final do ministério de Paulo, mas também o principal
recurso para enfrentar as principais forças que agiam contra a fé cristã.
Paulo mostrava grande preocupação em fortalecer as
igrejas que iam sendo plantadas. Havia muitas forças agindo no sentido de
barrar seu ministério e o crescimento da Igreja.
Essas forças consistiam tanto na idolatria que
dominava muitas das cidades onde o Evangelho havia sido pregado, como também na
resistência dos judeus incrédulos.
Em Beréia (Atos 17:10-15), por exemplo, logo após
os ensinamentos de Paulo e Silas, e da boa aceitação do Evangelho por parte
daquelas pessoas, vemos a resistência dos judeus que “…foram lá excitar e
perturbar o povo” (vs. 13).
Essas “forças perturbadoras” do povo não foram
exclusividade do ministério dos apóstolos. O Senhor Jesus também havia
enfrentado essa oposição, daí a ênfase de seu ministério no discipulado de
alguns homens, preparando-os para ensinar e conduzir aqueles que eram salvos.
O discipulado continua sendo ação básica,
elementar, e uma ferramenta fundamental dentro de nossa estratégia missionária
atual.
Qualquer estratégia de plantação e crescimento de
igreja que negligencie o discipulado pode ser considerada, no mínimo, equivocada.
A plantação de novas igrejas é o resultado natural do discipulado e é também
uma maneira de permitir que o fruto permaneça. Em resumo, a estratégia de
missão do Novo Testamento enfatiza o evangelismo, ganhando convertidos, e
multiplicando igrejas.
Olhando agora para o teor da mensagem de
Paulo, chamamos a atenção para sua capacidade de manter-se fiel à verdade das
Escrituras e apresentá-la de forma relevante aos seus ouvintes. “A
evangelização jamais é proclamação num vazio; é sempre a pessoas, e por isto a
mensagem deve ser transmitida em termos que façam sentido para os ouvintes.”
Paulo compreendia bem esse princípio. Ao pregar nas
sinagogas, começava seu discurso pelas Escrituras, mas quando falava aos atenienses (em Atos 17), o
ponto de partida é outro: a religiosidade dos ouvintes e a apresentação do
“Deus que fez o mundo” (Atos 17:24).
Outra característica da mensagem de
Paulo, no que diz respeito ao seu conteúdo, era a ênfase na doutrina
da reconciliação.
Segundo ele, quando a igreja perde o contato com a
verdade dessa doutrina, ela foge da essência de sua missão em comunicar a
mensagem de reconciliação do homem com Deus.
É triste vermos como muitas
igrejas hoje têm sido tentadas a trocar a
mensagem simples do Evangelho e a doutrina da reconciliação do homem com Deus
por algo novo ou mais “sofisticado”.
É certo que devemos procurar apresentar o Evangelho
de forma contemporânea e relevante para os ouvintes de hoje, mas os princípios
que nortearam a ação estratégica de Paulo ainda são válidos para nossa
estratégia missionária hoje.
Certamente, temos muito a aprender com o modelo
estratégico de Paulo, que se desenvolve em plena sintonia com a Grande Comissão
do Senhor Jesus, sempre movido e orientado pelo Espírito.
O que temos visto atualmente, porém, é uma
tentativa de lançar mão de estratégias e métodos complexos, mas sem uma genuína
perspectiva missionária fundamentada nas Escrituras. Algumas igrejas
simplesmente perderam o foco, fugiram de seu propósito como Igreja de Cristo,
se afastaram da Missão de Deus.
Paulo incorporava o modelo natural estratégico da
Grande Comissão que começava com o alcance de indivíduos com vistas ao alcance
do mundo. Não é possível chegarmos a outra conclusão
após uma reflexão sobre estratégia de missão a partir do exemplo de Paulo senão
que, segundo as palavras de Robert Coleman (O plano mestre de evangelismo,
pg. 129): “Não há necessidade de melhores métodos, e, sim, de melhores
homens e mulheres "… que queiram tão somente que Cristo produza a Sua vida
neles e através deles, de acordo com a Sua boa vontade.” Homens e mulheres que,
antes de lançar mãos de métodos, se lançam nas mãos de Deus. Homens e mulheres
com atitude estratégica, mas movidos pelo Espírito.
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Luciano de Azevedo
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