A HISTÓRIA DE MISSÕES E A ORAÇÃO


A HISTÓRIA DE MISSÕES E A ORAÇÃO


Autoria: Missionária Durvalina B. Bezerra



A prática da oração permeava e dirigia todas as atividades da igreja antiga – “perseveravam nas orações” (At 2.42). Atos dos Apóstolos, livro também às vezes chamado de Atos do Espírito Santo que agia livremente em todas as atividades da igreja e no campo missionário. Não era essa um fruto da forte ênfase que a igreja dava à prática da oração?



A história comprova que, quando há oração, há liberdade para o Espírito agir. E a ação precípua do Espírito é convencer o ser humano dos seus pecados e levá-lo a reconhecer Jesus como Senhor.

O que estamos querendo enfocar é a real correlação existente no trinômio: oração – avivamento – obra missionária. Ou seja, quando a igreja ora, o Espírito movimenta-se e o resultado é a obra missionária.



A Idade Média é chamada a idade das trevas, também em termos espirituais porque os cristãos institucionalizaram a igreja e tornaram a oração meras repetições das orações dos denominados santos, sem consciência do que se dizia, sem vida, sem expressão do sentimento pessoal, sem uma comunicação real com o ser divino.

Durante aquela época, a igreja corrompeu-se e perdeu a sua função de ser “casa de oração para todos os povos”. Isso  não quer dizer que não houve grandes homens e mulheres que neste  período se consagraram à oração.
Refiro-me à igreja da época, não a experiências pessoais.  Pois sabemos que o nosso Deus sempre tem, como em Israel, os sete mil que não se dobraram a Baal. E, certamente em respostas às orações de homens como Wycliff, John Huss e Jerônimo Savonarola. Deus levantou um monge com coragem de expor a própria vida para provocar profundas transformações e restabelecer os princípios divinos para a igreja de Cristo.

Martinho Lutero era um homem de oração. Quando estudava no convento, declarou: “Orar bem é a melhor parte dos estudos.” O grande reformador estava consciente de que a luta que travava contra o sistema eclesiástico da época e a árdua tarefa de trazer de volta os princípios divinos eram um enfrentamento direto com Satanás. Por isso, dizia que, se não passasse duas horas de manhã orando, recearia que Satanás ganhasse a vitória sobre ele durante o dia.



Certo biógrafo seu escreveu: “O tempo que ele passa em oração produz o tempo para tudo o que faz”. A Reforma Protestante, do século XVI, trouxe de volta a verdadeira fé que expressa a verdadeira vida cristã.

A preocupação pela preservação da doutrina levou os reformadores a se dedicarem à defesa da fé, à refutação das heresias e à produção de literatura para o ensino da teologia protestante. Esta forte ênfase ocupou a liderança de tal forma que refletiu num inexpressivo avanço missionário transcultural.

Este quadro só começou a mudar com o Movimento Morávios. Alguns irmãos sentiram necessidade de separar algumas horas diárias para o propósito da oração, e não tardou vir sobre eles um derramar do Espírito Santo. Decidiram que o fogo sagrado nunca poderia se apagar do altar (Lv: 6. 12-13).

Os intercessores tornaram isso como uma ordem, e até as crianças sentiam impulso para a oração, que uniu a comunidade e lhes despertou o desejo de levar a salvação de Cristo aos pagãos.



Em 13 de agosto de 1727, teve início uma vigília de oração que continuou noite e dia, sete dias da semana, sem qualquer interrupção, por mais de cem anos. Foram tempos de avivamento e de missões, como também de preparação para o grande despertamento missionários que se seguiu. “Não havia heróis missionários, mas uma igreja voltada para a sua função no mundo.

A Igreja Moravia procurou ensinar e treinar cada um dos seus membros a considerar como seu primeiro dever o de doar a própria vida para tornar Cristo conhecido. Nos primeiros vinte anos de existência, a Igreja Moravia enviou mais missionários do que o protestantismo europeu o fizera em 200 anos”. O Conde Nicolaus Ludwig von Zinzendorf, seu líder, foi um dos maiores estadistas missionários de todos os tempos, atuou e intercedeu intensamente pela obra missionária no século XVIII.

Enquanto o Espírito soprava entre os morávios (na Alemanha), alunos da Faculdade de Yale, na cidade de New Haven (nos Estados Unidos), receberam um grande avivamento. David Brainerd, entre outros estudantes, se entregou para levar o evangelho aos índios americanos. O Senhor encheu-lhe o coração de amor por este povo. Ele testemunhou: “Deus me deu o espírito de lutar em oração pelo reino de Cristo no mundo (...). Ele me concedeu agonizar em oração até ficar com a roupa encharcada de suor.” Ele sentia poder na intercessão pelos perdidos e pelo progresso do reino do querido Senhor.

Brainerd enfrentou muitos perigos de vida entre os silvícolas, mas aprendeu a buscar refúgio na torre forte do nome do Senhor. Era um jovem com apenas 25 anos, sozinho, mas lutando intensamente para não confiar em si mesmo quanto à extensão do reino de Deus entre os índios.
Ele testemunhou: “Passei a tarde orando incessantemente, pedindo o auxílio divino para que eu não confiasse em mim mesmo. O que experimentei, enquanto orava, foi maravilhoso. 

Parecia-me que não havia nada de importância em mim, a não ser santidade de coração e de vida, e o anelo pela conversão dos pagãos.” Com intensa dedicação ao trabalho e uma vida abnegada de oração e de jejum, estabeleceu uma igreja entre os índios de Nova Jersey e os convertidos chegaram a mais de 150 em um ano. Em 1747, David Brainerd morreu de tuberculose, aos 29 anos cumprindo a sua oração de oferecer-se para passar por sofrimento, desde que fosse pelo avanço do reino de Cristo entre os pagãos.



Ele costumava dizer: “Se nos conservamos juntos a Jesus, ele é quem atrai as almas, por nosso intermédio. “Mas é necessário que ele seja levantado em nossas vidas; isto é, devemos ser crucificados com ele.” Sob o poder da sua intercessão, multidões caíram de joelhos diante do Pai celestial, John Hyde anunciou o evangelho aos indianos e ganhou cem mil almas para Cristo. Ele fez da oração a base de todo empreendimento para o reino de Deus.”

(Extraído do Livro “A missão de interceder – Oração na Obra Missionária”, de Durvalina B. Bezerra. Editora Descoberta Ltda. Londrina, 1ª. Edição – 2001).

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