SUSTENTO MISSIONÁRIO - UM DESAFIO...
MISSIONÁRIO SÓ COME NO CAMPO?
Trabalhar numa Base Missionária tem vantagens e desvantagens. A
gente vê de tudo. Já me deparei com as mais diversas situações. Algumas
enriquecedoras, outras bem inacreditáveis. Há pessoas e igrejas que parecem
pensar que “missionário só come no campo”. Creio que é hora de acordar para
essa questão.
Missionário faz mercado. Faz feira. Vai ao açougue, à padaria.
Missionário paga aluguel, IPTU e condomínio. Missionário paga conta de luz, de
água, carrega celular. Missionário paga para ter acesso à Internet. Missionário
recolhe INSS, paga Imposto de Renda. Missionário entrega dízimo e faz oferta.
Missionário compra remédio e precisa de médico e de dentista de vez em quando.
Missionário tem que pagar taxas bancárias. Missionário paga colégio de filho,
uniforme e material escolar. Tem que abastecer o carro, pagar passagem de
ônibus e de metrô. Missionário tem uma vida material, além da espiritual.
Missionário é GENTE.
O problema é que há pessoas (e igrejas) que pensam que toda essa
dinâmica NORMAL da vida de qualquer um só vai entrar em ação quando o
missionário estiver “no campo”, ou seja, enquanto ele está em fase de
preparação, de cumprimento dos pré-requisitos exigidos pela organização
missionária, ou quando ele volta do campo para descanso, divulgação, reciclagem
ou tratamento de saúde, ele fica numa espécie de limbo.
É como se o missionário, fora do campo, estivesse acima do bem e
do mal. Num êxtase. Num estado criogênico. Pura lenda.
Na minha coleção de experiências vividas numa base missionária,
já ouvi coisas de arrepiar: “Ah, o missionário fulano está aqui no Brasil, né?”
“Sim, ele veio inesperadamente porque contraiu uma grave infecção na arcada
dentária, que fez com que todos os seus dentes ficassem moles e precisa de
atendimento e tratamento urgentes.” “Ah coitado… mas é que eu gostaria de
informar que a nossa igreja suspendeu o envio das ofertas enquanto ele estiver
aqui no Brasil, mas quando ele voltar pro campo a gente vai retornar, certo?”
Fiquei com náuseas.
Outra situação recorrente e clássica diz respeito ao missionário
que está em fase de saída para o campo, visita um monte de igrejas, prega,
apresenta o projeto, serve aos irmãos com seus dons e na hora de ir embora
ouve: “Olha, assim que você chegar ao campo a gente começa a enviar oferta tá?”.
Mais náuseas.
Afinal, quando é que a Igreja vai acordar? Seu papel de ir e
fazer discípulos de todas as nações só começa no dia em que o missionário põe –
literalmente – o pé no campo? Será que até que ele chegue lá algumas coisas não
precisam acontecer? Será que no período em que ele retorna temporariamente a
sua terra natal ele deixa de ser missionário? Será que você já parou para
pensar nisso?
Bom, antes tarde do que nunca. Caso nunca tenha pensado, agora é
a hora. É possível que você consiga mudar a sua postura em relação a essa
questão. De fato, não é tarefa difícil. É só você se fazer uma simples
pergunta: “Será que o missionário só come no campo?” Espero, sinceramente, que
você encontre a resposta certa.
Colunista: Mônica
Mesquita
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