DESAFIOS MISSIONÁRIOS
PORQUE UM MISSIONÁRIO DEIXA O CAMPO?
Por Jeanine Martínez
Existem vários motivos pelos
quais os missionários deixam o campo. Algumas eu experimentei, outras eu
conheci por testemunhos próximos, mas a maioria eu vi durante 25 anos de
serviço com outros missionários.
Escrever sobre este tema aumenta
a consciência sobre os desafios que um missionário enfrenta no campo.
O Senhor é quem chama, mas é responsabilidade da igreja cuidar de
seus missionários para que continuem a servir.
Então, por que um missionário deixa a missão?
AQUI ESTÃO 9 MOTIVOS COMUNS:
1) EXPECTATIVAS IRREALISTAS E REJEIÇÃO DAS PESSOAS
O risco é enorme quando o missionário
chega ao campo com um complexo multitude de salvador-conquistador. Lembremos
que, em muitos casos, Paulo chegou a uma cidade e depois de realizar milagres
apenas alguns acreditaram enquanto outros reagiram violentamente (Atos 14:19).
Quando Jesus enviou seus
discípulos, ele os advertiu de que haveria lugares onde eles não seriam
recebidos (Mt. 10: 14-15). De acordo com João 1:12, a humanidade rejeitou
a Cristo e essa mesma humanidade O crucificou (Lucas 23:31). Não se
esqueça das palavras do Senhor: "Porque se eles fizerem isso na árvore
verde, o que acontecerá com a seca?" (Lucas 23:31).
2) MOTIVAÇÕES INCORRETAS
Somos capazes de tomar as
decisões certas pelos motivos errados. Muitas pessoas saem para o campo
para fugir de problemas familiares ou de autoestima, por exemplo. Isso
revela alguns conceitos errados sobre as missões.
Se, servindo a Deus em missões,
basearmos nossa identidade no ativismo religioso e não em Cristo, estamos
fadados ao fracasso. Deus nos conhece e não pode ser zombado. É vital
que busquemos nossos corações e avaliemos nossas motivações antes de sair para
o campo missionário, porque lá seremos colocados no fogo da provação.
3) DOENÇA OU VELHICE
Os missionários estão propensos a
adoecer: mudanças repentinas em condições climáticas extremas e uma nova dieta
têm consequências.
Em Taiwan, devido à poluição, minha asma piorou a ponto de meus
pulmões funcionarem a 40%. Viagem, bactérias e comida nos dão TD (diarreia
do viajante) quando nos mudamos para outro país.
Eu sou de um país caribenho e
Deus me levou a servir na Mongólia por dois meses de inverno em temperaturas
extremas abaixo de zero, o que era difícil para minha saúde.
Posso testificar que doenças pessoais, juntamente com sistemas de
saúde deficientes, forçam alguns missionários a deixar o campo por algum tempo
(longo ou curto).
Por outro lado, muitos missionários deixam o campo por um parente
doente ou pais idosos que precisam de cuidados permanentes.
Além disso, como é normal, muitos
missionários que passam suas vidas no campo são forçados a deixar o que foi por
décadas sua casa porque chegaram ao fim de sua carreira ministerial.
4) FALTA DE SUPORTE EMOCIONAL E FINANCEIRO
O suporte emocional e financeiro
para o missionário representa uma das maiores deficiências da igreja latino-americana. Esse
problema é antigo. Lembre-se de que Paulo instruiu as igrejas a proverem
para aqueles que estavam engajados na pregação e no ensino (1 Tim. 5: 17-18; 1
Cor. 9: 7-14; Gal. 6: 6).
Se a igreja fornece
financeiramente, mas esquece as necessidades emocionais e espirituais do
missionário, também é negligente. Pela minha experiência, posso dizer que
o acompanhamento e cuidado pastoral é algo que aprecio profundamente da igreja
local que me enviou.
5) MUDANÇAS NAS POLÍTICAS DE IMIGRAÇÃO E OPRESSÃO GOVERNAMENTAL
Por exemplo, na China, o governo
usa várias estratégias para erradicar a presença do cristianismo, como
intimidar os proprietários de casas ou apartamentos alugados a estrangeiros. Isso
acontece quando o governo suspeita que os inquilinos são missionários.
Mesmo quem exerce atividade
empresarial e exerce profissões legítimas está proibido de continuar a alugar
os seus bens. Isso constitui uma “desculpa” para expulsar os missionários
do país, porque ficaram desabrigados.
6) CONFLITOS COM OUTROS MISSIONÁRIOS
Alguns dos missionários deixam o
campo devido a conflitos com outros missionários. Temos a tendência de
esquecer que os missionários são pecadores e que as pressões no trabalho
intercultural tendem a tornar essa pecaminosidade mais evidente.
Por natureza, os missionários são
pessoas de temperamento forte com opiniões fortes, coisas que lhes permitem
sobreviver neste campo de batalha. No entanto, personalidades fortes,
estilos de liderança, posturas teológicas, preferências culturais e outros
fatores criam diferenças que podem resultar em conflito. Se as partes
envolvidas não abordarem biblicamente essas diferenças, isso pode levá-las a um
ponto de ruptura (Atos 15: 37-40).
7) DEPRESSÃO ESPIRITUAL E CRISES EMOCIONAIS GRAVES
Grandes homens e mulheres de fé
passaram por difíceis crises emocionais. O "príncipe" dos
pregadores, Charles Spurgeon, teve longos períodos de depressão e isso pode
acontecer com qualquer pessoa também.
O missionário, como todo cristão, não está isento do fato de que
seu corpo e suas emoções desabam diante das dificuldades.
É por isso que orar por e com
nossos missionários pode fazer uma grande diferença. O esgotamento físico,
emocional e espiritual são os motivos pelos quais muitos missionários sofrem
crises.
Certa ocasião, voltei ao meu país por quatro meses para receber
cuidados de minha família devido a problemas de saúde e fadiga emocional que
causavam insônia severa. Depois voltei ao serviço em melhores condições,
com mudanças para me manter saudável.
8) DIVÓRCIO OU VIUVEZ
Esta é uma das situações mais
estressantes: a separação, o divórcio ou a morte do cônjuge enfraquece um
indivíduo ou destrói uma família. Isso é agravado quando você está longe
de casa, onde não há apoio próximo de sua família ou congregação.
O divórcio é uma triste realidade
entre vários missionários. É o resultado de viver em um mundo decaído,
cercado por pessoas decaídas. Sabemos que o casamento envolve a união de
dois pecadores, e é por isso que é tão triste que às vezes ocorrem separações
por causa do pecado que reinou no lugar de Cristo.
9) SOBERANIA DE DEUS
O missionário não tem uma
designação permanente. No meu caso, eu estava disposto a morrer em Taiwan
e dedicar minha vida a pregar o evangelho.
Eu me preparei para isso; Aprendi a conversar, ler e escrever
em mandarim. Quando Deus indicou que eu deveria me mudar para a América
Latina para servir como missionário na Guatemala, foi muito difícil aceitar. Mas
eu obedeci.
Deus me confirma todos os dias
que esta era sua vontade soberana. Aqui conheci minha esposa. Agora
servimos a igreja juntos na Guatemala e também na América Latina. Isso me
lembra que Deus é soberano e mobiliza seus filhos de acordo com seu propósito
soberano.
Deus sempre cumpre seu plano
Todas as causas acima podem ter
impacto mínimo ou ser evitadas se a igreja se envolver na vida do missionário. A
Palavra de Deus exige que “quando temos oportunidade, façamos bem a todos,
especialmente aos da família da fé” (Gl 6:10).
Em tudo isso, lembremos que sair
de campo não é símbolo de derrota (principalmente quando os motivos são
corretos e compreensíveis).
Deus é soberano e não se surpreende que um missionário tenha que
deixar o campo. Ele usa todas as circunstâncias para cumprir seu plano eterno
de redenção (Ef 2:11).
O Deus de José, que muda o que o homem determinou para o mal e o
transforma para a salvação de muitos, é o mesmo Deus a quem servimos hoje. Seu
amor revelado na cruz é o maior exemplo disso e nossa maior motivação para
continuar servindo.
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Jeanine Martínez é missionária na Guatemala e serve na Iglesia
Reforma. É enviado pela Igreja Batista Internacional, República
Dominicana. Ele tem um Master of Arts em Estudos Teológicos e Liderança
Intercultural do Southern Baptist Seminary (SBTS), e um Master of Science em
Sanitária e Engenharia Ambiental (INTEC). Ela serviu como missionária
transcultural, com foco no ensino da Bíblia, treinamento missionário e
discipulado, no sul e no leste da Ásia por quase 9 anos.
Fonte: Coalition for the Gospel
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