UM IMPORTANTE ESCLARECIMENTO QUE VALE UMA BOA REFLEXÃO
NÃO QUEREMOS A SUA AJUDA
Autoria: Mônica de Mesquita
O tempo está passando e o paradigma tem persistido.
Confesso que é difícil continuar ouvindo pessoas dizerem: “Nós ajudamos tal
missionário todo mês”.
Pior que isso é ouvir um missionário dizendo: “Tal
igreja me ajuda há dois anos”.
Mas por que eu disse “continuar ouvindo”?
Há quase três décadas, aqui no Brasil, temos
ensinado, por onde andamos, o modelo bíblico, ensinado pelo apóstolo Paulo, na
carta escrita aos filipenses, em relação à parceria missionário-igreja:
“Todavia, fizestes bem, associando-vos na minha tribulação. E sabeis vós,
ó filipenses, que no início do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma
igreja se associou comigo, no tocante a
dar e receber, senão unicamente vós outros”.
Que princípio está embutido nas palavras do
apóstolo?
O verbo associar traz consigo uma premissa bem
básica: mais de um. Como assim?
-Você pode me perguntar. Para que haja uma
associação, são necessárias, no mínimo, duas partes, podendo ser 10, 100, 1000
ou mais.
O que pode ser visto nesse modelo apresentado em
Filipenses é que o projeto missionário era um – pregar aos gentios – mas que os
envolvidos eram dois – o apóstolo Paulo e a Igreja de Filipos.
Ninguém estava ajudando ninguém. Nenhuma igreja
“ajuda” nenhum missionário: isso não é bíblico.
A igreja tal realiza determinado projeto
missionário com o missionário fulano de tal. Ponto. Simples assim. Nada além e
nada aquém. Nem o missionário é ajudado e nem a igreja ajuda.
O que acontece, para que a Palavra seja pregada aos
“gentios” é uma PARCERIA: igreja+missionário, ou missionário+igreja, a ordem
não importa.
Preste atenção em alguns termos que vou apresentar:
mantenedor, contribuinte, colaborador, doador, sustentador.
O que eles têm em comum? Um ponto forte entre esses
termos é a sua característica ativa: um mantenedor mantém algo ou alguém; um
contribuinte contribui com algo ou com alguém; um colaborador colabora com algo
ou com alguém; um doador doa para algo ou para alguém; um sustentador sustenta
algo ou alguém. Exatamente por essa razão é que não aprovo termos como esses
quando o assunto é missões.
“Mas então (você me perguntaria) qual o termo
certo?” Costumamos usar três terminologias que considero mais adequadas e
fidedignas, semanticamente falando, ao assunto em questão: parceria, sociedade,
associação.
Aqui sim encontramos a ideia que Paulo nos quer
passar: partes envolvidas em um todo comum, a saber, o cumprimento da tarefa
missionária.
Numa parceria, numa sociedade ou numa associação,
pessoas e/ou entidades estão unidas em favor de um mesmo fim.
Se o missionário fulano de tal foi para o país tal,
levar a mensagem de Cristo às pessoas de lá, a igreja tal é parceira, ou sócia,
ou associada daquele missionário na referida tarefa. Parece simples? É simples
mesmo. Desse jeito. Não vamos complicar.
Nós mesmos e nossas igrejas precisamos apreender
esse formato eu disse apreender), salvar esse arquivo no HD da nossa memória e
deletarmos arquivos anteriores que não traduzem a essência do que seja a
maneira correta de se realizar a obra missionária.
O projeto é um só – levar o Evangelho. Os agentes
que propiciarão o cumprimento desse projeto são membros de uma equipe abençoada
por Deus, com características únicas e dadas por Ele mesmo: um faz seminário
teológico e cursos transculturais, visita várias igrejas, entra num avião e vai
embora. Outro entrega, fielmente, sua oferta missionária, a cada mês. Outro faz
a contabilidade da igreja. Outro é membro do conselho missionário. Outro ora
fervorosamente pelo irmão que está pregando e pelos que estão ouvindo. Outro
faz o depósito bancário na conta do missionário. Outro mobiliza a igreja e a
mantém informada sobre o andamento do projeto. Outro se prepara durante um
tempo, para ir ao campo visitar o missionário. Outro escreve e-mails sinceros e
carinhosos e os envia ao missionário. O missionário, por sua vez, mantém todos
os seus colegas de equipe bem informados em relação à evolução do projeto. É
mais ou menos isso.
Se cada um de nós fizer a sua parte, e se colocar responsavelmente a mercê do Senhor das Missões, ninguém, nunca mais, precisará ajudar ninguém. A não ser, é claro, que uma pessoa tropece do seu lado. Nesse caso, uma ajudinha até que iria muito bem.
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A AUTORA
Sobre a Colunista Mônica de Barros Barreto
Guimarães de Mesquita é Bacharel e Licenciada em Letras,
Português e Espanhol, e Mestre em Letras com ênfase em Linguística Textual pela
Universidade Presbiteriana Mackenzie. É Escritora, Tradutora e Revisora.
É Professora do Curso DEPAM – Desenvolvimento
da Equipe de Parceiros do Ministério, desde o início da década de 1990, e
leciona essa disciplina em diversas agências missionárias brasileiras. Atuou
como Missionária em Asas de Socorro por nove anos. É missionária da APMT –
Agência Presbiteriana de Missões Transculturais desde 2001.
Por oito anos foi Coordenadora do Curso de
Linguística, Antropologia e Educação em Contextos Interculturais, com foco no
preparo de tradutores da Bíblia para línguas minoritárias. É Coordenadora do
CFM – Centro de Formação Missiológica da APMT – Agência Presbiteriana de
Missões Transculturais, curso de preparo missionário transcultural. Faz parte
da liderança do DEMI – Departamento de Educação Missiológica da AMTB
(Associação de Missões Transculturais Brasileiras).
É autora dos livros “Missionários &
Recursos – Parcerias no Reino de Deus”, Editora Betânia, e “Missões do jeito
que Deus quer – o papel da Igreja no envio e sustento do missionário”, Editora
Cultura Cristã.
Casada com Marcos Agripino, mãe de Jessica e Isabela, e sogra do Daniel.
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