MULHER SOLTEIRA NO CAMPO MISSIONÁRIO - UM DESAFIO...
SOU UMA MULHER
SOLTEIRA DE 67 ANOS, E SOU UMA
PESSOA FELIZ,
REALIZADA, SEM COMPLEXOS. COMO CHEGUEI AQUI?
Como quase todas as
mulheres solteiras também tive o desejo normal de encontrar um companheiro e de
ter meus filhos. Mas Deus tinha outros planos para minha vida.
Apaixonei-me várias vezes, tive alguns relacionamentos especiais que poderiam resultar em namoro, mas não chegaram a esse ponto; uma vez estive prestes a ficar noiva.
Mas eu me preocupava com minha convicção de chamado, e como
conciliar isso com esses relacionamentos?
Resolvi orar a Deus pedindo que Ele não permitisse que eu entrasse
num relacionamento ou casamento que me afastaria do meu chamado.
No quase noivado essa preocupação veio à tona com nova força.
Todas as vezes que um relacionamento terminava, mais tarde eu compreendia que
foi uma libertação, que de alguma maneira essa pessoa não combinava comigo e
com meu chamado, mesmo que na hora houvesse dor.
Houve uma fase em que lutei com sentimentos de inferioridade, por ser ainda
solteira. Mas Deus me livrou totalmente desse sentimento, enquanto fui me
dedicando a sua obra, em resposta a seu chamado. Eu percebia que minhas amigas
casadas, e mães, também tinham dores e problemas que eu não precisava
enfrentar. E fui me realizando como pessoa, e como missionária, amando
crianças, jovens e famílias, relacionando-me bem com elas, percebendo que me
valorizavam e amavam.
Também recebi ajuda significativa de alguns conselheiros.
Infelizmente há solteiras que ficam amargas, frustradas, infelizes. Isso em
parte pelas cobranças constantes de sua família e de seus colegas de estudo ou
trabalho, que assim transmitem a ideia que há algo de errado com elas, com sua
aparência, com sua feminilidade.
Assim ficam presas a esse conceito de inferioridade e não se
desenvolvem plenamente como pessoas, e não conseguem se alegrar com seus amigos
e suas amigas que se casam e têm filhos.
E a fixação emocional nessa situação pode levar a um sentimento de
carência na sexualidade.
Muitos pensam que as solteiras no campo missionário pertencem a
esse grupo.
Pode até ser que algumas encaram a missão como uma fuga de sua
vida infeliz, mas essas não terão a força e a graça necessárias para permanecer
no campo como pessoas que transmitem alegria, esperança e vida plena.
Também há mulheres que ficam solteiras por traumas que sofreram na infância,
seja de abuso físico, ou de mensagens negativas constantes, que marcaram suas
vidas.
Mas há muitas missionárias solteiras normais, felizes, que descobriram um lugar
para exercer seus dons e talentos, para amar as pessoas a quem servem e para
exercer uma boa influência em seu contexto – essas são respeitadas por muitos.
As missionárias solteiras em sua maioria desejavam se casar, mas
seu compromisso com sua vocação resultou na permanência da situação de
solteira. Essas normalmente passam por períodos de luta e sentimentos de
solidão, mas aprendem a se realizar como pessoas humanas plenas, e são felizes.
Essas podem se alegrar quando outras solteiras encontram um parceiro e têm
filhos saudáveis.
De qualquer maneira haverá também períodos de tentação, homens cristãos ou não
cristãos que tentam conquistar essas mulheres, e em sua carência afetiva podem
sentir que esse homem é a resposta de Deus para sua vida, não pedem direção de
Deus, não se abrem para conselhos de outros a seu redor, e acabam entrando em
relacionamentos que resultam em muitas lágrimas ou até no fim do seu
ministério. Aí ficam com uma vida infeliz, sem aquele relacionamento que
sonhavam ter e sem a mesma oportunidade de dedicar-se ao seu chamado. É um
preço muito alto.
Isso significa que as mulheres solteiras no campo precisam muito
de apoio pastoral compreensivo, alguém a quem possam abrir o coração e
compartilhar suas dores e lutas.
Elas também precisam saber que podem voltar para seu país numa
fase mais difícil e perigosa, e não têm a obrigação de ser vitoriosas sozinhas.
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• Antonia Leonora van der Meer, a Tonica, é missionária e professor experiente de missiologia. Trabalhou durante 10 anos em Angola. É autora de Eu, um missionário?, Missionários Feridos e O Estudo Bíblico Indutivo.
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