MINISTÉRIO DA RECONCILIAÇÃO
A MENSAGEM E O MENSAGEIRO
(2 Corintios: 5.18 - 6.3)
Ao escrever a sua segunda carta aos coríntios, Paulo escolheu oito verbos para comunicar a natureza da mensagem bem como do mensageiro da nova criação. Estas ações procedem de Deus (v. 18), o Autor e Consumador de nossa salvação.
1. Deus nos reconciliou
consigo mesmo por meio de Cristo (v. 18). Transformou a inimizade que marcava o
relacionamento entre Deus e o homem.
2. Deus deu aos Seus servos o
"ministério" (grego, diakonia) da reconciliação. Os enviados
por Deus têm o privilégio de anunciar os termos da paz entre os inimigos, para
que a reconciliação se realize.
3. Deus estava em Cristo
reconciliando o mundo consigo. Uma verdade profunda afirma esta maravilhosa
verdade da encarnação. Cristo trouxe Deus para o mundo de um modo que podia efetuar a reconciliação do mundo. Deus, a fonte única
de vida, que não pode morrer, morreu em Cristo, Deus encarnado.
4. Deus deixou de imputar aos
homens suas transgressões, porque o seu Substituto tinha pago a conta. Deus não
pode cobrar de nós o que já foi pago pelo Seu Filho.
5. Deus nos confiou a palavra
de reconciliação e assim nos fez Seus embaixadores (v. 19, 20).
Os missionários são
representantes de Deus no mundo. Cuidam dos interesses do Rei divino, tal qual
um embaixador cuida dos interesses do seu soberano.
6. Deus exorta os homens por
intermédio de Seus embaixadores (v. 20; 6.1). Faz tudo para persuadir os
inimigos a aceitar os termos de paz e tomarem-se aliados do Rei. Paulo se
empenhou neste ministério em Corinto. Hoje os servos de Deus tem a mesma
responsabilidade.
7. Deus fez Cristo pecado por
nós (v. 21: cf. Is 53.6), ainda que ele pessoalmente nunca tenha cometido
pecado algum. Unicamente o perfeito Filho de Deus podia ser feito pecado, isto
é, oferta que tira o pecado por meio da identificação. Foi o único que podia
tomar nosso lugar, assumindo nosso castigo na cruz.
8. Deus nos fez justiça de
Deus (v. 21b). A troca maravilhosa operada pela graça de Deus transfere nosso
pecado para a inocente Vítima sacrificial e também imputa a nós a justiça dele.
Seria bom notar algumas verdades fundamentais que Paulo afirma neste trecho. Primeiro, Deus é o autor da salvação. Os verbos todos requerem Deus como sujeito. Segundo, Jesus Cristo é o meio pelo qual a transação salvadora foi realizada. Terceiro, os missionários, evangelistas que ministram as bênçãos da nova aliança são os embaixadores de Deus. Quarto, o mundo é o alvo dos benefícios previstos na mensagem de reconciliação.
Todos os que se envolvem no ministério da nova aliança são cooperadores com Deus (cf. lCo 3.9). Como embaixadores eles procuram convencer os inimigos (incrédulos) de que continuar a lutar contra Deus é vão e prejudicial. No papel de cooperadores, eles tem a responsabilidade de exortar os "cristãos" a não receber a graça de Deus em vão (6.1). Esta graça não é a espécie "barata" que não exige nenhum compromisso com Deus. Demanda uma mudança de atitude, e requer a corrida em direção a santidade (Hb 12.14).
Entendemos, então, que a exortação de Paulo foi no sentido de
encorajar os coríntios a se despojar do pecado e buscar o Senhor e o Seu reino
em primeiro lugar (Mt 6.33). Ele exorta os irmãos a se desvincularem de jugos
desiguais (6.14). Devem viver uma vida separada do mundo e não se misturar
indevidamente com os ímpios. Receber a graça de Deus com proveito seria,
portanto, purificar-se de "toda impureza, tanto da carne, como do
espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus" (7.1).
Há urgência nesta exortação, visto que o único dia da
salvação é o presente (6.2). A prorrogação pode ser fatal. O arrependimento e a
renovação do compromisso com a graça salvadora têm de ser agora. A tremenda seriedade
do ministério não dá abertura para escândalos e tropeços. As falhas dos
ministros facilmente oferecem motivos de desprezar a mensagem. Por isso, Paulo
toma todo cuidado possível para que nenhuma censura ou acusação verdadeira
venha a prejudicar a aceitação da graça por ele anunciada (v. 3).
Creio que Paulo faria um apelo semelhante às igrejas brasileiras neste fim do segundo milênio. O crescimento rápido do povo de Deus no Brasil, a sua juventude e energia, talvez se assemelhem mais aos coríntios do que a outras igrejas do Novo Testamento. O mundo de então, caracterizado por espiritismo, não muito diferente do que se pratica no Rio ou em Salvador, fazia com que Paulo se sentisse preocupado.
A pouca influência da igreja na sociedade
no Brasil seguramente preocuparia o grande missionário. Estranharia a falta de
perseguição, com certeza. Mas o triunfo de Deus continua. Haveria entre nós
mais sabedoria para guerrear contra as artimanhas do diabo? Haveria aqui mais
horror do pecado? Haveria candidatos mais comprometidos com os não-alcançados? Examinemo-nos a nós mesmos.
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