O PAPEL DA IGREJA NO REGRESSO DO MISSIONÁRIO
INTEGRAÇÃO DO MISSIONÁRIO APÓS O REGRESSO
Ajudar seu missionário a integrar-se, acontece em dois níveis: imediato
e a longo prazo.
INTEGRAÇÃO IMEDIATA
a) Faça com que seu missionário seja recebido por pessoas da igreja no
aeroporto. Não todo mundo, mas um bom grupo que diga: “Estamos contentes por
você estar de volta!”.
Ouvi de uma comissão de boas vindas que foi para o aeroporto dois dias
depois que o missionário chegou. Felizmente, pelo menos seus pais tinham
confirmado o dia certo da sua chegada e estavam lá para recebê-lo!
b) Prepare um lugar para ele ficar: “Paulo e Barnabé ficaram ali muito
tempo com os discípulos” (Atos 14.28)! É digno de nota que, das doze palavras
gregas que traduzimos por “ficar”, a que é usada aqui significa “esfregar,
gastar pelo uso”. Em outras palavras, sua estada com os discípulos em Antioquia
foi longa o suficiente para limpar seu relacionamento de todo sentimento
estranho.
Quando você mora com alguém, você sabe onde as lâmpadas de reserva são
guardadas. Você não está apenas acampado no hall de entrada. O lugar em que o
missionário irá ficar, seja com amigos, familiares ou num lugar próprio,
precisa estar preparado antes que ele venha. E ele precisa estar preparado para
as acomodações que você está providenciando para ele.
Numa igreja que recentemente trouxe para casa seu primeiro missionário
com sua família, o pastor de missões disse: “A máquina de lavar e a secadora
estão conectadas na rede elétrica, os eletrodomésticos estão no lugar, a
geladeira está forrada e o telefone está ligado. Creio que estamos prontos!”.
c) Tenha pronto um meio de transporte para eles: um carro emprestado ou
um carro barato que pode ser novamente vendido quando eles retornarem ao campo.
Uma missionária que retornara disse: “Eles não apenas tinham um carro
confortável à minha espera, mas também um crédito ilimitado de gasolina no
posto!” É importante que o missionário que voltou para um período de
reciclagem, visita e férias tenha independência e liberdade para se locomover.
d) Providencie refeições para os primeiros dias. Convide-os, leve pratos
prontos. Abasteça a dispensa deles. Inclusive com algumas guloseimas. Leve-os
para comer no restaurante favorito deles. Mas seja sensível. Não dificulte para
eles a possibilidade de dizerem “NÃO”.
Alguns missionários dizem: “Mal posso esperar voltar para o campo. Não
terei de comer tanto!”
e) Vá fazer compras com eles. Eles podem não saber o que está na moda e
sair andando por aí com aparência estranha sem mesmo sabê-lo!
f) Talvez eles tenham feito exames médicos completos antes de partir do
campo. Se não os fizeram, pergunte se eles gostariam que você marcasse as
consultas com médicos, dentistas, oculistas – de graça, com desconto, ou pagas
pela igreja?
g) Depois de alguns dias de descanso, marque uma reunião – talvez um
junta-panela – em que o missionário possa encontrar várias pessoas ao mesmo
tempo. Um chá das mulheres é muito bom para que as missionárias se atualizem e
novamente se sintam parte do lugar. Repito, porém: seja sensível. Nos primeiros
dias da semana os missionários podem querer ficar sozinhos.
INTERAÇÃO A LONGO PRAZO
Ajude os missionários retornados a integrar lentamente sua identidade e
estilo de vida no novo ambiente. Eles têm a oportunidade e o desafio de ser
agentes positivos de mudanças – pessoas que podem ajudar de modo concreto todos
vocês em casa a ver o mundo mais e mais da perspectiva de Deus.
Esteja aberto para suas novas ideias e maneiras de fazer as coisas.
Procure por maneiras criativas de ajudar seu missionário a trazer uma
perspectiva global para os seus amigos.
Quais grupos de pessoas poderiam estar interessados em ouvir seu
relatório?
A assistência do culto de domingo?
As classes de escola dominical?
Os grupos familiares?
Grupos de oração?
Escolas públicas e particulares?
Outras igrejas?
Programas de rádio e televisão?
Um artigo no jornal?
Vale a pena escrever um livro sobre a sua história? Deixe o gênio
criativo de Deus ampliar sua visão das maneiras em que seu missionário pode
compartilhar suas experiências. Você pode, com isso, facilitar as entrevistas
com eles.
Paulo e Barnabé, ao voltarem para Antioquia, tiveram a oportunidade de
“reunir a igreja e relatar tudo o que Deus tinha feito por meio deles e como
abrira a porta da fé aos gentios” (Atos 14.27).
O texto bíblico diz em seguida que Paulo e Barnabé permaneceram em
Antioquia por algum tempo, ensinando e pregando a Palavra de Deus (Atos 15.35).
Em outras palavras, chegou a hora de retornar o ministério em que eles
tinham estado engajados antes. No devido tempo – se ele não retornar ao campo –
assumir um ministério na igreja deve ser um objetivo para seu mensageiro
transcultural. Isso pode ser na área em que serviam antes.
Mas também pode ser que sua experiência de ministério da sua igreja com
pessoas de outras nacionalidades que vivem por perto. Ou para preparar os novos
candidatos para a obra missionária. Ou para desenvolver um ou muitos aspectos
de uma equipe enviadora forte.
COMO PERSONALIZAR O APOIO NA VOLTA DO MISSIONÁRIO
Os vários membros da família podem ter preocupações especificas na
reentrada:
1. O marido pode precisar de ajuda Quando a família volta do campo, o
marido sente a pressão e a ansiedade da responsabilidade como provedor:
O sustento financeiro pode ter diminuído porque eles não estão mais no
campo. Porém as despesas provavelmente são maiores aqui em casa. Tome a
iniciativa de falar sobre dinheiro. Talvez você possa ajudar financeiramente,
talvez não. Mas você ajudou a “tirar o assunto do armário”. Deixe-o verbalizar
as necessidades da sua família. Só isso já pode ajudar a definir prioridades. E
o Espírito Santo pode inspirar uma solução totalmente inesperada. Vá devagar
com isso, mas há de chegar a hora em que será preciso ajudá-lo a falar sobre os
planos futuros. “Que meio de vida você pensa em procurar?” “Você está pensando
em voltar a estudar?” “Em voltar para o campo?”
2. Por trás de todo grande homem há uma grande mulher! No campo ela
provavelmente tinha um papel muito mais ativo no ministério do que agora.
Providencie oportunidades em que ela possa compartilhar as suas experiências.
Se as reuniões públicas da igreja não são apropriadas, marque encontros em sua
casa.
Com freqüência a esposa do missionário suportou muitas pressões para
equilibrar o ministério e administração da casa, e sua necessidade de
compartilhar é igualmente válida. Ela está contente com a casa que a igreja
alugou para eles, acarpetada, com três quartos e dois banheiros. Mas não sabe
como limpá-la! É provável que no campo ela tivesse uma ajudante que cozinhava
para ela. Ajude-a a readquirir a habilidade de usar os equipamentos da casa.
Ofereça-se para lhe dar uma mão por algum tempo.
3. Os filhos dos missionários são crianças comuns. Os filhos de
missionários que moraram no Japão, no Congo, no Egito ou em Hong Kong
freqüentemente não sabem onde se encaixam! Aqui é sua terra natal, mas talvez
nunca tenha sido o seu lar. Um menino de catorze anos, voltando para o campo
depois de um ano em seu país, escreveu uma redação, na sala de literatura do
primeiro ano do segundo grau, com o título: “O que eu gostaria de dizer às
pessoas lá em casa”.
“Quero responder algumas perguntas que me fizeram. Não, não moramos em
casas de pau-a-pique. Não, não comemos comidas “estranhas”. A comida é comum.
“Filhos de missionários não são perfeitos. Somos humanos e temos falhas e
virtudes como todo mundo. Quando vocês, consciente ou inconscientemente, nos
tratam como se fôssemos perfeitos, nos sentimos pressionados por vocês (que não
têm esse direito) e então pelos nossos pais. “Não, os filhos de missionários
não são super-homens. Os poucos que agem assim quando estão de férias em casa
provavelmente estão tentando ocultar o choque cultural pelo qual estão
passando. Só porque você é filho de missionário não quer dizer que você conheça
sua Bíblia melhor que os outros.
Enquanto estive em casa, constantemente alguém me perguntava versículos
e coisas na Bíblia das quais eu nunca tinha ouvido falar. Ai ficavam chocados e
cochichavam nas minhas costas. “Não, filhos de missionários não costumam andar
descalços, vestindo trapos. A dona Fulana viu uma foto minha com uma camiseta
rasgada cheia de manchas de uma tinta e concluiu que eu não tinha nada melhor
para vestir. Por favor, mandem mais dinheiro!
O dinheiro enviado aos missionários nunca é suficiente. Mesmo se às
vezes parece que meus pais não estão fazendo nada, eles estão! Nossos amigos
daqui podem lhes confirmar isso.” Como você pode dar apoio a um filho de
missionário que volta para a sua terra:? Com todo carinho, compreensão, tato,
sabedoria e paciência que você dedica aos seus pais que estão retornando.
4. Solteiro e satisfeito! Esse título de um livro pode lembrar aos
enviadores que os solteiros também precisam de apoio especifico na reentrada.
Poucas pessoas casadas compreendem as necessidades do ministério de um
missionário solteiro. Poucos casais percebem a falta de sensibilidade e até
grosseria não intencional que os adultos solteiros enfrentam mesmo em círculos
cristãos.
Às vezes a reentrada é mais difícil para um solteiro. Pelo menos os
membros de uma família têm uns aos outros para conversar. Solidão,
perplexidade, incapacidade para se relacionar com outros solteiros de hoje, e o
desejo de continuar a vida podem atolar a missionária que retornou na areia
movediça da alienação e da depressão. Você precisa estar a seu lado para
salvá-la disso! Esteja presente para ouvir e servir como sua “unidade de tratamento
intensivo.
Nós somos o corpo de Cristo. Somos uma comunidade
de crentes. Precisamos uns dos outros. Que Deus possa desafiar você a ser parte
de um grupo de apoio na reentrada. Isso faz parte da missão de enviar”.
Texto extraído do Livro "Missão de Enviar" Como sustentar o
seu missionário. Neal Pirolo. Ed. Descoberta.
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