UMA CARTA DIFÍCIL DE SER ESCRITA
Querida igreja
Hoje à noite estou
meio nostálgico… queria estar aí, perto de vocês, jogando conversa fora,
ouvindo as novidades, dando umas boas risadas.
Lembro-me do dia em
que procurei o pastor e a liderança para falar sobre o meu chamado. Alguns
ficaram muito contentes, me encorajaram, e outros, como vocês sabem, ficaram
com ares de preocupação, fizeram mil perguntas e levantaram inúmeras hipóteses
de fracasso.
Mesmo assim fui para
o seminário, fiz todos os cursos que eram necessários, fiz o estágio que vocês
requisitaram, até que chegou o grande dia: o dia em que a igreja imporia as
mãos sobre mim e me enviaria para o campo missionário.
Foi um culto solene
e muito bonito; estou aqui com as fotos nas mãos. Lembro-me das lágrimas de
muitos, dos abraços, dos tapinhas nas costas, dos apertos de mão.
Um bom tempo já se
passou desde aquele dia. Muitas coisas aconteceram. A igreja foi plantada, a
liderança local treinada, os membros receberam discipulado adequado. Já
inauguramos até uma congregação na cidade vizinha.
Vocês se lembram que
me pediram para enviar informativos todos os meses? Eu os escrevi com toda a
diligência e carinho… E como era bom receber os feedbacks de vocês. Houve até
uma mobilização do departamento infantil e eu recebi aquele envelope grande
cheio de cartõezinhos coloridos.
As ofertas chegavam
religiosamente todo dia 10. Eu nem me preocupava com esse assunto, pois sabia
que vocês estavam aí, na minha retaguarda, de prontidão.
O tempo foi
passando, os meses, os anos… não sei direito o que foi que aconteceu. As
mensagens de vocês pararam de chegar, o sustento começou a falhar, inclusive já
faz 2 meses que vocês não depositam nenhum centavo.
Soube da saída meio
traumática do pastor. Creio que isso pode ser uma das razões para a situação
estar como está. Contudo, segundo entendo, o projeto missionário que
desenvolvemos aqui é fruto da parceria da minha família com a
igreja, e não com o pastor, o conselho missionário ou outro
departamento. Esse ministério nunca foi apenas meu, e sim nosso.
E agora? Como
ficaremos? O que faremos? A quem devo recorrer?
Eu continuo aqui
firme. Um pouco mais velho, um pouco cansado, meio sem direção. Meus filhos e
minha esposa dependem do sustento que recebemos, pois, como sabem, não temos
outra fonte de renda. O que devo dizer a eles? Estamos com o aluguel atrasado,
nossa pequena despensa está quase vazia e as outras despesas mensais estão
vencendo e se acumulando. Devo considerar uma volta iminente para o Brasil?
Como ficará o
trabalho aqui? Como ficará a igreja? O que direi aos membros e à liderança?
Nós começamos essa obra aqui com vocês. Será que agora devemos encerrá-la sozinhos? Realmente não sei o que e nem como fazer. Estou meio prostrado diante de tudo isso.
Por favor, entrem em contato comigo o mais
urgentemente possível.
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Colunista: Mônica de Mesquita
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