ENTENDENDO A GRANDE COMISSÃO




QUEM É O MELHOR MISSIONÁRIO DO MUNDO?

Muitos desejam agradar a Deus fazendo Sua vontade e deixando um legado em torno da própria existência. Também é assim na vida de um missionário.
É normal vermos missionários se inspirarem na vida de pioneiros. Na verdade os missionários experientes são ícones devido ao alto nível de renúncia, desprendimento e paixão pela causa dos perdidos.
As biografias missionárias estão repletas de testemunhos de pessoas que fizeram de suas vidas o palco onde Deus foi, de fato, o protagonista.
Diante de testemunhos marcantes, como o de William Carey, Adoniram Judson, David Brainerd e tantos outros, podemos fazer uma reflexão apropriada sobre o que é ser um verdadeiro missionário. Muito mais: podemos estabelecer qual é o melhor missionário do mundo. Como assim? É possível afirmar quem é o melhor missionário do mundo?
Quais seriam os indicadores e parâmetros a serem utilizados? Os indicadores poderiam aferir a medida exata de um missionário excelente que realmente cumpre a sua missão? Quem poderia apontar para alguém e dizer que está diante de um missionário da mais alta qualidade e eficiência? O melhor missionário do mundo é aquele que preza apenas pelos perdidos e esquece todo o restante da vida, como família e responsabilidades sociais? É o inflamado pela glória de Deus a ponto de deixar para trás um estilo de vida presumível para os irmãos comuns da igreja? Afinal de contas, quem é o melhor missionário do mundo?
Com certeza, o melhor missionário é o que vai a campo, sai do mundo das idéias e inspirações e consegue criar um roteiro de vida em torno daquilo que era apenas um projeto no papel.
Depois de partir, o melhor missionário é o que prega a mensagem correta: Jesus Cristo pronto para ser experimentado e vivido por qualquer pessoa que O invocar. É o que faz discípulos gera dos sob Sua direção ética e moral, culturalmente redimidos.
Muitos missionários têm chegado a lugares distantes levando uma mensagem trabalhosa e ineficiente. Atravessam oceanos e andam extensas praias para fazer um prosélito de uma ideia (Mt 23:15), um rito, um método, uma religião, mas não discípulos de Jesus. O melhor missionário do mundo só tem uma mensagem: Jesus Cristo.

Com certeza, o melhor missionário é o que vai a campo, sai do mundo das idéias e inspirações e consegue criar um roteiro de vida em torno daquilo que era apenas um projeto no papel.

É lamentável, mas sabemos de centenas de pessoas que se dizem chamadas, mas que viram tudo o que Deus disse que seria, desvanecer com o passar dos anos. Por fatores como casamento, trabalho, profissão, lazer ou hedonismo, muitos vocacionados não conseguem avançar.
A IGREJA E OS  APOIADORES
Não é possível ir e fazer missões senão a partir da igreja local. É ela quem segura a corda em todos os aspectos para que o melhor missionário do mundo desça o poço em busca do perdido. Na verdade, é a igreja quem o envia.
Antes de tudo, é a própria igreja quem identifica suas necessidades para a formação e o suporte ao missionário, como capacitação lingüística, o ingresso em um seminário teológico – zelando pela sua eficiência ministerial –, os cuidados médicos e odontológicos e os demais aspectos básicos para que a jornada não se torne mais pesada e desafiadora do que se propõe a ser.
É possível observar constantemente a desenvoltura de missionários que são enviados e honrados pela igreja local. São mais leves, mais seguros e notadamente têm um real senso de pertencimento, pois fazem parte de uma ordem lógica e sensata.
A saúde e a estabilidade do envio responsável se contrapõem à realidade de missionários auto-enviados. Eles sofrem porque, ao mesmo tempo, têm de segurar a corda e descer o poço.
É desconcertante e triste ver pessoas de um lado da igreja sem condições básicas de subsistência, enquanto, do outro lado, temos uma igreja abastada procurando onde empreender seus recursos.

Ir ao campo sem o apoio efetivo da igreja é estar fadado a um baixo aproveitamento e um extensivo desgaste.

É expressivo o número de missionários que, ao nascimento do terceiro filho, são forçados a voltar do campo devido a escassas condições financeiras. Ir ao campo sem o apoio efetivo da igreja é estar fadado a um baixo aproveitamento e um extensivo desgaste. As más condições comprometem pontualmente o avanço efetivo da Grande Comissão.
MOBILIZADORES DE MISSÕES
Ninguém faz missões sozinho. No século XVIII, grandes missionários ingleses tinham seus reprodutores de notícia pelas igrejas da Inglaterra a fim de levantarem novos missionários, recursos financeiros e intercessores. As notícias recebidas vinham das cartas amareladas, procedentes de países longínquos, trazidas por navios mercantes.
Biografias marcantes, como a de Charles T. Studd e Hudson Taylor, contam que homens incendiados pelo desejo de pregar Jesus aos perdidos faziam suas reuniões desafiando e recrutando pessoas para irem aos confins da Terra. Era normal ver panfletos afixados nos postes das cidades anunciando o horário e o local da reunião. Os vocacionados e os financiadores eram despertados a partir dessas iniciativas.
Conheço missionários holandeses e americanos que têm grupos muito bem organizados em suas cidades ou nos estados natais. Essas equipes cuidam de todas as coisas enquanto os missionários estão no campo. Preparam a volta para férias, organizam descansos, marcam checkups de saúde, providenciam lazer e ajudam o missionário a alinhar a visão com a missão de tudo o que está sendo realizado em campo.
Logo, é o grupo que está pela Missão e não uma pessoa ou uma família isolada. É preocupante encontrar missionários que não cultivam grupos de apoio. Eles são como crianças inocentes e ingênuas falando sobre a vida adulta. É importante compreender que missão é feita corporativamente; nunca individualmente.
A FAMÍLIA
Ao ir para os quatro cantos do mundo, o missionário saudável leva consigo toda a responsabilidade de estar em missões com cônjuge e filhos. Eu me lembro de ter sido impactado ao visitar um casal de missionários brasileiros na Europa, por ver seus filhos já adultos, professando sua fé em Jesus Cristo e tendo boa profissão e testemunho no local de trabalho. É uma alegria muito grande saber que esse casal cuidou daquilo que o Senhor confiou a eles e que não se perdeu durante os longos invernos missionários.
O preço que se paga por ir sem cuidar da família é completamente desproporcional a toda e qualquer conquista que se possa ter no ministério. Igrejas se plantam, bases se constroem, mas filhos perdidos mostram que ser o melhor missionário do mundo é muito mais que “fazer missões”; é fazer discípulos, a começar pela própria casa.
Pesquisas de agências missionárias apontam que é expressiva a porcentagem de missionários que abortam a missão durante os dois primeiros anos no campo. No livro “Valioso demais para que se perca”, editado por William D. Taylor, é possível ver que as razões são inúmeras, mas relacionamentos conjugais desestruturados, não ter uma igreja enviadora séria e comprometida, problemas com relacionamentos ministeriais e finanças estão entre os principais motivos para o retorno prematuro de muitos missionários.
Dessa forma, é importante ressaltar que o melhor missionário não é só o que vai, mas o que volta na hora certa. E “voltar” nem sempre tem o sentido de regresso à casa, à família e ao país. Está ligado ao cumprimento do propósito, com o fato de levar a cabo a missão para a qual foi designado. Não importa se volta para casa ou morre no campo.
Conheço pessoas que voltaram de suas missões, mas permaneceram no país, como homens que morreram na África. Eles foram enterrados debaixo de árvores, mas plantaram uma geração de igrejas. Encerraram a missão, mas permaneceram no campo. Outros, após 30 anos fora de seu país, longe do convívio da família, retornaram como quem voltou de uma viagem longa e agora estão de volta para o resto da vida...
...O melhor missionário do mundo volta do campo, regressa para sua igreja local, para a família e o grupo de apoiadores, junta-se a eles e agora pertence à equipe de presbíteros. São homens de caráter aprovado. Tornam-se verdadeiros exemplos e inspiração para os jovens vocacionados, inexperientes, mas que estão cheios de visões de Deus e desta fala convicta: “Eu creio que o Senhor me chamou”.
Sendo assim, o melhor missionário do mundo cumpre as três etapas da Grande Comissão. É importantíssimo ir, assim como é essencial voltar, mas deixar sucessores é maravilhoso! É um verdadeiro selo de garantia da obra missionária. Nosso Senhor Jesus cumpriu sua missão e deixou seus sucessores. Obras ainda maiores realizaram (Jo 14:12): levaram o Evangelho até os confins da Terra.
O trabalho autóctone é originalmente bíblico, pois é a habilidade transcultural do Evangelho de estabelecer discípulos nos quatro cantos do mundo. Não existe maior alegria do que passar anos numa terra distante, por instrução do Espírito Santo, e deixar um legado: discípulos que o sucedam naturalmente. É como a corrida de bastão em que todos correm por uma causa, pela mesma premiação. Cumprir o chamado em sua geração é fantástico. Passar o bastão é sensação de dever cumprido.
Um autêntico missionário sabe que, assim como ele foi, um dia deve voltar. E, como Paulo, ele se compromete a treinar um sucessor ou mantém na igreja enviadora uma chama acesa que alimente um “Timóteo” para levar adiante a obra. Portanto, se você, leitor, deseja conhecer o melhor missionário do mundo, saiba que ele é aquele que compreende efetivamente a ida, a volta e a sucessão; para o alvo e pelo Cordeiro!
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AUTOR: Pr. BRENO VIEITAS

Missionário e Pastor, membro da Igreja Batista Central de Belo Horizonte, atua no Centro de Missões Urbanas CEMU como mobilizador do Grupo Povos e Línguas. Atualmente vive em Sevilha na Espanha juntamente com sua esposa Sabrina e seus filhos João e Clara. Seu trabalho tem se concentrado:  em treinamento de missionários, criação de network para plantação de novas igrejas no sertão brasileiro, Europa, Oriente Médio, Ásia e África.





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