TESTEMUNHO DE UMA MISSIONÁRIA NA INDIA
MISSIONÁRIA RÚBIA
LOPES
Localizada no Sul da
Ásia Central, a Índia é um país quase três vezes menor que o Brasil em
extensão, mas que tem uma população quase seis vezes maior! Em Maio de 2000
nasceu o bebé que elevou a população indiana a mil milhões de habitantes,
ocupando a posição temporária de segundo país mais populoso do mundo,
Já que as previsões
indicam que neste século XXI, irá ultrapassar a população de China, se não forem
intensificados os esforços para controlar o seu crescimento demográfico com
programas mais eficientes de conscientização e esclarecimentos junto da
população mais carente, onde geralmente as famílias têm maior número de filhos.
A Índia ficará assim
o país étnica e socialmente
mais dividido do mundo, com seus mais de três mil diferentes grupos, entre
tribos, castas e sub-castas.
Nos nossos dias, a
Índia segue na história, atraindo milhares de turistas do mundo todo, que
diariamente se mobilizam para lá, fascinados por tudo que faz parte da sua
civilização, sem igual no planeta Terra. O grande desafio do presente, continua a ser a elevação do seu nível de vida.
Missões na Índia
A Índia figura entre
os países que mais carecem da pregação do Evangelho, dado o enorme número de
pessoas que ainda não tiveram oportunidade de ouvir as Boas Novas de Jesus.
Segundo os últimos
dados estatísticos disponíveis, a Índia tem 82% de hindus, 11% de muçulmanos e
2,6% de cristãos. Neste número, 2,6%, estão incluídos os católicos, os membros
da Igreja Mar Toma e outros pseudos cristãos como
as Testemunhas de Jeová e os Mormons.
A tolerância
religiosa defendida pelo hinduísmo, de certa maneira nos facilita a
evangelização dos hindus, que facilmente aceitam a Jesus, pois Ele representa
apenas mais um deus no seu panteão de 33 milhões de deuses. O que se torna
árduo na nossa tarefa é conduzi-los à compreensão de que Jesus Cristo é o Único
Deus verdadeiro! E esse trabalho demanda tempo, sabedoria, unção, paciência e
muito amor!
Chamada missionária
Sou brasileira
nordestina, nascida no estado do Rio Grande do Norte; o maior produtor de
petróleo em terra, no Brasil. No entanto, aos seis anos de idade meus pais
resolveram fixar residência na bonita e turística cidade de Fortaleza, no
Estado do Ceará. Ao longo do litoral cearence encontramos uma
bonita e distinta paisagem, formada por extensas praias e dunas.
Paralelo a essa
beleza natural, eu também contava com o aconchego de uma calorosa, unida,
religiosa e tradicional família. Somos uma numerosa família de nove filhos.
Todos nós fomos batizados ainda em tenra infância, na Igreja Católica,
frequentamos catecismo, fizemos primeira comunhão e, também fomos crismados.
Quando adolescente fui líder carismática e coordenadora da pastoral na
comunidade onde morávamos.
Dirigi círculos
bíblicos em diversos lares, e participava ativamente dos trabalhos de
evangelização em presídios, asilos e orfanatos. Nunca pensei em ser freira,
pois sentia-me vocacionada a maternidade.
O hábito da leitura
das Sagradas Escrituras cultivado pelos meus pais, desde a minha infância,
ajudou-me na compreensão de que eu era uma pessoa extremamente religiosa, porém
sem vida com Deus.
Eu sempre acreditei
que precisávamos “fazer alguma coisa”, tais como as boas obras que eu vinha
realizando, para ganhar o favor de Deus e irmos para o céu. Na verdade quase
todas as religiões acreditam nisso também! Tentamos chegar a Deus à nossa
maneira e entendimento...
Fui evangelizada por
uma amiga na Universidade e a partir daí, percebi a discrepância entre o meu
discurso e a minha prática de vida. Vi que apesar da vida religiosa eu vivia em
pecado. Era uma pessoa sem domínio próprio, portanto, entregue aos desejos e
cobiças carnais. Por mais que me esforçasse, não conseguia conservar o meu
espírito e a minha carne dentro dos limites da moralidade, por não conseguir,
também me abster de vícios físicos, emoções e pensamentos vis.
Sempre fui uma pessoa
manipuladora. E em tudo queria tirar vantagens. Mas, agora a vida
irrepreensível daquela minha amiga me constrangia e me conduzia com ternura a
uma séria reflexão sobre a minha própria vida. Foi então, quando entendi que
ela havia experimentado aquilo que a Bíblia nos fala acerca do novo nascimento.
Minha amiga começara
a mostrar-me um Jesus que até então, eu não conhecia. Um Deus pessoal que
estava bem mais interessado em mim do que em meu “trabalho para Ele”. O Deus
vivo e que desejava ser meu melhor amigo. Conduzida desta forma pelo Espírito
Santo de Deus em dezembro de 1991 percebi minha condição de pecadora carente da
graça de Deus; reconheci, também, que o meu egoísmo separava-me da convivência
com esse Deus Santo. E com entendimento e firmeza de convicção entreguei o
senhorio da minha vida a Cristo numa decisão consciente, e portanto, em nada
emocional e alienante.
A despeito do preço
do discipulado a que Jesus nos chama, e fascinada pelo brilho da emoção que
começava a desfrutar nessa nova relação com Jesus, gradualmente vi minha vida
sendo transformada. De fato, o conhecimento da verdade liberta! Obedecer aos
mandamentos de Jesus se constitui a minha maior ambição, desde aquele
maravilhoso dia.
E, assim em 1993
participando de uma Conferência Missionária na Igreja Betesda em Fortaleza,
ouvi o Espírito de Deus me desafiando a fazer parte da Comissão de Seus
discípulos espalhados pelos confins da terra testemunhando de Jesus! Nessa
época, eu era funcionária da Universidade Federal do Ceará.
Apesar de ainda estar
no quadro administrativo, já havia logrado êxito no Concurso interno da Universidade
e aguardava o chamado para assumir posição no quadro docente do Departamento de
Pedagogia, e assim, realizar o meu sonho profissional de tornar-me professora
universitária. Paralelo a essa atividade, eu também estava bem engajada nas
atividades da Betesda, tais como: professora da Escola
Bíblica Dominical; discipuladora de novos
convertidos; evangelismo no Presídio Feminino de Fortaleza e líder na mocidade.
Tudo isso me conduzia
a uma vida bem estável. Mas a convicção daquele chamado me desafiava a renunciar
tudo e seguir a Cristo! E de forma profética em julho de 1994 durante uma
vigília de oração o Espírito Santo delimitou em meu coração os limites
geográficos, a cultura e as tradições do povo indiano, me orientando para o
centro da vontade de Deus.
Deus ama os indianos
e eu poderia ser um canal ou instrumento em Suas mãos para fazer circular Seu
cuidado e amor por essa gente.
Em Janeiro de 95 eu
já estava pisando no solo indiano e assim iniciando o processo de concretização
da vontade Divina para a minha vida. Tomar essa decisão não foi fácil! O que
poderá me acontecer na Índia? Poderei ser mordida por uma dessas grandes cobras
que vemos a serviço dos inúmeros encantadores nas esquinas desse país?
O que terei que fazer
para adaptar-me ao tempero picante deles? Essas eram algumas das dezenas de
perguntas que me atormentavam a mente frente ao desafio de vir morar na Índia.
Hoje, passados quase 7 anos, quando olho para trás vejo que isso era a soberana
mão de Deus me guiando.
Suas promessas para
todos aqueles que incondicionalmente Lhe obedecem, tornaram-se uma realidade na
minha vida! A Bíblia nos diz em 1ª Coríntios 2:9 que
“...nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano
o que Deus tem preparado para aqueles que O amam”.
Viver na Índia não
tem sido fácil para mim. Claro que eu nunca fui mordida por nenhuma cobra
encantada ou qualquer outra coisa parecida; apesar de ter enfrentado muita
dificuldade na adaptação à pimenta nos primeiros meses, as massalas (tempero
indiano) e especiarias da cozinha indiana já conquistaram definitivamente o meu
paladar.
E ao retornar de
férias ao Brasil, já enfrento o choque cultural reverso e sinto dificuldade nos
primeiros dias ao degustar nossa “doce” comida brasileira. Fora isso, muitas
outras benções têm fluído na minha vida!
Por exemplo, em
setembro de 1998 em outro passo de fé e obediência à Ele, casei-me com um
comprometido e consagrado cristão indiano. Em maio de 2000 fomos abençoados com
o nosso primeiro filho - Asaph Raj . E, no início
desse ano (2002) vemos novamente Suas promessas se cumprindo nas nossas vidas,
pois estou grávida de dois meses.
E com muita gratidão
a Jesus desfrutamos dessa fase novamente, já consagrando essa vida ao louvor do
nome D'Ele nesse País. Nosso casamento tem sido uma benção e temos visto o nome de Deus ser glorificado através das nossas
vidas e relacionamento. Continuamos confiando Nele em todos os desafios.
Dependemos de Sua liderança e conselho em todas as decisões e empreendimentos
que realizamos.
Gostaria de encorajar
a todos vocês a buscarem o mesmo para suas vidas. Lembrem-se que Deus nos fala
através de Sua Palavra - a Bíblia Sagrada. Sua Palavra é Sua carta de amor para
todos nós. Seu filho amado Jesus, deu Sua vida para nos salvar.
Se o recebermos como
Senhor e Salvador pessoal, Seu Espírito Santo vem fazer morada em nossos
corações e, nos capacita a andar em Seus caminhos e vivermos como Ele aqui
viveu. Isso é processo real.
Não há fórmula, ou
oração mágica que nos garanta resultados e bençãos repentinas. É preciso gastarmos tempo na Sua presença O conhecendo
e aprendendo a ouvir a Sua voz com temor e obediência. “... Seguir a Jesus, é
verdadeiramente, o mais fascinante projeto de vida” . Eu posso garantir isso!
A vida na Índia
Estou na Costa
Ocidental da Índia há 6 anos e 7 meses e com auxílio do Senhor, já me sinto bem
aculturada. Os costumes, alguns hábitos e tradições já se confundem com os meus
e, me vejo pensando dentro da mentalidade indiana, mesmo estando de “férias” no
Brasil.
As imagens, as cores
e o cheiro do Brasil (com todas as suas cebolas...) já não me vêm à mente com
tanta facilidade! As lembranças que antes eram tão fortes e doloridas, já
começam a ficar embotadas na minha memória.
No tocante às
dificuldades de adaptação, uma merece destaque: a alimentação! O indiano adora
pimenta tipo malagueta. E quase tudo se come com pimenta na Índia; para vocês
terem uma ideia, até certos biscoitos têm pimenta...
Os seis primeiros
meses não foram fáceis! Enfrentei uma séria gastrite e até fui hospitalizada,
mas depois de poucos meses de tratamento eu estava completamente curada! Quando
Deus chama, Ele envia, unge, cura e abençoa!
Como já falei
anteriormente, hoje passados quase 7 anos já me sinto “bem indianizada”. Mas
isso era inevitável, pois durante esse tempo todo, muita coisa aconteceu na
minha vida. Vejam: estive morando em comunidade por quase dois anos. Éramos
seis moças morando em uma pequena casinha com apenas três cómodos. Nosso quarto
era milimetricamente dividido para comportar nossas três beliches.
Depois desse tempo,
senti o Senhor dirigindo os meus passos para estar sozinha, uma vez que o grupo
se dividia e cada uma seguia o “mover da nuvem de Deus”.
Permaneci na Costa
Ocidental da Índia por orientação divina e, confesso que meu coração desejava
voltar para o Brasil. Mas a graça de Jesus superabundou na minha vida para que
eu permanecesse fiel à visão inicial recebida.
Assim, morei
dois anos sozinha; em setembro de 1998, por
orientação clara de Deus entendi Seu plano para a minha vida pessoal e casei-me
com o engenheiro electrônico indiano António
Francisco; e, abril/99 concluí meu mestrado numa universidade indiana, pois
antes do meu casamento, meu Visto era de Estudante e, eu precisava estudar para
ter uma razão legal para permanecer na Índia.
Em Maio de 2000 o
Senhor nos abençoou com o nosso filhinho – Asaph Raj. E actualmente, ao lado do António Francisco, dirijo uma pequena
congregação, que chamamos de “Igreja Caseira”.
Tentamos expressar
nessa igreja o retrato fiel dessa cultura, sem no entanto, permitir que nossa
postura se oponha ou fira os princípios bíblicos e a moral.
Depois de todas essas
experiências, era natural que eu me sentisse já “meia indiana”, não é verdade?
Fazer tudo para
adaptar-me aos indianos, tem sido o meu grande desafio desde que aqui cheguei
em Janeiro/95. Algumas vezes isso é fácil e indolor. Outras vezes não! Mas
graças a Deus, tenho alcançado vitórias em muitos aspectos. Já não mais faço
comparações entre os costumes desse povo e os nossos no Brasil. Agora já me
sinto bem mais confortável e, até mais elegante em nossos bonitos punjabs.
Comer de talher tem
sido um hábito abandonado por mim, uma vez que percebi que os indianos estão
com a razão, pois comer à mão é de fato mais gostoso! Passado esse tempo já
compreendo melhor a língua e a mentalidade deles. Aprendizagem esta, de grande
importância para a comunicação do Evangelho para essa gente.
Ah... Não pensem que
tenho assimilado tudo, não! Pois ainda não “me libertei” do papel higiénico....
(risos). No entanto, estando em casa de indianos, passo sem ele sem problema;
pois de fato eles não usam papel higiénico. Até mesmo na casa das pessoas
pertencentes às castas mais favorecidas. A higiene é feita com água utilizando
a mão esquerda e, por essa razão essa mão é considerada imunda.
Portanto, saibam que
cumprimentar um indiano com essa mão, pode ser considerado um insulto para ele.
Quando aqui cheguei, não encontrávamos papel higiénico com facilidade, e
somente as farmácias o vendiam. Hoje com a invasão dos estrangeiros e o “avanço
das facilidades” para atrair os turistas, já encontramos papel higiénico,
internet, cabines telefónicas e fax em qualquer esquina ou mercearia, até mesmo
nas aldeias mais modestas.
Bem... Queridos, o
que estou tentando dizer é que, apesar de ser próprio da nossa natureza
preservarmos tudo o que pertence à lembrança e memória da nossa Pátria, não
devemos introduzir nada mais além da nossa fé ao povo que Deus tem nos dado por
herança. Pois tenho visto “in loco” que quando o missionário ataca os
costumes locais, ele geralmente provoca alienação e revolta. Aqui fica a minha
“deixa” para sua reflexão e oração pelos missionários que você conhece em
terras distantes.
Motivos de oração:
1. Quebrando as
fortalezas das trevas: A Índia foi o berço de muitas religiões pagãs, desde o
hinduísmo ao budismo nas suas diferentes formas. Há quem considere o hinduísmo,
a maior religião da Índia (82% da população), não propriamente como uma
religião, mas uma família de religiões, um complexo de crenças onde podem
escolher entre o panteísmo, politeísmo, monoteísmo, agnosticismo e até o
ateísmo.
Embora acreditem em
três deuses principais, Brahma o criador, Vishnu o preservador e Shiva o
destruidor do mal, têm muitos mais deuses, cujo número não se conhece ao certo,
por estarem sempre abertos a aceitar mais um.
O hinduísmo mostra-se
tolerante para com as outras religiões afirmando que há em todas elas, pontos
de semelhança e muitas vezes afirmam que há muitas maneiras de se olhar para um
objecto, nenhuma das quais nos dará uma visão total, embora cada uma seja
inteiramente válida em si mesma. No entanto, na prática, nem sempre esse pacifismo
tem funcionado devido a certos extremistas hindus.
Neste ambiente,
proclamar o Deus único, para um hindu culto, soa a alguma coisa de bárbaro de
incivilizado, pois se trata dum novo deus que o hinduísmo se oferece para
receber no seu seio e em paga dessa hospitalidade, quer correr com todos os
outros. Mas talvez isto não seja muito diferente do primitivo cristianismo em
relação dos deuses da antiga Roma e Grécia.
2. Cobertura
espiritual para os missionários: Não é fácil ser mensageiro de Jesus nesta nação
com uma cultura tão diferente da brasileira. Orem por protecção espiritual;
integração cultural; capacidade de renúncia e identificação com o povo;
aprendizagem das línguas (há uma infinidade de dialectos na Índia); e por
suprimento vindo de Deus, nas diferentes áreas e necessidades da vida
espiritual, material e emocional.
3. Por estratégia de
trabalho e obreiros: Nós sabemos que somos como gotas d’ água no imenso oceano,
e que dificilmente os missionários transculturais irão evangelizar esta nação com
diferentes países. Mas os próprios indianos poderão ganhar Índia para Jesus!
Creio que a nossa grande contribuição será no treinamento desses indianos; no
preparo para a divulgação da mensagem de Jesus; e no fortalecimento da Igreja
local. E nesse sentido, vejo que nossa contribuição é de grande valor!
4. Livraria
evangélica: É uma das duas únicas pequenas livrarias no Estado em que nos
encontramos e funciona como um verdadeiro Centro de Evangelismo. Lá nos
reunimos para discipular os novos
convertidos; realizamos reuniões de oração e criamos oportunidades de acesso à
Palavra de Deus. E para tanto, temos como meta principal abençoarmos a todo os
visitantes que lá apareçam com um folheto evangelístico e se esse visitante
manifestar interesse por uma Bíblia ou livro qualquer, não tendo condições de
pagá-lo, nós o apresenteamos! O Senhor tem nos confiado este ministério e suprido todas as nossas necessidades.
Ressaltamos, para finalizar que aceitamos doações de Bíblias, livros e folhetos
evangelísticos em português ou inglês. (a)
Sem mais e no temor
do Senhor
Carinhosamente
Missionária Rúbia
Lopes
``````````````````````````
(a) Caso pretenda
ajudar este trabalho com doação de bíblias, livros ou outro tipo de ajuda, por
favor, entre em contacto com o responsável por esta página, irmão Camilo camilocoe@gmail.com a fim de lhe indicar a pessoa
que poderá encaminhar a sua ajuda, conforme o local em que estiver no Brasil ou
em Portugal. Poderão ser bíblias e livros usados, se estiverem em bom estado de
conservação, pois por vezes o mais caro é o transporte.
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