MODELOS DE CONTEXTUALIZAÇÃO






 

Nada façais por partidarismo ou vanglória,

mas por humildade (Fp. 2.3) 

 



Um dos maiores segredos da contextualização e da vida transcultural é a humildade (vs. 3). Sem este sentimen
to é impossível nos despirmos o suficiente do nosso egoísmo e etnocentrismo (a convicção de que nossa cultura é a única certa) para a convivência e identificação com as pessoas diferentes de nós. Humildade é essencial para acertar o caminho da unidade, do amor e do serviço mútuo tanto em nossas igrejas de origem como trabalhando com equipes e comunidades de pessoas de outras culturas.

Há três modelos no texto de Filipenses 2.1-18 que demonstram a importância da humildade para nossa missão de levar o verdadeiro Evangelho ao mundo.

1.  O MODELO DE JESUS 

Jesus é o supremo exemplo da humildade na contextualização. Ele é Deus, mas abriu mão de todos os Seus direitos para poder completar a Sua missão. Tomou a forma de homem e, em obediência ao Pai, submeteu-se à morte na cruz, a mais degradante e penosa morte possível, sinal de maldição.

A Sua identificação era completa no sentido de compartilhar a vida cotidiana, da comunicação eficaz e do sacrifício em favor dos outros. Jesus tomou nosso lugar (Gl 3.6-13) como servo do Pai, dos homens e das mulheres que Ele veio resgatar da condenação. Paulo exorta a igreja para ter este mesmo sentimento de se humilhar como Jesus o fez (vs. 5).

¨     JESUS, O MODELO PARA MISSÕES INTERCULTURAIS

A encarnação de Jesus Cristo constitui o maior exemplo de missão intercultural: “A palavra se tornou carne e habitou entre nós” (Jo 1.14). Deus deixou a glória celestial eterna e se tornou humano entre nós. O Deus eterno se tornou carne, homem desamparado e pobre. Jesus era singular em todos os aspectos. Ele era uma pessoa duas vezes 100%. Ele era totalmente Deus e totalmente humano. Este mistério das duas naturezas na pessoa de Jesus Cristo se torna um exemplo para missões interculturais.

2.  O MODELO DE PAULO 

Este apóstolo entendeu a importância do exemplo de Jesus na sua própria contextualização missionária. Ele vivia para servir a Deus e aos outros. Não tinha sacrifício grande demais para ele no cumprimento do seu ministério em levar o Evangelho e plantar igrejas entre judeus e gentios (vs. 17).

O sacrifício de Paulo fica claro no relato de Atos 16. 11-40 sobre a sua contextualização em Filipos. Chegando lá, logo foi procurar o lugar onde tinha abertura com os judeus e os tementes a Deus.

A mulher rica, Lídia, atendeu o apelo da fé em Jesus e foi batizada com a sua família. Depois, uma jovem possessa foi liberta possivelmente se integrando ao grupo. O preço deste milagre foi alto para os missionários. Foram açoitados e levados à prisão, onde, colocados no tronco, não se indignaram ou reclamaram seus direitos, mas cantaram louvores a Deus.

O sofrimento por causa do Evangelho levado à jovem e aos outros ouvintes não sufocou o louvor e a fidelidade destes servos do Senhor. Paulo e Silas sabiam estar presentes, achar portas abertas, evangelizar de forma relevante e levar as pessoas à fé e ao discipulado, sem medir consequências pessoais.

3. O MODELO DA IGREJA 

Além de Jesus e Paulo, há um terceiro modelo de contextualização, que é a igreja recém formada. Após a libertação milagrosa da prisão em Filipos, Paulo e Silas levam o carcereiro à fé em Jesus que também é batizado com a sua casa e se tornam membros do grupo de crentes em Filipos.

Há, então, uma igreja nova, feita de uma mulher rica e um carcereiro, com suas respectivas casas (que incluía filhos, escravos e servos), mais uma moça que tinha sido endemoninhada. É a esta igreja que Paulo roga para ter unidade – rico com pobre, nobre com funcionário, crianças e jovens com adultos, senhores e escravos.

É através desta igreja que o mundo, descrito como “geração pervertida e corrupta” (vs. 15), tem que ver a diferença que Cristo faz nas vidas e na comunidade cristã. Elas não podem ser iguais ao mundo, mas “luzeiros” que resplandecem no escuro que as cerca.

Em nenhum momento devemos entender a contextualização de Jesus, dos missionários ou da igreja como identificação com o mundo. Houve profunda identificação com pessoas, inclusive identificação sacrificial, mas não incluía adotar os costumes pervertidos da cultura. A igreja era tão diferente que a glória de Deus brilhava através das suas vidas e dos seus relacionamentos como se fosse uma estrela no escuro da noite.

Com estes modelos, fica claro que a contextualização não é, como alguns pensam, uma identificação com a cultura. É uma identificação profunda com as pessoas da cultura, sem imitar o que elas fazem para poder levá-las ao discipulado e à fidelidade à Palavra (vs. 16 – “preservando a palavra da vida”) e ao senhorio de Jesus Cristo (vs. 9-11).

Por necessidade isso vai fazer com que sejam diferentes da cultura, mas como luzes, não legalistas. Não estarão fechados dentro de quatro paredes, mas, com humildade, unidos em amor. Juntos mostrarão a diferença que Cristo faz na vida daqueles que realmente O aceitaram como Salvador e Senhor das suas vidas. 

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