MISSÕES - UM CHAMADO PARA SERVIR
;
O
AMOR SE MATERIALISA
O século XVIII marcou o início das
missões modernas, quando William Carey desafiando o pensamento evangélico do
período, partiu para a Índia.
Para a igreja inglesa parecia não ser
preciso sair de sua “zona de conforto” para anunciar o Evangelho a povos que
nunca ouviram de Jesus e da mensagem de salvação.
Acreditava-se que se Deus quisesse
que outros povos fossem salvos, ele dar-se-ia a conhecer por outros meios, sem
necessidade da ação ou presença humana.
É certo que Deus poderia fazer isso,
mas Ele não o quis. Em 1 Pe 1.12 vemos que a mensagem da graça é tão
maravilhosa que os anjos desejaram compreendê-la, mas não lhes foi permitido.
É um privilégio reservado aos servos
de Deus, ainda que sejam humanos e suscetíveis a todo tipo de falha. E ao
compreender a graça salvadora, os servos podem cumprir a Grande Comissão (Mt
28.20)
Podemos aventar que isso ocorre
porque Deus é amor e este não é mero sentimento ou abstração. Amor é prática,
expressa-se pela materialidade.
Deus é espírito e está invisível e por
meio de seus servos seu amor se torna inteligível e é comunicado entre as pessoas.
Por isso, precisamos de pessoas
reais para fazer a obra missionária. Ela não é feita por ‘super crentes’,
perfeitas e isentas de dores (físicas e emocionais). São pessoas comuns, homens
e mulheres que precisam de cuidado, de apoio, de treinamento, que saem de seu
contexto cultural e linguístico, que se dispõem a viver para a glória de Deus e
crer na promessa – “abre bem a tua boca, e ta encherei” (Sl 81.10)
A obra missionária é realizada por
essas pessoas comuns. Há os que vão ao campo, os que sustentam, outros que
intercedem e mais alguns que fornecem o suporte necessário. E em toda realidade
vivenciada há desafios, obstáculos, entraves a serem superados.
Por exemplo, o aprendizado de línguas
nem sempre é fácil, a contextualização e adaptação cultural pressupõem
familiarizar-se com o diferente, a distância e a saudade dos amados familiares
e amigos, a renúncia a um projeto profissional, o suporte e o acompanhamento
requerem paciência e tolerância ou mesmo sacrifícios pessoais.
Tudo isso é expressão de amor.
Máquinas, equipamentos, aplicativos tecnológicos facilitam a vida humana, mas
não podem materializar amor, não substituem o contato. Eles podem até promover
maior possibilidade de aproximação, entretanto, não são, em si, a prática de
sociabilidade, de amabilidade e de amizade.
É o humano que ama e na prática de amar,
compartilha sentimentos, experiências, dores e alegrias; ouve e acolhe,
aconselha, supre a necessidade emocional e orgânica de outrem, socorre, cuida,
pratica boas obras, indica o caminho e caminha junto. Todas as pessoas possuem
dons e quando estes são colocados à disposição do bom Deus, a fronteira do
limite se esvai porque se tornam potência.
Veja quanto Deus é excelso. Em sua
soberania, não necessitaria do homem, no entanto, ele o escolheu. O salmista
afirma: “Que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem,
para que o visites? Pois pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e
de honra o coroaste.
(Sl 8.4-5. Em Jó também lemos: “Que é
o homem, para que tanto o engrandeças, e ponhas nele o teu coração”. (Jó 7.17)
Em sua graça, o poderoso Deus usa pessoas
(de carne e osso, imperfeitas e limitadas), dependentes dele, para cumprir seu
propósito eterno. Como escreveu Paulo: “temos, porém, este tesouro em vasos de
barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós” (2 Co 4.7)
visto que a missão é dele e somos cooperadores.
E se as missões modernas iniciadas
por David Carey nasceram da inquietação de compartilhar com aqueles que nunca
ouviram de Jesus, a mesma excitação move a obra missionária em nosso século. Ainda há milhares de povos a serem alcançados.
Deus deseja que seus servos se
levantem, saiam de sua “zona de conforto” e o tornem conhecido entre os povos,
materializando o amor, que Ele mesmo aplicou conforme Jo 3.16 – “Porque Deus
amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele
que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”
Que o amor de Deus nos constranja ao
ponto de nos inquietar e pôr em prática todo seu significado, tornando-o real e
palpável para que os povos vejam e usufruam dessa bênção.
Colunista: Sandra Mara Dantas
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