O PREPARO TRANSCULTURAL DO MISSIONÁRIO
O que foi exposto
até agora revela a necessidade de o missionário receber um preparo específico,
na área transcultural, antes de sair para o campo. Hoje, esse tipo de
orientação é encontrado em boas escolas missiológicas que já existem no Brasil.
Não se justifica o envio de alguém sem
que conheça a cultura do país para onde vai. "Manejar bem", como ensinou Paulo a Timóteo (2 Tm 2.15), tem
todas estas implicações.
“Fui para o lugar
onde as pessoas se encontram e me sentei”.
Este é o
testemunho da professora Ursula Wiesemann. Creio que podemos perceber um claro
paralelo entre esta citação e o ensino de João
Que relação
existe entre a aprendizagem de uma língua e a encarnação?
Existe uma relação mútua entre cultura e língua. É através da língua que entramos em contato com uma nova cultura. É através da língua que começamos a conhecer, aprender e nos comunicar dentro da nova cultura. O respeito pela nova cultura começa com a aprendizagem da nova língua. Portanto, aprender bem a nova língua é o portal de entrada na nova cultura para a comunicação do evangelho de Jesus Cristo.
Infelizmente,
apenas uma pequena minoria de missionários interculturais trabalha intensiva e
constantemente na língua. Para a eficácia da comunicação do evangelho, o
melhoramento da língua é uma responsabilidade e tarefa constante.
· Aprendendo, o máximo possível, o vocabulário.
· Aprendendo expressões idiomáticas.
· Aprendendo expressões simbólicas.
· Imitando a música (o tom) da língua (entonação, variação).
· Diferenciando entre vogais sem voz e com voz.
· Diferenciando vocais nasais, sílabas acentuadas e não acentuadas.
· Aprendendo frases completas.
· Aprendendo formas não verbal da comunicação.
A aprendizagem de uma nova língua não será possível sem esforço, tempo, frustração, lágrimas e situações embaraçosas. O mais difícil é aprender a linguagem não verbal de uma cultura. A linguagem não verbal (aperto de mão, olhar, abraço, gestos, sorriso, etc) é muito mais importante do que a língua falada. Às vezes precisamos de anos para descobrir os segredos da língua não verbal de uma cultura. Por isso, o missionário que passa mais tempo numa cultura tem mais possibilidades de serviço e êxito.
A aprendizagem de uma nova língua não é, primeiramente, uma questão de dom ou capacidade intelectual, mas, antes, uma questão de motivação e dedicação.
Aprender uma nova língua não é uma atividade acadêmica, mas, antes, um processo social.
A interação viva é frutificada por contatos honestos entre pessoas de culturas diferentes. Isto se torna possível quando o missionário vem como servo e parceiro, quando ele convive na nova cultura como pessoa humilde que aceita correção e estímulo.
Conhecer não só o idioma, mas as peculiaridades da língua do país em que vai trabalhar é condição básica para qualquer missionário. Este preparo demanda tempo e estudo antes da transferência e um bom período de adaptação já no campo.
O aprendizado implica em conhecer bem as expressões idiomáticas e o sentido das palavras que, às vezes, se modificam de uma região para a outra. Até mesmo dentro da nossa cultura brasileira, há palavras que mudam de significado de um lugar para outro por influência dos regionalismos. Veja o caso da palavra “avexado”. Segundo o Aurélio, é sinônimo de envergonhado. No Nordeste, todavia, tem o sentido de apressado.
Na própria Bíblia há exemplo disso. Entre outros casos, a palavra “mundo” aparece com três significados. Em João 3.16, “mundo” tem o sentido de “humanidade”, enquanto em 1João 2.15, aparece com a idéia de “sistema mundano, pecaminoso”, com o qual não devemos manter vínculos. Já em Hebreus 11.3, “mundo” tem a ver com a “criação do Universo” e tem significado completamente distinto dos anteriores.
Situações como estas ocorrem, às vezes, por força da tradução, pois nem sempre há palavras correspondentes de um idioma para outro e o tradutor precisa valer-se da equivalência dinâmica para expressar a mesma idéia do original. O missionário precisa Ter esse tipo de conhecimento até para dar contemporaneidade à Palavra de Deus no país em que serve.
Para aclarar ainda mais o tópico que estamos estudando veja o caso da palavra embaraço. Em português significa “impedimento, obstáculo, dificuldade”. Em castelhano é também sinônimo de “gravidez”. O missionário que estiver em pais de língua hispana e não souber disto poderá cometer uma tremenda gafe, e ficar “embaraçado” (em português, claro) diante das pessoas.
Quando os
missionários descuidam destes aspectos da comunicação, sem dúvida criam
mal-entendidos e fazem que a comunicação torne-se ainda mais difícil. Para
vencer este problema, necessitamos ver o mundo com a perspectiva dos nativos e
procurar entender sua cosmovisão e seus costumes.
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