QUAL É A IMPORTÂNCIA DA ANTROPOLOGIA PARA A OBRA MISSIONÁRIAʔ

 



MERGULHO NAS CULTURAS 

 

Considerado o principal antropólogo cristão da atualidade, o Dr. Paul Hiebert, que também já foi missionário, e professor de antropologia em diversos seminários da Europa.

Autor de vários livros sobre antropologia missionária, entre eles. O Evangelho e a Diversidade das Culturas (Editora Vida Nova). Viajou ao redor do mundo dando palestras e cursos sobre missões.

Neste texto é possível aprendermos sobre a multiforme graça de Deus manifestada ao redor do mundo. 

Segundo o antropólogo e missiológo Paul Herbert, o missionário precisa pelo menos duas coisas: Estudar as Escrituras e estudar Antrologia, que é fundamental para entender as pessoas e aprender a se comunicar com elas.

Infelismente muitos missionários não conhecem o povo. A cultura e a antropologia é essencial para que sejamos bons missionários.

A antropologia pode, também, nos ajudar a estudar as Escrituras bem como a entender as pessoas nela envolvidos.

Houve um tempo em que os missionários partiam para o campo sem levar em sua bagagem qualquer conhecimento acerca da cultura a qual iam evangelizar e na maioria das vezes o resultado de tal empreendimento, era o fracasso, ainda que estivessem pela fé e movidos pela disposição cumprindo o IDE de Jesus.

Na maioria das vezes este fracasso era causado pelo desconhecimento dos costumes, dos valores, das crenças e da cosmovisão do povo alvo da sua missão. Hoje esse comportamento não é mais aceito nem por quem vai nem por quem envia, até mesmo por uma questão de bom senso.

O benefício e a necessidade do estudo da antropologia para qualquer missionário são incalculáveis. A antropologia é absolutamente necessária ao preparo para a obra missionária. Se queremos comunicar o evangelho para um povo cujo modo de vida é diferente do nosso, precisamos estar em condições de analisar as razões de sua maneira de pensar, agir e viver. Se tentarmos entender aquele modo de vida através de nossos próprios "óculos culturais", vamos cometer erros sérios.

É bom sabermos que todos os que entram num meio cultural estranho vão cometer erros, especialmente no início de seu trabalho. E nosso propósito não é julgar aqueles que erraram; é apenas procurar diminuir a nossa margem de erro ao empreendermos um trabalho entre outro povo, dentro ou fora do nosso próprio país.

DIFERENÇAS CULTURAIS

Nenhuma cultura é idêntica a outra, todas diferem entre si, até mesmo aquelas cujos membros falam a mesma língua, como por exemplo, as dos povos de língua espanhola e, particularmente, no caso do Brasil e Portugal, onde o modo de viver do povo, pensar, falar, crer e escolher seus valores é bastantes diferentes um do outro.

Aquele que se envolve na tarefa missionária, precisa ter humildade para aprender, já que ao desempenharmos nossa tarefa de proclamação do evangelho entre nações estamos todos aprendendo: igrejas, pastores, conselhos missionários, agências e organizações missionárias, missiológos, professores de missões e, mais ainda, o próprio missionário.

Além do chamado para a proclamação do Evangelho, somos convocados, sem exceção, a uma posição de aprendizes, também pelo fato de o trabalho missionário transcultural não ser uma via de mão única.

Na dinâmica da obra missionária há um cenário interessante. Se por um lado a igreja enviadora tem muito que contribuir com o campo missionário, por outro lado o campo missionário também tem bastante que acrescentar à igreja enviadora?

Ao postarmos este texto, utilizamos experiências do campo missionário a fim de equipar e educar nossos alunos vocacionados ao Campo Missionário.

É importante considerar que todo missionário é também um educador. Olha que essa não é uma alusão apenas à tarefa do ensino no campo, junto ao povo, onde o obreiro desempenha o seu ministério. Refiro-me ao papel desenvolvido em relação à igreja em sua terra natal.

Em minha opinião, uma parcela dos recursos, do tempo e da atenção de um missionário deve ser empregada no sentido de tentar encurtar as distâncias entre os povos reagentes e as igrejas locais, aproximando o campo missionário transcultural daqueles que militam na retaguarda. Afinal de contas, quem fica precisa ter a mesma visão, amor, entusiasmo e desprendimento daquele que vai. 

EXPERIÊNCIAS MISSIONÁRIAS E DIFERENÇAS ÉTNICAS INTERCULTURAIS.

Este texto contém uma coletânea de experiências de missionários, vividos nos mais diversos contextos ao redor do mundo. Ele é também uma tentativa de contribuir com o movimento missionário, propondo que há muito mais a ser considerado, mesmo após o envio do missionário ao campo.

Nossa expectativa é que, quanto mais expostos às diversidades dos povos, tenhamos mais empatia e simpatia por outros ambientes culturais e uma maior identificação com o mandamento bíblico de anunciar a glória de Deus e fazer discípulos de todas as nações da terra.

É importante considerar que a atitude de empatia com o povo a ser evangelizado, embora de extrema importância, não representa sucesso garantido em nossa ação missionária, pois a tarefa de comunicar o evangelho em uma cultura estrangeira é complexa e será sempre um grande desafio a ser transposto, mesmo para o missionário mais experiente e bem preparado.

Nosso objetivo ao focar este tema, é entender a aplicação específica do conhecimento antropológico no ambiente missionário, em processos que envolvem encontro de culturas que aqui denominaremos de antropologia missionária.

Desejo também levantar alguns assuntos a partir da relação da antropologia com a missiologia (e antropólogos com missionários), suas mútuas contribuições, distinções, preconceitos e também possibilidades. 

O QUE É ANTROPOLOGIA?

A antropologia é o "estudo do ser humano" ou, mais especificamente, "É a ciência da cultura humana", é "a ciência dos grupos humanos, seu comportamento e suas produções".

A ANTROPOLOGIA DIVIDE-SE EM DUAS ÁREAS:

- Antropologia Física; Na primeira área, estudamos os primatas, a genética, a evolução, as medidas do corpo humano e as descrições das características físicas dos povos.

- Antropologia Cultural. – Na segunda, estudamos as culturas pré-históricas, a etnologia, o folclore, a organização social, a cultura e a personalidade, a aculturação e a aplicação da antropologia aos problemas humanos. 

DEFINICAO DE ANTROPOLOGIA MISSIONÁRIA

O termo antropologia é uma composição de duas palavras gregas: anthropos = (que significa homem); e logos = (que significa palavra, doutrina, ensino, estudo, fala).

Na análise dos modelos padrões de vida e do comportamento humano nas diversas culturas, o antropólogo deve procurar respostas para três perguntas principais:

1.     Quais as funções dos vários aspectos duma cultura, isto é, comida, abrigo, transporte, organização da família, crenças religiosas, língua, valores, etc?

2.      O que faz um membro de uma sociedade agir como age? Em outras palavras, por que todos não agem da mesma maneira? Quais sãos as normas que determinam a conduta dos membros de uma sociedade?

3.    Quais os fatores que determinam a conservação de certos aspectos culturais e a substituição de outros com o correr do tempo?

Como podemos perceber, não é suficiente apenas analisar os tipos de vestimenta ou comida de um povo, mas precisamos analisar também quem usa esta ou aquela roupa, e por que a usa. 

Exemplificando: No Haiti, algumas pessoas usam sapatos, e outras não. Por quê? Será porque algumas gostam de sapatos, e outras não? Por falta de dinheiro?

O motivo, na verdade, é um pouco diferente. É que lá o sapato é um símbolo de (status) classe social. Um médico que certa vez estava passeando nas montanhas do Haiti foi abordado por alguém que lhe pediu que atendesse uma pessoa doente. O médico imediatamente perguntou: "Ele tem sapatos ou não?" Se a resposta fosse "sim", ele, então, atenderia o doente imediatamente. Mas, se a resposta fosse "não", o doente teria de esperar. Uma coisa que para nós é tão insignificante (pois aqui quase todo mundo tem pelo menos um chinelo, e nenhum médico basearia seu atendimento numa pergunta sobre sapatos) para as pessoas do Haiti é muito importante. 

COMO TEVE INÍCIO A ANTROPOLOGIA MISSIONÁRIA? DESDE QUANDO MISSIONÁRIOS USAM A ANTROPOLOGIA EM SEU TRABALHO?

O estudo e uso da antropologia nas ações missionárias tem início em meados do século dezenove, porém recebeu um forte impulso a partir da publicação do artigo de Malinowski intitulado Practical Anthropology em 1929.

Um dos pioneiros no incentivo do uso da antropologia nas ações missionárias foi Edwin Smith (1876-1957), filho de missionários e nascidos na África do Sul, tendo servido também como missionário entre 1902 e 1915 entre o povo Baila-Batonga na Zâmbia.

Como já mencionamos acima, Paul Hiebert, antropólogo, missiólogo e missionário, afirma que: O missionário precisa conhecer as Escrituras para compreendê-la e conhecer o homem para com ele se comunicar. 

Muitos missionários não conhecem o povo, a cultura; a antropologia é essencial para que sejamos bons missionários. Mas a antropologia também pode nos ajudar a estudar as Escrituras porque ela nos ajuda a entender as pessoas envolvidas nas Escrituras. 

Na antropologia missionária, partimos da Grande Comissão de Jesus em Mt 28.18-20, onde Jesus deu ordem para fazermos discípulos: indo, devemos batizá-los e ensiná-los até à consumação dos séculos. 

É possível perceber que Deus tem interesse em todos os povos desde a criação do mundo. 

- No plano divino de salvação (1 Tm 2.4-6),

- Na eleição do povo de Israel, na missão do seu filho único, Jesus Cristo (Jo   

  3.16),

  - Na missão dos apóstolos (Jo 20.21),

  - Na missão da igreja (1Pe 2.9) e

  - Nos povos salvos que adoram Jesus (Ap 7.9-17).

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