O QUE VOCÊ TEM PARA OFERECER A DEUS DIANTE DO SEU CHAMADO?
Pb. Valmir Barbosa Cordeiro
Muitos
cristãos tremem de medo, quando diante de um convite para se envolver com a
realização da obra missionária, percebem que terão que dizer: “Aqui estou; envia-me”.
Quando se fala
da necessidade de nos envolvermos na tarefa missionária afim de vermos cumprida
com mais celeridade a Grande Comissão, a resposta que se ouve repetidas vezes
é: “Oh!, temos tantos lugares aqui para evangelizarmos, porque ir para tão
longe?” ou “Primeiro temos que evangelizar nosso país”.
Aliás,
lembro-me de que há alguns anos, eu fui encarregado pelo Pastor da igreja onde
eu era o Secretário de missões, para recolher pessoalmente/mensalmente, as ofertas
missionárias para sustento de missionários que haviam sido enviados ao campo em
parceria com aquela igreja.
Certo mês ao
comparecer à Tesouraria da igreja recebi a oferta que já estava reservada e
também um recado do Pastor para que eu não saísse pois ele precisava falar
comigo em seu gabinete.
Ao término da
EBD me dirigi ao gabinete pastoral e após trocarmos alguns assuntos sobre a
obra missionária o Pastor daquela igreja parceira me pediu para avisar ao meu
Pastor que “a partir do próximo mês não fossemos mais pegar as ofertas
combinadas, porque a sua igreja havia tomado a decisão de direcionar tais
recursos financeiros para evangelizar o seu bairro, visitando e colocando em
cada casa um exemplar da Biblia Sagrada...
Passados
aproximadamente dez anos, esse Bairro ao qual estou me referindo continua sendo
um dos mais violentos do nosso Município e não temos nenhuma notícia de que ele
já tenha sido totalmente evangelizado e muito menos notícia de que aquela
igreja tenha se envolvido na tarefa de distribuir as literaturas evangelísticas
aos moradores daquela localidade.
Antes de voltarmos
ao assunto que estávamos tratando, vale dizer que muitas tem sido as respostas
que temos ouvido, cujo objetivo não é outro senão retardar o cumprimento da
tarefa missionária – sem contar que além daqueles que alegam a necessidade de
evangelizar primeiro o seu próprio país, também mencionam a falta de recursos,
falta de preparação para a evangelização ou de experiência nesta tarefa.
Quando Deus
nos chama e quer nos usar em Sua obra, Ele não espera encontrar em nós aquílo
que não temos nem podemos oferecer. Deus sempre espera que trabalhemos com
aquilo que Ele tem, e nos promete suprir todas as nossas necessidades.
Algumas vezes
Deus nos convida para realizarmos tarefas que aos olhos humanos parecem
impossíveis de serem realizadas. Alguns exemplos podemos citar:
O CHAMADO DE MOISÉS
Uma tarefa que
parecia impossível. Deus encarrega Moisés de tirar o seu povo da escravidão do
Egito. Diante deste enorme desafio ouvimos Deus perguntar a
Moisés: “O que você tem na mão?” (Exôdo 4. 21).
Quando Davi
vai até o sacerdote Aimeleque fugindo de Saul, Deus o pergunta: “O que você pode
me oferecer?”
(1 Sm: 21. 3).
Quando o
Profeta Elizeu chegou à casa de certa mulher viúva, ele se deparou com a escassez
de alimentos e com a morte que já se acercava daquela família, o Profeta Elizeu
pergunta à viúva: “O que você tem em casa?” (2Rs 4.2).
Quando Jesus determina
aos apóstolos que alimentassem a multidão, os discípulos ficaram perplexos diante
daquele grande desafio. Mas vendo Jesus a perplexidade deles, lhes diz:
“Quantos pães vocês têm?” (Mc 6.38).
O Senhor não
está interessado no que não temos, e sim no que temos. Quando ele nos chama
para uma tarefa, Ele já sabe muito bem o
que não temos. Ainda assim, ele não abre mão de nos usar, porque Ele nos vê
suficientemente equipados para levar a cabo a tarefa com o pouco que há em
nossas mãos.
Ele se
encarregará de nos ajudar sempre e de multiplicar o pouco que temos, desde que
estejamos dispostos a obedecê-lo em fé.
Quando Isaías,
teve aquela conhecida visão do trono de Deus, ele ouviu o Senhor perguntar: “A
quem enviarei?” “Quem há de ir por nós?”.
A resposta de Isaias foi o seu famoso: “Eis-me
aqui; envia-me a mim” (Is 6.8).
Moisés
respondeu “Aqui estou!” (Ex 3.4), mas ao tomar conhecimento da complexidade do
desafio, deu algumas desculpas e quis tirar o corpo fora, talvez quisesse dizer
a Deus: “envia qualquer outra pessoa!” (Ex 4.13).
Diante de
tantas tentativas de retardar o cumprimento da nossa tarefa, muitas vezes temos
feito o mesmo ao dizer “A tarefa não é para nós, não temos os recursos, não
sabemos como fazer, falta-nos experiências, porque não evangelizamos primeiro o nosso país?”.
Quando somos convidados
a aceitar o desafio, logo respondemos: “Este convite é para o irmão fulano ou para
a irmã fulana, não é para mim”. É como se nossa resposta fosse mais ou menos a
seguinte: “Senhor, sempre estou disposto/a a tudo, mas é melhor que aquele/a
irmão/irmã seja enviado/a…”.
Precisamos e devemos
saber que não há nada que irrite mais ao Senhor que desculpas diante de seu
chamado: “Então o Senhor se irou com Moisés...” (Ex 4.14).
Queremos provocar sua
ira? Moisés queria garantias (como Gideão), e nós também! Mas como a obra vai
ser uma obra de fé que glorifique a Deus se temos tudo garantido de antemão?
Para as desculpas de Moisés,
Deus disse: “Eu estarei com você. Este é o sinal de que eu sou aquele que o
envia: depois de você tirar o povo do Egito, vocês adorarão a Deus neste monte”
(Ex 3.12). Pois bem, que tipo de sinal é esse?
É como se, a quem pede
“Dê um sinal de que poderei concluir o meu curso universitário” e o Senhor
respondesse: “O sinal é que, quando acabar, te darão um diploma”. Ora, quando
me entregarem o diploma, já não necessitarei de sinal, já terei acabado! Mas o
que Deus está dizendo é: “Se eu te digo que vai ser possível, por que duvidar?
Para mim, já está decidido. E tão certo que já te vejo adorando neste monte”.
O que temos em nossas
mãos? Moisés tinha uma vara (Ex 4.2), sua vara de pastor, que havia sido útil
por quarenta anos. Ela representava o seu ofício, a experiência adquirida em
guiar rebanhos, em encontrar mananciais de água, sua dedicação diária ao trabalho.
Nós também temos isso: nossos labores cotidianos, nossos recursos diários,
nossas habilidades pessoais.
A falta dos recursos
nunca serão empecilho. A resposta dos tessalonicenses ao chamado de Paulo
mostra isso: “...tornaram-se exemplo para todos os irmãos na Grécia, tanto na
Macedônia como na Acaia.
Agora, partindo de
vocês, a palavra do Senhor tem se espalhado por toda parte, até mesmo além da
Macedônia e da Acaia, pois sua fé em Deus se tornou conhecida em todo lugar.
Não precisamos sequer mencioná-la, pois as pessoas têm comentado sobre vocês...”
(1Ts 1.7-8).
Chegaram com a palavra a
todas as partes a ponto de deixar Paulo sem trabalho! Por que tinham recursos?
Não, a igreja de Tessalônica era das mais pobres: “Irmãos, queremos que saibam
o que Deus, em sua graça, tem feito por meio das igrejas da Macedônia.
Elas têm sido provadas
com muitas aflições, mas sua grande alegria e extrema pobreza transbordaram em
rica generosidade. Paulo dá testemunho de eles deram não apenas o que podiam,
mas muito além disso, e o fizeram por iniciativa própria” (2Co 8.1-3).
As igrejas mais pobres
eram as mais generosas “pois seu primeiro passo foi entregar-se ao Senhor...”
(2Co 8.5). Esta é a chave: dar-se ao Senhor, assumir que ele tem os recursos,
recursos esses que já nos deu e vai utilizar, multiplicando e tirando de nossa
“fraqueza que transformada em força” uma
obra de poder para ele (Hb 11.34).
ENFRENTANDO OS MEDOS E
AS LIMITAÇÕES
Quando Moisés ofereceu a
Deus o que tinha em suas mãos, o Senhor mandou jogar a vara no chão, e ela se
transformou em uma serpente. A Bíblia relata que “Moisés fugia dela” (Ex 5 4.3)
– precisava enfrentar, assim como nós, os medos. Por isso, “o Senhor lhe disse:
‘Estenda a mão e pegue-a pela cauda’” (Ex 4.4).
O pior lugar para
agarrar uma serpente, quando se tem medo, é pela cauda, pois ela se enrola e
pica.
Como diz o ditado popular:
o touro se deve agarrar pelos chifres, não pela cauda. Ainda que seja o lugar
mais perigoso, evita uma chifrada . Se a serpente se enrola, um tranco a afasta
da mão. Mas não foi necessário, pois, quando Moisés agarrou a serpente, ela se
transformou de novo em uma vara (Ex 4.4).
Deus quer nos ensinar a
transformar os desafios em vantagens.
Quando minha
filha, genro e neta de quatro anos partiram para o campo missionário, o país em
que foram trabalhar estava saindo de uma guerra após vinte e sete anos de domínio
estrangeiro. Nos primeiros dias após a chegada deles ao campo, a situação de
total destruição da infraestrutura econômica e financeira era indescritível. Nos
primeiros dias de serviço devido a precariedade do sistema financeiro do país, o sustento era tão pouco, tão escasso devido a
falta de suporte do serviço bancário, que tivemos de por alguns meses, nos
alimentar de frutas (bananas) e outras variedades de doações que nos eram
oferecidas pelo povo.
Tão grandes
eram nossas limitações econômicas que nunca passamos pelo que outros obreiros passam,
com sobra de recursos. Ninguém se aproximou de nós simulando interesse pelo
evangelho, na verdade o que realmente
esperavam era poder tirar algum benefício econômico, já que erámos estrangeiros
e achávamos que se estávamos alí era porque tínhamos recursos.
Se alguém nos
dava ouvidos, era porque, de verdade, tinha um interesse espiritual. Deus quer
fazer de nossas debilidades nossa fortaleza para sua glória exclusiva! Ele não
dá a Sua glória a ninguém.
Quando Deus
chamou Moisés, após esgotar todas as demais objeções, Moisés disse: “Ó Senhor,
não tenho facilidade para falar, nem antes, nem agora que falaste com teu
servo! Não consigo me expressar e me atrapalho com as palavras” (Ex 4.10).
A abundância
ou a carência de recursos nunca podem ser tomadas como base para se declinar ou
não do chamado. Evidentemente, devemos ser
administradores responsáveis, isto é, não nos jogarmos em aventuras temerárias.
O Senhor tem nos dado tudo que é necessário para levarmos a cabo a sua tarefa,
aquela para a qual fomos chamados.
Os recursos que o Senhor
busca não são nossa riqueza ou pobreza, mas nossa fidelidade e nossas vidas
consagradas a ele e à sua obra. Deus tem os recursos restantes! Meus filhos tem
passado por experiência, por situações difíceis,
mas em todas elas sempre relembramos do trecho da Escritura: “Que soldado
precisa pagar pelas próprias despesas?” (1Co 9.7).
Definitivamente, eu disse a Deus que, se ele chamou meus filhos para cumprir uma tarefa, ele tem que prover os recursos. Porque é sua tarefa, não nossa. E o Senhor sempre respondeu favoravelmente! Usando o esquema de Romanos 3.29, é Deus somente Deus dos que se aventuram? Ou não é ele também Deus de todos aqueles a quem chama? E o Senhor nos chamou a todos para a tarefa!
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