ENVIO DE MISSIONÁRIOS - PARTE 3



QUEM SÃO OS ENVIADOS?





Os vocacionados são enquadrados em três categorias:  

AQUELES QUE SÃO ENVIADOS SEM SEREM CHAMADOS

É o caso dos falsos profetas, segundo a profecia de Jeremias:

“Não deis ouvidos às palavras dos profetas, que vos profetizaram a vós, ensinando-vos vaidades; falam da visão do seu coração, não da boca do Senhor. (...) Pois quem dentre eles esteve no concílio do Senhor, para que percebesse e ouvisse a sua palavra ou quem esteve atento e escutou a sua palavra (...).

Nos últimos dias entendereis isso claramente. Não mandei estes profetas contudo eles foram correndo; não lhes falei a eles, todavia eles profetizaram. Mas se tivessem assistido ao meu concílio, então teriam feito o meu povo ouvir as minhas palavras, e o teriam desviado do seu mau caminho, e da maldade das suas ações” (Jr 23.9- 40).

Esta passagem é bastante atual, pois, como está escrito: “Nos últimos dias entendereis isto claramente” (Jr 23.20).

Jesus nos advertiu dos falsos profetas que vêm a nós vestidos de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores. É pelos seus frutos que os conheceremos e não pelas suas palavras, aparências e milagres realizados.

Temos que tomar mais cuidado no processo de escolha de obreiros. Paulo, falando do perfil dos líderes (1Tm, cap. 3), se preocupou mais com os aspectos morais e espirituais do que com a formação acadêmica deles.

Disse que eles precisavam ter um bom testemunho dos que estão de fora, para que não caiam em opróbrio e no laço do diabo; recomenda primeiro que sejam provados, depois, então, exercitem o ministério.

AQUELES QUE SÃO CHAMADOS MAS NÃO SÃO ENVIADOS

São crentes que sofrem com problema de consciência pelo resto da vida porque um dia foram chamados pelo Senhor, mas resistiram à voz do Espírito Santo, e por vários motivos (se casaram com alguém que não tinha a mesma chamada, escolheram uma outra profissão, tiveram deslizes morais, faltou renúncia etc.) não atenderam ao chamado.

Provérbios 1.24-33 fala daqueles que rejeitam o convite da sabedoria e as conseqüências da sua obstinação: “Mas, porque clamei, e vós recusastes; porque estendi a minha mão, e não houve quem desse atenção; antes desprezastes todo o meu conselho, e não fizestes caso da minha repreensão; também eu rirei no dia da vossa calamidade (...), então a mim clamarão, mas eu não responderei; diligentemente me buscarão, mas não acharão”. Que Deus possa ter misericórdia de todos aqueles que são chamados por Ele, para que não cheguem a este estado!

AQUELES QUE SÃO CHAMADOS E SÃO ENVIADOS

Não obstante a toda a sua relutância; às suas deficiências; às suas ansiedades; a todas as coisas que precisam renunciar; a todas as oposições; e ao peso da responsabilidade pela grandeza da missão, eles fazem uma completa rendição: “Eis-me aqui, envia-me a mim” (Is 6.8). “(...) Não fui desobediente a visão celestial” (At 26.19).

O CANAL DO ENVIO

O papel da igreja Sendo que Deus é aquele que chama e envia, qual é o papel da igreja?

Colaborar com Deus neste processo. Esta declaração é confirmada em Atos 13.1-4, com o envio dos missionários Paulo e Barnabé.

São alguns termos que definem bem o papel da igreja:

A IGREJA SEPARA (PREPARA):

“Separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra que os tenho chamado”;

A IGREJA ORA (CONSAGRA):
“Então, depois que jejuaram, oraram e lhes impuseram as mãos”;

A IGREJA ENCOMENDA À GRAÇA DE DEUS (CULTO DE ENVIO):

“E dali navegaram para Antioquia, donde tinha sido encomendados à graça de Deus para a obra que acabavam de cumprir” (At 14:26; 15.40);

A IGREJA DESPEDE (PROVIDENCIA OS MEIOS):

“(...) os despediram”;

A IGREJA COMUNICA (SUSTENTA):

“(...) Nenhuma igreja comunicou comigo no sentido de dar e de receber, senão vós somente” (Fl 4.15).

As igrejas fundaram duas instituições para facilitar todo este processo: os seminários teológicos e as Juntas ou agências missionárias.

Patrick Johnstone, em seu livro A Igreja é maior do que você pensa declara que a evangelização mundial ainda não foi completada por causa da falta de unidade.

Esta declaração tem base bíblica, pois Jesus, na sua oração sacerdotal (Jo cap.17) disse que a nossa unidade é o que faria o mundo crer nele.

A unidade proposta por Jesus é diferente da proposta pelo movimento ecumênico, que sugere uma unidade institucional (entre as religiões). Vejamos. Jesus se refere de uma unidade espiritual. “Para que todos sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também, eles sejam um em nós” (v. 21).

A unidade espiritual está em três fatores:

NO AMOR - “(...) Para que haja neles aquele amor com que me amaste” (v. 26);

NA PALAVRA – “E eles guardaram a tua palavra” (...) a tua palavra é a verdade” (vs. 6 e 17);

NA SANTIFICAÇÃO – “Eles não são do mundo (...) santifica-os na verdade” (vs. 16 e 17).

O Senhor Jesus também fala de uma unidade missionária – “Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que me deste para fazer” (v. 4). “Manifestei o teu nome aos homens” (v. 6).

“Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo” (v. 18). “Para que eles sejam perfeitos em unidade para que o mundo conheça que tu me enviaste” (v. 21).

O que é defendido é a parceria no serviço de um para com o outro, dessa maneira a igreja se torna aquilo que Deus sempre quis – uma igreja perfeita para o seu Filho, para reinar com Ele por toda a eternidade.

Nós estamos aquém deste ideal, entretanto, todo esforço deve ser feito para consertar pontes quebradas de interpretação e comunhão, e estabelecer um relacionamento prático no trabalho em todos os níveis. Assim nós, a Igreja, devemos ser um em amor, no poder do Espírito Santo, e na visão para um mundo perdido”.
O que muitos seminários, sem vocação missionária, tem oferecido aos seus alunos é a disciplina Missiologia e às vezes, é só para constar em seus currículos.

Quando eu era seminarista fiz esta matéria com um professor que não tinha vivência missionária, e não me lembro dele ter incentivado os alunos a pensarem sobre missões com seriedade.

Mais triste do que isso aconteceu em um seminário  quando um candidato deu a sua entrevista para ser admitido como aluno e o entrevistador, que era o próprio reitor, perguntou-lhe em que tipo de ministério queria se envolver quando terminasse o curso.

O candidato respondeu que queria ser um missionário. Aquele reitor lhe disse então que o seminário não poderia recebê-lo, porque a sua direção era acadêmica. Sendo assim, deveria voltar para casa e repensar a sua vocação; se decidisse pelo ministério pastoral, então poderia voltar, pois seria admitido sem nenhum problema.

Graças a Deus porque ele tem operado na vida daquela instituição. Recentemente, eles introduziram o curso de missões, e este tem sido procurado por muitos vocacionados para essa obra.

POR QUE MUITOS SEMINÁRIOS NÃO ESTÃO DANDO ÊNFASE A MISSÕES?

Talvez porque considerem os missionários pertencentes a uma categoria inferior de obreiros. Parece que este (pre)conceito depreciativo vem desde o tempo apostólico, por isso Paulo faz o seguinte desabafo:
“Porque tenho por mim, que Deus a nós, apóstolos [os que são enviados = missionários], nos pôs por últimos, como condenados à morte; pois somos feitos espetáculos ao mundo, tanto a anjos como a homens. Nós somos loucos por amor de Cristo, e vós sábios em Cristo; nós fracos, e vós fortes; vós ilustres, e nós desprezíveis. (...) Até o presente somos considerados como refugo do mundo, e como a escória de tudo” (1Co 4.9-13).

Os missionários sendo considerados pelo mundo como refugo até dá para entender, mas serem considerados desta maneira pelos seminários, realmente não dá para aceitar mesmo!

Os seminários devem preparar servos e não chefes, e os missionários são servos, assim como as demais categorias de obreiros. “O maior dentre vós será o vosso servo” (Mt 23.11).

Muitas agências missionárias têm dificuldade em colaborar com os seminários e as igrejas A igreja local tanto é fonte de recursos para os seminários como para as agências missionárias.

A parceria implica em responsabilidades recíprocas. O apóstolo Paulo define a relação que deve existir entre as igrejas e os missionários (Juntas missionárias) como uma colaboração mútua no sentido de "dar e de receber” (Fp 4.15).

Seria bom que as Juntas missionárias envolvessem as igrejas não somente no sustento material e espiritual dos missionários, mas também na tomada de decisões e em projetos missionários.
Muitas igrejas preferem se isolar Este isolamento se dá por alguns motivos.

Analisemos

Porque a igreja tem perdido a visão e todo o entusiasmo pela obra missionária;

Porque a igreja continua com o seu ardor missionário, mas prefere fazer a obra sozinha, deixando assim de colaborar com as nossas Juntas missionárias.
Há alguns anos, circulou um material ´mpresso que enfatizava: “Quem faz missões é somente a igreja”. O problema está com a palavra “somente”.

Talvez o autor deste artigo e as igrejas que pensam assim estejam certos em suas motivações, mas correm o risco de perder a visão do todo e chegar ao exclusivismo.

Quero lembrar que Paulo foi enviado pela Igreja de Antioquia, mas houve um grupo de igrejas que participou efetivamente do seu ministério.

Ele mesmo definiu a fórmula de fazer missões: cooperação. Ele estava sempre procurando a interação das igrejas e dos missionários. “Pois nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus” (1Co 3.9).

CONCLUSÃO

O envio de missionários só vai cessar quando o último povo for alcançado e o último homem tiver a oportunidade de crer em Cristo. Deus é aquele que chama e envia e aqueles que são chamados devem dizer: “Eis-me aqui, envia-me a mim”. Devem andar como é digno da vocação com que foram chamados (Ef 4.1).

A Igreja, em perfeita colaboração com as suas duas instituições (seminários e Juntas missionárias), deve equipar (aperfeiçoar) os santos para a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo.

Cabe à igreja selecionar, sob a direção do Espírito Santo, os que serão enviados; encomendar, à graça de Deus, os que são enviados; e manter uma perfeita comunicação “no sentido de dar e de receber” (Fp 4.15).

A igreja missionária perfeita é a junção de duas igrejas:

A de Antioquia - que separou, orou, encomendou à graça de Deus e despediu seus vocacionados;

E a igreja de Filipos - que manteve a comunicação com os missionários, garantindo o seu sustento.

Que o Senhor nos ajude a seguir o modelo dessas duas igrejas e que possamos atender três desejos do coração de Jesus quanto à obra missionária.

Oremos para que o Senhor da seara possa enviar mais trabalhadores para a sua seara; sermos um, perfeitos em unidade, para que o mundo creia; e pregarmos ao mundo inteiro, em testemunho a todas as nações.

Comentários

POSTAGEM MAIS VISITADA

APRENDIZAGEM DE LÍNGUA

ESQUECERAM DE MIM...

ANTROPOLOGIA CULTURAL