NOVAS TENDÊNCIAS NAS AÇÕES EVANGELISTICAS

 



NOVAS TENDÊNCIAS DE INTERPRETAÇÃO BÍBLICO/MISSIONÁRIA E SUAS AÇÕES EVANGELÍSTICAS

 

 

Tenho ouvido, tanto quanto tenho lido e constatado, que há uma nova tendência de interpretação bíblico/missionária em cena, surgida nessas últimas décadas.

Essa nova tendência está se alastrando e se enraizando, aceleradamente, nas práticas de muitas de nossas igrejas e até mesmo nas práticas de algumas agências missionárias. Ela representa uma nova concepção de missões que tende a diminuir o valor e a necessidade do missionário de carreira, tende a diminuir o valor e a necessidade de um preparo missionário adequado, tende a eliminar a realidade das chamadas específicas, no tempo e no espaço, tende a restringir a responsabilidade da igreja unicamente à comunidade onde ela se encontra inserida e tende ainda a determinar preferências, nos alvos da evangelização, a certos seguimentos da sociedade. Sua atuação se concentra mais nos problemas urbanos, com muito pouca ou nenhuma visão e entendimento do trabalho transcultural da igreja.

Essa nova tendência missionária, para a qual já existe uma boa quantidade de literatura, ensino, pregação, etc. têm apresentado várias configurações e interpretações bíblicas diferenciadas. Algumas delas eu ouvi pessoalmente e, sobre outras, eu li.

Vou mencionar algumas, porém, sem citar as fontes das quais eu li, para não melindrar ninguém. Mas é fácil ver como todas essas novas tendências vêm da falta de um entendimento mais correto da verdadeira teologia bíblica da vocação e chamada:

1.    Chamada missionária específica, não existe:

Há os que dizem, hoje, que chamada missionária específica não existe, porque todos os crentes são chamados, porque todos os crentes são missionários. Eles dizem também que trabalho missionário não deve ser feito por uma “minoria” (referindo-se aos missionários de carreira de modo um tanto pejorativo), mas que o trabalho missionário deve ser feito pela igreja como um todo.

Afirmam ainda que somente no primeiro século missões foi praticada de modo correto e que depois (referindo-se aos dois mil anos da História de Missões) a prática foi desvirtuada, porque não foi feita pela igreja, mas por agências missionárias, por movimentos missionários e por missionários de carreira, a quem chamam de “intenção de uma minoria”, afirmando, no fim, que esse movimento foi “desastroso”… Li isso numa apostila de Teologia Bíblica de Missões, de um curso que foi dado em Seminário formador de bacharéis em Teologia. A apostila, por sua vez, citava a fonte da informação. Tratava-se de um escritor credenciado e de uma editora de renome.

2.    Vocação missionária não difere de vocação profissional:

Alguns afirmam que vocação missionária não difere de qualquer vocação profissional (médico, engenheiro, advogado, etc.) nem mesmo difere da vocação (ou missão) de uma mãe ao dar à luz filhos e educá-los.

Ora, se isso fosse verdade, o que teria sido da revelação bíblica se Abraão tivesse optado pela sua antiga profissão de criador de gado e tivesse ficado na Mesopotâmia?

E se o mesmo tivesse acontecido com Moisés, Davi, Amós e outros da antiga aliança, culminando com Pedro, André, Tiago e João, nos Evangelhos, e Paulo, em Atos, todos eles preferindo continuar na profissão que exerciam antes? No meu caso, igualmente, que teria sido de boa parte do meu trabalho, se eu tivesse optado por ficar em São Paulo continuando a exercer a minha antiga profissão de balconista de calçados e de aluno de violão clássico? É claro que todas as profissões são honrosas e qualquer profissional pode servir a Deus em sua profissão e cumprir, assim, a sua vocação de ser uma testemunha de Jesus Cristo.

Mas dizer que chamada missionária (ou pastoral ou outras) é a mesma coisa que a escolha de uma profissão, não é nem bíblico nem coerente com a realidade. O difícil para eu entender isso foi que essa interpretação de missões eu li num livro escrito igualmente por um autor credenciado e publicado também por uma editora de renome.

Para citar um exemplo concreto, ano passado fui assistir à uma cerimônia de lançamento de um livro. Um livro muito bem escrito, por sinal, sobre o evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. O escritor é um odontólogo, membro atuante em sua igreja e apaixonado pela pregação do evangelho. Ele costuma fazer estágios em aldeias indígenas, de quando em quando, juntamente com sua esposa que é enfermeira, abençoando os índios com suas profissões (...). Em agosto, do ano passado, eles estiveram lá na aldeia fazendo tratamento dentário, que é uma das grandes necessidades dos Xerente. Quando chegaram à aldeia, já eram conhecidos da liderança da igreja através do livro, o qual todos já tinham lido e gostado. Eles foram calorosamente recebidos pelos índios, que pediram para eles voltarem para continuar o tratamento. Mas eles nem pensam, sequer, em fazer qualquer comparação entre a vocação deles e a nossa. Eis aí duas vocações bem diferentes, em termos de função, mas, diante de Deus, duas vocações exatamente iguais, diria eu, em termos de qualidade.

3.    O envio de missionários está caindo em desuso: Ouvi, de fonte fidedigna, que certo pastor de uma grande igreja no Brasil, disse a um vocacionado de sua igreja que desejava partir para um campo missionário, que sua igreja não enviava missionários.

Que sua igreja fazia missões como um todo. Disse ainda que se ele quisesse, ele poderia se mudar para o lugar no qual estava pensando, exercer sua profissão lá, dar o seu testemunho, ganhar convertidos, etc. e, quando chegasse a hora de se construir templos, etc. então a igreja iria fazer a sua parte. Mas, enviar e sustentar missionários, era coisa que sua igreja não fazia…

4.    Convocar missionário de carreira também está caindo em desuso:

Ouvi, também de fonte fidedigna, que certo líder de Missões disse, em uma de suas apresentações, numa grande igreja, que não convocava mais missionários permanentes, porque missionários permanentes, segundo ele, não existem mais. Ele só convocava missionários temporários e voluntários em missões.

5.    A restrição geográfica da Grande Comissão:            Há certos modelos de igreja que focalizam, de modo exagerado, sua responsabilidade missionária para com a comunidade onde está inserida (sua Jerusalém).

Ora, isso não é mal, em si, mas o exagero pode levar a igreja a perder a visão do “todo”, como Jesus colocou na Grande Comissão: “todo o mundo”, “toda criatura” e “todas as nações” e como lemos em Atos 1.8: “Jerusalém”, “toda a Judéia” e “confins da terra”.

Li, certa vez, no site de uma grande igreja, lá no link onde eles colocam o título “nossa visão” a expressão: “Nossa Comunidade”. Ora, a comunidade é muito importante, mas a visão deve ser mundial. Essas igrejas que deixam missões distantes de fora, costumam dar a categoria de “Missões” a todo trabalho que fazem em sua Jerusalém. Trabalhos que outrora eram feitos sob a égide do evangelismo, por exemplo, e os que eram feitos sob a égide da assistência social, passam a ser feitos sob a égide de “Missões”. Isso dá a impressão de que a igreja é uma igreja missionária, com um movimento missionário muito grande, mas, o resto do mundo, é esquecido…

Esse procedimento missionário é muito diferente do que diz, por exemplo, Ralph Winter:

“Evangelismo é a prática da evangelização feita dentro do âmbito geográfico e cultural da igreja. Missões é a prática da evangelização feita além das fronteiras da igreja, onde ela cruza barreiras geográficas, culturais e às vezes linguísticas”. (Missões Transculturais – Uma Perspectiva Histórica, pp. 357-398).

Na ordem de Jesus não há primazia em termos geográficos. Jerusalém e os confins da terra devem ser alcançados simultaneamente. O mesmo Jesus que disse ao endemoninhado gadareno: “… Vai para casa, para a tua família, e anuncia-lhes quanto o Senhor fez por ti e como teve misericórdia de ti (Marcos 5.19), disse a Paulo: “ … Vai, porque eu te enviarei para longe, aos gentios.” (Atos 22.21).

6.    A restrição ideológica da Grande Comissão:

Alguns não estão restringindo a Grande Comissão em termos geográficos, necessariamente, mas estão restringindo-a em termos ideológicos.

Há igrejas e movimentos missionários que estão estabelecendo preferências quanto ao tipo de pessoas a serem alcançadas pelo evangelho.

Ultimamente tenho consultado vários sites de igrejas, procurando neles a visão missionária de cada uma. Tenho descoberto que a maioria dos sites de igreja nada trazem sobre missões. Outros falam de missões, porém, com apenas alguns projetos restritamente selecionados, bem ao gosto da liderança da igreja. São poucas as igrejas que apresentam, em seu site, um Conselho Missionário e alistam, ali, os missionários adotados pela igreja.

Vi apenas um (talvez haja outros) que apresentava seu Conselho Missionário, alistava todos os missionários adotados pela igreja e ainda postava as últimas cartas de notícia de cada missionário.

Num determinado site, porém, lendo o link sobre “nossa missão”, percebi que os dois primeiros pontos estavam muito bem colocados. Mas o último dizia: “dando preferência aos que estão em situação de risco’”.

Ora, a visão daqueles que estão em situação de risco, neste mundo, não obstante ser necessária, se for exagerada e, especialmente, se for exclusiva, tirará da igreja a visão do “todos” e a igreja deixará as demais pessoas do mundo fora do projeto missionário de Deus.

Neste caso, onde ficam as pessoas sadias, as que estão em situação segura neste mundo, as pessoas mais abastadas, pessoas da classe média/alta, pessoas de bem, enfim. Elas também não estão incluídas no projeto missionário de Deus? A Grande Comissão não é para “toda criatura”, conforme (Marcos 16.15)?

Mais um exemplo: Certo pastor, questionado sobre a evangelização dos índios, respondeu a seu inquiridor: – Ah, os indígenas estão bem. Eles têm muita terra pra plantar, tem todo apoio do Governo, das ONGs, etc.

Eu prefiro ir atrás dos flagelados, disse… Isso, como se os indígenas não estivessem inseridos no contexto da Grande Comissão – “panta ta ethne” – ‘todas as etnias’. (Mateus 28.19). Ora, um indivíduo, visto que ele não pode ir, pessoalmente, pelo mundo todo e em direção a todas as pessoas, ele tem que fazer opções quanto ao seu ministério. No meu caso, por exemplo, eu optei pelos indígenas, deixando os demais nas mãos de Deus. Mas, uma igreja, como agência, por excelência, do reino de Deus, na terra, não pode fazer opções ou determinar preferências. Sua visão deve ser a visão do mundo todo, de todas as pessoas, de todas as nações.

7.    A teologia da Missão Integral com ênfase exclusiva nos pobres:

Ora, que Missão Integral é a missão bíblica, e que é a única que espelha a “Missio Dei”, não há a menor dúvida. Mas o evangelho integral é para todos, não somente para os pobres. Muitos, com a exagerada preferência para os pobres, estão como que criando uma nova Teologia da Libertação. Certa vez eu estava fazendo uma palestra sobre esse assunto para um grupo de alunos de missões indígenas e perguntei se eles achavam que eu estava exagerando.

Imediatamente, levantou-se uma veterana missionária aos índios e contou que certa igreja que a adotava por muito tempo, suspendera a adoção porque foi desafiada, depois de um determinado seminário, a transferir a quantia que ela recebia, mensalmente, para a compra de cestas básicas para os pobres…

O enfoque hoje sobre evangelização de pobres, flagelados e aqueles que estão, como dizem, em situação de risco, é grande e quase que exclusiva.

Quando se lê, no dia de hoje, periódicos missionários e se ouve de igrejas e entidades que estão fazendo missões, é quase certo que a maioria está fazendo missões entre as classes menos privilegiadas.

Missões para as pessoas de bem, para os bons cidadãos, para os mais abastados, para aqueles que lotam nossos melhores restaurantes nos fins de semana, aqueles que enchem nossos lagos e litorais com seus barcos, iates e jet ski, missões para profissionais, artistas de rádio e televisão, desportistas, etc. está caindo em desuso. Até mesmo certas organizações que outrora exerciam papel preponderante no alcance dessas pessoas, estão hoje em declínio. Jesus não agiu assim.

O mesmo Jesus que disse: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar boas novas aos pobres… (Lucas 4.18a), gastou também o tempo necessário com um homem rico, Nicodemos, para colocar os pés dele para dentro do reino de Deus. (João 3.1-21).

O que Jesus nos ensina com isso? Ensina que todo aquele que tem seus pés fora do reino de Deus, seja pobre ou rico, “está em situação de risco…”

Não queria entrar muito nesse assunto, mas preciso dizer que alguns estão equivocados sobre o sentido de Missão Integral. Acham que Missão Integral é missão para pobres. Puro engano!

A Missio Dei é integral da primeira à última página das Escrituras. E isso para todas as pessoas, em todos os lugares e em todas as situações, independente de raça, cor, status social ou poder aquisitivo. As Escrituras jamais ofereceram para alguém, um evangelho dicotomizado. É claro que Missão integral inclui os pobres, mas não preferencialmente e muito menos exclusivamente. Missão Integral é como bem colocou Valdir Steuenager:

“O evangelho falava de mim e do outro, especialmente do pequeno e do pobre. O evangelho falava do corpo, da alma e do espírito. Ele falava da pessoa e dos sistemas e estruturas onde elas vivem. Falava do passado e do presente e apontava para o futuro de Deus. O evangelho mostrava um Jesus que anunciava e vivia o reino de Deus, e me convidava a segui-lo nas sendas da esperança desse reino.” (A Missão Integral nem é tão integral assim!), Ultimato online [ultimato@ultimato.com.br], edição de 25/05/2014).

Missão Integral, ou MI, como a trata Steuenager, inclui os pobres, sim, mas inclui muito mais do que isso. Tem a ver com a estrutura de sociedade em que as pessoas vivem, sejam elas pobres ou ricas. Tem a ver com a história, a cultura e as tradições das pessoas. Tem a ver com corpo, alma e espírito e tem a ver, em última análise, com a visão do reino de Deus e não com visões particulares.

Em Xerente, por exemplo, não existe palavra para pobre e rico. O colega que fez a tradução do Novo Testamento para a língua Xerente, Pr. Guenther Carlos Krieger, teve que “fabricar” juntamente com sua equipe de tradutores nativos, expressões descritivas na língua indígena para essas duas palavras: Pobre, ficou: rom kõ tdêkwa ‘aquele que não é dono de nada, e rico, ficou: rom zawre tdêkwa ‘aquele que é dono de muitas coisas’. Mas a sociedade Xerente é igualitária e sua estrutura é essencialmente integrada. Lá não se faz as tradicionais dicotomias que fazemos por aqui, como material versus espiritual, religioso versus profano, animado versus inanimado, corpo versus alma, e assim por diante.

Em Xerente, a palavra para alma ‘dahêmba’ é usada também para corpo. Quando se quer fazer a diferença entre uma coisa e outra, tem-se que fazer uma “ginástica” linguística muito grande…

Assim, o único evangelho que serve para o Xerente é o evangelho integral. Menos que isso, não teria sido aceito, como foi, mesmo que lá não se fala de pobres e ricos.

Certos estavam, pois, os organizadores do I Congresso de Evangelização Mundial, de Lausanne, Suíça, 1974, ao colocarem como tema do Congresso, o slogan: “O evangelho todo, para o homem todo no mundo todo”.

 

 

 

Agora, se estamos falando de “Responsabilidade Social da Igreja”, isso é outro assunto. A preocupação e a responsabilidade social com os pobres, viúvas e outros, é um mandamento bíblico tanto no Antigo Testamento como no Novo. Todo esforço que a igreja fizer para aliviar as dores daqueles que não somente carecem da mensagem da vida eterna, mas vivem miseravelmente neste mundo, sem as regalias dos demais, é pouco.

Mas, priorizá-los, em detrimento dos demais, negando a esses as chaves que abrem as portas do reino de Deus, não é fazer missões, segundo a Bíblia.

Aprendi, na minha experiência com os Xerente que “Missão Integral” é uma coisa e “Responsabilidade Social da Igreja” é outra.

Assim, desafio aqui os teólogos para elaborarem estudos mais aprofundados sobre o assunto…

8.    Ações missionárias inspiradas em programas humanitários:

Por fim, parece que muitos estão apenas imitando os movimentos de assistência social levados a efeito pelas emissoras de rádio e televisão, pelos empresários, desportistas e especialmente pela Rede Globo, movimentos esses muito bem divulgados pela mídia.

Muitos dos trabalhos sociais de certas igrejas e movimentos missionários não diferem muito do que essas instituições vêm fazendo. Essa prática seria o resultado de falta de iniciativa, falta de uma visão mais ampla das Escrituras, ou seria mesmo só uma questão de ibope…?

Outro dia eu estava pensando nas crianças indígenas que precisam ser preparadas para o contato com nossa civilização, que será tanto mais complexo quando elas chegarem à idade adulta.

Falei isso com alguém e logo veio a pergunta: Mas não há ninguém pensando nisso? Respondi: Não há, mas eu garanto que se a Globo, por exemplo, iniciasse um programa com crianças indígenas, no Brasil, é certo que um número enorme de igrejas e de agências missionárias evangélicas iria correr atrás do assunto e fazer o mesmo…

Ora, o resultado de tudo que se disse acima, é que agências missionárias transculturais que precisam de missionários de carreira e bem preparados, como também as próprias escolas de preparo missionário sério, estão sentindo a falta de obreiros, estão sentindo a falta de candidatos.

Com isso, trabalhos transculturais estão sendo prejudicados, o sustento dos missionários de campo tem diminuído, tanto quanto tem sido difícil mantê-lo e o número de missionários de carreira convocados é quase ínfimo, diante da convocação em massa de missionários temporários e de voluntários em missões. A pergunta é: Por que descurar de uma atividade missionária para incrementar outra? Não poderíamos fazer ambas as coisas ao mesmo tempo, com o mesmo enfoque e com a mesma intensidade?

Fazer missões é fazer missão no mundo todo, para todas as pessoas, independente de raça, cor, status social, poder aquisitivo, classe social ou de se considerar as pessoas integradas ou não à sociedade. Afinal, os bons cidadãos, as pessoas de bem, a classe média e os mais abastados (aqueles que levam a carga do desenvolvimento de seus países, que fabricam roupas pra gente vestir, comida pra gente comer, etc.), como bem todas as pessoas integradas em todas as nações e minorias étnicas do mundo, têm o direito de ouvir o evangelho da mesma forma que os pobres, os flagelados e aqueles que estão, como dizem, em situação de risco.


Pastor:  Rinaldo de Mattos

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