MISSÕES SEM FRONTEIRAS
O QUE É MISSÕES?
Por Wal Cordeiro
Diretor Intercessão&Eventos - JOCUM
Um casal de missionários recém chegado para
trabalhar na Índia estavam à beira do rio Ganges - rio que corta quase todo
país indiano. O casal orava e observava atentamente as pessoas que ali faziam
suas preces, que se banhavam nas águas sujas do rio, depositavam os cadáveres
de seus entes queridos seguindo as leis do Hinduísmo e a multidão de turistas
que ali estava para fotografar e receber uma bênção especial do rio mais
sagrado, misterioso e adorado da Ásia.
De repente, uma cena estranha e bizarra lhes roubou
a atenção. Uma mulher que descia em direção ao rio, com passos firmes e
rápidos, segurava em seus braços uma criança imóvel e indefesa.
Aquela mulher
ao aproximar-se da margem do rio, desenrolou a criança que estava se mexendo
lentamente e a lançou com toda força nas correntezas do Ganges. Tudo foi muito
rápido, estranho e inesperado.
As águas barrentas do rio engoliram ferozmente a
pobre criança indefesa, que não teve nem tempo de dar o último suspiro.
Como
será a reação de alguém que está se afogando em águas fundas e escuras de um
rio? E como se sente uma criança de colo que se afoga sem ter o direito de
chorar?
Após essa ação trágica e triste, a jovem mulher prostrou-se diante das águas e
começou a fazer alguns rituais e súplicas. Coisas estranhas aos olhos de um
cristão, que não está acostumado a ver tais práticas.
O casal de missionários, perplexo, resolveu se
aproximar da jovem mulher para abordá-la, fazer-lhe algumas perguntas e, quem
sabe, ajudá-la a mudar de vida:
- Quem era aquela criança? - Perguntou o casal.
- Era meu filho - Respondeu firmemente a jovem
mulher.
- Você o amava?
- Claro que sim, eu o amava muito. Era meu único
filho.
- Então, por que você o jogou no rio para que ele
morresse?
- Porque o deus que eu sirvo me pediu como
sacrifício vivo. Apenas o obedeci!
Naquele instante, diante de tal resposta, o casal
movido de muita compaixão e amor por aquela mulher que estava cega pela
religião hindu, começou a falar-lhe sobre o amor de Deus por nós e o sacrifício
que já foi feito por Jesus na cruz, para que não precisássemos mais fazer esse
tipo oferenda viva. Eles gastaram algumas horas conversando e orando por aquela
jovem senhora.
Ela entendeu o plano de salvação e com o coração quebrantado e
arrependido, entregou a sua vida para Jesus. Decidiu abandonar aquela religião
maldita.
Depois que entendeu o erro que havia cometido ao
lançar o único filho ao rio, a mulher com os olhos cheios de lágrimas e
soluços, fitou o casal de missionários e exclamou em alta voz:
- Se vocês tivessem vindo a algumas horas antes,
para me falar sobre Jesus e o amor de Deus, o meu filho não estaria morto. Eu
ainda o teria comigo em meus braços!
O que você faria se fosse um dos missionários que
presenciou aquela cena inusitada? Qual seria a sua resposta à aquela jovem e
triste mãe? De quem é a culpa, quando tanta gente morre sem conhecer a Cristo?
Cenas como essa estão se repetindo diariamente no
mundo. Pessoas que vivem debaixo do jugo do diabo e clamam pelo evangelho.
Pessoas que precisam apenas de alguém que vá até elas para lhes falar do amor
de Deus. Pessoas que não sabem para onde ir, que necessitam de ajuda espiritual
e ser alcançadas pela graça de Deus através da sua igreja.
Quando pensamos em missões, pesa sobre nós uma
grande responsabilidade e privilégio de sermos co-participantes com Cristo na
ação redentora da humanidade. Privilégio tal, que nem os anjos poderiam
desfrutar, pois foi conferido apenas aos embaixadores de Cristo na terra.
Você
e eu!
Hoje, fala-se muito sobre missões no Brasil. Usamos
até jargões que dizem: "Missões está no coração de Deus", ou,
"Deus tinha um único Filho e fez dEle um missionário", quem sabe esse
outro que diz: "pede-me e te darei as nações por herança", ou ainda,
o versículo mais usado nas conferências missionárias, que nos exorta dizendo:
"Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o
Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a
Judéia e Samaria, e até os confins da terra". Atos 1: 8.
A primeira parte do versículo é fácil de ser
explanada. Quem não gostaria de ser cheio do Espírito Santo? Quem não gosta de
poder? Mas, espere um pouco antes de você almejar ser cheio do Espírito. O
restante do versículo é banhado de compromisso e muita responsabilidade. Será
que estamos dispostos a obedecer ao chamado de Jesus? Transmitir esse poder
como testemunhas vivas, aos que ainda
não o conhecem?
Alguns até obedecem e focalizam apenas Jerusalém.
Outros vão até a Judéia e Samaria. Mas quem se arrisca ir até os confins
da terra?
A verdade é que, omitimo-nos quando temos que
assumir a responsabilidade de orar, alcançar as nações, ou enviar um
missionário a um povo (nos confins da terra) que está distante do nosso
arraial.
É mais cômodo trabalhar num lugar onde vemos os resultados imediatos;
que poderão ser trazidos para nossa igreja.
Até deturpamos a Palavra de Jesus
dizendo que devemos alcançar primeiramente a nossa Jerusalém (cidade onde
moramos), depois ir para Samaria, até chegar nos confins. Se você observar nas entrelinhas do versículo
acima proferido por Jesus, notará que o Senhor não nos ensinou assim e a
palavra não pode ser traduzida pela metade, o chamado é integral.
Ele disse que
a nossa responsabilidade de alcançar Jerusalém é a mesma que temos para atingir
os confins da terra. Por isso ele usou os termos “ tanto - como”. Que quer
dizer que o trabalho deve ser desenvolvido simultaneamente. Isto é, tanto no
bairro onde eu moro, como nas montanhas geladas do Tibete.
Tanto em Contagem,
cidade onde moro, como nas aldeias indígenas. Tanto em Minas Gerais, estado
onde eu moro, como na Arábia Saudita. Tanto no Brasil, país onde eu moro, como
na América, África, Europa, Ásia, Oceania, ou em qualquer outro lugar do mundo
onde existem pessoas que precisam ouvir sobre as Boas Novas de Salvação. A
responsabilidade é a mesma e esta foi dada a igreja. O trabalho deve ser feito
ao mesmo tempo.
A igreja foi chamada para evangelizar, ser luz e
sal neste mundo tenebroso. Quando perde ou não vive essa visão, não tem motivo
para existir, pois o fim das coisas que fazemos na terra, não deve ser a nossa
própria glória mas sim a glória de Deus. Isso só pode ser alcançado quando nos
envolvemos na obra de reconciliação da humanidade com Cristo, que veio para
salvar o que se havia perdido.
Entendemos, então, que missões é mais do que
realizarmos uma conferência missionária uma vez por ano em nossas igrejas. É
saber que existe uma grande massa de pessoas que precisa ser evangelizada.
Que
precisa ser discipulada, e este envolvimento deve ser sempre, o ano inteiro.
Missões é se envolver de corpo e alma no maior projeto de vida estabelecido
pelo próprio Senhor Jesus Cristo. É ter a consciência que Deus nos chamou para
esse projeto tão espetacular e a Sua palavra nos garante esse chamado.
Vejamos
abaixo o que a bíblia nos diz sobre missões e o nosso envolvimento com o alcance mundial:
1 - Somos
chamados para sairmos pelo mundo e pregarmos o evangelho.
"E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai
o evangelho a toda criatura" (Marcos 16: 15).
As Boas Novas do Evangelho foram deixadas na terra
por Jesus, para toda a raça humana. Por isso, devemos ir por todo mundo, e não
apenas para algumas regiões. O "Ide" é imperativo e não opcional.
Este é o nosso chamado como corpo de Cristo, é a nossa responsabilidade: ir e
pregar o evangelho.
2 - O Senhor
nos capacita e nos dá poder para
realizarmos a obra missionária.
"E eis que sobre vós envio a promessa de meu
Pai; ficai porém, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder"
(Lucas 24: 49).
"E estes sinais acompanharão aos que crerem:
em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em
serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e
porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados" (Marcos 16: 17, 18).
O Senhor nos chama, o Senhor nos capacita! Ele quer
que façamos a obra missionária com um coração cheio de amor pelas almas
perdidas e cheios do Seu Poder, para podermos impactar aqueles que estaremos
evangelizando. Só podemos fazer assim quando somos cheios do Espírito Santo. Se
não for assim, faremos apenas um mero trabalho evangelístico. Para vermos
grandes resultados e termos uma boa colheita para o Reino de Deus, é necessário
o trabalho do nosso ajudador, o Espírito Santo.
3 - Somos
chamados para discipularmos as nações.
"Portanto ide, fazei discípulos de todas as
nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que
eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a
consumação dos séculos" (Mateus 28: 19,20).
O evangelho é completo. Quando alcançamos as
pessoas para Jesus, temos a obrigação de ajudá-las, isto é, discipulando-as,
ensinando-as, ajudando-as a guardar a palavra de Deus e treinando-as para que
possam continuar a jornada passo a passo com Jesus, pois mesmo diante das
perseguições e tribulações, estarão arraigadas e fundamentadas na Palavra de
Deus.
Para isso acontecer, é necessário tempo e disposição do discipulador.
Tempo esse que será de grande importância para aqueles que estão dando os
primeiros passos nos caminhos do Senhor, para aqueles que estão tomando o leite
espiritual.
4 - O
próprio Senhor Jesus Cristo é quem nos envia ao mundo.
"Disse-lhes, então, Jesus segunda vez: Paz
seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós"
(João 20: 21).
"Eis que vos envio como ovelhas ao meio de
lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as
pombas" (Mateus 10: 16).
Não teríamos razão ou motivação para fazermos a
obra de Deus, se não fosse debaixo da autoridade de Jesus. O grande segredo
está em saber que o próprio Senhor da terra nos envia para anunciar a salvação.
A igreja apenas cumpre o papel de intermediária em missões. Cumpre a
responsabilidade de cooperadora com Cristo. Mas o envio é feito pelo Senhor
Jesus, e é isto que nos garante a vitória e os resultados do trabalho.
5 - Depois
de cumprirmos a grande comissão, virá o fim.
"E este evangelho do reino será pregado no
mundo inteiro, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim"
(Mateus 24: 14).
Sabemos que existe uma grande mobilização
missionária entre as agências e organizações. Nunca houve tanta integração
entre os líderes de missões como nos últimos tempos. A urgência é tamanha, a
necessidade é agora e o Senhor tem pressa. Por isso, o Espírito de Deus está
inquietando muita gente na igreja para fazer missões.
Não podemos nos desanimar quando nos deparamos com
os gigantes que estão pela frente. Quando olhamos as estatísticas dos povos que
ainda precisam ser alcançados, principalmente na Janela 10/40.
A nossa responsabilidade
com estes povos não é de salvá-los, e sim alcançá-los com o evangelho; de
pregar a palavra de Deus para eles. A outra parte é do Espírito Santo, que veio
para convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo.
Se desgastarmos as nossas forças achando que temos
de salvar todos, jamais cumpriremos o ide;
nunca virá o fim e jamais Jesus voltará. Portanto, não se desanime com
os desafios, apenas obedeça a Deus pregando o evangelho. Por isso que Jesus
deixou para dar a comissão aos discípulos nos últimos dias seus aqui na terra.
Para que essa mensagem missionária jamais saísse dos seus corações. Para que
fosse maior o amor pelos perdidos e a disposição de evangelizá-los do que o
medo de não conseguir cumprir o ide diante da realidade do mundo atual.
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