IGREJA PERSEGUIDA - VOCÊ PODE NÃO SABER MAS ELA EXISTE
TRÊS RAZÕES PELAS QUAIS A
IGREJA OCIDENTAL DEVE SE IMPORTAR
O conceito de Igreja Sofredora não é
novo. Normalmente, ele está relacionado com a perseguição dos cristãos ao redor
do mundo. Mesmo que “sofredora” seja um termo tão amplo e até mesmo abstrato,
muitos estão agora se referindo à Igreja Sofredora de uma maneira nova.
O povo de Deus esteve sob outros tipos
de opressão, relacionados à guerra, desastres naturais e instabilidade
política, não apenas perseguição. Como vou apresentar neste artigo, devemos
estar cientes dos desafios que nossos irmãos e irmãs enfrentam e mantê-los
constantemente em nossas orações.
1) PORQUE HÁ UMA ÚNICA IGREJA
“Não há judeu nem grego, escravo nem
livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus”. (Gálatas 3:28)
“Assim, há muitos membros, mas um só
corpo” (1 Coríntios 12:20)
A maioria de nós não compreende a
profundidade do que realmente significa ser uma igreja universal de Cristo.
O Credo Apostólico proclama: “Eu
acredito na santa igreja católica (ou universal)”. Este conceito inclui todos
os verdadeiros cristãos, em qualquer lugar e a qualquer momento. Isso significa
que nossa fé está tão poderosamente conectada, que literalmente transcende o
espaço e o tempo. Recitamos essas frases, cantamos canções que as mencionam,
mas este conceito é quase impossível de ser compreendido pela mente humana.
Você pode imaginar como seria se seu
pastor tivesse sido preso por pregar o evangelho? Ou sua família ser ameaçada
ou ferida fisicamente devido a suas crenças ou ensinamentos religiosos? Você
pode imaginar sua igreja, talvez a igreja onde você cresceu, ser queimada por
radicais? Raiva, tristeza e medo são alguns dos sentimentos que vêm à minha
mente.
Bem, se a igreja é uma, então eu
deveria sentir o mesmo pelo pastor paquistanês que teve que esconder sua
família em uma caverna e deixar seu país depois de ser acusado de blasfêmia
contra o Islã. Eu deveria ser capaz de sentir sua angústia, tendo que esperar
dois anos torturantes para poder resgatar sua família e abraçar seus filhos.
Eu deveria sentir a mesma agonia e
angústia pelas igrejas queimada a cinzas em Orissa, na Índia, ou nas distantes
Ilhas Maluku, na Indonésia.
Se somos uma família em Cristo, eu
deveria me sentir tão desesperado quanto ficaria se isso acontecesse contra
minha própria família, como se fosse eu mesmo enfrentando esses tormentos.
Se somos um só corpo, devemos sentir o
tormento, a dor, a angústia, o sofrimento e a tribulação de todos os nossos
irmãos e irmãs em Cristo.
À medida que começamos a lidar com a
verdade teológica a respeito da universalidade da igreja de Deus, somos
forçados a considerar suas implicações práticas cotidianas.
A única conclusão é envolver nossos
corações, mentes e corpos em favor das almas sofredoras. Simplesmente não há
nenhuma outra conclusão a que um irmão ou irmã cristão possa chegar, já não é
possível ignorar a miséria que nos rodeia. Deus está nos chamando para agir em
nome da família, nossa família em Cristo, ao redor do mundo.
2) PORQUE HÁ UM DISCIPULADO RECÍPROCO
Eu já passei algum tempo com irmãos
perseguidos, especialmente na China e no Oriente Médio. Como missionário,
sempre fui com a intenção de ajudar. Eu era capaz de oferecer treinamento,
projetos iniciais de desenvolvimento junto a muitos outros tipos de serviços.
No entanto, como ouvi de inúmeras outras pessoas que serviram em áreas semelhantes,
eu definitivamente recebi muito mais do que estava oferecendo.
A igreja sofredora nos ensina
resiliência e perseverança. Não é fácil para eles e eles não fingem que é. Mas
eles olham para Cristo e confiam de todo o coração que Deus tem um plano que
envolve seu sofrimento. Paulo diz: “Irmãos, pensem no que vocês eram quando
foram chamados. Poucos eram sábios segundo os padrões humanos; poucos eram
poderosos; poucos eram de nobre nascimento. Mas Deus escolheu as coisas loucas
do mundo para envergonhar as sábias, e escolheu as coisas fracas do mundo para
envergonhar as fortes. Ele escolheu as coisas insignificantes do mundo, as
desprezadas e as que nada são para reduzir a nada as que são, para que ninguém
se vanglorie diante dele” (1 Coríntios 1: 26-29).
Deus usou aqueles pobres e necessitados
cristãos, sobreviventes carregando a aflição da injustiça e que foram
perseguidos por sua fé. Deus usou os mais injuriados e desprezados em suas
sociedades, para me colocar de joelhos, para me ensinar e educar. Este foi o
verdadeiro discipulado.
Pastores que devem existir secretamente
nestes regimes anticristãos são forçados a proteger e encorajar seus rebanhos
sob as tempestades mais difíceis e geralmente não têm o benefício ou o acesso
ao que consideramos uma educação adequada ou treinamento teológico.
Passei um tempo com um ex-pastor
muçulmano do Sudão, que se tornou amigo íntimo e pessoal. Embora este homem não
tivesse 10% do meu conhecimento teológico, eu não possuía 10% da qualidade de
sua caminhada com o Senhor.
3) É UMA OPORTUNIDADE PARA PREGAR O
EVANGELHO E PARA
O CRESCIMENTO DA IGREJA
“Dediquem-se à oração, estejam alertas
e sejam agradecidos. Ao mesmo tempo, orem também por nós, para que Deus abra
uma porta para a nossa mensagem, a fim de que possamos proclamar o mistério de
Cristo, pelo qual estou preso. Orem para que eu possa manifestá-lo abertamente,
como me cumpre fazê-lo.” (Colossenses 4: 2-4).
Richard Wumbrand, o fundador da organização ‘Voz dos Mártires’, passou muitos anos na prisão, como Paulo, o Apóstolo. Ele sofreu uma multidão de atrocidades, como descrito em seu livro Tortura para Cristo (Tortured for Christ).
Em meio a torturas e dificuldades, ele
foi capaz de discernir oportunidades preciosas para compartilhar sua fé. Como
ele descreve em suas memórias: “Estávamos felizes pregando. Eles estavam
felizes batendo, então todo mundo estava feliz”.
Isso é exatamente o que aconteceu no
livro de Atos. Enquanto a igreja era perseguida em Jerusalém, incentivou e
inspirou pregadores e plantadores de igrejas em vários outros lugares na
região. Durante todo o seu sofrimento, haveria oportunidades de ministrar aos
outros.
“E naquele dia houve uma grande
perseguição contra a igreja em Jerusalém, e todos foram espalhados por todas as
regiões da Judéia e Samaria, exceto os apóstolos. E os dispersos foram e
pregaram a palavra.” (Atos 8: 1, 4)
É inegável que a perseguição não só
leva a igreja à ação, mas também gera oportunidades genuínas para alcançar e
testemunhar aos incrédulos. Muitos foram atraídos para o Senhor por causa da
maneira que a igreja sofredora lida com essa opressão e ainda assim consegue
superar.
Nos últimos três anos, a igreja no Irã
tem experimentado um crescimento anual estimado em 19,6%. Os líderes locais da
igreja relatam que muitos jovens têm buscado Jesus, a maioria deles
decepcionados com os comportamentos violentos que caracterizam a fé islâmica na
área.
Na Europa, a crise de refugiados está
transbordando, gerando graves tensões políticas e divisões culturais. A
islamização radical é um problema real e penetrante emergindo numa escala épica
e global. No entanto, há também uma contracorrente emergindo de um
ressurgimento do cristianismo e os valores que ele incorpora. Os cristãos que
foram perseguidos em seus países de origem também estão inundando nações
europeias, revitalizando a paixão por Jesus e plantando igrejas cristãs. Agora,
esses irmãos pregam o Evangelho de uma maneira que não era permitida em suas
próprias terras nativas. Os cristãos árabes também têm sido particularmente
instrumentais na partilha do Evangelho no Brasil e em outras nações em
desenvolvimento, onde o Islã está ganhando força.
Como afirmado anteriormente, não
devemos nos sentir desanimados quando ouvimos como nossos irmãos e irmãs
cristãos sofrem por causa de sua fé. Também não devemos sentir vergonha ou
ficar embaraçados pela relativa liberdade religiosa que Deus nos deu no
Ocidente.
O que é imperativo considerar, no
entanto, é como podemos usar nossa posição para melhor servir aos que
compartilham nosso profundo senso de fé. Como cristãos, temos um imperativo
moral de usar nossos recursos e bênçãos para abençoar aqueles que não têm a
capacidade de compartilhar das nossas liberdades. Devemos identificar como
apoiar eficazmente nossos irmãos cristãos e como mobilizar a igreja em uma
escala global, “especialmente os da família da fé” (Gálatas 6:10).
Fonte: More International
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