O RELACIONAMENTO DO MISSIONÁRIO COM OS NACIONAIS
Nem todos os chamados para missões são vocacionados
para missões transculturais. Mas se você está certo de que Deus o quer numa
tarefa transcultural específica para alcançar um povo ou uma cultura, nesse caso faz-se necessário um conhecimento prévio da
cultura do povo ao qual o missionário pretende servir.
Sempre que possível é importante manter contacto
com a nova cultura e se possível que já tenha adquirido algum preparo
transcultural nas áreas de antropologia missionária e comunicação transcultural
que deverão ser realizados antes da chegada ao campo.
Isto pode parecer impossível, por exemplo: aprendizagem
linguística, esta sempre será um grande desafio para aquele que vai sair ao
campo. Nem sempre é possível vencermos este desafio por falta de recursos
educacionais fora da cultura que pretendemos alcançar.
Por outro lado, é comprovado que a aprendizagem linguística
não é fruto de uma produção acadêmica pelo contrário ela acontece quando estamos
interagindo com o povo em meio ao seu habitat. Vendo-os em sua rotina de
trabalho, observando como eles interagem entre si, como se vestem. Como se alimentam,
onde e como moram, o que fazem quando se reúnem e etc. Ou seja, não dá para nos
aculturarmos estando isolados do povo, sob o risco de criarmos um abismo entre
nós e eles.
Quando já no campo, um período de busca de
conhecimento e compreensão da nova cultura, deve anteceder um engajamento pleno
no trabalho missionário. Neste processo, de conhecimento prévio da nova cultura,
será de grande valia a orientação de missionários mais antigos no campo. Os
erros dos últimos podem servir de bússola direcionadora aos novos missionários.
O novo missionário deve desenvolver a capacidade
para distinguir o que é cultural, e o que não é. O que bíblico e o que é antibíblico. É
importante que o missionário se atenha ao evangelho, tendo o cuidado para não
espiritualizar tudo ou demonizar aquilo que ainda não conhece na cultura local.
Entretanto, o missionário precisa desfazer as malas
e adotar o máximo possível a cultura e o estilo de vida dos nacionais, isto demonstrará uma atitude de amor e respeito
para com o povo, e propiciará mais e mais abertura para servir a Cristo ao lado
deles.
A proximidade com os irmãos nacionais, tanto
residindo próximo a eles, quanto cultivando amizades sólidas, é o caminho
correto para conhecer a sua cultura, a riqueza de sua fé, e a maneira certa de
se comportar no campo. Tal atitude não exclui a liberdade de ter amigos
missionários e outros que Deus poderá enviar ao longo do ministério
Ser missionário transcultural implica a princípio
uma atitude de aprendiz e de ouvinte e
isto acontece num processo continuo de serviço abnegado, acertos e erros,
correções e sobretudo a humildade para perdoar e pedir perdão. O missionário
deve ter em mente sempre que ele veio para servir e não para ser servido, e
muito menos dominar ou julgar.
Precisamos ter em mente que a ordenança de fazer
discípulos significa que o maior serviço que o missionário poderá prestar no
campo será transmitir aos irmãos
nacionais todo o Conselho de Deus e todas os conhecimentos que ele levar
consigo ao campo. Conhecimento e dons não compartilhados não glorificam a
Cristo e não transformam vidas nem ministérios.
No exercício de seu ministério, o missionário deve
exercer com toda seriedade o seu trabalho cumprindo os princípios de respeito e
submissão às leis do país onde está servindo, bem como se submeter à autoridade
eclesiástica nacional. Exceto quando obedecer a homens implica em desobedecer a
Deus, o missionário deve ser exemplo de civismo, cidadania e ética.
O missionário deve procurar agir de forma a não
causar tropeço na fé dos nacionais. Quando houver necessidade de estudo e
discussão a respeito de temas controversos tanto teológicos quanto éticos, ele
deve guiar os irmãos a quem ele está servindo, a refletir à luz da Palavra de
Deus acerca dos prós e contras, mediando um estudo e reflexo pacífico e
construtivo.
As decisões devem ficar a cargo da liderança local e nunca devem ser impostas pelo crivo do missionário
Pb. Valmir Barbosa Cordeiro
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