DESAFIOS NA TAREFA DE ENVIAR MISSIONÁRIOS

 




A obra missionária é sem sombra de dúvidas uma das tarefas mais difíceis a ser realizada no mundo. Se esta afirmativa não fosse verdadeira, Jesus não teria afirmado que “Sem Ele nada poderíamos fazer. (João 15.5).

Se fomos chamados para fazermos esta tarefa, é fundamental considerarmos a grande quantidade de desafios que fazem parte da tarefa conhecida como a “Grande Comissão”.

Quando levamos à sério as dificuldades “desafios”, que fazem parte desta tarefa, passamos a considerar a importância de um preparo antes de enviarmos aquele que se diz chamado, escolhido ou vocacionado para exercer com eficácia esta importante tarefa.

Quando digo importante não posso deixar de enfatizar que, mais do que isto, é um privilégio só conferido àqueles que são nascidos de novo e que por isto fazem parte da igreja de Jesus.

Há alguns tempos, era comum enviarmos para o campo missionário, obreiros que convencidos de sua chamada partem para o campo muitas vezes até mesmo sem serem enviados pela igreja que tem para tanto, autoridade para exercer este papel. Esta afirmação, nos faz lembrar a expressão que diz: “Não vá, seja enviado”.

A frase sugere que entre uma coisa e outra, é necessário “esperar”. E ninguém que espera fica de braços cruzados. É importante considerarmos que, precisamos sermos abençoadores aonde estamos, ou melhor, para aqueles que estão pertos de nós. Quem se lembra da frase que diz: “Quem não vive para servir, não serve para sair?”.

Neste texto, gostaria de explicar alguns desafios que inevitavelmente enfrentaremos no campo missionário, baseados nesta verdade, muitos pensam que o campo missionário não passa de um campo de batalha, mas considerando as experiências pessoais já vivi posso sem dúvida afirmar, sem precisar romantizar nada, que lá também é um lugar de grandes vitórias conquistadas com frequência por muitos missionários.

Não posso deixar de mencionar as palavras do Apóstolo Paulo que escrevendo sua carta aos irmãos Filipenses, fez a seguinte conclamação: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus... Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens... (Filipenses 2 5 e 7).

1.  RENÚNCIA

A obra missionária exige que àquele que foi chamado para executá-la, renuncie a tudo que possa impedi-lo de se dedicar exclusivamente a tão nobre tarefa.

Quando me refiro à nobreza desta atividade, quero afirmar que você não precisa estar preocupado como você vai sustentar sua família e o você mesmo. Esta é uma responsabilidade da igreja enviadora. E aí está a importância de esperarmos o tempo de Deus para sua saída. É um erro sair sem a certeza de que existe uma retaguarda que te garantirá o suporte espiritual, material e financeiro. Este compromisso é assumido pela igreja, perante Deus e a sociedade ao impor as mãos sobre o enviado.

O missionário tem que se colocar inteiramente na dependência Deus. E quando isso acontece o Senhor que tem controle de todas as coisas jamais abandonará os seus enviados.

Há alguns anos conheci uma candidata ao campo missionário, ela estava “preparada”, para partir para o campo. Uma coisa deixava-nos intrigados. Tudo estava pronto por parte da igreja enviadora. O que não entendíamos é que o tempo se passava e ela não partia para o campo.

Ao conversarmos sobre este assunto, ela me disse que não podia deixar seus negócios financeiros pendentes pois não confiava na fidelidade de quem a estava enviando.

É claro que ela foi para o campo, infelizmente sua permanência foi curta e não poderia deixar de ser diferente. É necessário que aquele que é enviado saiba que a infidelidade existe, mas quem o chamou, também o capacitou para entender que Ele é Fiel. 

O que precisamos é aprender a viver sob a dependência de Deus.

Também conheci missionários que tinham uma firme e clara convicção do seus chamados, todavia o Senhor não os deixou sair ao campo sem que antes abrissem mão de suas empresas, negócios, imóveis para só depois partirem para o campo missionário.

Não posso milindrar nínguem, mencionando nomes ou campos missionário, até mesmo devido a segurança de campos muitas vezes restritos ao trabalho missionário.

O exemplo mais claro está relacionado a minha própria família, que deixaram para traz empregos, moradia escolas e faculdades para se dirigirem ao campo missionário onde atualmente já completam vinte e tres anos de atividades internacionalmente reconhecidas, para a glória de Deus.

2.  HUMILDADE

Paulo afirma que Jesus humilhou-se a si mesmo.

Ninguém há que possa se humilhar se antes não se “esvaziar”.

Paulo afirma que Jesus tinha a forma de Deus, mas não era isso que Ele visava ao encarnar-se homem.

Jesus sabia que Ele estava vindo ao mundo para servir e não para ser servido. Para se tornar servo Jesus precisou igualar-se aos homens com os quais Ele iria conviver. (Filipenses 2. 5-8).

Como é difícil ao missionário entender a humildade deve ser uma característica que identifica e facilita a “aculturação”.

Como é difícil aos missionários entenderem que o “Diploma de Teologia”, “o anel de Doutorado”, o título de Pastor, em nada vai contribuir para a sua inserção e assimilação da cultura que ele pretende alcançar e que ao contrário criará um vácuo entre ele e o povo a ser alcançado.

Lembre-se missionário, antes de ser servido você precisa servir. Antes de ensinar você tem muito a aprender.

Não se esqueça, o povo que você quer alcançar é senhor da sua cultura e embora muitas vezes aconteça o contrário, você não está lá apenas para servir ao povo, mas sobretudo para servir a Deus que o chamou para esta missão.

Nunca espere reconhecimento dos homens porque a sua recompensa está guardada com o Senhor da Seara. 

3.  SACRIFÍCIO

Um desafio que não podemos ignorar é que ao sermos enviados ao campo missionário teremos que enfrentar o “sacrifício”, um desafio reservado tanto aos que enviam como também aos enviados.

Será que é possível imaginarmos o que sentiu a igreja de Antioquia, quando atendendo a ordem do Espírito Santo, despediu Barnabé e Saulo, enviando-os à primeira viagem missionária (Atos dos Apóstolos 13. 1-4)?

Será que podemos imaginar o que se passava na cabeça dos irmãos, alguns obreiros já de idade avançada, homens de muitas experiências. Num momento em que estavam ainda em jejum? Será que dá para imaginar o que cada crente naquele momento sentia, ao levantar suas mãos e direcioná-las para o púlpito daquela igreja?

Será que aqueles que naquele momento impunham as mãos sobre Barnabé e Saulo, antes de enviá-los nessa viagem missionária sabiam da responsabilidade que estavam assumindo diante de Deus.

Eu quero afirmar para você que me acompanha neste Blog, a realidade vivida nos dias atuais é a mesma vivida pela igreja em Antioquia, talvez até mais crítica, para aqueles que são enviados hoje como missionários. O “sacrifício” é um desafio doloroso.

Deixar para trás a família, os amigos, o ambiente eclesial, em alguns casos, as conveniências modernas para cruzar barreiras geográficas, culturais, linguísticas, pode ser extremadamente desafiante e dolorosa.

Ao escrever isto, faço com lágrimas nos olhos, aliás, nem sei como isto acontece com tanta facilidade depois de três anos mais vinte e três (3+23), longe da filha, genro e três netos que nasceram perto dos demais membros da família mas que estão crescendo no campo missionário.

Não é um lamento porque temos a certeza de estarmos todos os envolvidos, no centro da vontade de Deus. É apenas uma constatação. Pois temos a certeza e a sensação de sacrifício é um privilégio tanto para os enviadores como também para os enviados.

2. O DESAFIO DA ACULTURAÇÃO

           Como se não bastasse o desafio de ter que se afastar da família, dos amigos e o ambiente eclesiástico não fossem suficientemente desafiantes, os missionários, com frequência, são enviados a uma cultura completamente estranha e desconhecida. 

 Aqui há una breve lista de alguns desafios comuns, que surgem imediatamente após o missionário entrar em uma nova cultura.

§  O missionário sentir-se-á perdido em termos de direção;

§  Está esgotado, física e mentalmente, buscando conduzir sua vida no novo contexto cultural (nada lhe é familiar ou simples).

§  Está sendo bombardeado com novos sabores, sons e odores.

§  É vulnerável como um estranho e luta para saber em quem confiar.

§  Faltam a ele amizades significativas e luta para encontrar seu lugar junto ao povo.

 

Não se pode subestimar a sensação de perda que resulta por deixar um ambiente familiar constituído para entrar em um novo contexto cultural. O missionário sentir-se-á perdido, confundido e inquieto, são emoções reais para os missionários, à medida que o missionário se move para um contexto estrangeiro.

3. APRENDIZAGEM DA LÍNGUA

    Na maioria dos contextos culturais do mundo, os missionários tem dificuldades para se comunicar-se em sua chegada.

    Imagine o desafio de não poder expressar de maneira verbal aos que o rodeiam!

    Além disso, a linguagem é muito mais que uma mera expressão verbal. A linguagem também abriga ideais e práticas culturais. Eu costumo dizer que a aprendizagem da língua não é fruto de uma atividade acadêmica, ou seja, ela não acontece dentro de uma sala de aula.

Àqueles que estão envolvidos nesta nobre e difícil atividade cultural deveriam, usando de sinceridade alertar aos seus alunos esta verdade. Para obter sucesso na aprendizagem linguística é necessário estar no meio do povo. A sala de aula te dá apenas noção.

A aprendizagem de idiomas requer um tempo. Em alguns contextos, a aprendizagem de idiomas em tempo integral é necessária durante dois ou três anos antes de que alguém seja realmente capaz de se comunicar bem em um novo contexto.

4.  COSMOVISÃO (visão de mundo)

    Talvez o desafio mais difícil que o missionário enfrentará seja o inevitável choque de cosmovisão, que se produz cada vez que os missionários tentam compartilhar o evangelho de Cristo.

      Uma maneira de enfrentar esse desafio, seja usar mais a “empatia”. Antes de julgar ou escandalizar-se com comportamentos e atitudes que você não concorda, coloque-se no lugar do outro, procure entender porque ele vê as coisas, o mundo daquela maneira.

  O apóstolo Paulo lembrou aos cristãos em Éfeso que: “Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” (Efésios 6:12).

Sempre que apresentamos o evangelho de Cristo num contexto cultural diferente, deparamos com um choque de visões de mundo “Cosmovisão” diferentes.

 O missionário, o enviado de uma igreja local como embaixador de Cristo, apresenta a verdade eterna que inevitavelmente entra em choque com os mitos, as mentiras e a cosmovisão predominante daqueles inseridos na nova cultura.

O choque de visão de mundo se manifesta de várias maneiras. Às vezes, os corações e os ouvidos dos ouvintes estão fechados para a verdade. Outras vezes, as pessoas se agitarão e se irritarão pela verdade que o missionário compartilha. Às vezes, porém, os corações das pessoas se suavizam e o Espírito Santo se move e trabalha de uma maneira única, na medida em que se desenvolve a narração do Evangelho.

Em tudo, deve-se recordar que há uma verdadeira batalha espiritual que tem lugar cada vez que se proclama o evangelho. Ao final, o objetivo deste choque de cosmovisão é uma mudança fundamental no pensamento e na vida.

O choque da visão de mundo apresenta una variedade de desafios e obstáculos significativos para o trabalho missionário.

5. DESAFIOS AMBIENTAIS

Além dos desafios já mencionados, estão os desafios sempre presentes na saúde, noclima e na geografia.

Muitos missionários enfrentam graves problemas de saúde, que impactam negativamente e criam dificuldades para seu trabalho.

Em alguns casos, as enfermidades e os problemas de saúde podem ser tão graves que os missionários se vêm obrigados a regressar para seu país.

    Dificuldades extremas com uma esperança duradora. Basta dizer que a obra missionária é talvez um dos trabalhos mais difíceis do mundo. Há inúmeros desafios e dificuldades relacionadas com a realização da tarefa missionária, mas essas dificuldades podem ser vencidas com uma esperança duradoura.

Frente a todas as dificuldades mencionadas anteriormente, os missionários são lembrados de que a única esperança que têm se encontra em Cristo e em sua obra providencial e soberana no mundo.

A tarefa missionária, por todos os motivos mencionados anteriormente, é impossível a partir de uma perspectiva humana.

O que nos anima é saber que Deus não age e trabalha dentro das limitações humanas. Ele é todo-poderoso, está no controle de tudo, sabe de tudo e está presente em todas partes. Ele tem o poder e a capacidade de alterar corações, mudar mentes e transformar vidas.

Esse reconhecimento e realidade muda tudo e dá aos missionários e às igrejas uma esperança duradora que lhes permite persistir e perseverar, na medida em que dão seu tempo, energia e vidas ao trabalho mais difícil do mundo.


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